terça-feira, 6 de maio de 2025

Por entre o mundo da manifestação, o caminho da estrela...

                                                        

A relativização do que vai sucedendo no mundo político e social, tão egóico,  ilusório e transitório (Homo bulla est, foi um dos adágios mais desenvolvido por Erasmo), e em especial do que nos chega pelos tão manipuladores meios de comunicação, o sermos pouco afectados pelo que nos dizem e criticam, o desprendimento em relação ao que somos ou temos, a renúncia ao reconhecimento exterior e o culto da humildade e do silêncio serão  qualidades aparentemente negativas ou passivas da nossa dinâmica anímica. São porém bem necessárias e  formativas, pois obrigam-nos a superar as nossas fragilidades e  contradições e fortalecem assim os que procuram o auto-conhecimento e o aperfeiçoamento, em especial a um nível psico-espiritual, ou os que aspiram mesmo à religação íntima com o sagrado, com o Divino.

Somos todos consciência e energia, e esta manifesta-se nas vibrações das partículas e ondas de todos os fenómenos que nos constituem ou afectam,  pelo que devemos ter atenção ao que constantemente entra nos nossos cinco sentidos  ou mesmo o que subtilmente nos toca e influencia, para além do que geramos e emanamos através do que pensamos, sentimos, dizemos e fazemos. 

Só assim poderemos em momentos de maior transparência interna de auto-consciência e meditação sair dum estado agitado e de pouco auto-consciência para começarmos a sentir e a aperceber-nos das circulações energéticas e psíquicas e portanto do nosso estado maior ou menor de harmonia ou alinhamento psico-somático e espiritual, e consequentemente purificá-la trabalhá-la, elevá-la, iluminá-la, frutificá-la.

Na realidade, cada ser deve ser capaz de se interiorizar, elevar e comungar  seja com o seu sistema energético psico-somático, seja com o espírito, seja com um mestre  seja  com o seu Deus ou ainda com a grande amplidão oceânica ou ígnea da Divindade.

Tal é mais possível quando se consegue considerar e assumir o que se passa diariamente como  banhos vibratórios ou quanto muito ondulações mais fortes e impactantes mas se que desvanecerão  de novo, com mais ou menos trabalho, graças ao limpar, recolher e focar na  respiração transmutadora e na intensificação da chama do coração e alma para os tais níveis elevados do Ser  mencionados.

Gate, gate, paragate, parasamgate bodhi svaha, é a oração que exclamam os Budistas em relação ao ser que conseguiu passar para além de samsara, da agitação ilusória dos fenómenos e consegue entrar ou sentir-se na outra margem da existência, na espiritua ou divina e nela respira ou permanece vitorioso sobre si e sobre a dispersão mundana.

Na Cristandade, dizia um místico medieval dos mais profundos  Henrique Suso, que por vezes quando orava e meditava sentia-se nadar envolto por altas vagas na sua navegação entre o tempo e a eternidade divina mas noutras vezes permanecia na sua unidade interna e religação divina, e que tal subsistia mesmo quando activo, fizesse o que fizesse, pois via e sentia a diversidade  exterior na unidade divina...

No caminho da realização espiritual, no meio dos envolvimentos no mundo que nos competem na nossa missão profissional e familiar, devemos praticar então com regularidade a auto-consciência respiratória, energética e psíquica, realizarmos quem somos e abrir-nos às correntes dos Alto ou Divinas. 


Para alguns sábios somos uma centelha espiritual,  e que num corpo aberto em forma de estrela de cinco pontas, sobre duas pernas caminha e age, simbolizando elas, uma o desprendimento, a renúncia ou liberdade em relação às necessidades e instintividades, e a outra a do conhecimento, da gnose, do discernimento e acção justa. Quanto às duas pontas, das  mãos, por elas  ora recebemos com reverência e gratidão e ora damos com amor ou justiça. E no cimo da cabeça, na ponta da estrela, está a unificação irradiante, a resplandecência da consciência espiritual e o fio ou fios das ligações espirituais e divinas possíveis. 

Sabermos viver bem e realizar esta estrela de cinco pontas dupla, íntima e corporal, numa aura luminosa e corajosa, que não se deixe infrahumanizar nem amilhazar, mas antes se humanize fraternalmente e comungue mais e melhor com o sagrado da essência e existência humana e da Natureza, bem como da Divindade, eis a obra-prima que devemos esculpir em nós mesmos e emanar e partilhar com os outros.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Espera-te a tua Luz, poema espiritual. Com uma música harmonizadora de Bruno Gröening...

Dum bloco de notas bem antigo...

Sê bem vindo, meu filho,
donde vens tu triste?
Porque te encheste de futilidade
e de estranhas necessidades?

