Tentaremos cingir o que caracteriza mais especificamente a Biblioteca de Mafra, as obras que ela contém e em especial as que foram as proibidas pela Censura Inquisitorial e os Índices papais, e porque razões, das quais podemos destacar no séc. XVI as de heresia, ligadas à Reforma protestante ou ainda as doutrinas demasiado livres e irenistas dos Humanistas (tais como o nosso Damião de Goes e seu mestre Erasmo), as pertencentes às artes mágicas e ciências ocultas, as que eram criticas dos defeitos dos religiosos ou da vida religiosa, as consideradas "lascivas e desonestas" e as que provinham da mística menos ortodoxa, a mais ardente ou quietista, ou mesmo dos alumbrados e beatas (ainda no século XX, desde Frei Luís de Granada a Juan de Avila e a S. Teresa de Jesus, a serem atacados fortemente por Alvaro Huerga), já de certo modo desvalorizavam as cerimónias e a oração vocal e privilegiavam a oração mental e a ligação mais simples e directa com o Divino.
Tentaremos mostrar assim um pouco a riqueza substancial desta belíssima Biblioteca trazendo ao de cima de alguns dos seus núcleos os diversos tipos de interditos que sobre eles desceram, alguns riscando-os, o caso de vários autos da compilação intitulada Obras de Devoção de Gil Vicente (sendo na reedição de 1586 suprimido sete deles), ou encobrindo-os com tiras de papel, de modo a que a leitura se tornasse difícil ou impossível...
A maior parte desses livros proibidos contudo ganhou nova vida nesta biblioteca de mosteiro protector, pois foram preservados das destruições a que poderiam estar sujeitos se andassem ao ar livre da circulação pública, algo que a Inquisição e o Desembargo do Paço ou, depois de 1768, a Real Mesa Censória tentavam evitar a fim de defender a fé e a doutrina da Igreja e não "causar escândalo aos fiéis".
Assim devemos dar graças a D. João V e aos que pela Europa fora compraram tanta obra rara e preciosa e que chegou aos nossos dias depois de terem servido mesmo para um ou outro frade mais curioso ou inquiridor (no bom sentido) se deliciasse ao ter acesso a mais extensas ou profundas visões da Realidade que aquelas limitadas pelas determinações do que então se considerava o Santo Ofício...
A sucessão dos Índices de Livros Proibidos em Portugal foi sobretudo grande no séc. XVI, com o de 1547 (onde além dos autores protestantes, realcemos como proibidos Cornélio Agripa, Lefévre d'Etaples e Erasmo, cuja edição conimbricense dos Colóquios, suavizados por Juán Fernández, foi logo abrangida), de 1551 (com 459 livros), o de 1559 (muito forte contra os protestantes, obras de alquimia, geomancia, quiromancia, magia), 1561 (1100 obras), 1564 (onde já aparece a Oração de S. Cebrião, e o Livro de Sortes, que deve ser o perdido de Jorge Ferreira de Vasconcelos...), 1581 (A Utopia de Thomas More, recebe a honra, e há mais censura de obras portuguesas, nomeadamente as de João de Barros, Bernardim Ribeiro, Gaspar de Leão, Jorge Ferreira de Vasconcelos, etc.) e 1597 (a Monarquia de Dante e vários livros de Erasmo, por exemplo).
Posteriormente, o Índice de 1624, muito extenso e que além dos autores proibidos, incluía as partes de obras de autores a serem expurgados, tais como Garcia de Resende, Sá de Miranda, António Ferreira, Chiado, será a baliza durante muitos anos, até surgir com o marquês de Pombal a Real Mesa Censória em 1768, que exercerá a censura, com pequenas alterações de forma, até 1822, quando, por fim, demos graças a Deus, as Cortes Constitucionais reconhecem a Liberdade de Imprensa..
A sucessão dos Índices de Livros Proibidos em Portugal foi sobretudo grande no séc. XVI, com o de 1547 (onde além dos autores protestantes, realcemos como proibidos Cornélio Agripa, Lefévre d'Etaples e Erasmo, cuja edição conimbricense dos Colóquios, suavizados por Juán Fernández, foi logo abrangida), de 1551 (com 459 livros), o de 1559 (muito forte contra os protestantes, obras de alquimia, geomancia, quiromancia, magia), 1561 (1100 obras), 1564 (onde já aparece a Oração de S. Cebrião, e o Livro de Sortes, que deve ser o perdido de Jorge Ferreira de Vasconcelos...), 1581 (A Utopia de Thomas More, recebe a honra, e há mais censura de obras portuguesas, nomeadamente as de João de Barros, Bernardim Ribeiro, Gaspar de Leão, Jorge Ferreira de Vasconcelos, etc.) e 1597 (a Monarquia de Dante e vários livros de Erasmo, por exemplo).
Posteriormente, o Índice de 1624, muito extenso e que além dos autores proibidos, incluía as partes de obras de autores a serem expurgados, tais como Garcia de Resende, Sá de Miranda, António Ferreira, Chiado, será a baliza durante muitos anos, até surgir com o marquês de Pombal a Real Mesa Censória em 1768, que exercerá a censura, com pequenas alterações de forma, até 1822, quando, por fim, demos graças a Deus, as Cortes Constitucionais reconhecem a Liberdade de Imprensa..
A propósito desta iniciativa resolvi fazer hoje 21 de Fevereiro 2017 um pequeno discurso ou oratio a partir da temática em causa e sobretudo sobre a Inquisição, a censura dos livros, a demanda da verdade, as seitas e manipulações, o Caminho espiritual nos nossos tempos, o Espírito, a Unidade das Religiões...
Uma singela aproximação improvisada sobre temas profundos e sempre actuais, bem desafiantes do nosso melhor ser e comunhão com a Verdade e o seu Campo unificado ou místico que nos cobre de suas asas, qual Anjo da Guarda ou Arcanjo de Portugal, a quem saudamos...
Uma singela aproximação improvisada sobre temas profundos e sempre actuais, bem desafiantes do nosso melhor ser e comunhão com a Verdade e o seu Campo unificado ou místico que nos cobre de suas asas, qual Anjo da Guarda ou Arcanjo de Portugal, a quem saudamos...
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