sexta-feira, 27 de setembro de 2024

O geoestratega Dugin adverte o Ocidente que a política de dissuasão nuclear aprovada por Putin a 26-IX-24 fará perigar o Ocidente se este continuar a apoiar o regime de Kiev na sua incursão em Kursk. O que fará o Ocidente? Aquietarão (e substituirão) finalmente Zelensky e tentarão negociar a Paz?

Escrito a 26 de Setembro, por Alexandre Dugin,  o texto que propomos à leitura  é simples mas espelha contudo uma situação grave: o conflito nuclear pode acontecer, e como se o pode evitar, bem como terminar a mortandade eslava decretada pelo mantra dos políticos e oligarcas norte-americanos e europeus, "até ao último ucraniano". 
 
Dugin parece apontar apenas para a retirada imediata da Ucrânia, mas talvez esteja a exagerar e no entendimento do Kremlin e de Vladimir Putin isso seja apenas uma ferida, que será dentro em breve sanada, não havendo portanto razão para o emprego de meio tão violento como o nuclear. Cremos mesmo que Putin, na sua sabedoria e paciência, fez a emenda à doutrina nuclear e deixou a advertência, sobretudo para o caso de serem dados ao regime extremista de Kiev mísseis de longo alcance que pudessem atingir Moscovo e logo causar muito mais mortes civis do que as poucas pessoa por dia na zonas russas limítrofes. 
Cremos que pressionados pelos resultados das eleições europeias, em que os votos foram mais para a esquerda e para a direita, do que para o centro bi-partidário inepto e escravizado aos USA da maioria dos países europeus, os governantes começam a pensar duas vezes se devem manter o seu posicionamento falcão ou warmonger e continuar a prolongar o conflito e a mortandade com o envio de mais armas e mais dinheiro, tal como os ingleses e franceses, alemães e holandeses se têm destacado, já que a santa Rússia, na sua justiça e poder, sabedoria e patriotismo, é invencível e ao contrário da NATO nem recorreu ao Irão, China e Coreia de Norte com quem está aliada, o que teria todo o direito de o fazer, pesem os ataques condenatórios e as sanções que o G7, a  NATO, UE e USA estão sempre a ameaçar ou a fazer por tal hipótese, legítima certamente. 
O texto foi publicado nos meios ligados a Daria Dugina Platonova e as seu pai, na Arktos, e oiçamos então o que ele pensa e escreveu:
 «A sessão de ontem da reunião permanente do Conselho de Segurança da Rússia, durante a qual Vladimir Putin anunciou emendas à doutrina nuclear do nosso país (“Fundamentos da Política Estatal no Campo da Deterrência Nuclear”), é um acontecimento extremamente importante. O aspecto mais significativo  é a seguinte inovação introduzida na doutrina nuclear: a participação em agressões contra a Rússia por qualquer estado não-nuclear, se apoiada por um estado nuclear, será considerada um ataque em conjunto à Federação Russa.
Este é um ponto fundamental, segundo o qual nosso Presidente, como Supremo Comandante-em-Chefe, agora não retém apenas o direito de usar armas nucleares. No caso de nosso país ser atacado por um estado não-nuclear com o apoio de um estado nuclear, ele não apenas tem o direito de responder de acordo com toda a lógica da dissuasão nuclear, mas é obrigado a fazê-lo. [Talvez esta seja uma interpretação mais do kshatriya Alexandre Dugin...]
Agora, vamos considerar: isso é sobre o futuro ou o presente? Neste momento, estamos a testemunhar um acto de agressão direta contra a região de Kursk. Uma invasão pela Ucrânia hostil e não-nuclear, apoiada e assistida diretamente por um estado nuclear. Isso significa um acto conjunto de agressão contra a Federação Russa por parte da NATO, dos Estados Unidos e da Ucrânia.
Claro, ao mesmo tempo, há também quatro outras entidades que se reuniram com a Rússia, contra as quais a Ucrânia está a cometer agressão. No entanto, no caso da região de Kursk, agora temos não apenas o direito, mas também a obrigação de entrar em guerra com a NATO. O mesmo  se aplica agora a qualquer violação da integridade territorial da Bielorrússia, nosso parceiro estratégico no Estado da União.
Em outras palavras, a partir do momento em que a nova versão da doutrina nuclear for adotada, deve-se reconhecer que a Rússia está em estado de guerra com a NATO. Há evidências concretas de agressão contra a Rússia por parte do regime ucraniano, com o apoio de um estado nuclear. Quer gostemos ou não, de acordo com nossa doutrina nuclear, agora estamos obrigados a entrar em um conflito em grande escala com a NATO e os Estados Unidos da América.
Deixem-me repetir, isso é mais do que sério. Essencialmente, estamos numa situação onde entrar em  guerra é inevitável. E não em situações hipotéticas que podem vir a surgir um dia, mas em circunstâncias que já  já um fato bem conhecido.
Portanto, hoje, para evitar um apocalipse nuclear, ou seja, uma confrontação nuclear direta entre a Rússia e a NATO, há apenas uma solução. A retirada imediata das tropas ucranianas da região de Kursk. Imediata, porque qualquer presença continuada, com o apoio contínuo dos EUA e da NATO, é [ou pode vir a ser] simplesmente o início inevitável de uma guerra nuclear. Não porque decidimos assim, mas porque  tais emendas foram adoptadas na nossa doutrina nuclear.
Sim, claro, muitas pessoas tentarão agora suavizar essa rigidez. Mas a essência é que não se tratam apenas de mais "linhas vermelhas", mas efectivamente uma decisão para o Armagedom nuclear. Em quaisquer outros documentos, incluindo a Estratégia de Segurança Nacional, as emendas ainda podem ser interpretadas de maneira diferente. Mas quando tal cláusula é adotada em nossa doutrina nuclear, não nos deixam outra escolha.
Sim, este é um movimento muito sério e um documento muito sério. O que aconteceu ontem provavelmente é um ponto de viragem na história. Porque, nas circunstâncias atuais, não podemos mais evitar um confronto direto com a NATO.» 
Aleksander Dugin.

