Há muitas propostas de tradução e sobretudo de associações psico-espirituais, nomeadamente com cores, planos ou níveis da realidade microcósmica e macrocósmica, destas quatro palavras e seis sílabas, embora a base possa ser simples e nesta minha aproximação não tanto numa linha budista: Aum ou Om, é o som, vibração e palavra mais invocadora e aproximadora da Divindade, da perfeição, do infinito, o chamado pranava, que se considera incluir a totalidade dos sons e exprime a sua vibração e passagem pelos três mundos (físico-A, subtil-U e espiritual-M), podendo ser tanto uma invocação espiritual e divina, como do divino em nós; Mani, é a jóia preciosa, o tesouro, a centelha espiritual; Padme é a flor de lótus, o vaso, o receptáculo, a alma; e Hum é um som final de completude, realização e unificação, bastante vibratório sem dúvida. Por vezes ainda se acrescenta o som semente Hrih, seja da Compaixão infinita, seja o de concretização no agora e aqui.
Aum, em branco; Ma, verde; Ni, amarelo; Pad, azul; Me, vermelho; Hum, escuro; Hrih, claro.. |
Se o Aum é uma invocação da Realidade Primordial, dos grandes seres do mundo espiritual, do Todo ou mesmo do Ser Divino, abrindo-nos a tal, o padme pode ser sentido e visto como a tradição, ensinamento ou alma em si, ou referir-se aos chakras ou a um chakra, que acolhe ou contém mani, a jóia preciosa que simbolizara seja o ensinamento, ou o vazio, shunya, ou então a verdade ou, o que proponho, na linha do ensinamento de Bô Yin Râ e dos mestres do Dwaita Vedanta e dos Humanistas do Renascimento, o espírito, ou seja, a consciência espiritual.
O mantra é então uma prática de yoga, de oração, de proteção e em especial de harmonização psíquica, e por isso os dois sutras iniciais de Patanjali dizem-nos Yoga citta vritti nirodha. Tadâ drastuh svarupe avasthanam, (1-Yoga é o controle das ondulações mentais. 2 - Então a consciência pura estabiliza na sua própria natureza) podendo assim aproximar-nos
ou unir-nos ao espírito que está dentro e no alto de nós e, em sintonia
e com as bênçãos dos grande seres e deidades, permitir-lhe a ele inspirar-nos
ou irradiar para os outros e o mundo. Ao ser um instrumento milenário,
ou como eu chamo um psicomorfismo, o mantra, impregnado de certas
energias subtis e despertando-as em nós, liga-nos com tais linhas ou correntes de força na alma
ou corpo místico da humanidade, e nomeadamente com algum mestre
ou deidade a que estejamos ligados por iniciação ou devoção, ou a que
se está associado familiarmente, ou a que se pode ter acesso.
A associação prevalente ou mais conhecida deste mantra é ao bodhisattva Avalokisteshvara, cultuado no Extremo Oriente como ser feminino, a grande Deusa da Compaixão infinita, denominada Kuan Yin, na China, ou Nyoirin Kannon no Japão, como vemos numa bela escultura do séc. XVII, representada (no Metropolitan Museum) como nyoirin, portadora da roda (rin) da vida e do Dharma ou Lei, e da cintamani, a jóia, ou realização, que tudo concede ou alcança.
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