quarta-feira, 15 de abril de 2015

Fórum "Pela Língua Portuguesa, diga NÃO ao «ACORDO ORTOGRÁFICO» de 1990!"

Fórum "Pela Língua Portuguesa, diga NÃO ao «ACORDO ORTOGRÁFICO» de 1990!"

No dia 14-5-2015, após um animado conjunto de intervenções de especialistas e estudantes da Língua Portuguesa, na Faculdade Letras de Lisboa, por esmagadora maioria dos presentes ao Fórum "Pela Língua Portuguesa, diga NÃO ao «ACORDO ORTOGRÁFICO» de 1990!" foi aprovado, no mundo da melhor intencionalidade portuguesa, a necessidade de um Referendo ao Acordo Ortográfico de 1990 e a urgência de se coordenarem esforços e resistência civil que levem à abolição de tal Acordo, desmascarado e criticado por vários intervenientes de vulto e seis estudantes. A outra proposta, que condenava também o acordo, visava que não se realizasse o Referendo, mas perdeu por maioria muito substancial.    
A mesa dos intervenientes principais, presidida por Cristina Pimentel, Teresa Cadete e Helena Buescu, tendo à sua direita António Feijó, o Vice-Reitor da Faculdade de Letras, o qual manifestou o seu completo repúdio do Acordo Ortográfico, desmascarando os seus contornos políticos, dando testemunho das suas acções contra o Acordo ao longo dos anos e reforçando a importância de um Referendo democrático a tal famigerado instrumento de descaracterização da língua Portuguesa.
Não tendo assitido às primeiras intervenções, esta com recurso a projecções, foi uma forte e fundamentada crítica à classe política "avestrúzica" que temos, da parte de um professor, à esquerda da mesa..
Uma das imagens elucidativas das "morronices" que estão por detrás do "Desacordo" Ortográfico, facultada pelo professor na Faculdade de Letras, num discurso bem e ironicamente fundamentado...Pode-se dizer que é mesmo uma injecção de anestesia mental que a classe política e alguns aderentes a este aborto recomendam e tentam impôr...

Não será que se devia pedir mais  integridade e coragem das figuras políticas mais importantes ou influentes e sobretudo dos  governantes ou dos candidatos a deputados e a Presidentes, face a situações tão caricatas como as do AO90 que, ao não ser assinado ou seguido nem por Angola, Moçambique e Brasil, deixa de ter o mínimo interesse? 
Uma boa intervenção de improviso do Nuno Pacheco, do Público, um dos poucos jornais que mantém a alma da língua Portuguesa pura...
Registos no anfiteatro 1, apinhado durante quase cerca de três horas...
Massajar os pontos vitais dos meridianos de acupuctura é  sempre uma prática adequada quando estamos muito tempo sentados...
Uma assistência de grande qualidade, as duas última filas de pé, sem arredar. Ao fundo o poeta Gastão Cruz prepara-se para ler o seu belo texto em defesa da Língua Portuguesa, terminando com um poema da revista Poesia 61 que não poderia ter nascido ao ser-lhe amputado o c.
A Luz da grande Alma Portuguesa descendo sobre nós...
Nesta Assembleia Geral via-se muita gente escutando atenta e inteligentemente, algo que raramente se verá na Assembleia da República, frequentemente mais dada à internet conforme tem sido noticiado 
Um jovem estudante do 12º dando o seu testemunho das vicissitudes nas aulas, com bastante qualidade, ao lado de Maria Filomena Molder, que elogiou e citou o testamento de Vasco Graça Moura contra o Acordo desortográfico, e fez uma incisiva e fundamentada crítica contra um historiador Paulo Pinto, seu defensor...
Na assistência um professor vindo expressamente de Coimbra e contestando a vontade ambiciosa quase imperialista que estava por detrás do Acordo, seguido do professor Fernando Paulo Baptista, autor de um valioso livro desmascarando o Acordo e os interesses que têm estado por detrás dele, e a Anália Cruz.
A interrogação e a preocupação espelha-se no rosto de muitos dos participantes perante uma das intervenções de quem quase impositivamente não queria o Referendo...
Cabeças e almas luminosas... 
Uma das intervenções, penso que de Pedro Mexia, sob o olhar de um sábio linguísta e grande crítico do Acordo, Fernando Paulo Baptista, com a amiga e poetisa Anália Cruz ao seu lado
Ricardo Araujo Pereira, numa curta mas bem irónica intervenção, vendo-se ainda as duas alunas, que intervieram também muito bem, destacando-se a crítica a este acordo visar pôr as pessoas a escreverem mais com a máquina e o corrector ortográfico, afastando-as da sensibilidade e alma da Língua Portuguesa...
Uma bibliotecária no final do seu testemunho vibrante e corajoso de fidelidade à Língua Portuguesa e disposta a tudo por ela...

