Caricatura de Antero de Quental, nas Conferência do Casino, em 1871, por Rafael Bordalo Pinheiro, na Berlinda. |
O vice-almirante Avelino Teixeira da Mota, antropólogo e amante da Guiné, investigador e historiador dos Descobrimentos e autor, com Armando Cortesão, da opus máxima da cartografia portuguesa, Portugalia Monumenta Cartographica, morre em 1982 em Lisboa. Escrevendo sobre a sabedoria dos povos da Guiné, diz-nos com notável discernimento: «Tudo o que existe, objectos inanimados, ou seres animados, contém uma parcela de energia universal, que é pessoal ao ser ou ao objecto enquanto ele dura, constituindo um espírito dinâmico, dotado de inteligência e vontade, e de uma psicologia antropomórfica. Além deste princípio dinâmico, há um princípio ou sopro vital, exclusivo dos seres animados, na dependência daquela, sem inteligência nem vontade, pelo que não é objecto de culto. Só portanto, o primeiro conta no ponto de vista religioso; o segundo estaria ligado à transmigração das almas, noção comum a várias populações da Guiné (nomeadamente os Bijagós). A designação geral deles é irã. Para poder actuar sobre a vontade dos espíritos, destina-se a cada um um objecto material, onde certos ritos o levam a residir. Objecto que serve de suporte ou asilo ao espírito, mas que não se confunde com ele, daqui nasceu a noção errada de que a religião negra é essencialmente idolatria». E resume: «o culto dos antepassados faz da sociedade indígena uma comunidade de vivos e de mortos».
2-IV. A instância do rei D. Manuel, Afonso de Albuquerque tenta conquistar a cidade de Adém em 1513, mas é forçado a retirar por incapacidade de escalar a fortaleza, tanto pela falta de escadas e cordas resistentes, como pelas tropas serem insuficientes. Segue então para o mar Vermelho, pela primeira vez cruzado pelas quilhas portuguesas.
Carta de Goa de S. Francisco Xavier, escrita neste dia em 1548, em que conta como manda um companheiro para Malaca, a fim de ensinar a ler e a escrever aos filhos dos portugueses, e a rezar as Horas de Nossa Senhora, os Sete Salmos, e as Horas de Finados pelas almas de seus pais: «Por lá, como Vossa Majestade sabe, tudo é ler por feitos (casos judiciais) e os filhos dos portugueses, lendo por feitos e mais feitos de Malaca, ficam feitos malaquazes. E também encomendo ao que há-de ensinar a ler e escrever aos filhos dos portugueses, que ensine gramática, andando o tempo, aos que forem para isso».
O marquês de Pombal por lei, neste dia 2, em 1761, declara os indígenas da Ásia portuguesa perfeitamente iguais aos portugueses nascidos no reino, e estabelece penas contra os que conservassem e fomentassem as distinções de castas e outras, antecipando-se assim às constituições liberais. Eram também consagradas as liberdades de religião e de direito consuetudinário nos territórios a norte de Goa, as Novas Conquistas, que permitirão a Goa sobreviver ao seu passado de intolerância religiosa, e enquanto território e já não empório, perante um mar agora controlado por outros povos.
3-IV. No reino do Congo é celebrada a primeira missa, com o baptismo do rei e de muitos dos seus vassalos, em 1491, pelos frades dominicanos enviados por D. João II, muito bem recebidos pelo rei e pela população, familiarizados amistosamente com os portugueses desde a chegada de Diogo Cão (em 1483). E, como conta João de Barros, desde essa altura «já o Espírito Santo começava de obrar seus mistérios na alma daquele rei pagão, assim andava namorado do que Diogo Cão lhe dizia das coisas da nossa fé que nunca o deixava, perguntando-lhe algumas de espírito já alumiado». O rei, ao receber os presentes entregues pelo capitão Rui de Sousa, «tomou terra nas mãos e a correu pelos peitos do capitão e depois pelos seus», o maior sinal de estima.
De Dieppe no norte da França partem em 1529 dois navios, o Sagrado e o Pensamento, do armador Jean Ango, comandados pelos sábio João Parmentier e seu irmão Raúl, que chegam até à Samatra, regressando ao fim de um ano de viagem tormentosa com uns escassos sobreviventes, pouco animados para se relançarem por rota tão longa e perigosa. Eram os primeiros barcos franceses a dobrar o Cabo da Boa Esperança, mas as esperanças de abrirem um caminho para a França foram adiadas até se criar a Companhia da Índias Orientais em 1664. Nos momentos de desalento, o capitão lê à tripulação os seus versos, nos quais lhes diz para "não fazerem caso entre os dentes do prazer do baixo ventre, pois a sobriedade torna os pensamentos nítidos e a mente ousada, subtil e cheia de virtude". O seu Tratado em forma de exortação contendo as maravilhas de Deus e a dignidade do ser humano, é um belo poema do humanismo marítimo, quem sabe se influenciado pela Oração da Dignidade do Homem, o manifesto do Renascimento, de Giovani Pico della Mirandola.
Para administrar e centralizar a justiça é criada neste dia em Goa, em 1544, a Relação das Índias. Numa sábia assimilação, eucuménica, decidiu-se eram os costumes e os casos passados que determinavam as decisões das câmaras locais, só depois passando, ao recorrer-se, para os juízes de Direito e por fim à Relação.
Eis algumas das suas mais valiosas quadras finais:
A cada gesto de amor
A ti próprio te fazendo
Como todo o criador.
Se não sabes o caminho
E a sorte nenhum prefere
Toma então pelo mais duro
É esse o que Deus te quer.
Naquela ilha dos Amores
Que sonhou Camões outrora
Só entra e fica liberto
Quem lá viva desde agora."
Luís de Brito e Melo derrota um dos capitães dos mogóis perto de Damão em 1614. O governador de Damão é Rui Freire de Andrade, que por várias vezes dará também provas do seu valor, tanto em terra, como em mar. Já em 1581, cercada Damão pelos mogóis, viera um repto de duelo individual para resolver sem mais sangue o domínio da praça e o capitão dela, Martim Afonso de Melo, aceitara-o e vencera-o.
O P. António Vieira, numa carta escrita do Maranhão, Brasil, em 1665, neste dia, ao rei: «Senhor, consciência e mais consciência é o principal e único talento, que se há-de buscar nos que vierem governar este Estado... Se não houver mais que um, venha um que governe tudo, e trate do serviço de Deus e de Vossa Majestade, e se não houver nenhum, como até agora parece que não houve, não venha nenhum, que melhor se governará o Estado sem ele, que com ele; se para justiça houver um letrado recto, para o político basta a Câmara, e para a guerra um sargento-mór, e esse dos da terra, e não de Elvas, nem de Flandres... Aqui há homens de boa qualidade, que podem governar com mais notícia, e também com mais temor; e ainda que tratem do seu interesse será com muito maior moderação, e tudo o que grangearem ficará na terra, com o que ela se irá aumentando: e se desfrutarem as herdades será como donos, e não como rendeiros, que é o que fazem os que vêm de Portugal».
Alexander Csoma de Körös nasce na Hungria neste dia em 1784. Aos 36 anos parte em busca das origens do seu povo, os ciganos, primeiro pelo Médio Oriente, depois Caxemira e, finalmente, Tibete. É aqui que descobre a missão de sua vida: aprofundar a cultura tibetana, e publicará o primeiro dicionário e gramática da língua Tibetana, monumentos de erudição e frutos dum estoicismo a toda a prova nas duras condições de trabalho. Em 11 de Abril de 1842 a febre queima-lhe o fio da vida terrena. No Vocabulário, reeditado no séc. XX, em Calcutá, traduz assim a meditação profunda: «tendo-se desenvencilhado inteiramente de concepções corporais (ou do mundo material), as noções retardadoras tendo desaparecido e não recebendo mais ideias diversas na sua mente, e pensando-se a si próprio como o infinito espaço vazio acima, ou éter, continua assim depois e ter realizado a sensação do espaço infinito vazio».
5-IV. O cosmopolita Damião de Goes, um dos homens que mais divulgara e defendera a relação dos portugueses com o Oriente na Europa culta, com 70 anos, é submetido ao 1º interrogatório da Inquisição em Lisboa, em 1571, sendo convidado «a confessar tudo o que sentir que tem feito, dito e praticado contra a nossa santa fé católica». Reconhece que se encontrou com Lutero, Melanchthon, Munster, Bucer, Farel, Pomeranus, Erasmo, mas que permaneceu sempre bom católico cristão. Os interrogatórios prosseguirão e o seu genro, tesoureiro do cardeal D. Henrique, Luís de Castro, virá apunhalá-lo com mais delações, tal como a que comia carne em dias proibidos, e que dissera: «muitos papas que foram tiranos; e que da tirania dos eclesiásticos viera muito mal à igreja; e que muitos dos eclesiásticos eram hipócritas».
O notável artista José Pinto Antunes deixa o corpo físico, neste dia em 2019, com 59 anos de idade, em Lisboa. A sua última exposição, organizada pela galeria Hélder Alfaiate, foi o resultado de cerca de sete anos de trabalho de ilustração da famosa obra religiosa e mística a Conferência dos Pássaros, do mestre iraniano Attar. Belas pinturas e aguarelas estiveram patentes, uma deles que ele me ofereceu reproduzida a seguir, tendo eu contribuído com um texto. Muita luz e amor para a sua alma. Aum, Lux, Amor.