Agora o tempo é tarde,
sabe a um canto acre.
Recebe o teu dom e parte
porque a hora é de remate.

Os pássaros cantam nos ninhos
os galos acordam para o nascer.
Recebe a luz que vem dos moinhos
como o vento que te faz estremecer.

Enfim, que saibas atingir a tua perfeição
E consigas com Deus entrar em comunhão,
Sabedoria e amor que conhecerás na realização
de que Deus é tudo e tu apenas um irmão.

Vem, de mãos dadas
subiremos o monte da Luz
e receberemos as datas,
Vem, espera-te a tua Luz.

                       

sábado, 3 de maio de 2025

Encontros com mulheres velhas da serra da Freita e diálogos e reflexões perenes.

Texto base escrito num diário há já bastante tempo e agora mais reflexionado ou aprofundado.

   Porto, registo: «Domingo, fim do dia. Passeio a um sítio belo da serra da Freita [Arouca]. Caminhar ao sol sob árvores e sobre pedras, carqueja e regatos. Ao lado de bois e velhotas que os guardam ou pensam (dão o penso). Quando  pergunto a uma delas onde está Deus, ela responde-me: “Deus está em toda a parte". Eu acolho a sua realização mas depois de acenar com a cabeça, contraponho a questão da justiça e do bem e do mal, e ela  concorda: "sim, Deus afasta-se algo dos maus". Mas é uma zona filosófica complexa e no dinamismo em que estamos peço-lhe que dê as suas bênçãos  à aluna mais jovem, a Maria João, e ela exclama: “Ai minha filha, liga-te a teus pais, tios, primas e a estes senhores, mas tem cautela”.  

Ao princípio não parece ter percebido bem a sacralidade e investidura do meu pedido respondendo com simples conselho de atenção-discernimento, mas depois começa a lançar uma autêntica ladainha. Parecia que o veio profético das mulheres, das mulheres de virtude em especial, vinha-lhe ao de cima, correndo à velocidade do regato, denso e gorgolhoso, como a água do inverno, ou o suor das ceifeiras nas searas escaldantes. 

Eram anos de luta, de pobreza, de sofrimento, de medos, de acossamento animal e da simbiose do humano com os bois e a grande natureza que escorriam agora subitamente por ela como águas de nascente abrindo caminho pelas pedras de granito toscas, da sua alma e do ambiente, e que as deixavam engrossar com as areias e o terriço do solo estrumado centenariamente pelos aquiescentes bois.

Contou então histórias com os seus olhos semi-fechados, um jeito qualquer ou gesto repetido  de tapar o pescoço, talvez um abcesso, talvez vítima  como outro pastor cego dum olho, do dardejar dos raios de sol nos penedos e nas neves ou geadas. Seres dolorosos, seres doridos. E eu e os alunos e alunas do Yoga a passearmos, a harmonizar-nos, a elevar-nos, e eu a sentir o bolso vazio sem saber onde deixara a carteira (ficara no carro), mas a avançar desprendido de cartões do Multibanco e do bilhete de Identidade, porém sem dinheiro para com ela compartilhar na fraternidade humana e na gratidão pela sua vida e ser.

Ai as populações velhotas das montanhas e serranias. Gente ainda analfabeta mas com corações tão grandes. Contou histórias, tal como quando tinham aberto a cabecinha dum à sachada por discussões de águas e regas. "- Ai", diz ela, "que não me tocou no corpo, mas dói-me". 

Que modo simples mas tocante de manifestar a sua alma aberta, empática, em osmose profunda e supra-egóica com os seres que a rodeiam. E eu a pensar depois que vamos por aí quase todos considerando-nos independentes e isolados do que se passa com os outros [ou algures na Palestina e noutros locais mais intensamente] e a rir-nos dos que denominamos como simples, loucos ou atrasados e que no povo e neste Porto e Norte são em geral apenas seres  mais fortes nas feições telúricas, sinceras, directas, sofridas, sem máscaras ou disfarces.

 Esta comunhão com os elementos da Natureza, a lavoura e os animais, tão absorvente que era há cem anos, tende hoje a desaparecer quase por completo, e os saberes tradicionais que existiam desvanecem-se (ainda que provérbios, mezinhas e devoções ainda subsistam) diante um conhecimento geral, já com mais bases científicas mas sobretudo de fontes mediáticas manipuladoras, perdendo-se assim tanto o enraizamento com a natureza, tão saudável psico-somáticamente,  como tradições e intuições populares.

