No fim deste texto está um vídeo, realizado a 28-II-2017, no qual leio e comento algumas páginas de um dos livros da Dalila Pereira da Costa, o Encontro na Noite, respeitante ao Anjo, à reminiscência, nomeadamente de vidas anteriores, e ao mundo subtil, e ainda às serras sagradas de Sintra e Marão...
Um livro bastante confessional, no qual transcreve em palavras e ritmos, que tentou serem o mais precisos e adequados possíveis, o que vivenciou obscura e interiormente em sonhos ou visões e que nos é assim transmitido na transparência ou claridade a que conseguiu chegar.
Partilha a Dalila as intuições ou os diálogos que teve com o seu Anjo, ou ainda com o seu "Eu absoluto", cujo acesso implica um ultrapassar do ego, do mundo e do tempo e mostra-nos como sentiu em si as correntezas energéticas que lhe permitiram viver os estados expandidos de consciência e unitivos.
Por vezes era uma velha que a guiava, outras era Nossa Senhora quem ela via, brotando das árvores e da terra para o céu, em mil chamas e torres, impulsionando-a nessa elevação.
Contudo, é a demanda do Anjo, que é o Amado, o cerne da obra, o qual, num encontro na noite, ao abraçá-la, lhe rasga no peito uma fenda por onde entra o Amor...
Quantos místicos não sentiram este abrir e expandir do peito seja nos encontros com outros seres afins, ou nas suas meditações e estados unitivos? Alguns, e todos se lembrarão de S. Teresa de Ávila a ser ferida por uma seta, tão maravilhosamente esculpida por Bernini e patente na basílica de S. Pedro, em Roma.
Todavia a dimensão e o ser do Anjo que a Dalila intui ou sente não é o clássico Anjo da Guarda, fiel e perene companheiro, mas um ser mutável, talvez mesmo diferentes Anjos que podem surgir da Natureza, das profundezas da Terra ou do mais alto do Céu, dando-nos noutros livros ainda outras compreensões e visões, admitindo por vezes que o Anjo seja o "Eu absoluto" nosso, ou em nós...
Sendo a Dalila um ser de grande sensibilidade e amor, a junção do conhecimento e amor, que perenemente foi proposta como via e meta do Caminho, é realizada por vários modos de gnose dinâmica e um deles é o das suas peregrinações pelo lado invisível das cidades e dos campos, seja encontrando as reminiscências ou os extractos históricos que eles contém, seja penetrando em níveis primordiais e centrais da Terra e assumindo capacidades de superação das convenções psico-físicas que regem a nossa vivência do tempo e o espaço na vida quotidiana. Assim sente aceder as experiências energéticas ou intuições conectadas com estados anteriores (ou incarnações) a esta vida actual terrena.
Como sabemos os sonhos são sempre fontes de conhecimento, maior ou menor, sobre nós próprios e o mundo, e alguns são mesmo ecos ou transcrições de experiências noutras dimensões de vida. Dalila Pereira da Costa diz-nos lapidarmente, embora certamente tal se aplique só a alguns: «os sonhos são a nossa grande reminiscência: um de novo entrar no mundo perdido. Um de novo possuir o nosso ser imortal. Aí se conhece, reconhece, o que estava só esquecido, o que tínhamos perdido».
E tendo em conta os seus sonhos de casas e cidades recorrentes e tão ricos de pormenores e sentimentos, escreverá ainda: «Então aí pelos sonhos, é onde se aclara e exalta toda a nossa anamnese, se vê que as casas onde vivemos são assim um outro nosso corpo. Porque elas aí surgem, não como coisas estranhas e mortas, mas nossos verdadeiros corpos vivos, aí lembrados, aí de novo reassumidos por uma noite.» Ora a sua casa, onde tantas vezes dialoguei belamente com ela, continha ou apelava a essa profundidade histórico- espiritual. Também já senti bastante isso em sonhos com a antiga casa de família, que ficou acessível como um espaço de encontros perenes
Dalila admite "revivenciamentos" de instantes de outras vidas em sonhos e que «essas repetições serão a experiência da nossa imortalidade» e assim «vivemos na cadeia ancestral uma vida una, sem solução de continuidade», deste modo alertando-nos para tentarmos sentir mais poderosamente a continuidade de consciência tanto entre sonhos e vigília, como entre esta vida e as possíveis outras, sem quebra de continuidade, como nos diz, nessa busca da anamnese, sobre a qual se interroga também lapidarmente:«O que contém em si, revela ou encobre, a palavra reminiscência? A que plano inominável do Ser ela se refere ou pertence?», respondendo logo em seguida e de um modo talvez pouco esperado: «Sobe e surge do centro do mundo./ A ela vem agarrada toda a ganga da Vida.» Ganga que presumimos serem as imagens instáveis do plano astral por onde passarão as imagens (ou mesmo a essência...) das reminiscências caso sejam ou provenham de níveis superiores..
