segunda-feira, 16 de agosto de 2021

"A ORAÇÃO", de Bô Yin Râ. 2º cap. "Procurai e Achareis". Tradução de Pedro Teixeira da Mota.

                                 A ORAÇÃO, por Bô Yin Râ

                                          Tradução de Pedro Teixeira da Mota. Agosto 2021.

II. Capítulo:                            “PROCURAI E ENCONTRAREIS!”

«O procurar, tal como deve ser, quando se quer aprender a orar, é verdadeiramente tudo menos um cismar no entendimento!

Já a promessa que o que procura – com toda a certeza - "encontrará", mostra fortemente numa simplicidade lapidar que se trata de algo diferente duma “Procura interior” como se entende correntemente, pois a maior parte das vezes isto não é mais do que remexer e querer sentir dentro do entendimento humano, se houver sorte, mas sem nenhuma certeza de encontrar, como é firmemente prometido.

“Procurar”, tal como se procura normalmente dentro de si algo, é sempre expressão duma inquietação interior, - e qualquer que seja o objecto da procura: - tal busca é desenvolvida para se alcançar a quietude.

Alguns talvez possam pensar que a outra “procura”, de qual se diz que certamente “encontrará” deve ter igualmente como causa  uma inquietude que deseja tornar-se quietude?

Ora a “procura” necessária à  “oração” certa assenta nessa grande quietude: - aquela quietude interior que se enraíza  em si mesma e que não é mais influenciada pelo exterior.

Este modo de procura exige sempre o ser humano inteiro, e não somente o seu entendimento como um cão de busca inquieto sempre a esgaravatar.

É uma imersão serena no mais íntimo da alma – sem qualquer agitação, - sem nenhuma ambição - e sem impaciência inquieta.

Seria uma terrível tolice pretender-se que através de uma ardente e tempestuosa vontade forçada fosse atingido mais cedo o que se procura.

Assim uma pessoa só se engana a si própria, até que por fim, cansada e desapontada, renuncia a qualquer procura, quase antes do começo.

Pelo contrário quem procura deve  saber que só  tem a si próprio como obstáculo no caminho, se não procurar como alguém que tem a certeza de encontrar, - como o faria  quem soubesse que um objecto está num certo local e que tem de ser necessariamente encontrado, quando tudo o que tapava for retirado.

As pessoas não devem basear tal certeza apenas na promessa de que quem procura “encontra”!

Aqui a procura em si inclui logo necessariamente o encontrar-se, pois não se pode procurar sem que se siga igualmente o encontrar-se.

Neste tipo de «procura» o procurador é ele próprio o objecto de sua procura.

Contudo, quanto menos ele ansiar por si mesmo, tanto mais cedo se encontrará a si próprio!

Não deve fazer imagem ou representação do que espera encontrar!

Deve deixar-se afundar na sua própria profundeza sem fundo – sem medo e sem resistência!

Deve mergulhar a pique em si mesmo, e não deve sair da quietude, mesmo se os seus pés perderem o apoio habitual!

Com confiança deve deixar-se conduzir até ao seu fundo mais fundo, plenamente confiante que não está num caminho de aniquilação, mas que só se pode encontrar a si próprio !

Nenhum trabalho prévio de imaginação deverá turvar a sua visão!

Não deve esperar ver interna ou externamente “imagens”, como que nunca tivesse visto: - visões doutros seres e de mundos ocultos!

Não deve esperar manifestações do mundo dos Espíritos!

Mergulhando nas suas profundezas, verá ao princípio à sua volta tudo às escuras, mas quanto mais descer profundamente, mais as trevas retrocederão face a uma nova luz maravilhosa até que, na sua profundeza mais funda, se descobrirá a si próprio atravessado de luz - até  no fundo do seu próprio abismo, se tornar a si próprio claridade cristalina.

A sua imersão constituirá assim um constante descobrimento desde o primeiro instante, até que por fim tenha encontrado em si o que não pode ser dito mas apenas o que se deixa sentir, porque mesmo a palavra mais resplandecente permanece obscura diante de tal claridade interior duma luminosidade indescritível…

Quem quer procurar desta maneira, a fim de encontrar, deve desde o princípio deixar o seu corpo chegar a uma  paz completa, de modo a não estar mais consciente de que um corpo animal "carrega" a sua consciência.

Depois quem procura deve  fechar lentamente os olhos e juntar as mãos, até sentir-se, percorrido por uma corrente muito viva de energia numa quietude profunda.

Como melhor atingir este estado de animada e intensa quietude, cada um descobrirá por si mesmo...

Um só aí chega em posição deitada, outro sentado ou de joelhos, e ainda outro só aí chegará, mantendo-se de pé.

Mas uma vez que se tenha chegado a este estado de quietude cheio de vida, não deve preocupar-se mais com a posição exterior do corpo.

Agora deve-se aspirar a sentir-se unicamente no interior de si.

Depois de algum tempo, uma pessoa sente-se cada vez mais no interior de si mesmo, até  gradualmente uma sensação encontrar entrada na consciência, tal como uma pessoa se sente  completamente cheia si próprio no seu interior.

É como se fossemos um fluído – o corpo porém um recipiente – e como se o fluído se sentisse cada vez mais distintamente a si próprio como o conteúdo do recipiente.

Os pensamentos devem então aquietar-se e não devem ser autorizados a qualquer tipo de interpretação tagarela do que é sentido.

Se os pensamentos ainda andam à volta, não se lhes deve dar mais atenção, até gradualmente se acalmarem por si próprios.