Comparemos de modo muito geral as populações, ou mesmo as velhotas de então e as da agora e veremos logo que nestas há muito mais conhecimentos e capacidades de utilização de instrumentos e tecnologias novas e a luta pela sobrevivência tornou-se menos dura e absorvente. Mas as qualidades anímicas melhoraram assim tanto, ou  a animalidade-instintividade ainda permanece forte, violentíssima até por vezes, por múltiplas razões [análises são bem necessárias], e as melhores qualidades do coração de sensibilidade, solidariedade e amor  podem até ter aumentado pouco ou mesmo em certos aspectos diminuído?

Cremos que apesar de tudo as populações, os portugueses melhoraram muito, pois grande parte desenvolveu mais os estudos, a cultura, a reflexão e o discernimento. Mas não estão elas também muito mais expostas as forças de mentira, de manipulação, de engano, de superficialização em bens de consumo inúteis ou daninhos, e nos canais de informação e suas tascas forças e amilhazados?

Na balanço final, seja das virtudes desenvolvidas (tal a paciência, a determinação, a coragem, a fé, o estoicismo), seja na pesagem e julgamento dos actos da vida, quais estarão melhores animicamente nessa hora da morte e logo destino de viagem posterior?

Quem está mais ligado com o coração? E com a verdade, a sua verdade (swadharma) e logo sinceridade? Quem agiu mais solidariamente? Quem está com a aura mais luminosa e mais desperta como alma espiritual? Quem consegue ter mais ligação com os antepassados, o corpo místico da Igreja ou da Humanidade, ou ainda do campo unificado da Anima mundi e da Divindade no seu caminho ascensional?

Ganhou-se realmente mesmo mais conhecimento, visão, vivência e ligação com a Divindade hoje em dia, com tanto diálogo inter-religioso, esoterismo, auto-ajuda, constelações, astrologias, transpessoal, yogas ou aquela velhota estava mais aberta à Providência divina  quando via ou sentia Deus ou a força Divina (a shakti)  em toda a Natureza, em toda a parte?  Lux Amor Dei!

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Poema de demanda e cavalaria espiritual.

Tantas vezes que Te invoquei,
 sem saber bem quem viria...

Cada meditação é uma peregrinação,
uma demanda das bênçãos do Alto.

Ora te chamo Espírito, ora Anjo,
ora Mestre, ora Deus, ora um Deus,

ora a Deusa, avé Maria, al-Zahra Fatima.

Assim medita e ora a vida misteriosa,
em que muitos vão tombando
e poucos se iluminando e unificando.

Põe a tua visão e meta no Alto
  e avança destemido e contente, ó Tu,
   se queres permanecer cavaleiro do Amor.

sábado, 26 de abril de 2025

Poemas do Oriente longínquo.

Poema escrito na Índia, e revisto e melhorado agora.

Oriente sagrado das mulheres belas,
dos pores de sol grandiosos,
das vozes chamando à oração,
dos seres curvados no respeito e devoção.

Oriente dos mosquitos e roubos,
dos desgastes, doenças e pobreza.
Quantas vezes te atravessei
ora alegre ora triste,
ora forte ora cansado,
ora esfomeado ora saciado?

Meditando sobre a relva e o solo,
companheiro de milhões doutros seres,
sem nos conhecermos, na adoração da Divindade,
somos porém distantes por tantas particularidades.

Como conseguirmos ver e comunicar
de ser essencial a ser essencial,
como relacionar-nos só na verdade
e no interesse mútuo de elevação?

Cidades e lojas, comidas e distrações,
tantas futilidades a fazerem as pessoas
perderem-se e desligarem-se do seu interior
e da sua relação mais sentida com o sagrado.

Sabermos renunciar a confortos e comidas,
a posses, ilusões e ambições
e na simplicidade interior iluminar-nos.

Atravessei o Oriente imenso,
cobri-me de dores, opróbrios e afrontas,
cheguei aos limites da exaustão e da dor,
encontrando porém aqui e acolá
certos grupos coesos e acolhedores,
o que muito me admirou,
unidos em práticas religiosas
ou na devoção ora ao mestre ora a Deus.

Quis recolher tais sementes subtis
mas não sei se o consegui
pelo que do meu coração se abriu,
pelo que de aspiração e concentração ardeu.

Mas agora que a noite cai,
que as cigarras e mosquitos cantam,
elevo as minhas energias em gratidão,
e levanto-me decidido
do chão frio.

Voltarei de novo às paragens longínquas da minha terra
curvado e comprimido pelos milhões de seres
que individuados se cruzam ou viajam
horas ou momentos intensos connosco.

Escuto no meu coração de peregrino
 um grito longínquo de amores passados
e há uma esperança de plenitudes futuras.

Quem virá preencher o coração do ser,
senão o Amado, o Espírito, a Amada?

Só, curvado mas ardendo na escuridão,
pronuncio as últimas palavras sagradas.