6-IV. Fernão Mendes Pinto, em 1555, experimenta neste dia um desejo de paz e uma subida da energia interna: «Foi o padre Mestre Melchior a uma casa de Nossa Senhora que se chama do Chorão, que está numa ilha da outra parte de Goa, e eu fui com ele. Estivemos lá dois dias, e cresceu-me com tanta eficácia o desejo de servir a Deus Nosso Senhor que quase andava como fora de mim, e ia-me pelo campo sem ter outra consolação senão dar suspiros e brados mui grandes pedindo a Nosso Senhor que me desse a sentir o que mais fosse glória e honra Sua», bela descrição da aspiração espiritual que o visitou.
Mahatma Gandhi inicia o movimento de Satyagraha (força da verdade), ou resistência não-violenta, em 1919, apelando a um dia de oração, jejum e paralização do trabalho, respondido com entusiasmo por toda a Índia. Preso pouco depois, aos motins de contestação em Amritsar respondeu o general inglês Dyer com o assassinato à metralhadora de seiscentos crentes de várias idades que se encontravam num local religioso, havendo ainda milhares de feridos. Mas Gandhi e o Partido do Congresso, com prisões ou jejuns, tenazmente, conseguirão liderar o povo indiano rumo à independência, face ao imperialismo opressivo britânico.
Em Varanasi nasce Ma Yoga shakti Saraswati neste dia em 1927. Depois duma carreira social e política, renunciou ao mundo em 1961 e fundou a Missão Yogashakti, em Gondhia, Maharashtra, para renovar o despertar espiritual através do ensinamento do Yoga, acção desinteressada, amor fraterno e sabedoria divina. Em baixo, num dos seus livros mais lidos, nomeadamente por mim nas minhas peregrinações yoguicas. Dirá: «The Truth is that God resides in each and every heart in a miniature form. All are children of God.» «A Verdade é que Deus está em cada coração numa forma minúscula, ou em miniatura. Todos somos crianças de Deus». Será em 20 de Fevereiro de 2015, na Flórida, de pois de muitos anos de ensinamentos e serviço, muito amada como uma Mataji, santa mãe, que deixou o corpo ou, como se diz, na tradição indiana, atingiu o mahasamadhi.
7-IV. S. Francisco de Xavier nasce em 1506, em Navarra, Espanha. Em 1541 embarcará para Goa para viver intensamente como mestre de escola, confessor, pregador, missionário, pacificador, com sucessos em Kerala e no Japão, e algumas dificuldades, tais o ambiente de Goa, a oposição do capitão de Malaca D. Álvaro de Ataíde e a entrada na China. Não obstante, «andava quase sempre com os olhos no céu, em cuja vista dizia que encontrava particular consolação e alegria, como pátria para onde pensava ir, e assim andava o rosto tão alegre e inflamado que enchia de gozo os que o viam. E aconteceu encontrarem-se tristes alguns irmãos, e tomarem como para alegrar-se ir vê-lo». Morrerá em 3 de Dezembro de 1552, quando abandona o Japão convencido que iria evangelizar a China, às portas dela em Sanchuão mas a sua fama de santidade, pesem algumas convições-posições demasiado intensigentes, tornar-se-á imparável em Goa, onde o seu corpo desafiará os séculos, sempre cultuado por muitos peregrinos e devotos.
A armada do novo vice-rei Lopo Soares de Albergaria sai de Lisboa em 1515. Vem substituir Albuquerque e a sua visão de expansão estratégica, por uma política de comércio e corso, e ainda por cima com uma inveja destruidora da fama e dos amigos daquele. Fernão Peres de Andrade receberá a missão de contactar a Bengala e a China, partindo para esta de Malaca em Junho de 1517 com nove naus, mas em vão esperará mais de um ano para receber autorização de se apresentar ao imperador, regressando então rumo a Portugal e deixando ficar o farmacêutico Tomé Pires em Cantão como embaixador e, sem o saber, como futuro mártir.
António Silveira de Meneses, um dos melhores homens de armas desde os tempos de Vasco da Gama, notável capitão da fortaleza de Diu no 1º cerco (em 1538), morre em 1547. Regressado à pátria, era de tal modo famosa a sua intrepidez que o embaixador francês solicitou um retrato seu para a sala dos Varões Insignes, ou da Fama, no palácio real de Paris.
«Aos 7 de Abril de 1601 no sabbado antes da Dominga de Passione o Governador desta Praça Duarte de Mello com o Reverendo Padre Vigario da Vara Manoel Fernandes lançarão a primeira pedra na Capela desta igreja que delineou o Padre Gaspar Soares da Companhia de Jesus, e pera lembrança se fez este padrão no annno de 1710». Assim leu o sábio Cunha Rivara, em 1859, numa inscrição pintada na igreja do Espírito Santo, de Diu.
Ravi Shankar, um dos grandes embaixadores itinerantes da maravilhosa cultura musical indiana, nasce neste 7 de Abril de 1920 e deslumbrará o mundo pelo sua qualidade, e virá mesmo a tocar em Portugal na cítara as ragas subtis e interiorizantes da Índia, que outrora se cruzaram com as guitarras lusas nos plangidos de almas sequiosas de amor e de que uma subtil ligação se encontra nos originais mandós de Goa, irónicos ou delicadamente saudosos.
Seyyed Hossein Nasr, iraniano, mestre em ciência, filosofia e espiritualidade, nasce neste dia 7, de Abril de 1933, no seio de uma familia de pessoas eruditas ou místicas. Aos doze partiu para o USA onde se formou em Física e Geologia, mas já desiludido com as limitações que o materialismo ou positivismo cientifico apresentava quanto à busca da Verdade. Será na Filosofia Perene, no nucleo de princípios e verdades presentes em todas as religiões, e que são acessivéis por um trabalho do intelecto e a graça ou revelação de Deus, que ele encontrará a via que sentiu como a certa, regressando ao Irão com 25 anos para dinamizar fortemente o estudo dos metafísicos persas, bem como da filosofia ocidental mais espiritual, e vista de acordo com a tradição persa, modelo fundacional que passará da Universidade de Teheran pra vários outras. Após à revolução de 1978 decidiu que trabalharia melhor nso Estados Unidos e na Inglaterra, para onde tinha sido convidado pouco antes da revolução de Khomeini, e assim até aos dias de hoje gerou dezenas de livros, centenas de publicações e milhares de conferencias, aprofundadndo a divulgando a metafisica e a espiritualidade persa e islâmica, tentando ao mesmo tempo unir o Ocidente e o Oriente. Sempre foi uma praticante espiritual, tendo contactado vários mestres persas e ocidentais perenialistas, tal Frithjof Schuon e Titus Burkard. Está ainda vivo em 2023, e tem bastantes vídeos noYoutube.
D. Leonis Pereira, combatente arrojado, capitão de Malaca, morre em Goa, neste dia 8, em 1579. Dele cantara Camões, a propósito de se ter dominado, perdoando, quanto foi esbofeteado numa missa: «Ali tais provas fez de cavaleiro, / e de cristão magnânimo, e seguro, / que a si mesmo venceu por derradeiro», elogio este dos maiores, de acordo com a máxima universal: «De que serve venceres o mundo inteiro, se não te venceres a ti mesmo»?
Partem de Lisboa na nau S. Filipe, neste dia em 1586, os quatro jovens embaixadores japoneses dos dáimios de Kiushu, para chegarem a salvo a Goa, após navegarem 11 meses. Daqui partirão de regresso ao Japão com muita história para contar do que viram e das faustosas recepções europeias com que foram homenageados ou que participaram, ora tocando órgão, ora mostrando-se nos seus belos quimonos que tanto sucesso fizeram.
O franciscano Francisco das Chagas morre em 1628 em Goa. «Foi contínuo e incansável na oração mental, sendo um dos grandes contemplativos que houve no seu tempo... teve muitos discípulos, varões espirituais e contemplativos... Estando uma vez em oração, viu um religioso sobre ele um muito formoso arco de diversas cores, azul e branco, que começava dos seus ombros e chegava até ao tecto da igreja onde estava», descrição certamente de um religioso com o olho espiritual mais aberto e que deu conta da poderosa aura ao divino que Frei Francisco das Chagas emanava. Mas quem se lembra dele hoje? Assim se podem perder alguns elos valiosos da tradição espiritual portuguesa, e seus ensinamentos vivos.
9-IV. Chegam e conquistam a ilha de Socotorá, Tristão da Cunha e Afonso de Albuquerque, em 1508, a fim de libertarem os cristãos jacobitas, a pedido do rei D. Manuel. Mas cinco anos depois ela é abandonada, pois está demasiado exposta e isolada, para além dos naturais serem contra as mudanças de costumes. Deles dirá Martim Afonso de Melo em 1527: «Há muitos cristãos de geração de que aí converteu S. Tomé. Têm igrejas e cruzes e o modo de oração é como o caldeu. Em tudo vivem como cristãos. Não têm mais de uma mulher. Pela continuação do tempo vão desfalecendo com algumas erronias, por não ter quem os ensinem e doutrinem. E têm os Mouros tão vizinhos sobre si, que alguns casam uns com os outros. Por descargo de minha consciência me parece que Vossa Alteza devia prover nisso, e mandar fazer aí uma igreja e um par de clérigos de boa vida que nela estejam e lhe mostrem a nossa fé, de maneira que hão de ter em sua vida». Mais tarde D. Aleixo de Meneses envia dois frades para tentarem de novo a conversão, mas em vão. Adoradores da lua e da cruz, cortadores dos dedos por quebras de jejuns ou por honra, estavam muito mais influenciados pelo Islão do que por qualquer vaga tradição cristã, como também percebeu e definiu, em poucas mas sugestivas palavras, o viajante Frei Bernardino de S. Pedro: «todos são mouros e não sei se pior que eles», como relata no “Itinerário da Índia por Terra até este reino”, ao passar por lá em 1605.
