domingo, 16 de abril de 2017

Tomar histórica, templária e iniciática. Uma proposta de visita, por Pedro Teixeira da Mota

Bem vindos os que se querem aproximar do Templo na Terra, merecidamente...
Tomar Histórica e Iniciática. Uma revisitação e peregrinação a realizar-se um dia destes....
O muito simbólico sigilo ou selo da milícia Templária, fraternidade de corpo e alma.

I - A ida a Santa Maria dos Olivais permitirá entrarmos em contacto com a zona mais antiga de Tomar pois nela se erguia a antiga cidade romana de Sélio e no local houve desde o séc. VII um mosteiro beneditino sobre o qual em 1160 se ergueu, sob a orientação de Gualdim Pais, a igreja que veio a servir de panteão aos Mestres das Ordens do Templo e de Cristo. Gualdim de Pais, quarto mestre da milícia do Templo em Portugal e doador do foral de Tomar, foi nela enterrado e uma lápide de 1195 assinala a sua morte. Dos túmulos dos 24 Mestres só restam 4 lápides sepulcrais. Constantes obras alteraram as estruturas iniciais, das quais só resta o portal norte, e como é da época de D. Afonso III a passagem para o estilo gótico predomina, destacando-se a fachada ocidental com uma rosácea de 12 pétalas trilobadas, e um iniciático Pentagrama no frontão, sobre o portal. Dos vários acrescentos realçemos do tempo de D. Manuel o túmulo esculpido por João de Ruão para o 1º bispo do Funchal, o pregador e amigo do rei D. Diogo Pinheiro, e algumas capelas maneiristas. São belas e valiosas algumas esculturas, tal como uma Nossa Senhora do Leite quinhentista.
Esta igreja foi elevada a Sé Catedral de todas as Igrejas dos Descobrimentos, com autoridade ou irradiação espiritual sobre ou para todas elas.
Diz o P. João de Castro que foi no séc. XVI o reformador da Ordem D. António de Lisboa quem destruiu as sepulturas e juntou as ossadas todas pondo-as na segunda capela das cinco laterais, colocando-se nas paredes as lápides de Gualdim Pais e do 23º mestre João Lourenço Martins. Dos mestres da Ordem de Cristo resta no altar-mor a lápide ou epitáfio de D. Gil Martins. No exterior na parede sul está a lápide do 7º mestre templário Gomes Ramires, que desincarnou em 1212.
Diz-se que da cripta ou do poço parte um canal subterrâneo de ligação ao castelo de Tomar, que passaria debaixo do leito do rio Nabão, certamente improvável. A torre sineira deve ter servido de atalaia nos primeiros tempos da regência templária deste local.
II - No caminho a pé de Santa Maria dos Olivais para a Igreja de São João Baptista, no centro da vila, veremos por fora o antigo convento de Santa Iria, santa bastante venerada pela Ordem de Cristo, e a sua estátua, sobre o rio Nabão. 
A igreja de S. João Baptista já existia no tempo do Infante D. Henrique e foi muito engrandecida no reinado de D. Manuel, tornando-se deste 1520 Colegiada Real, independente da jurisdição diocesana. Destacam-se nas mísulas de apoio da abóbada, no portal ocidental e no púlpito os relevos naturalistas e simbólicos manuelinos, bem como o programa pictórico de Gregório Lopes que orna as paredes, uma das pinturas representando o mítico encontro entre Abraão de Ur e Melkitsedek rei da Paz, de quem virá a dizer S. Paulo que Jesus era sacerdote eternamente segundo a Ordem de Melkitsedek. Os altares laterais já são do séc. XVI, e do séc. XVIII é o retábulo no altar-mor, em talha dourada. 
A Charola de Tomar na Leitura Nova de D. Manuel e muito provavelmente a representação do Arcanjo de Portugal 
III - A visita à fortaleza e charola Templária e ao Convento de Cristo, local bem ígneo, e à sua cerca terá como pontos fortes o local como ligação entre a terra e o céu, a geometria sagrada e os significados da simbologia dos portais, janela e parede exterior da sala do capítulo, lápides sepulcrais, vários fechos de abóbada e capitéis das colunas e, finalmente, as pinturas e esculturas, tradições e mitos que intensificam a mens-agem ética, religiosa e espiritual.
Entraremos na história contextualizada e aqui vivida da Ordem Templária e da sua sucessora em Portugal a Ordem de Cristo  e de alguns dos seus símbolos e mistérios e tentaremos relacionar-nos de um modo espiritual e interior com todo este campo unificado de eventos, energias, grandes almas (mahatmas, nomeadamente  D. Afonso Henriques e Gualdim Pais, D. Dinis e o Infante D. Henrique, anjos e Arcanjo e Divindade.
Faremos algumas referências aos Templários e aos cavaleiros e freires da Ordem de Cristo na Literatura e em especial em Fernando Pessoa, que se identificou bastante com a demanda iniciática e universalista que estas duas ordens e milícias patenteiam ou estimulam, e trabalharemos alguns dos lemas, mantras, orações e ensinamentos deste veio principal da Tradição Espiritual Portuguesa.
                                                 
Pedro Teixeira da Mota, Domingo de Páscoa de 2017.

Sem comentários: