terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Pico della Mirandola, dia de aniversário, 24 Fevereiro de 1463. Vida e obra. Texto melhorado no dia dos seus 560 anos.

                              
Neste suave fresco renascentista de Cosimo Rosseli, na igreja de S. Ambrósio, em Florença, de 1485, o jovem Pico encontra-se entre os seus dois grandes amigos e sábios, Marsilio Ficino e Angelo Poliziano.

Giovanni Pico della Mirandola, um dos primeiros seres a explicitar a Filosofia Perene subjacente e comum aos vários cultos e religiões, filosofias, teologias e mistérios, por alguns denominado o Anjo sábio da Renascença, nasceu a 24 de Fevereiro de 1463, em Mirandola, Itália, sendo o terceiro filho do Conde de Concordia. Dotado de agudo engenho e de uma capacidade de memória impressionante, por morte precoce do pai será a sua mãe Julia Boiardo que o destinará a uma carreira eclesiástica, começando muito novo a estudar música, latim, grego e teologia, e tal era a luminosidade do seu engenho que aos 10 anos foi nomeado protonotário apostólico.
Em 1477, aos 14 anos, é já estudante universitário de Direito Canónico em Bolonha, num ambiente onde se respira a influência libertadora e criativa dum notável humanista, e que será um dos destinatários das suas valiosas cartas, Filipo Beroaldo, um buscador da essência mais do que da forma, livre das amarras do conservadorismo, do escolasticismo. Todavia, quando também a mãe morre inesperadamente em Agosto de 1478, decide abandonar o Direito terrestre eclesiástico e  aventurar-se na demanda livre do conhecimento, da literatura e da religião universal, procurando realizar uma Pax Philosophica, através denodados estudos e diálogos de filosofia e teologia, procurando concordâncias, em sínteses ou mesmo sincretismos por vezes arrojados aos olhos dos seus contemporâneos. A sua frase «a filosofia procura a verdade, a teologia afirma-a e a religião possui-a», entre nós muito relembrada pelo nosso querido amigo e notável humanista José V. de Pina Martins, é significativa do reconhecimento de uma graduação ascendente no conhecimento da Verdade, a qual implica a demanda intelectual da Filosofia, a descoberta e afirmação doutrinal dogmática na Teologia e finalmente a interioridade da religião ou religação anímica e espiritual à verdade da Realidade e da Divindade.
Em 1479 vai para a Universidade de Ferrara, onde aprende não só melhor o grego e o latim, como conhece também uma plêiade de grandes almas, desde o seu professor Giovanni Battista Guarino a Aldo Manuzio, que se tornará o famoso impressor das edições Aldinas e inventor da letra itálica, tanto mais que se estava a realizar então um Concílio Ecuménico em Ferrara (para religar a Igreja do Oriente e a de Roma) e onde se encontram alguns sábios, tal o cardeal bizantino Bessarion (1403-1472), os quais lhe intensificam a busca da Sabedoria Divina, fazendo a sua primeira e rápida viagem a Florença, centro maior do Humanismo de então.
Em 1480 estuda em Pádua com Ermolao Barbaro, Elia del Medigo e Nicoletto de Vernia, aprofundando os conhecimentos de Averróis e dos Aristotélicos e Platónicos e até dos Mistérios do Médio Oriente. Quando estava em Paris, e estudando a escolástica, em Maio de 1482, por guerra, é forçado a regressar a Mirandola. Conhece então, em Regio d'Emilie, o frade austero Savonarola (1452-1498) e ambos sentem certa afinidade mística e profética.
Entre 1482-1483 está em Paris e depois em Carpi estudando e poetisando. É em meados de 1484 que chega a Florença e entra em plena amizade com Marsilio Ficino, Lorenzo de Medici, Angelo Poliziano, Cristoforo Landino e Girolamo Benivieni, membros da Academia Platónica de Careggi, fundada por Marsilio Ficino, o qual acabara de dar à luz a primeira edição latina da obra completa de Platão.
 Deixa de escrever poemas de amor e amizade (embora ainda venha a raptar uma jovem casada, Margarida, a pedido dela, infrutiferamente, e a compor um notável comentário a uma canção de Amor, de Girolamo Benivieni) e passa a estudar a Sabedoria Perene, a Prisca Teologia, nomeadamente a Platónica, Neo-Platónica, Orphica, Zoroástrica, Islâmica, Cabalista e Hermética.
Em 1485 decide  estudar na Universidade de Paris, a Sorbonne, a filosofia escolástica e tomista, numa época em que o livre diálogo vigorava, e inspira-se, face à discussão das teses públicas durante doze horas (denominada sorbónica), a redigir uma série de teses, não para discutir apenas num recanto universitário por mais importante que fosse, mas em Roma, e convidando todos os que quisessem discutir as suas 900 Conclusiones, quatrocentas das quais de outros pensadores (padres latinos, árabes, cabalistas, platónicos, peripatéticos, hermético-egípcios) e quinhentas dele próprio, nas quais ele considerava resumir-se todo o campo principal do cognoscível, o scibile.
Esta sua tentativa de discutir Novecentas teses filosófico-religiosas com os sábios de todo o mundo, não foi todavia bem vista pelo clero de Roma, onde chega em Novembro de 1486, e o Papa e alguns teólogos nomeados para uma comissão de inquérito, após um exame, para o qual aliás não estavam muito preparados, dado a novidade de muitas das fontes extra-católicas aduzidas por Pico della Mirandola, consideram heréticas treze das suas proposições, que “renovam os erros dos gentios e as perfídias dos judeus”.
Entre elas destacavam-se a sua defesa de Orígenes, que fora condenado pela Igreja em algumas das suas doutrinas, tal a que concluía que no fim do Mundo todos os seres estariam no Paraíso, salvos ou com a visão de Deus; a ainda  que negava que o crucifixo ou outra imagem qualquer religiosa deveria ser objecto de culto, e a que  afirmava que mais importante que rituais e sacramentos era a piedade e realização interior, algo que virá a ser também um dos estandartes de Erasmo, a docta pietas, a piedade douta, na sua Philosophia Christi, que tanto sucesso luminoso teve na Península Ibérica e na Europa, antes da Reforma Protestante e a reacção conservadora do Concílio de Trento: a trágica (pela Inquisição) Contra-Reforma.
                                                              