Luis Montez Mattozo, no seu Ano Noticioso e Histórico, escreve neste dia 9 de Abril de 1742:«Por cartas que se receberam da Índia por via da Holanda se tem o lamentável sucesso e decadência dos nossos Domínios no Oriente em o governo do Vice Rey Pedro de Mascarenhas, Conde de Sandomil, experimentadas nas hostilidades, que os Bárbaros têm cometido nas Províncias de Salcete, e Bardez, lamentando as cartas que o Império Lusitano Índico, que em outros tempos dominava o Oriente [qual?...], e que dava leis a muitos Reinos tributários, chegara no ano passado de 1739 à sua última declinação, perdendo as forças, e enfraquecendo de maneira , que só pelas ruínas, que nele se vêem, se conjectura a grandeza, que já teve, sendo Deus servido, por altos juízos seus, que o valor Português se passasse para a parte do Maratha, inimigo da Fé, e da Nação, porque nos três anos antecedentes nos tem tomado o pulso de maneira, que não tem deixado coisa de substância ao Estado. Domina este na Província do Norte em Baçaim, em Tanna, e toda a sua ilha na Saybana, no Sabajo, e em todas as suas Praganas, 14 praças de homenagem, e Fortes da mesma sorte. 28 Fortes sem homenagem, com 5 serras, que tudo se perdeu com 470 peças de artilharia pouco mais, ou menos. A cidade de Baçaim esteve dois anos de cerco por várias vezes, em que os inimigos lhe deram muitas avançadas, sem nunca a poderem render: tinha esta cidade, além dos Seminários, Hospitais, e Capelas, 83 templos; esta se entregou por capitulação a 16 de Maio do ano passado». Será a 23 de Abril de 1740 que o Rei de Portugal nomeia, pela segunda vez, vice-rei do Estado da Índia, D. Luís de Menezes, o 5º conde de Ericeira, e prepara-se a partida de uma armada de dez naus, nas quais irão quatro batalhões de tropas regulares, para tentarem reconquistar as Províncias do Norte.
O P. Tomás Estêvão, jesuíta inglês, em carta a seu pai sobre a viagem para a Índia, escrita neste dia em 1579: «chegámos a avistar o Porto Santo, perto da Madeira, onde um navio inglês atacou o nosso (que então estava só) com uns poucos de tiros, que não causaram dano. Mas logo que o nosso navio descarregou o seu maior canhão, partiram eles direitinhos como tinham vindo. O navio inglês era bonito e grande e tive pena de o ver tão mal empregado». Na Índia será um dos melhores missionários, aprendendo o tamil e compondo mesmo obras para evangelizar os indianos.
O padre jesuíta Teillard Chardin morre nos Estados Unidos da América em 1955, neste dia 10 de Abril, num Domingo de Páscoa. A sua tentativa de realizar o fenómeno religioso e cristão numa visão evolutiva do Universo, causou polémica, mas sem dúvida fermentando a visão algo imobilizada da ortodoxia. Já no fim da sua vida de 74 anos, dirá que para si o Reino do Senhor «era o reencontro implosivo» na consciência humana do sentido ultra-humano e do sentido crístico, ou, como digo frequentemente, para a frente e para o alto». As evidentes analogias entre o seu pensamento e o de Sri Aurobindo não escaparam a alguns, como a outro jesuíta, argentino, Ismael Quiles, um dos poucos estudiosos e ensinantes da filosofia oriental dentro do institucionalismo católico, pois conseguiu criar um Instituto de Estudos Orientais em Buenos Aires. Teillard Chardin, nos seus últimos anos, rezava assim pela sua morte: «Que o Senhor, não por mim, mas pela Causa que eu defendo (a do maior Cristo), me permita acabar bem». Um súbito ataque de coração levou da terra para a noosfera, o envolvimento psíquico e espiritual da Terra, o infatigável pesquisador dos mistérios da origem da humanidade e da sua destinação final, Ómega, em que todos estarão em Deus.
11-IV. Nasce em 1357 D. João I, filho natural de D. Pedro e de Teresa Lourenço, da Galiza. Foi entregue em criança a Nuno Freire de Andrade, mestre da Ordem de Cristo. Impôs-se à tentativa de dominação castelhana que a rainha, viúva de D. Fernando, apoiava e será aclamado rei nas cortes de 1385. Usará como divisa En bon point até à batalha decisiva de Aljubarrota, onde Nuno Álvares Pereira se destacará, e depois Pour Bien, no bico duma pega e com ramos de pilriteiro, tal como se vê no tecto da sala das pegas no belo palácio de Sintra. Lidera ainda a expedição a Ceuta em 1415, com os seus filhos de D. Filipa de Lencastre, a ínclita geração, iniciando a expansão portuguesa e europeia dos Descobrimentos, e foi certamente um dos melhores reis que geriram a nau portuguesa.
Parte de Lisboa em 1586, na armada de D. Jerónimo Coutinho, a nau Salvador, capitaneada por Miguel de Abreu. Destroçada por uma tempestade no Cabo da Boa Esperança, prestes a ser abandonada, é encontrada por Martim Afonso de Melo, vindo de castigar Mombaça, que se «oferece para os acompanhar com toda a Armada e que ele tomaria a nau à sua conta; e se fosse necessário meter-se ele em pessoa dentro, o faria, e que para as bombas revezaria os marinheiros, e os capitães e os soldados». Salvar-se-á...
Em 1626 neste dia em Chaparangue, no Tibete ocidental, é arvorada uma Santa Cruz no sítio da 1ª igreja a ser edificada nos Himalaias e, como nos relata o P. António de Andrade, era «de pau conforme ordena o ritual mas toda forrada de damasco; e arvorou-se com tanger de trombetas e atabales, e presente muita gente».
Nasce Henry Creswicke Rawlinson em 1810, Chadlington. Inglaterra. Militar, nas suas incursões orientais acaba por ser o primeiro orientalista a decifrar no Irão, a famosa inscrição pioneira dos Direitos Humanos do imperador Dario I, na escrita cuneiforme e em três línguas, fazendo avançar bastante os estudos linguísticos.
12-IV. Em Cuzco, nas cordilheiras sagradas do Peru, em 1539, nasce do capitão Garcilaso de Vega Vargas e da princesa peruana Isabel Chimppu Ocllo, a criança Gomes Suarez de Figueroa que será conhecido como Garcilaso de la Vega, o Inca, pois nele corria o sangue dos antigos reis, tendo ainda aprendido o quechua, mas partindo aos 21 anos para Espanha, donde já não regressou, vindo a ser capitão. Escreveu duas obras, curiosamente dadas à luz pela 1ª vez em Portugal, pela tipografia Crasbeeck, em 1605 a História de la Florida e em 1609 as Cronicas Reales, esta com o 2º volume já póstumo e em Cordoba. Traduziu em 1586 o importante ensaio de sabedoria platonizante do judeu português Leão Hebreu Diálogos do Amor dedicando-o ao rei de Espanha: «Suplico que com a clemência tão própria de vossa real pessoa, se humanize a receber a alma deste pequeno serviço que em nome de todo o Peru é oferecido e ofereço».
Naufrágio da nau Vitória na costa da Etiópia, com 500 pessoas, sobrevivendo apenas 16, após grandes tormentas, que chegaram a Mogadíscio, em 1595. Cerca de 100 navios pereceram nos mares por desastres ou ataques entre os anos 1497 a 1580, num cômputo de 620 utilizados, mas tal era o preço de por mares nunca dantes navegados passarem ainda além de Taprobana enfrentando «no mar tanta tormenta e tanto dano, / tantas vezes a morte apercebida! / Na terra tanta guerra, tanto engano, / tanta necessidade aborrecida», movidos pela honra, religião ou cobiça. As grandes tragédias resultaram de enfrentarem a inconstância dos mares, a fereza dos elementos e as batalhas dos inimigos. Outras causas dos desastres: navios ronceiros, pouca querenagem, ganância no carregamento, má acomodação e poucas viagens em espírito de grupo.
O P. António de Andrade descreve a fundação do primeiro templo cristão no reino de Guge, Tibete, neste dia, em 1626: «Dia de Páscoa saímos da casa del-Rei levando ele só a primeira pedra, no meio da qual estava uma formosa Cruz dourada toda de pedras várias, que com ser de pouco preço, parecia que o tinha grande; todo o mais campo da pedra ia coberto de muitas flores de prata; chegámos ao lugar e sítio em que estava alevantado um altar, e nele se depositou a pedra para se benzer: ela benta com todo o aparato e autoridade que nos foi possível, a pusemos em seu lugar deitando ele primeiro debaixo dela boa quantidade de ouro; vestiram-se vinte pobres que foi de edificação para a gente; pusemos o título, e dedicámos esta Igreja à Virgem da Esperança pelas grandes que temos em Nosso Senhor, que por intercessão desta Rainha trará muito depressa toda esta gente a sua Santa Fé...
13-IV. Os frades espanhóis João Maldonado e Afonso Ximenes, depois de missionarem em Cambaia, são martirizados em 1600 na Tailândia, numa época em que se formou uma forte oposição à influência portuguesa na corte do rei de Sião, muito favorecida desde 1543 devido ao contributo guerreiro e civilizador (abertura de estradas e canais).