Texto na versão inglesa extraída da Arktosjournal.com e traduzido por nós. Segue a versão inglesa. English version, original for me: «Yesterday’s session of the permanent meeting of the Russian Security Council, during which Vladimir Putin announced amendments to our country’s nuclear doctrine (“Fundamentals of State Policy in the Field of Nuclear Deterrence”), is an extremely important event. The most significant aspect here is the following innovation introduced into the nuclear doctrine: participation in aggression against Russia by any non-nuclear state, if supported by a nuclear state, will be considered a joint attack on the Russian Federation.
This is a fundamental point, according to which our President, as Supreme Commander-in-Chief, now not only retains the right to use nuclear weapons. In the event that our country is attacked by a non-nuclear state with the support of a nuclear state, he is not only entitled to respond according to the full logic of nuclear deterrence but is obligated to do so.
Now, let us consider: is this about the future or the present? Right now, we are witnessing an act of direct aggression against the Kursk region. An invasion by hostile, non-nuclear Ukraine, supported and directly assisted by a nuclear state. This means a joint act of aggression against the Russian Federation by NATO, the United States, and Ukraine.
Of course, at the same time, there are also four other entities that have reunited with Russia, against which Ukraine is committing aggression. However, in the case of the Kursk region, we now have not only the right but also the obligation to enter into a war with NATO. The same now applies to any encroachment on the territorial integrity of Belarus, our strategic partner in the Union State.
In other words, from the moment the new version of the nuclear doctrine is adopted, it must be acknowledged that Russia is in a state of war with NATO. There is concrete evidence of aggression against Russia by the Ukrainian regime, with the support of a nuclear state. Whether we like it or not, according to our nuclear doctrine, we are now obligated to enter into a full-scale conflict with NATO and the United States.
Let me repeat, this is more than serious. Essentially, we have placed ourselves in a situation where entering into a war is inevitable. And not in hypothetical situations that may arise someday, but in circumstances that are already a well-known fact.
Therefore, today, to prevent a nuclear apocalypse, that is, a direct nuclear confrontation between Russia and NATO, there is only one solution. The immediate withdrawal of Ukrainian troops from the Kursk region. Immediate, because any continued presence there, with the continued support from the US and NATO, is simply the inevitable start of a nuclear war. Not because we decided so but because we have adopted such amendments to our nuclear doctrine.
Yes, of course, many will now try to soften this rigidity. But the essence is that this is no longer just “red lines” but effectively a decision for nuclear Armageddon. In any other documents, including the National Security Strategy, the amendments might still be interpreted differently. But when such a clause is adopted in our nuclear doctrine, we leave ourselves no choice.
Yes, this is a very serious move and a very serious document. What happened yesterday is probably a turning point in history. Because under the current circumstances, we can no longer avoid direct confrontation with NATO.»



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