Pico della Mirandola tem que assinar a sua rendição ou retracção em Março de 1487 mas, corajoso, defende-se e responde-lhes com a Apologia das Treze Questões, as que tinham sido consideradas heréticas, mas não aceitam e é forçado a submeter-se e a prometer  não editar as teses, que são mesmo proibidas e condenadas em todo o seu conjunto de 900 teses, embora entre os comissários houvesse quem as considerasse defensáveis. Pico não se rende e dá à luz pública a sua Apologia, em Nápoles, no fim de Maio de 1487 e é então considerado como criminoso de rebelião e perjúrio e citado para o tribunal inquisitorial.
Foge então em direcção a Paris, mas é preso em Janeiro de 1488 em Lyon, e a luta pela sua libertação, seja por parte do rei de França seja de Lorenzo de Medici, força o papa Inocêncio VIII a aceitar que Pico della Mirandola, após alguns meses de cativeiro no castelo de Vincennes, regresse a Florença, para uma bela vila ou casa posta à sua disposição pelo magnífico regente da cidade  Lorenzo de Medici,  onde vai estabilizar, descrevendo mesmo numa carta o seu dia a dia: «de manhã aplico-me assiduamente na concordância de Platão e Aristóteles, as horas da tarde são para os amigos, e a recreação do espírito através da leitura de obras literárias, e as horas da noite reparto-as entre o estudo dos textos sagrados e um breve sono».
Gera então várias obras mais ortodoxas (mas sempre recebidas com desconfiança pelo Papa, sendo a sua condenação por perjúrio somente retirada em 18 de Junho de 1493, já pelo Papa Alexandre VI, um Borgia sábio), nomeadamente especulações sobre o Ser primordial e a conciliação entre Platão e Aristóteles, no De Ente et de Uno, sobre os sete dias da Génesis, no Heptaplus,  ou ainda tanto os religiosos Comentários aos Salmos, como os Commento alla Canzone d' Amore, de Girolamo Benivieni, escrevendo em 1489 uma obra, Disputationes adversus astrologicam divinatricem, não publicada em vida, contra as pretensões dos astrólogos de quererem profetizar acontecimentos futuros, embora Pico admitisse que os astros influenciassem os seres humanos. Deixará a Terra por febre em 17 de Novembro de 1494, com  32 anos de vida, apenas, mas tão bela, sábia e ardente que o seu fulgor jamais se apagará... 
                           