Shivaji (nascido em 1630, para alguns de paternidade lusa e coroado raja ou rei-chefe dos maratas em 1674), depois de muitas lutas em que foi comparado a Alexandre, César e Átila, seguindo ainda um caminho espiritual de acordo com as instruções do seu famoso mestre Ramdas, morre em 1680, na luta pela libertação do seu povo dos mogóis e de outras dinastias islâmicas, e dos portugueses, com quem ainda assim teve alianças, e ingleses. Cosme da Guarda, natural de Mormugão, escreve uma sua biografia em 1695.
O ministro da Educação da Índia, Dr. Azad inaugura o congresso da Unesco, em Deli, sobre Humanismo em 1950: «Face à concepção ocidental moderna que faz do homem um animal capaz de progresso, o Oriente acentuou a espiritualidade intrínseca, e a contemplação da realidade interna do homem fez nascer a filosofia Vedanta na Índia e o Sufismo na Arábia. É da síntese do progresso da ciência e do homem como emanação de Deus, que surgirá a paz. Quanto à educação, não é um meio de se atingir algo de exterior, mas um fim em si, no que se reconhece o saber como um dos valores últimos».
Da imaculada concepção da mãe de Buddha, em sonho...
14-IV. Nasce da Princesa Virgem Maya, Siddhartha Gautama, na cidade de Kapilavastu, hoje no Nepal, em 563 A.C., segundo uma das tradições tibetanas. Retirando-se da corte mundana e praticando a ascese e a meditação, atinge a iluminação na lua cheia de Maio de 528 e torna-se o Buddha, o que realizou a natureza de buddhi, inteligência luminosa. A metodologia religiosa que transmite visa libertar os humanos do sofrimento causado pelo desejo de vida ignorante e é no seu óctuplo caminho da verdade (rectidão na compreensão das causas do sofrimento, no pensamento, nas palavras, acções, meio de vida, no esforço ou trabalho, na vigilância e na meditação), uma via de equilíbrio, desprendimento, serenidade e plena atenção. Como criticou a religião dos brâmanes, com os seus deuses, ritos e castas, não conseguiu sobreviver na Índia, sobretudo quando as invasões islâmicas vieram destruir as suas grandes universidades de Nalanda e Taxila, sendo antes exportada para todo o Oriente. Quatro estados sublimes da mente devem ser frequentemente cultivados — recomenda Siddhartha Gautama, o Buddha: — que o discípulo penetre o mundo inteiro com o coração cheio de Amor, Compaixão, Alegria pela simpatia com os outros e Equanimidade.
Imagem do Guru Arjan, no templo de Amritsar.
15-IV. Guru Arjan, o quinto mestre ou guru da religião Sikh, nasce neste dia em 1563 em Goindval, no Pumjab, Índia, sendo o primeiro dos dez gurus a nascer de pais Sikhs, pois o seu pai era o Guru Ram Das, o 4º guru e a mãe Mata Bhani, filha do 3º guru Amar Das. Foi um grande organizador da religião Sikh graças ao seu carisma espiritual, de tal modo que atraiu o ódio e a inveja do imperador mogol Jahangir que o prendeu e matou em 1606. Compilou os hinos e ensinamentos dos mestres anteriores, no Adi Grant, que se tornará por fim a escritura dos Sikhs, o Guru Granth Sahib. É no Templo Dourado em Amritsar, na fronteira entre a Índia e o Paquistão, que se encontra este livro sagrado dos milhões de Sikhs (2% da população indiana) e que contém os elevados ensinamentos místicos de Guru Nanak e dos nove mestres seguintes, sendo reverenciado como um mestre vivo e estando a ser cantado ininterruptamente por devotos que se revezam. A propósito da meditação e da necessidade de fixarmos a mente, sempre tão dispersa por mil imagens ou preocupações, em algo ou alguém que seja condutivo à paz, à luz, à realização, dirá: «A forma da Divindade Eterna é o Santo (ou Guru), este deve ser o verdadeiro objecto da contemplação» ou ainda «Contempla no teu interior a forma do Guru» pois «querido amigo, sem a contemplação da forma do Guru não há libertação da escravidão», ou ainda: «O Senhor revelou-me que sem o Guru ninguém se salva».
A sábia e bela Mumtaz Mahal, mãe do sábio príncipe sufi Dara Shikok...~
Arjumand Banu Begam nasce neste dia 15 de Abril de 1593, filha do historiador e sábio persa Asaf Khan e de Diwanji Begun. Receberá o nome de Mumtaz (a eleita) Mahal (do palácio), pelas qualidades de corpo, alma e espírito e por ser a preferida das três mulheres (mais por obrigação do que por afeição, e amando-a mil vezes mais do que as outras) do imperador mogol Shah Jahan, e de quem terá quatorze filhos, nos dezanove anos de casamento muito feliz e dinâmico, no qual protegeu e inspirou muitos poetas e artistas, morrendo no parto da décima quarta criança, em 17-VI-1631. Do amor intenso e perene entre os dois nascerá o talvez mais famoso e perfeito monumento da Índia e do Mundo, o Taj Mahal, por vontade do seu amado que, detido pelo ambicioso filho Aurangzed, assistirá ao final da construção demorada de vinte e dois anos do níveo palácio-mausoléu na margem do mítico rio Jamuna, onde os corpos de ambos seriam depositados por entre versículos do Corão em requintadas caligrafias, em jaspe e pedras raras incrustrados nos alvos mármores. O filho deles, Dara Shikoh (20-3-1615 a 30-8-1659) elevará o amor imenso em que foi gerado e invocado à Terra pelas vias da busca espiritual divina com grande qualidade e escrevendo poesia sufi e várias obras pioneiras de comparativismo religioso, tais como a Confluência ou união dos Dois Oceanos, já traduzida e lida em português por mim no Youtube.
A Carta do P. Rudolfo Aquaviva para seu tio Cláudio, o geral dos jesuítas em Roma, datada deste dia em 1582, sobre a missão na corte mogol de Akbar em Agra, no interior da Índia, refere o interesse de se ir pregar aos tibetanos «nação de muito boa índole e dada às obras piedosas». Avisa ainda que «onde estamos é a verdadeira Índia, e este domínio é apenas uma escada para a maior parte da Ásia; e agora que a Sociedade [de Jesus] obteve a sua permanência aqui e é tão favorecida do imperador e dos seus filhos, não parece apropriado deixá-la antes de se tentar por todos os meios começar a conversão do continente indiano já que o que se fez até agora foi meramente o litoral».
16-IV. Na Etiópia, D. Cristóvão da Gama e os seus derrotam pela 2ª vez os exércitos do emir de Harar, o Gráne, em 1542, e era tal desproporção numérica (350 portugueses e 200 etíopes contra mais de dez mil) que só a protecção Divina e a de Santiago explicaram na altura tais feitos. O objectivo de libertarem o Preste João e os etíopes cristãos da subjugação islâmica que os ameaçava, tornava-se mais possível.
Morre em Goa neste dia em 1609 o P. Francisco Cabral, nascido na serra da Estrela em 1528, e durante cinquenta e co anos anos religioso na Índia, China (1º superior da Missão) e Japão, onde chegara em 1570 para substituir o P. Cosme de Torres como vice-provincial e para desenvolver a cristianização em Bungo e Omura, onde os dáimios D. João Shiki Rinsen e D. Francisco Otomo-Sorin brilham.
Zarpa de Lisboa o insigne matemático e astrónomo jesuíta alemão Adam Schall von Bell, neste dia em 1618 e, depois duns anos em Goa, passará à China, onde pelo seu alto valor será chamado à corte e, ao estimular com êxito a mentalidade racional e científica dos chineses, elevado ao mandarinato e a Presidente do Tribunal das Matemáticas. Depois de perseguições e maus tratos escapará da morte por um terramoto e será desterrado para Cantão. Deixará cansado o mundo em 1666, levando na bibliografia 150 obras. Será o jesuíta e cientista belga Ferdinand Verbiest que preparado de antemão o substituirá na direcção dos departamentos de matemática e astronomia na corte de Pequim.
17-IV. Morre neste dia em 1195, Gualdim Pais, natural de Amares (1118), educado no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e que desde muito novo acompanhara o rei D. Afonso Henriques (1128-1185) nas suas batalhas e que estivera na Terra Santa como cavaleiro templário cinco anos e participando no cerco de Jafa. Foi depois eleito em 1157 o 4º mestre da Ordem do Templo em Portugal, e deu em 1162o foral à vila de Tomar (e a Pombal em 1174) e reedificou o castelo (que já vinha de romanos e árabes), e a charola e convento, que foram depois da extinção dos Templários a sede da Ordem de Cristo e da jurisdição espiritual nos Descobrimentos.
O florentino Giovanni de Verrazano é o 1º europeu a atingir em 1524 a ilha de Manhattan, Nova Iorque, percorrendo 1.200 km da costa norte-americana com quatro barcos ao serviço de Francisco I da França. Se na viagem seguinte trouxeram grande riqueza de pau-brasil, já na última a maior parte dos tripulantes e o próprio Verrazano são cortados em pedaços e devorados numa ilha das Caraíbas.
Frei Tomé de Jesus, que fora ferido com o crucifixo na mão nas primeiras linhas de Alcácer Kibir e, prisioneiro dum marabut, recusara-se a ser resgatado, preferindo sofrer o cativeiro consolando os cristãos e escrevendo os seus Trabalhos de Jesus, no século XVII o livro português mais lido e publicado no mundo, desprende-se do corpo neste dia em 1582. Mestre de noviços, ensina métodos de aproximação à experiência espiritual: «chegada a hora do exercício, lembre-se que tem Deus trino e uno presente, ou dentro em seu coração muito mais íntimo que seu interior, ou em sua majestade sobre si, a cujos pés está como uma miserável criatura, ou cercado de toda a parte dele ou de sua bondade, como um pequeno peixe no meio do mar, dele e nele está de toda a parte alagado, ou como uma pessoa que no meio do campo está cercado de todas as partes do Sol, que por todas elas lança neles seus raios.»
