terça-feira, 1 de novembro de 2016

Visita a Antero de Quental no jardim da Estrela no 1º dia de Novembro de 2016

Ida ao jardim da Estrela para comungar um pouco com a Natureza e em seguida visita à estátua de Antero de Quental no dia 1 de Novembro de 2016, com breve improviso relativo a este dia do Samahin, celtam de ligação entre incarnados e desencarnados, gravado no pequeno vídeo que se encontra no fim das imagens...

                               
Árvores que ligam o céu e a terra humildemente e a tempo inteiro, e que nos permitem encostar-nos, lermos, meditarmos e darmos-lhes graças lá para o alto, onde as folhas abanam levemente...
Como Antero de Quental nos diz: «o trabalho é santo, porque é o modo de amar da inteligência. Não sei ainda se é para isso que nos deixaram cair lá de cima sobre este planeta ridículo»
                    
Antero de Quental, no crepúsculo de todos os santos, na gruta anteriana do Jardim da Estrela lisboeta, recebe-nos, escuta os nossos pensamentos e sentimentos e fala-nos pioneiramente do campo unificado de energia consciência:«As obras do bem, ligadas indissoluvelmente à substância do Universo, absorvidas, desde o momento da sua produção, para nunca mais saírem dele, vinculadas, pela cadeia duma casualidade superior, a todas as suas evoluções através dos tempos, dos espaços, dos mundos, vão aumentar o tesouro da energia espiritual das coisas fecundá-las nos seus mais íntimos recessos e, sempre presentes, sempre activas, eternizam, nessa sua perene influência, a alma donde uma vez saíram. O Universo só dura pelo bem que nele se produz».
                  
Grave, o sonhador e pensador da Justiça, da Liberdade e da Verdade anima a estátua, e diz-nos: «o que nos salva é a obediência cada vez maior às sugestões daquele demónio interior, é a união cada vez maior do nosso ser natural com o seu princípio não-natural, é o alargamento crescente da nossa vida moral nas outras vidas não morais, é a fé na espiritualidade latente mas fundamental do universo, é o amor e a prática do bem, para tudo dizer numa palavra».
                          
Como que retraído na sua sensibilidade imensa, Antero de Quental contempla o estado do mundo moderno, e diz-nos: «sem paixão nem cegueira não há um único acto da vida real que não se possa fazer com um ânimo sereno e superior, conservando-se o espírito virado para a contemplação do absoluto no meio das ocupações mais estreitas e particulares do viver comum».
                            
No peito do ser humano está a potencialidade Divina, diz-nos Antero... Ou ainda: «Lá no fundo do seu coração há uma voz humilde, mas que nada faz calar, a protestar, a dizer-lhe que há alguma coisa porque se existe e porque vale a pena existir. Escute essa voz: provoque-a, familiarize-se com ela,e verá como cada vez mais se lhe torna perceptível, cada vez fala mais alto, ao ponto de não a ouvir senão a ela e de o rumor do mundo, por ela abafado, não lhe chegar já senão como um zumbido, um murmúrio, de que até se duvida se terá verdadeira realidade. Essa, meu amigo, é a verdadeira revelação, é o Evangelho eterno, porque é a expressão da essência pura e última do homem, e até de todas as coisas, mas só no homem tornada consciente e dotada de voz. Ouça essa voz e não se entristeça».
                   
Pela ética e justiça e pelo amor e a aspiração ressuscita, sê uma luz nas trevas! «Meu amigo, tenho visto que a mais árdua das ciências, a mais difícil das artes, não é a metafísica nem a poesia - é a Moral», lembra-nos ainda Antero
                      
Numa carta enviada de Coimbra em 7-VIII-1861: «Bem sabes: quem crê na Arte crê no belo, no bom, isto é, no Amor e em Deus, e com estes elementos pode tudo perder-se mil vezes, que mil vezes será tudo salvo. É por isso que tantas esperança ponho na arte; é já um culto antecipado da religião que ainda está por nascer para uma sociedade de que só por aqui terão alguns uma vaga intuição. Desses alguns quero eu ser, como tu és, meu apóstolo e precursor de novos mundos, como são todos os que, depondo ambições do dia, viram os olhos da sua alma para o horizonte longínquo, aonde tem de raiar a Aurora do Dia novo».
                               
Numa carta de 1884: «A nossa vida, verdadeiramente, é só a vida da nossa alma, do misterioso e sublime eu que somos no fundo: ora esse eu ou essa alma tem a sua esfera na região do impessoal: o seu mundo é o da abnegação, da pureza, da paciência, do contentamento, na renúncia do indivíduo natural e de tudo quanto o limita, algema e obscurece é que consiste a sua misteriosa individualidade»
                 

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