Mas se esta sensação de si próprio no seu interior se tornou um todo bem fechado, então os pensamentos não se repetem mais, porque a nova consciência de si próprio absorve toda a atenção.

Ao princípio será bom uma pessoa contentar-se por sentir-se no interior de si própria, pois isto é um resultado já certamente muito significativo.

Uma pessoa deve voltar à sua tarefa quotidiana com alegria, logo que que esta sensação começa a enfraquecer.

Nunca se deve manter forçadamente esta sensação quando, por exemplo, se está  cansado.

Se pouco a pouco, - sejam necessárias semanas ou meses - quem procura chegar, em qualquer momento e sem esforço particular, na quietude dum isolamento voluntário, a sentir-se e a vivenciar-se a si próprio, na maneira já descrita como o interior do seu corpo terrestre – configurado como este, tal como um fluído abraça os contornos do vaso no qual é derramado, então a pessoa está dignamente preparada para começar a “procurar” no sentido do verdadeiro “orar”...

Agora a pessoa na demanda, por um querer sentido claramente, deve entregar-se completamente nas mãos da sua vida mais íntima  e deixar-se mergulhar até ao sem fundo desta vida pressentida, - mantendo-se sempre claramente consciente e sem jamais se entregar, mesmo que um piscar de olhos, ao sonhar meio-desperto! -

Se emergem formas e imagens no interior de si, não se lhes deve dispensar qualquer atenção e sobretudo uma pessoa deve-se guardar de querer de algum modo interpretá-las!

Ainda  pior tolice seria combatê-las, pois de tal modo só se as tornam mais fortes e seguras.

Se uma pessoa não consegue desfazer-se delas ignorando-as, é necessário na circunstância e no momento considerado, interromper a imersão interior e entregar-se a uma actividade intensa no mundo exterior até que, num outro dia, se sinta de novo capaz de completar o que começara, sem interrupção.

Só quando a sensação de mergulho na sua própria profundeza interior se tornar completamente isenta de imagens é que uma pessoa deve entregar-se sem reservas.

A indizível escuridão, que tende ao princípio assustar a alma deve ser suportada com calma e sobretudo sem medo algum, mesmo quando seja necessário suportá-la várias vezes antes de o primeiro brilho luminoso se deixar sentir no seu mais íntimo.

Mas desde que a obscuridade se começa a aclarar, desenvolve-se também mais e mais um novo estado interior de consciência, dum tipo de que nunca antes se estivera consciente.

Então este novo estado de consciência torna-se mais e mais claro até que por fim mostra  a unidade indissolúvel da vontade do que procura com a vontade do Ser Primordial eterno...

Quem chegou a este nível sabe pela sua própria experiência, o que significa «encontrar», e  a primeira condição da verdadeira “oração” foi vivenciada por ele.

                                             *********************

Quando ele agora pronunciar as admiráveis palavras tão simples e tão claras de sentido, que o elevado Mestre da Nazaré transmitiu aos seus discípulos para “orarem”, sente, no novo estado de consciência atingido, que cada uma das suas palavras é só uma confirmação da sua própria vontade. -

 Toda a oração dominical torna-se para quem procura nada mais do que o reconhecimento perfeito da sua própria identificação indissolúvel com a vontade do Ser Eterno…

O que é vivenciado interiormente encontra nesta oração a expressão verbal na linguagem humana, e actua através dela em retorno sobre alma,  tornando-se por si mesma num «pedir» que traz consigo mesmo a sua satisfação.

Assim quem procura é desde então libertado da tola ilusão, de que a oração seria um meio de «modificar a mente» da Divindade...

 Ele sabe agora, que orar consiste simplesmente em: querer, em comunhão com a vontade do Ser Original, o que é querido de toda a eternidade a fim de que, posta em acção através da correcto modo de «pedir» possa agora manifestar-se, realizar-se e afirmar-se. - -

A sua procura tornou-se verdadeiramente “encontrar”.

Ele não pode, em toda a eternidade, nunca mais perder o que encontrou assim em si mesmo! ---»

2 comentários:

RIGO Hervé disse...

Monsieur,

Vous m’avez adressé en décembre 2007… le teste ci-dessous.

J’ai vu votre page et cordonnées et j’aimerai participer dans votre cercle.
Je suis à Lisbonne, je connais et je travaille dans l’enseignement depuis 30 années, j’ai publié la traduction que j’ai fait avec deux amies allemand-portugaises, de Livre du Dieu Vivant. Les meilleurs vœux pour votre Project, Pedro T da Mota. peommota@hotmail.com

Je vous réponds aujourd’hui 13 ans plus tard.

Au cours des années 2006/2008, j’ai tenté en effet de créer un site Internet pour permettre aux disciples de Bô Yin Râ de prendre contact et pourquoi pas de s’organiser. J’ai fermé le site pour de mauvaises raisons en 2008. J’aurai peut-être l’occasion de vous narrer l’aventure…

Pour l’heure, je reviens « sur la scène publique » avec un projet de publication… et je me suis souvenu de vous !

Je vous écris donc pour vous inviter à réfléchir avec moi à la possibilité de publier en Portugais un petit livre précieux de 35 pages (A4) intitulé Le Corps du Christ qui traite de la croyance erronée en la résurrection de la chaire que prône le credo.

pouvez vous me communiquer votre adresse mail via le blog je bug !

Hervé RIGO Taroudant. Maroc

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Saluts cher ami Hervé Rigo.
Je vous remercie de votre message, et on s'est déjà parlé par les mails. J'ai vu seulement aujourdh'ui la message ici, en publiant un peut plus de la traduction de La Priére. A bientôt. Lux! Pedro