A influência de Pico della Mirandola nos homens do Renascimento é imensa, nomeadamente em Erasmo e, sobretudo, em Thomas More, e nos portugueses dos Descobrimentos é mais visível especialmente em Frei António Beja (1493-1547) que, a propósito da Astrologia e na corte da rainha D. Leonor, utiliza o texto de Pico amplamente no seu Contra os juizos dos astrologos, impresso por Germão Galhardo em 1525, em Lisboa, mas também em Garcia de Horta, o sábio dos Colóquios dos Simples e das Drogas, escritos e impresso em Goa, que cita Pico Mirandulano a propósito dos Reis Magos que certa tradição apontava como vindos da Índia ou Ceilão, e que noutra se diziam enterrados na bela catedral de Colónia na Alemanha, onde já  o nosso D. Pedro das Sete Partidas fora em peregrinação. O teólogo místico dos Agostinhos Descalços Frei Sebastião Toscano, no sermão pregado na transladação dos ossos (se vieram mesmo) de Afonso de Albuquerque para a igreja da Graça em Lisboa  em 1566, comparou estes dois seres, Giovanni Pico della Mirandola e Afonso de Albuquerque, como universais, pelo menos no valor e fama das suas ideias e obras.
Nos nossos dias José Vitorino de Pina Martins foi um admirador, estudioso e amante do Humanismo, e de Pico, mas também bastante de Erasmo, Camões, Sá de Miranda e Thomas More (este, o mais estimado), tendo realizado valiosos estudos sobre a tipografia quatrocentista e quinhentista e sobre a história das ideias e imagens da época. Convivi vários anos com ele, fazendo mesmo, sob o olhar de Pico, na belíssima pintura quinhentista que Pina Martins possuía, uma catalogação resumida da sua magnífica biblioteca, da qual três das salas tinham os ícones de Pico della Mirandola, deThomas More e de Erasmo protegendo os valiosos manuscritos e livros inspiradores dos grandes mestres da sabedoria da Humanidade que recolhera, e que hoje, nos 560 anos do nascimento de Pico se encontram na biblioteca da Universidade de Letras de Lisboa.
 

No seu Discurso sobre a Dignidade Humana (e o título já é póstumo, sendo provavelmente o intencionado Oratio ad Laudes Philosophiae) escrito em 1486, uma parte dele publicada na Apologia, a outra apenas impressa após a sua morte, circulando até então manuscrito, e que antecederia como preâmbulo o texto, num estilo ou ossatura algo escolástica, com as  900 Conclusões ou Teses, Pico mostra a sua alta concepção do ser humano e o ardor optimista de elevação à verdade, numa obra que será considerada como uma das mais belas e significativas do Renascimento, e na qual a posição ímpar do ser humano no universo, capaz de união com o Ser Divino ou de degradar-se ao nível sub-animal, é transmitida com intensidade, beleza e mística qualidade, apoiada nas diversas tradições e metodologias espirituais. 
Pico exorta-nos na Oratio a trilharmos o caminho do auto-conhecimento, da purificação dos instintos e dos costumes, e do desenvolvimento das capacidades intelectuais e das unitivas que o Amor proporciona, nomeadamente para a Divindade e em analogia com os Espíritos celestiais posicionados na proximidade divina conforme as suas potências ardentes de Amor e caridade (os Serafins), de esplendor da Inteligência (os Querubins) e de firmeza do Discernimento, os Tronos...
Oiçamos algumas partes então da sua Oratio:
Princípio: “Li, padres colendissímos [de colendu-respeito], nos monumentos [livros] dos árabes, que o sarraceno Abdallah interrogado, sobre o que, nesta quase cena mundana, via com mais admiração, respondeu que nada via de mais admirável de que o homem. Sentença esta que está conforme com aquela de Mercúrio [Hermes Trismegisto]: «Grande milagre, ó Asclépio, é o homem».
Cogitando a razão deste dito não se me fazia suficiente o que por muitos foi referido da prestância [superioridade] da natureza humana: esse homem internúncio das criaturas, familiar dos superiores, rei dos inferiores, intérprete da natureza pela perspicácia dos sentidos, a indagação da razão e a luz da inteligência, interstício entre a estável eternidade e o fluxo do tempo e, como os Persas dizem, cópula ou mesmo himeneu [vínculo] do mundo e, como testemunha [ou diz] David, pouco menos que os anjos”
Que invada a nossa alma aquela ambição sagrada de não nos contentarmos com as coisas medíocres e que aspiremos pelas maiores (...)»