Embarca para a Índia o P. Gaspar Afonso, em 1647, onde viverá até Novembro de 1708 com grande prudência, chegando a bispo de Meliapor. Observara que a carne do S. Francisco Xavier estava dura e carcomida em muitas partes e o rosto enegrecido e deformado e por isso opunha-se «a que a relíquia tornasse a ser exposta».
O Dr. S. Radhakrishnan morre neste dia em 1975. Filósofo, professor chegará a ser Presidente da Índia. Editou e traduziu várias das Upanishadas e dentro de um princípio hermenêutico comparativo, por vezes exagerado na tentativa de encontrar paralelos constantemente em todas as religiões e filosofias. Explicará que «a religião, é para o hindu, experiência ou atitude da mente. Não é uma ideia, mas sim uma força; não é uma proposição intelectual, mas uma convicção vital. A religião é o conhecimento da realidade última, não uma teoria acerca de Deus». Comparando o Oriente e o Ocidente, interrogará as gerações futuras: «Se surgirem suficientes homens e mulheres em cada comunidade que estejam libertos de fanatismos religiosos e políticos, que se oporão com energia a todo o tipo de tirania mental e moral, e que desenvolverão em lugar duma visão de ângulo nacional uma global, o que não se poderá fazer?» A frase que reproduzimos tem muito a ver com este livro de efemérides: culturas, mundos, planos, almas, mas sabemos como o autoritarismo global se tem intensificado fortemente nos últimos anos e o idealismo que Radakrishna, ou Agostinho da Silva ecoaram, só pode valer em pequenas escalas, pois nas grandes o autoritarismo e a população manipulada dominam..
18-IV. Fernão Lopes de Castanheda parte com o seu pai, juiz, para a Índia na armada de Nuno da Cunha em 1528, para «não perder-se a memória de feitos tão notáveis que os portugueses fizeram... porque muito sobrenatural há--de ser o engenho, que há-de saber escrever do que nunca viu — o que se me não pode dizer, porque vi tormentas, vi batalhas no mar e pelejas na terra, e despedaçar navios, e bater muros e vencer inimigos, e falo como experimentado». Recolhido assim no terreno o material durante vinte anos, regressa e publicará a História do Descobrimento e Conquista da Índia, numa pátria algo ingrata para com a sua valiosa vida e obra.
O governador do Estado português na Índia Lopo Vaz Sampaio, enérgico mas avarento do seu posto, pois violentamente impediu Pêro de Mascarenhas de o ser, foi condenado pela Relação de Lisboa, seguindo preso de barco para Lisboa por desobediência. Como ao fim dos três anos de prisão não foi perdoado por D. João III, desnaturalizou-se e viveu em Badajoz, até entrar de novo nas boas graças reais, regressando a Portugal, e saindo da cena terrestre neste dia em 1538.
Antero de Quental, o santo Antero, como lhe chamou Eça de Queiroz (na peugada da Ana Lobo de Moura), nasce neste dia 18 de Abril de 1842, em Ponta Delgada, na ilha de S. Miguel, Açores. Ao estudar Direito na Universidade de Coimbra, entusiasmar-se-á não só com as ideias revolucionárias da época mas também com as antigas civilizações Persas e Indianas, convivendo com Guilherme Vasconcellos d'Abreu, que virá a ser professor de sânscrito e de civilização indiana. Em adulto será mais atraído pelo Budismo, estudando-o no que pode bibliograficamente na altura, escrevendo vários dos seus Sonetos influenciados por ele e pela filosofia do Inconsciente e reconhecendo filosoficamente a necessidade dum «Budismo coroando pelo Helenismo», a dado momento, pois mais tarde disso que tudo estava no Cristianismo, nomeadamente nos seus místicos e que o Ocidente geraria um dia a sua própria espiritualidade unida à ciência. Nesta recolha de efemérides e ligações do Oriente e do Ocidente, poderemos acrescentar quanto a Antero de Quental, o facto de Sampaio Bruno, ainda que sem grandes conhecimentos sob o tema, pensar que na sua obra há influências não só do Budismo, mas também da filosofia Vedanta, que na realidade o subjaz, tanto mais que Gautama o Budha fora durante muitos anos um yogi, um sannyasi. Podemos dizer que Antero de Quental foi um dos raros pensadores que se aproximou lúcido, ainda que não suficientemente clarividente, da experiência e da ideia da morte e das elevadas regiões do Não-Ser, investigando demorada e sentidamente a morte tendo até citado o famoso dito grego «Morrer é ser iniciado», que Joaquim de Araújo e Fernando Pessoa virão depois também a citar e a poetizar. Algum tempo antes de morrer, quando a sua sensibilidade não conseguiu ser regida pelo que consideramos ser a moral e a razão prática, e se suicidou, ainda afirmou o desejo fundar uma ordem de contemplativos, e neste sentido dando razão aos que viram na sua morte simultaneamente a de uma geração que das raízes mais interiores estava afastada. Fidelino de Figueiredo realçou esse testamento anímico de alguém, que se estivesse apoiado «teria sido um S. Bento de Portugal, restaurador da disciplina das almas, iniciador da sua reconstrução pelo recolhimento meditativo», dizendo ainda: «Três coisas devemos pedir ao recolhimento monástico ou à sua irradiação: firmeza, paciência e esquecimento. Só para as propagar e difundir valeria a pena fundar a velha ordem dos Mateiros, de Antero de Quental — velha, sem nunca ter existido». Numa das suas mais belas poesias, nesta linha de funda interioridade, Antero concluirá: «A Ideia, o sumo Bem, o Verbo, a Essência, / Só se revela aos homens e às nações / No céu incorruptível da Consciência», fazendo eco de algo tão presente na Filosofia Perene, tão vivida e aprofundada no Oriente. Guilherme de Vasconcellos Abreu, que foi o único dos amigos (com Oliveira Martins) a ir despedir-se ao barco que levou Antero para a sua última viagem, no In-Memoriam que lhe foi consagrado diz-nos:«Antero lia muito acerca do Budismo; e para distracção de meditações e cogitar em problemas religiosos e filosóficos, lia o Panchatantra, os Cinco Livros de contos, apólogos e fábulas, mais ou menos derivados de contos búdicos. Servia-se da versão alemã de Benfey». E acrescenta sobre essas duas horas últimas entre os dois: «ele pouco falava, queria-me ouvir acerca do panteísmo hindu, acerca de pessimismo, de nirvana» e por fim, se arrimara a um passo do Hitopadexa que Vasconcellos Abreu considerava resumir a filosofia espelhada nos Sonetos por Antero: «tudo estudou, aprendeu tudo e tudo executou, quem voltou as cotas à esperança e se ampara descansado em nada esperar». Profeticamente, pois de costas viradas para a palavra "Esperança", num banco do campo de S. Francisco, Antero cortou as amarras da sua barca terrena internando-se no seio misterioso da sua oceânica e enevoada amada "Morte libertadora".
Menos conhecida da sua veia orientalista é o artigo que escreveu sobre a obra de Pedro Gastão Meunier, O Japão. Estudos e impressões de Viagem, impresso em Macau em 1874, onde tanto elogia o Japão, como a capacidade investigadora e descritiva de João Pedro Meunier, como ainda os tempos gloriosos dos Descobrimentos: «Os portugueses, que foram grandes viajantes, exploradores e grandes narradores das suas peregrinações, têm ido perdendo, com muitas outras coisas, este dom de observar e contar (...) O sr. Meunier seguiu com curiosidade não isenta de comoção patriótica, em vários portos do Japão, os vestígios gloriosos dos grandes navegadores e dos heróicos missionários portugueses do século XVI...». Criticará porém a ideia de que conversão dos japoneses foi verdadeiramente religiosa pois considera serem «as populações asiáticas, as mais refractárias à índole e espírito do cristianismo e que hoje nos juízos mais competentes, como Burnouf, Max Muller, Stanly, declaram absolutamente inconvertíveis», com estas citações mostrando o seu conhecimento das maiores sumidades orientalistas de então bem como das limitações do Cristianismo para ser a religião universa. Confirmamos tal orientalismo anteriano no catálogo (impresso por seu fiel amigo Joaquim de Araújo) da livraria de Antero de Quental, legada a Biblioteca Pública de Ponta Delgada, onde encontramos o Panchatantra, o Ramayana, na tradução de H. Fanche, o Tao Te King, de Lau Tse, Le Koran, na versão de Kasimirski, os Ghazal de Hafi, na versão de Daumer, estudos orientalistas e indianos de Albert Weber, Philibert Soupé, Burnouf, Max Müller, Conte de Gobineau, Guilheme Vsconcellos d'Abreu e, por fim, várias obras acerca do Budismo e de literatura de viagens ao Oriente, portuguesas e estrangeiras. Pena foi que o seu projecto juvenil de ir para Macau e Goa não se concretizasse, pois Antero poderia ter sido, quem sabe iniciado, na espiritualidade viva activa nos mestres do Oriente e perdurado e evoluído na Terra bem mais tempo.