Destaque ainda nas intervenções para as do professor da Faculdade de Letras Pedro Serra, excelente e com algum pathos retórico e humorista ("arquitetas"), as dos dois tradutores, Francisco Miguel Valadas e António Chagas Dias,  que desenharam bem o panorama e por vezes o drama do que se querem manter fora do "Desacordo", a muito incisiva e denunciante de Mário Sena Lopes, agente literário, a de  professora Maria de Carmo Vieira, notabilíssima, a de um professor de Matemática denunciando o aspecto político e opressivo do AO90, a do prof. Fernando Paulo Baptista, infelizmente bastante limitada pelo tempo da mesa e, finalmente, a de Ivo Miguel Barroso, muito activo contra o Acordo, nomeadamente nas várias páginas do Facebook , na qual leu para concluir o seguinte texto: 
O “Acordo Ortográfico” de 1990 (AO90) contradiz-se já na sua designação, porque nem é “Acordo” (válido apenas se ratificado por todos os estados de língua oficial portuguesa), nem “ortográfico” (pois prevê a existência de facultatividades – também chamadas duplas grafias -, levando por isso à destruição do conceito normativo de ortografia e da herança etimológica).
· Ao contrário do que tem sido propalado, o período de transição estabelecido para a implementação do AO90 termina em 22 de Setembro de 2016, e não em 13 de Maio de 2015.
· Após três anos e seis meses da sua imposição no sistema de ensino e na Administração Pública, os resultados estão à vista, traduzindo-se num conjunto extenso de arbitrariedades: corte das consoantes “c” e “p”, mesmo quando deveriam ser articuladas, em violação do próprio AO90; não utilização sistemática do hífen; confusão do pretérito perfeito com o presente, etc. O denominado AO90 falhou o seu autoproclamado objectivo: a unificação ortográfica das variantes do português.
· Que podem os cidadãos fazer, tendo em conta que constitui o seu pleno direito recusar uma ortografia resultante de uma economia da língua que viola o que é estabelecido na Constituição da República Portuguesa (CRP) (art.º 43.º, n.º 2), segundo a qual o Estado “não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes (…) estéticas, políticas, ideológicas”? Além do direito à objecção de consciência (art.º 41,º, n.º 6, da CRP), cabe-nos resistir activamente (art. 21.º da CRP) contra essas ilegalidades e inconstitucionalidades manifestas, bem como argumentar contra as falácias da “unificação” e simplificação, facilmente desmontáveis, conforme tem sido denunciado por diversos especialistas."




Estão disponíveis no youtube, canal Pedro Teixeira da Mota, registos de algumas das intervenções (bateria escassa), das quais seguem as ligações às primeiras


https://youtu.be/XYot2EDZJp0
https://youtu.be/SfBj3OoSH6A
https://youtu.be/v3Y8wDMKCDI
https://youtu.be/IbuZqos_gRM
https://youtu.be/R49HMVj8wP0
https://youtu.be/J-7yxHKYc4s
https://youtu.be/MHr_m1Y68R8
https://youtu.be/WH8vXNQRAnM
https://youtu.be/etTd-E6zSQA
https://youtu.be/NouGyRPX20M   Gastão Cruz.
https://youtu.be/NsXr4-ExR4s
http://youtu.be/4zNH1W9QsTA


Eu tenho em muito a [linguagem] Portuguesa, cuja gravidade, graça lacónia, e autorizada pronunciação nada deve à Latina, que [Lorenzo] Valla exalça mais que seu império.”  Jorge Ferreira de Vasconcelos, no prólogo à Eufrosina, Lisboa, 1555.

3 comentários:

João Roque Dias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Roque Dias disse...

Obrigado pelo excelente relato deste fórum, Pedro Teixeira da Mota. Tomei a liberdade de o divulgar no Grupo Acordo Ortográfico NÃO! no Facebook (com uma leigeira nota correctiva).

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Muitas graças, João Roque Dias. Um relato breve e algo imcompleto, mas foi o que se pode escrever entre os afazeres que nos chamam...