domingo, 1 de dezembro de 2024

Poemas líricos e espirituais de Maria de Carvalho Ferreira.1919. Lidos e comentados num vídeo.

Pintura de Bô Yin Râ. A gravação dos poemas foi realizada diante de três reproduções de pinturas suas, excelentes para contemplação, que é uma forma mais simples de meditação mas frequentemente mais eficaz, mais unificadora psiquicamente.
                       
Maria de Carvalho, aliás Maria Ferreira de Carvalho, nasceu na Chamusca em 6 de Junho de 1889 e destacou-se como jornalista, escritora, conferencista e palestrante na Emissora Nacional tendo deixado a Terra  em Lisboa, a 11 de Setembro de 1973.  Gerou vários livros de poesia e alguns para crianças: Sete Palavras, 1915; Sonetos, 1916; Pensamentos, 1919; Folhas, 1921; Através da Bruma, 1923; Antes da Batalha - Aljubarrota, 1927; A Viagem da Vida – Pensamentos e Recordações, 1928; As Quatro Estações, 1929; Chama Inquieta, 1937; Estrela da Tarde, 1957.

                                    

Tendo há algum tempo comprado a sua obra Pensamentos, in-12º de 68 páginas, impresso em Lisboa, em 1919,  e encontrando-me fora da capital, apenas com quatro livros por perto, resolvi lê-la, escolher alguns poemas e comentá-los, gravando-os comentados. Fi-lo há quatro dias, sem saber nada de Maria de Carvalho, admitindo até que se chamasse Maria Luiza Carvalho, por uma dedicatória escrita na primeira página branca. Só hoje já com alguma bibliografia à disposição, pude saber o seu nome exacto, bem como as suas datas e  actividades fundamentais. 

Maria de Carvalho, numa imagem da Biblioteca Municipal de Chamusca Ruy Gomes da Silva

A gravação, à parte esses erros, é valiosa pelos poemas de amor e de aspiração ética e espiritual, pelo que não perderá o seu tempo a ouvi-la. Transcrevo ainda alguns poemas, uns não lidos na gravação:

Pintura de Nicholas ou Nikolai Roerich, Pérola da Procura, 1924, a delicadeza da flor da alma receptiva, na escuta subtil.

X
As almas delicadas
São como flores...
Faz pena vê-las maltratadas!

 As almas dolorosas
São pedras preciosas...
Pelas magoas da vida lapidadas.

XI
Nem sempre o amor se expande...
Quantas vezes caminha devagar,
Entra nos corações, torna-se grande,
sem uma confissão, sem um olhar.

E nesse deslizar de horas serenas
É-se feliz então...
Olhos e lábios mudos: fala apenas
Um coração com outro coração.

XVI
É preciso ter sofrido
Para ser compadecido.
Forma os elos da cadeia
Um sentir aproximado...
Pois só quem foi desgraçado
Entende a desgraça alheia.


LVIII
Sinto a minh'alma ardente concentrada
Num pensamento só e num só fito
Mas, concentrando-a, tenho-a dilatada
Até ao infinito.»
 
Saibamos concentrar-nos, meditarmos, contemplarmos, unir-nos suficientemente para que a nossa dimensão espiritual e sua comunhão com o Divino espírito infinito possam ser sentidas. 
 
LX
Orar é levantar o pensamento;
Orar é levantar o coração
E tentar elevá-lo até aos céus; 
E sujeitar a vida e o sentimento,
Num fervor de profunda gratidão.
À vontade de Deus.»

Elevarmos o coração aos planos espirituais, pela gratidão intensa à Divindade e na sintonia da vontade e harmonia cósmica...

                      

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