20-IV. Vai deixando de ver a costa portuguesa em 1560, rumo ao Oriente, a armada, que, como «Arca de Noé da cultura, passava à longínqua Índia, as letras, a ciência e a língua de Portugal», diz-nos o estudioso Eugenio Asensio. Nela iam porém, além dos artistas impressores de João Blávio, tanto Deus como Diabo, pois se o arcebispo D. Gaspar de Leão que nela seguia era um asceta aspirando a místico da via unitiva, tendo-nos deixado uma rara e preciosa obra Desengano dos Perdidos, editada no séc. XX por Eugenio Assensio, já os inquisidores que iriam começar a sua tarefa fúnebre e nefasta, nada mais eram que instrumentos da ignorância, intolerância, fanatismo e medo, antropomorfizados no Diabo. Muito se passava nas navegações. Problemas principais: excesso de gente e pouca e má comida, sobretudo para os mais pobres. As festas e devoções religiosas animavam os passageiros por dentro, já que por fora a ondulação tanto ia da tempestade, à beleza do nascer do sol e da vida marítima. Destas circunstâncias nasceu o provérbio: «Se queres aprender a rezar, entra no mar». E não se duvide que muitos dos que se aventuravam nos mares e no Oriente regressavam iniciados ou transformados pelas vitórias sobre o medo e as dificuldades e pela visão prolongada dos mares vivos e do horizonte ilimitado.
O missionário alemão Grundler escreve do Cabo da Boa Esperança, a caminho da Índia, neste dia em 1709, aos seus amigos nórdicos: «Principiamos a bordo do nosso navio a aprender o português e o tamil, porque estas duas línguas são igualmente necessárias para espalhar o Evangelho naquelas partes. Lamento não termos sido providos aquando da nossa partida de mais livros portugueses de maneira que pudéssemos a tempo estudar essa língua. Tenho ouvido a pessoas a bordo do nosso navio que têm viajado muito nas Índias Orientais que o português é de uso muito maior e mais extenso que o próprio tamil, porque o primeiro fala-se em quase todas as partes do Oriente, enquanto segundo se fala só numa pequena parte. É pena que não tenhamos tido mais facilidades na Alemanha para aprender esta língua na perfeição, visto ser tão universalmente útil para o fim que nos propúnhamos: estaríamos prontos para começar desde logo a nossa tarefa». Mandados os primeiros missionários pelo rei da Dinamarca Frederico IV, para Tranquebar na costa de Coromandel em 1705, a missão dinamarquesa receberá grande apoio da Inglaterra, Alemanha e Dinamarca, quando as primeiras cartas dos missionárias começaram a ser publicadas. Daí resultou o envio duma tipografia que imprimirá vinte e nove obras religiosas e gramaticais em português e que em sábia contrapartida comporá e exportará para a Europa alguns tratados em alemão sobre a medicina, a religião e a história indiana.
Egas Moniz ainda cultivado por algumas almas... |
Diogo Rodrigues, destruidor de mais de duzentos templos hindus em Salsete, protegido pelo vice-rei D. Antão de Noronha, é enterrado neste dia em 1577. Talvez o maior iconoclasta nascido em Portugal. Um dos aspectos mais negativos das religiões e particularmente do Cristianismo de outrora e do pseudo-Islão dos terroristas alimentados por tantos governos ocidentais e Israel e a Turquia.
O P. Baltazar da Costa, nas águas calmas e mornas do equador, morre em 1673 quando regressava à Índia com S. João de Brito e outros jesuítas. Desde 1635 no Oriente, dinamizara a adaptação aos modos religiosos indianos, estendendo acção dos swamis (monges) cristãos a todas as classes, criando a ordem dos Pandara swami, à qual pertenceu o seu discípulo S. João de Brito. Traduziu um dos importantes tratados do P. Roberto da Nobili sobre a transmigração das almas da língua badagá para o português, infelizmente ainda mantido em manuscrito.
22-IV. A armada de Pedro Álvares Cabral, quando teoricamente seguia para a Índia neste dia em 1500, ao fim de 45 dias de viajem, começa a avistar «um monte muito alto e redondo, depois terras baixas com grandes arvoredos. Ao qual monte alto o capitão pôs nome: o Monte Pascoal; e à terra: Terra da Vera Cruz», assim nos relata Pêro Vaz de Caminha, mestre da balança na Casa da Moeda no Porto, que assinala ainda:«E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem». Era a Nova Lusitânia, mas que virá a chamar-se Brasil, pelo pau-brasil ser então a maior riqueza visível. Achada por acaso ou não, o historiador e professor na Universidade de Letras, de Leonardo Coimbra, no Porto, Damião de Peres, dizia: «sem prévio conhecimento mas intencional e com sigilo», embora a carta do médico da armada Mestre João ao rei pareça mais reveladora: «Quanto, Senhor, ao sítio desta terra mande Vossa Alteza trazer um mapa-mundi que tem Pêro Vaz Bizagudo, e aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra», iniciava-se uma aventura formidável de entrosamentos e fusão de povos, raças, culturas, embora à custa de certo cativeiro de índios e destruição de seus modos de vida e da importação forçada e escravizada de africanos. Uma sensibilidade, fraternidade e criatividade imensa é bem visível nos dias de hoje ainda que por enquanto a cristalizar-se com imperfeições políticas e sociais graves e violentas, requerendo-se políticas de harmonização luminosa e futurante das classes, mentalidades e pessoas, num espírito de dedicação ao Bem Comum.
Desembarque imponente em Goa de D. João de Castro e dos guerreiros que libertaram a fortaleza de Diu do 2º cerco, em 1547, sendo recebidos com uma oração em latim e um solene Te Deum na Sé, numa das mais rutilantes manifestações e encenações do triunfo marcial, registadas nas belíssimas e discutidas tapeçarias do Museu de Cultura Histórica de Viena. Tal vitória foi tem ainda de vários escritos e poemas.
O papa Urbano VIII, pelo breve Commissum nobis, em 1640, proíbe que os índios do Brasil e do Paraguai até ao rio da Prata sejam escravizados, vendidos, trocados, separados de suas famílias, espoliados dos seus bens, ou oprimidos, sob pena de excomunhão, o que provocará alguns motins dos colonos mais desumanos, mas protegerá também as famosas repúblicas comunistas guaranis dos jesuítas, um dinamismo grupal muito avançado em certos aspectos e ainda estimulador hoje de resistências ao imperialismo capitalista destruidor dos eco-sistemas e tribos índias brasileiras.
23-IV. Dia de S. Jorge, cristianização do culto antiquíssimo do herói a cavalo, ou seja do cavaleiro, e em que a serpente ou dragão representava tanto a energia ctónica, como a sexual, ou ainda as forças do mal. As representações da Trácia são das mais antigas conhecidas. Com o S. Jorge da Capadócia, mártir cristão em 303 na governação de Diocleciano e Galério, entramos na quase história e foi tanto Patrono dos ingleses como Defensor da Rússia e de Portugal, sobretudo na 1ª dinastia. Em Aljubarrota em 1383 os portugueses combateram por S. Jorge e os castelhanos por Santiago. Mas nos Descobrimentos, embora haja a fortaleza de S. Jorge da Mina e outras, já não se vê tanto o seu culto, em parte substituído pelo de Santiago cavaleiro. O P. Francisco Álvares, na sua Verdadeira Informação das Terras do Preste João, afirma existirem em todas as igrejas etíopes imagens de S. Jorge. O famoso viajante António Tenreiro, em 1523, quando veio de Goa por terra para Portugal, numa aldeia nestoriana antes de Tripoli viu um retábulo de pincel com a imagem de S. Jorge pintada a cavalo: «A esta ermida chamam Cadrilias em sua linguagem, e na nossa quer dizer S. Jorge». Já para os muçulmanos o seu nome era Jirjis, um profeta que morto, Deus ressuscitava-o. Recentemente um papa da Igreja Católica resolveu considerá-lo como lendário, causando alguns problemas nos campos devocionais e intercessórios e deixando certamente alguns seres, ou energias de S. Jorge mesmo, mais desocupados em terras subtis mais católicas que não nas eslavas.
Gonçalo Velho Cabral, cavaleiro da Casa do infante D. Henrique, e da Ordem de Cristo, descobre a ilha de S. Jorge no arquipélago dos Açores neste dia em 1444. Pouco depois chega à ilha do Corvo onde, segundo Damião de Góis, encontraram uma estátua de pedra dum homem a cavalo, que se pensou poder ser uma sobrevivência da Atlântida, e que ainda veio para Lisboa.
Nicolau Coelho, capitão na armada de Pedro Álvares Cabral, é o 1º português a relacionar-se com os índios do Brasil, como nos relata Pêro Vaz de Caminha, na sua maravilhosa Carta do Achamento do Brasil (bem estudada e publicada por Jaime Cortesão) acerca deste dia, em 1500, «mas não pode deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave compridas, com uma copazinha pequena de penas vermelhas, como de papagaio».
No cerco que os holandeses e o rei de Cândia, no Ceilão, puseram a Colombo, de 1655 a 1656, assiste-se neste dia a mais umas surtidas heróicas dos portugueses, destacando-se João Ferrão de Abreu, que uns dias antes, debaixo de metralha, apagara o fogo lançado pelos adversários. Devido à desproporção numérica a capitulação virá, ainda que com honras de guerra, mas sem poderem levar nem um objecto, para o que os escassos sobreviventes foram minuciosamente revistados.