A sua ligação e sabedoria angélica era grande e aconselha-nos com bastante originalidade em relação aos Arcanjos: «Invoquemos Rafael o médico celeste, a fim de que ele nos liberte pela moral e a dialéctica, como por remédios salutares. Então, nos que formos restaurados, habitará doravante Gabriel, a força de Deus, que nos conduzirá através dos milagres da natureza: ele mostrar-nos-á por toda a parte a virtude e a potência de Deus, e por fim levar-nos-á a Miguel, o sacerdote supremo, para que, tendo-nos alistado ao serviço da filosofia, nos cinja, como duma coroa de pedras preciosas, do sacerdócio da teologia».
                                         
 Transcrevo agora, das 900 teses, as respeitantes a Plotino, com tradução e comentário meus, algo sucintos e mais na linha espiritual do meu caminho do que num domínio da terminologia filosófica em causa.
1 - Primum inteligibile non est extra primum intelectum

2 - Non tota descendit anima quum descendit

3 - Omnis vita est immortalis

4 -Animae quae peccavit vel in terreno vel in aereo corpore, post mortem brutam vitam vivit

5 -Anima irrationalis est idolum animae rationalis ab ea dependens sicut lumen a sole

6 - Ens, vita, intellectus in idem coincidunt

7 - Felicitas hominis ultima est cum particularis intelectus noster totali primoque intelectui plene coniungitur.

Tradução, comentada:
1 - «O Inteligível Primeiro não está exterior ao Intelecto Primeiro».
Comentário: Ou seja, é no seio do Intelecto Divino que se dá a primeira inteligibilidade ou ideia, e assim cada um de nós deve assumir responsabilidade pelos seus pensamentos e deve saber retroceder a sua auto-consciência intelectual até à Fonte e Intelecto Divino.
2 - «A alma não desce toda quando desce».
 