Agindo e irradiando sobre mil pontos,
intenso em vários sentidos e missões,
cumprirei as promessas e aspirações,
erguerei alto a minha alma ao espírito
e o coração comungará o fogo do Amor Divino.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

25 de Abril, sempre e, agora com os actuais políticos e na União Europeia anti-democrática, ainda mais. A marcha pela Liberdade e na Fraternidade, de 2025, no coração de Lisboa. Imagens e vídeo.

Nestes tempos de decadência e corrupção da classe política portuguesa e da União Europeia, mais do que nunca é necessário celebrar o 25 de Abril de 1974 erguendo o cravo e o fogo da liberdade e da aspiração à justiça e à cultura no coração e na sociedade.

Embora contasse encontrar, como noutras manifestações sucedeu, o José Curado Matias, a Ana Cristina Figueiredo e a Teresa Cadete,  foram apenas a Fátima Gravinho Rodrigues, e um novo amigo, pois entabulei conversa com ele, o snr, Vitorino, 43 anos no PCP, com quem dialoguei, acrescentando-se no fim a  Conceição Tomás, artista e mulher do amigo sábio, agora já no além, José Manuel Simões Ferreira, e mãe da Soledade, da Quimera Livros.

Seguem-se algumas das quarenta fotografias captadas com alma de almas luminosas, além de um dos vídeos (e encontra outros quatro pequenos no Youtube), que transmitem bem o entusiasmo juvenil e perene pela celebração dos valores do 25 de Abril, libertadores, democratizantes, anti-opressivos e anti-fascistas, muito actuais face ao crescimento dessas tendências na quase totalidade dos partidos, demasiado vendidos ao dinheiro de Bruxelas, da USAID, da Open Society de Geore Soros, e do Fórum Económico mundial, os quais são os fomentadores do infrahumanismo neo-liberal e oligárquico, em luta mortal contra a Rússia, o BRICS, as sociedade e valores tradicionais.

O povo diz não à militarização do Ocidente, decretada autocraticamente pela elite de Bruxelas e pela NATO inútil e sangrenta liderada pela nulidade vampírica Mark Rutte...

                                   

O reconhecimento da Palestina como Estado e o fim do genocídio em curso esteve presente



"Muita criança, muita esperança". A educação ética e cívica, tanto teórica quanto prática, é impulsionada sobretudo pelos pais e família


Uma das homenagens às Forças Armadas, e aos capitães do 25 de Abril,  que geraram do seu seio uma revolução bastante pacífica e que deu bastantes frutos de democratização e liberdade, com o icónico Chaimite e um militar...

Almas sibílicas, esperança nossa...

A força alegre e transformadora da mulher, e logo da divindade feminina, a Shakti..


O entusiasmo dos vivas de algumas almas que presenciavam a marcha levou neste momento o snr. Vitorino  a erguer o punho e a responder-lhes de coração.

Pouco depois aparecia o ex- secretário geral doPCP Jerónimo de Sousa, e eu apresentei-lhe logo o snr.Vitorino, para o aperto de mão fraterno. Depois veio esta família. Quais são os efeitos na eternidade das almas destes encontros, sobretudo quando são mais longos?



Um mar de gente, milhares de centelhas luminosas no oceano da grande alma portuguesa, irmanadas no desejo de justiça, fraternidade, liberdade e um país fora da ditadura de Ursula e &.



A Fátima Gravinho Rodrigues, artista de tecelagem e amiga de há já décadas, muito interessada ainda no renascimento do Portugal espiritual, Ainda conheceu o snr. Vitorino, e dialogamos longamente. Para ela, na linha de Rudolfo Steiner, o principal ato religioso nos tempos atuais é o encontro e diálogo entre dois ou três seres, no fundo parafraseando o dito de Jesus, que Erasmo também citava, "onde dois ou três se reúnem em meu nome, na minha vibração, eu, Sabedoria e Amor, estarei entre ou neles."



Bem-aventuradas as mães que ensinam com amor e arte às suas criança os valores da liberdade, pois fadá-las-ão auspiciosamente

Avatarizações e eixos da grande alma portuguesa...


A Conceição Tomás e eu, já no Rossio, com o saco feito por ela... e os seus dois cravos, quais chamas fraternas e libertadoras no coração dos que amam a Verdade, a Justiça, a Liberdade, o micro-Cosmos harmonizado...

                                      


Um belo desenho e um casal e uma filha (que olhos, que alminha)  com quem realizei o diálogo final, confirmando a autoria dela, e falando eu da perenidade da luta pela liberdade e o testemunhos que devemos realizar, mais ou menos abnegadamente e cada um no seu  dever próprio, o swadharma da filosofia Perene, ou filosofia da Liberdade.