O livro contém outras imagens ou injunções iniciáticas, belas e poderosas:
«Danças de mão verdes e de voltas de faúlhas»
«Virgem, põe o meu coração sobre o teu»
«Espiraliza-te no teu ser - e sobre o teu centro, ergue-te».
E partilho, antes da gravação sobre o Encontro da Noite, uma das belas imagens que a Dalila Pereira da Costa nos deixou, quando eu e a Sandra Pinheiro a visitamos e entrevistamos, em 2009, na sala da biblioteca da sua casa, na Av. 5 de Outubro 444, Porto...
Partilha a Dalila as intuições ou os diálogos que teve com o seu Anjo, ou ainda com o seu "Eu absoluto", cujo acesso implica um ultrapassar do ego, do mundo e do tempo e mostra-nos como sentiu em si as correntezas energéticas que lhe permitiram viver os estados expandidos de consciência e unitivos.
Por vezes era uma velha que a guiava, outras era Nossa Senhora quem ela via, brotando das árvores e da terra para o céu, em mil chamas e torres, impulsionando-a nessa elevação.
Contudo, é a demanda do Anjo, que é o Amado, o cerne da obra, o qual, num encontro na noite, ao abraçá-la, lhe rasga no peito uma fenda por onde entra o Amor...
Quantos místicos não sentiram este abrir e expandir do peito seja nos encontros com outros seres afins, ou nas suas meditações e estados unitivos? Alguns, e todos se lembrarão de S. Teresa de Ávila a ser ferida por uma seta, tão maravilhosamente esculpida por Bernini e patente na basílica de S. Pedro, em Roma.
Todavia a dimensão e o ser do Anjo que a Dalila intui ou sente não é o clássico Anjo da Guarda, fiel e perene companheiro, mas um ser mutável, talvez mesmo diferentes Anjos que podem surgir da Natureza, das profundezas da Terra ou do mais alto do Céu, dando-nos noutros livros ainda outras compreensões e visões, admitindo por vezes que o Anjo seja o "Eu absoluto" nosso, ou em nós...
Sendo a Dalila um ser de grande sensibilidade e amor, a junção do conhecimento e amor, que perenemente foi proposta como via e meta do Caminho, é realizada por vários modos de gnose dinâmica e um deles é o das suas peregrinações pelo lado invisível das cidades e dos campos, seja encontrando as reminiscências ou os extractos históricos que eles contém, seja penetrando em níveis primordiais e centrais da Terra e assumindo capacidades de superação das convenções psico-físicas que regem a nossa vivência do tempo e o espaço na vida quotidiana. Assim sente aceder as experiências energéticas ou intuições conectadas com estados anteriores (ou incarnações) a esta vida actual terrena.
Como sabemos os sonhos são sempre fontes de conhecimento, maior ou menor, sobre nós próprios e o mundo, e alguns são mesmo ecos ou transcrições de experiências noutras dimensões de vida. Dalila Pereira da Costa diz-nos lapidarmente, embora certamente tal se aplique só a alguns: «os sonhos são a nossa grande reminiscência: um de novo entrar no mundo perdido. Um de novo possuir o nosso ser imortal. Aí se conhece, reconhece, o que estava só esquecido, o que tínhamos perdido».
E tendo em conta os seus sonhos de casas e cidades recorrentes e tão ricos de pormenores e sentimentos, escreverá ainda: «Então aí pelos sonhos, é onde se aclara e exalta toda a nossa anamnese, se vê que as casas onde vivemos são assim um outro nosso corpo. Porque elas aí surgem, não como coisas estranhas e mortas, mas nossos verdadeiros corpos vivos, aí lembrados, aí de novo reassumidos por uma noite.» Ora a sua casa, onde tantas vezes dialoguei belamente com ela, continha ou apelava a essa profundidade histórico- espiritual. Também já senti bastante isso em sonhos com a antiga casa de família, que ficou acessível como um espaço de encontros perenes
Pormenor da sala de entrada na casa da Dalila, em 2009. |
O livro contém outras imagens ou injunções iniciáticas, belas e poderosas:
«Danças de mão verdes e de voltas de faúlhas»
«Virgem, põe o meu coração sobre o teu»
«Espiraliza-te no teu ser - e sobre o teu centro, ergue-te».
E partilho, antes da gravação sobre o Encontro da Noite, uma das belas imagens que a Dalila Pereira da Costa nos deixou, quando eu e a Sandra Pinheiro a visitamos e entrevistamos, em 2009, na sala da biblioteca da sua casa, na Av. 5 de Outubro 444, Porto...
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