24-IV. O breve Multa praeclare do papa Gregório XVI, promulgado neste dia em 1838, vem resolver o contencioso existente desde a independência de 1640: como outras nações europeias desejavam pastorear à vontade sem obedecer ao Padroado Português, este deixa de incluir as dioceses de Cochim, Malaca, Cranganor e Meliapor, limitando-se a Goa e Macau. Portugal, com D. Pedro IV, esteve de relações cortadas com a Santa Sé entre 1833 e 1841. Pouco antes, tinham saído Calcutá, Madrasta, Madurai e Ceilão da jurisdição portuguesa. Criada em 1622 uma comissão superior na Santa Sé para superintender o Oriente, a chamada Congregação da Propaganda da Fé, desde 1658 começaram as nomeações de prelados estrangeiros sem autorização dos portugueses, que consideravam isso como um atentado a um direito (outorgado pelos papas anteriores) e não a um privilégio revogável como queria a Propaganda da Fé. Ainda por cima o papa não reconhecera a independência de Portugal, e só em 1668, depois da Espanha a aceitar, é que o fez. A Santa Sé recusava-se também a confirmar os bispos apresentados pelo Padroado português, o que deu ocasião a conflitos entre os religiosos portugueses e os que seguiam a Propaganda da Fé, de Roma. Nas concordatas posteriores só ficará um título para o arcebispo de Goa, Patriarca de Honra da Índias Orientais. Assim estava quase a terminar a volta do destino que dera no começo toda a jurisdição espiritual das terras atingidas pela navegação à Ordem de Cristo e ao seu vigário em Tomar e depois a descentralizara pelos arcebispos e bispos das várias dioceses.
Muhamad Iqbal morre neste dia 21 de 1938, em Lahore, à noite, com 61 anos. Poeta paquistanês dum Islão simples e activo (sem os misticismos dos sufis, que para ele teriam sofrido influências dos persas e dos gregos, quando deveremos é discernir afinidades electivas), era um revolucionário islâmico preparando a separação da Índia e do Paquistão e envolvendo-se cada vez mais na política nos últimos anos. Dirá: «Se alimentarmos a nossa vontade, a vida terá um propósito;/ Se falharmos, a nossa vida será um conto de frustação do princípio ao fim».
Quando a morte chega, ele tem um sorriso nos seus lábios.
Na cruzada da vida humana, estas armas tem ele:
Convicção que a sua causa é justa;
Resolução de lutar até à eternidade.
Compaixão que abraça toda a humanidade».
Inês de Castro, por Maria de Fátima Silva
25-IV. D. Inês de Castro, neste dia 25, em 1361, já morto o seu frágil mas tão belo corpo, é coroada em Coimbra rainha por D. Pedro I e recebe no trono, sua alma quem sabe reincorporada no corpo, o beija-mão de toda a corte, sendo depois levada em procissão, com 100.000 homens com velas (da fé) acessas, de Coimbra até as terras de Alcobaça, onde nos dois belíssimos túmulos do mosteiro de Alcobaça, ficará eternizado um dos amores mais trágicos e intensos. Também na Índia, em Agra, os túmulos de Shah Jaham e Mumtaz Mahal cantam a eternidade do Amor e imploram a Deus: «Oh! meu Senhor! Garante-me o Teu perdão e a Tua Misericórdia! Pois Tu és o melhor dos que mostram Misericórdia». «Ele é Deus! Além Dele não há Deus! Ele é o Conhecedor do visível e do invisível! Ele é o Todo Poderoso, o Todo Compassivo». E se nos túmulos de Alcobaça está representado o Julgamento Final, segundo as crenças cristãs, no túmulo de Mumtaz está escrito: «Toda alma provará a morte; e verdadeiramente, no dia da Ressurreição, recebereis a vossa recompensa completa». Eis-nos com seres bem luminosos e que sem dúvida já ressuscitaram espiritualmente e nos mundos invisíveis vivem e inspirem. Entre nós, Maria de Fátima de Silva apresentou a 1-IV-2017 na Casa da Cultura da Ericeira, organizada pelo Hélder Alfaiate e a sua Galeria, as primícias da excelente investigação e exposição que tem dedicado ao longo dos anos a Inês de Castro e a Dom Pedro e que nos anos posteriores muito se tem desenvolvido.
Nasce em 1748 na Áustria Johann Philipp Wesdin e aos 20 professou nos frades Carmelitas como Paulinus a S. Bartholomeo. Depois dos seus estudos em Praga e Roma torna-se um notável poliglota. Parte para o Malabar em 1774 onde vai estar quatorze anos aprendendo o sânscrito e várias linguas indianas, pesquisando e escrevendo a 1ª gramática Sidharubam seu Grammatica Samscrdamica, impressa em Roma em 1790, pois em 1789 fora mandado regressar a Roma, publicando várias outras obras, nomeadamente as relações das suas viagens, até partir da terra em 8 de Janeiro de 1806.
25 de Abril de 1974, Lisboa. A Revolução dos Cravos liberta neste dia muitas forças aprisionadas, quebra um regime anti-democrático e Portugal e os povos que estavam sob a sua administração entram num novo ciclo (em certos casos com aspectos menos harmoniosos mas naturais), contudo até hoje imperfeito pela ignorância, o egoísmo, a corrupção imensa e a pouca qualidade dos frutos dos partidos e dos protagonismos, que tanto enfraquecem a desequilibram o Bem Comum e a Justiça e logo a melhor situação e evolução de todos.
26-IV. Pêro Vaz de Caminha, Carta sobre o Achamento do Brasil, 1500: «E ali com todos nós outros fez dizer a missa, a qual foi dita pelo P. Henrique. Ali era com o capitão a bandeira de Cristo com que saiu de Belém, a qual esteve sempre levantada da parte do Evangelho... E depois de acabada a missa, assentados nós à pregação, levantaram-se muitos deles, tangeram chifre ou buzina e começaram a saltar e a dançar um pedaço». Tempos idílicos estes, e que se em certos caos subsistiram noutros vieram depois a ser desmentidos pela ganância sub-humana dos que encetaram uma colonização por vezes dolorosa para muitos dos naturais, e dos africanos aí levados. Os padres jesuítas Nóbrega, Anchieta, Vieira e outros tentarão harmonizar as consciências e os actos, mas com que lutas e resultados. Da síntese com as religiões africanas importadas nascerão o candomblé e a umbanda, enquanto dos cultos índios restará aqui e acolá algum págé, sábio da selva e conhecedor amigo dos seres da natureza e das suas qualidades e propriedades. A síntese civilizacional está ainda em grande fermentação, condicionada por fortes problemas sociais resultantes do baixo rendimento de muitos seres, mas os valiosos resultados nas artes, ciências, letras e movimentos comunitários são realidades, sempre a prometerem melhor.
27-IV. Fernão de Magalhães, na 1ª viagem de circum-navegação, ao serviço do rei de Espanha, morre, cubrindo a retirada dos seus homens para o barco, neste dia em 1521, em Zebu nas Filipinas, apenas com 40 anos de idade. Viajara com D. Francisco de Almeida para a Índia em 1505, acompanhara Afonso de Albuquerque na conquista de Malaca e distinguira-se ainda em outras acções. Desde 1513 nas lutas do norte de África, ao regressar a Portugal não foi bem recebido ou recompensado com uma tença anual pelo rei, ou talvez mesmo acusado de negociar com os árabes, pelo que se ofereceu ao imperador Carlos V (que com dificuldade convenceu), para atingir o Extremo Oriente navegando para Ocidente, o que com a sua férrea determinação conseguiu nos dezoito sobreviventes que chegaram em Setembro de 1522 a Espanha comandados por Sebastião del Cano, onde estava já um só português, Francisco Rodrigues. Com Magalhães estiveram vinte e quatro portugueses para quem o mundo inteiro podia ser pátria, sobretudo quando a sua não o sabia ser, tal Duarte Barbosa, que ainda lhe sucedeu no comando da expedição antes de morrer num banquete traiçoeiro. O cronista italiano Pigafetta, sobrevivente da viagem, rezará assim: «Eu espero que nunca se apague pelos tempos fora, a glória de tão sublimado capitão. Entre tantas outras virtudes que o adornavam, uma havia, verdadeiramente digna de nota: é que ele era o mais firme de todos e, se na maior desgraça, o mais paciente. Suportava a fome com mais resignação que os outros. Nenhum homem, em toda a terra, sabia mais do que ele sobre ciência das cartas e arte de navegar».
Sir William Jones, filólogo genial que dominava as principais líguas, pioneiro dos estudos de sânscrito, juiz do Supremo Tribunal de Justiça da Inglaterra na Índia nos seus últimos onze anos de vida, fundador da Sociedade Asiática (1784), em Calcutá, ainda hoje importante instituição cultural, morre só com 48 anos neste dia em 1794. As suas obras completas vieram a ser publicadas em oito volumes em 1801, destacando-se as muitas traduções de textos sânscritos, persas e árabes. Afirmou: «A língua Sânscrita, qualquer que possa ser a sua origem, é de uma estrutura maravilhosa. É mais perfeita que a Grega, mais apurada que a Latina e é infinitamente mais requintada e formada do que ambas. E, pelas suas semelhanças, decorre duma fonte comum».
28-IV. A 1ª embaixada ao Preste João, comandada por D. Rodrigo de Lima e o P. Francisco Álvares (que a relatará), em 1526, depois de seis anos de estadia complicada na terra do Preste, parte para Goa. Com eles vem o bispo Saga Zab que explicará pela primeira vez no Ocidente minuciosamente (em acesas polémicas com Pedro Margalho e Diogo Ortiz) as particularidades da religião do Preste João, que interessarão especialmente a Damião de Góis, que as publicará em 1540 na Fé, Religião e Costumes da Etiópia, obra proibida um ano depois pela censura inquisitorial religiosa, já que apresentava com toda a naturalidade muitas diferenças na interpretação do cristianismo, por vezes de clara influência judaica, islâmica ou nestoriana, e porque punha Saga Zab a dizer que «era indigno censurar com tal acrimónia e hostilidade aos cristãos estrangeiros por matéria que em nada afectava a crença; e que bem melhor seria amparar em Cristo esses cristãos gregos, arménios e etíopes, ou de qualquer das sete igrejas cristãs no amor e ósculo de Cristo, permitindo-lhes viver e manter-se sem afrontas entre os seus irmãos em Cristo, pois que todos eram filhos do baptismo e possuíam a mesma fé». O cardeal D. Henrique, justificando a proibição da obra, dirá a Damião de Góis que os homens da censura tinham ficado chocados por «as razões que dá o embaixador do Preste João sobre as coisas da fé contra o arcebispo e o mestre Margalho são muito fortes, e as que [este ortodoxo mais reaccionário] dá contra o embaixador são muito fracas».
O arcebispo de Goa em pastoral datada deste dia em 1736 proíbe à mulher cristã quebrar manilhas sobre o cadáver do marido, ou que para o prantear se adorne com vestidos e jóias de festa, hábitos hindus que se mantinham por entre mulheres indianas já convertidas ao cristianismo.
O governo do Estado português na Índia é entregue em 1889 por pouco tempo ao notável secretário-geral, Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque, que participará em seguida no conselho governativo.
António Oliveira Salazar nasce em Viieiro, Santa Comba Dão em 1889. Licenciou-se em Direito com elevadas notasna Universidade de Coimbra onde será companheiro do futuro Cardeal Cerejeira e onde veio a ser professor. Com a revolução militar do 28 de Maio virá a ser ministro das Finança e depois Presidente do Conselho de Ministros de 1932 a 1968, com bastante repressão dos seus opositores, Geriu os territórios africanos e orientais sem a dinamização necessária. A resistência pedida nos territórios da Índia portuguesa aquando da reconquista pela União Indiana, quase suicida pelos parcos meios de defesa, visava obrigar os indianos a desmentirem espectacularmente a não-violência apregoada, e assim conseguir algum apoio internacional, que tanto o veto russo nas Nações Unidas, como o silêncio da Inglaterra, confirmaram ser uma esperança ilusória.
29-IV. Naufrágio na costa do Natal do galeão S. Tomé em 1589. A luta pela posse dum lugar nos batéis é trágica. Depois vem a odisseia de atravessarem as terras inóspitas, fatal para o famoso capitão D. Paulo de Lima. A sua mulher, não obstante, prosseguirá com uns poucos até encontrar portugueses num porto da costa oriental africana, e voltar a Goa. Regressará ainda ao local fatídico para recuperar os restos mortais. O notável cronista Diogo de Couto (1542-1616) descreverá o naufrágio e vida de D. Paulo de Lima. Eis bem vivido o dito camoneano: «Naufrágios, perdições de toda a sorte, / Que o menor mal de todos seja a morte», posto na boca ameaçadora do guardião do umbral, o Adamastor, que todos temos de atravessar um dia, embora outra explicação também possa valer, dada por Couto: «Estas desaventuras, e outras, que cada dia se vêem por esta carreira da Índia, puderam servir de baliza aos homens, principalmente aos fidalgos capitães de fortaleza, para nelas se moderarem e contentarem com o que Deus boamente lhes der, e deixarem viver os pobres: porque o sol no Céu e a água na fonte não os dá Deus só para os grandes».
Jaime Cortesão nasce neste dia 29 de Abril de 1884, em Ançã. Médico, oficial na 1º Grande Guerra, pensador, democrata, dinamizador de vários grupos e revistas (como a Nova Silva, a Águia e a Seara Nova), foi preso várias vezes, exilando-se para a França em 1927, donde sairá com o nacional-socialismo alemão para o Brasil. Começa então a tornar-se um profundo historiador dos Descobrimentos, valorizando o espírito de Cavalaria e o Franciscanismo, como «as duas grandes escolas em que se formou o português da Idade Média e do Renascimento e em que entranha suas raízes mais fundas a Idade de Oiro das letras nacionais». Nas Cartas à Mocidade, de 1940 diz-nos: «Cada geração tem um mundo novo a descobrir. O que outrora se realizou à superfície, realiza-o agora na profundidade. Hoje são infinitamente mais vastos os mundos da acção e os do espírito; e a tua grei, tão atrasada ainda em relação a outros povos, solicita o melhor e o mais abnegado dos teus esforços. Se queres ser, em verdade, um homem e um descobridor, sê audacioso, disciplinado, persistente, realiza com o mesmo poder de sacrifício e desejo criador e — acredita — como os teus Avós, hás-de aportar aos mundos novos ou, quando menos, ser útil ao teu semelhante». Do seu amor por Antero de Quental nasceu uma das suas obras menos conhecidas mas mais valiosa, quando tinha 26 anos: a dissertação inaugural apresentada na Escola Médica de Lisboa intitulada A Arte e a Medicina. Antero de Quental e Sousa Martins, onde tenta clarificar e corrigir as incongruências e erros das infundadas ou distorcidas teses do positivista (ainda não ressuscitara no além, e para cá como guia) Sousa Martins, acerca de Antero de Quental.
30-IV. O P. António Cardim, natural de Viana do Alentejo, foi durante 41 anos missionário em Macau, China, Tailândia, Cochinchina, Moçambique, Malaca, tendo viajado a Lisboa e a Roma e tendo estado preso pelos holandeses, então os grandes adversários dos portugueses e dos católicos. Saiu pela porta de Macau para a Pátria Celeste, neste dia de 30 de Abril em 1659, tendo escrito uma relação sobre a Embaixada Mártir de Macau, em 1640. Em 1894 o historiador Luciano Cordeiro publicou um seu inédito Batalhas da Companhia de Jesus na sua gloriosa província do Japão e justifica a sua apresentação «dessas páginas quentes e brilhantes de crença ingénua e inquebrantável (...) homenagem de quem se sente feliz por ter coração e cérebro que nunca lhe puseram dificuldade a que fizesse justiça e protestasse respeito à sinceridade e à firmeza das convicções alheias ou contrárias». Sobre os japoneses convertidos, conta o P. Cardim: «É comum entre eles chamarem-se irmãos, e como tais se amam e se visitam uns aos outros. As suas casa são hospedarias para os mais, ainda que nunca se vissem nem conhecessem... Outros cristãos trazem uma tábua com duas letras ou círculos, um grande e outro muito pequeno, para no maior considerar a grandeza da eternidade e no pequeno a pouquidade dos bens temporais, e ali estimar uns e desprezar os outros».
Sri Ananda Mayi Moi, numa Índia de estúdio... Há videos desta bhakta no youtube...
No Bengala Oriental nasce em 1896 sri Anandamayi, e dotada de bom despertar energético-extático, de devoção, amor, beleza, suavidade e voz melodiosa, tornar-se-á mestra de Bhakti yoga, a via da união pela devoção, condensada há séculos nos Aforismos do Yoga do Amor de Narada. Estará sobretudo nos seus ashrams de Hardwar e de Bénares, dando ensinamentos ou cantando com os devotos (em belos momentos da sublimação da energia amorosa para o Divino, tal como o registado em https://www.youtube.com/watch?v=Q5033Xzver8). Será uma fonte de valorização e de independência das mulheres, atraindo milhares de discípulas e será reconhecida pelos principais mestres de então. Apelará a mantermos uma constante consciência da imanência divina, usando a repetição do Seu nome (em mantra), «mantendo a boca doce». Avisará que não é na velhice que se devem iniciar as práticas espirituais já que então não há tanta energia suficiente para se atrair a graça Divina. «O ser humano deve comportar-se como um herói. Durante os azares do infortúnio deve conservar-se firme e paciente», será um conselho bem importante de nos relembrarmos e implementarmos.
Nasce neste último dia do mês de Abril o mestre indiano Ram Chandraji, de Shahjahanpur, em 1899. Será um dos mestres do Sahaj Marg, a via Natural, e como bom conhecedor dos mundos espirituais, dirá: «Os sofrimentos e misérias têm o seu lugar na vida. Cada um tem o seu quinhão. Mesmo grandes sábios o tiveram. Se não houvesse sofrimento no mundo, o pensamento humano nunca teria chegado ao reverso disso, a beatitude. Assim a aflição oferece aos humanos a indução de descobrir meios de emancipação... e de despertar para a discriminação dos verdadeiros valores das coisas na vida».
2 comentários:
Esse texto nos mostra como a vida e a morte se dinamizam de forma a revelarem que uma corresponde à outra nas profundezas das aparências. A maneira de organizar os dados rompe a linearidade comum de narrar a história, mostrando que o tempo é transcendido pelo entendimento. Tempo é marca e linguagem e, como tal, nos serve para comunicar algo que na verdade transcende a si. Muito interessante saber das profundezas espirituais dessas portuguesas almas históricas!
Muitas graças, Luama, pela sua generosa apreciação e profunda visão. Sim, há uma tentativa de comunhão num campo unificado de entendimento e consciência, acima da linearidade do tempo e suas limitações nas nossas mentes. Talvez o mais original do trabalho seja a conjunção de grandes almas ligadas ao encontro do Ocidente e do Oriente, tanto portuguesas como indianas, sobretudo, pois há referências ou histórias de outras nacionalidades. E que irei acrescentando! Boas inspirações para o seu tão criativo e belo trabalho no LUAMA e Katawixi.
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