Comentário: Certos níveis da alma não estão acessíveis à consciência terrena do comum dos mortais. Para se chegar aos níveis superiores é necessário um trabalho intelectual, devocional e espiritual. De qualquer modo, é importante uma prática metódica ou  regular na tentativa de apropriação consciencial pela alma do que é mais espiritual, o que se alcança pelo desenvolvimento da nossa capacidade de amar com sabedoria, numa expansão supra-corporal de universalidade e numa interioridade meditativa cardíaca, ígnea e divina.
3 - «Toda a vida é imortal».
Comentário: Todo o ser vivente é imortal, em especial o ser humano. Quanto aos animais, a vida que perpassa neles é imortal, mas não está individualizada, como acontece com o ser humano dotado de uma centelha individual, ou mónada, imortal, com a qual durante a vida terrena, se forma um corpo espiritual. Contudo, é possível que em alguns animais, muito próximos do ser humano e que desenvolveram umamais forte relação afectiva, haja como que uma individualização, talvez não agraciada com uma mónada imortal mas com alguma imortalidade temporária...
4 - «A alma que peca no corpo terreno ou no corpo aéreo (ou subtil), na vida depois da morte vive uma vida bruta, ou embrutecida».
Comentário: - O que é pecado, o que é mais ou menos pecaminoso, são questões bem difíceis de se clarificar. De qualquer modo, tudo o que fazemos tem consequências no além, pelo que sofremos tanto cá como lá pelos danos que fizemos nos nossos corpos físico e ao subtil ou aéreo, seja obscurecendo-o, seja tornando-o escravos ou dependente de vícios,  e ainda paralizando-o, quando em relação à sobrevivência no além se a nega.
5 - «A alma irracional é uma imagem da alma racional, dela dependendo assim como a luz do sol».
Comentário: - O problema desta derivação é que a parte irracional pretende dominar a vontade e o corpo, apropriando-se incorrectamente da força motriz do sol espiritual, ou pouco ligando à voz da consciência ou da razão, da alma racional.
Ou seja, o Logos, a inteligência-amor deve estar presente nos nossos actos, sentimentos e pensamentos, por uma atenta e perseverante auto-consciência.
6 - «Essência, vida e intelecto coincidem em si mesmos».
Comentário: - No nosso ser estão em conjugação ou unidos a essência primordial espiritual, a vida cósmica e energética e o intelecto luminoso ou capacidade de inteligir e de compreender correcta e unitivamente
7 - «A felicidade última do ser humano é portanto unir plenamente o nosso intelecto particular com o Intelecto primordial, primeiro, Divino».
Comentário: - Tornemos a nossa mente e seus múltiplos pensamentos mais estáveis e unificados numa intelecção pura, para que o Logos ou Intelecto divino esteja mais presente em nós, ou se reflicta mais luminosamente.

Mais algumas Conclusões de Pico, a partir de Outros, também valiosas:
6. 5. Ideo angelus est obstinatus et impenitens, quia substracti sunt ei divini impetus speciales.
«O anjo (caído) é obstinado e impenitente, porque ímpetos (forças) divinos especiais lhe foram subtraídos».
Comentário: E, tal como eles, assim as pessoas, infelizes, frustradas, violentadas, manipuladas, e logo exudando  tanta violência....
6. 7. Superior angelus illuminat inferiorem non quia ei vel objectum presentet luminosum, vel quod in se est unitum illi particulariset et dividat, sed quia inferioris intelectum confortat et fortificat.
6. 7. «Um anjo superior ilumina um inferior não porque lhe apresente um objecto luminoso ou aquilo que sendo em si uno particulariza e divida, mas porque conforta e fortifica o intelecto do inferior».

Comentário: Eis uma boa visão da relação de mestres e discípulos, o fortalecimento dos intelectos pelos laços de amizade e de estímulo, de estudo e de discernimento, do amor e da compaixão, bem longe dos laços hierárquicos, por exemplo dos Estados Europeus e de muitas organizações, baseados talvez ainda demasiado frequentemente na esperteza e arrogância, no servilismo e medo, na opressão e corrupção.  A tese apela também a não esperarmos sempre a luz que vem do alto, mas sentirmos na unidade interior a comunhão fortificadora com os seres ou níveis mais elevados.
Traduzamos ainda as sete primeiras das dez Conclusões segundo a prisca doutrina do egípcio Hermes Trismegisto:
1- Onde haja vida, aí está alma; onde haja a alma, aí está a mente [mens, com sentido amplo até ao intelecto divino].
2 - Tudo o que é movido é corporal, tudo o que move é incorporal.
3 - A alma no corpo, a mente na alma, o verbo na mente e o pai destes, Deus, a Divindade.
4 - Deus está cerca de tudo e por entre tudo; a mente cerca da alma, a alma cerca [ou à volta, em latim circa] do ar, o ar cerca da matéria.
5 - Nada há no mundo sem vida.
6 - Nada no universo é passível de morte ou de corrupção. - Corolário: ubíqua é a vida, ubíqua é a providência, ubíqua a imortalidade.
7 - De seis modos Deus denuncia ao homem o futuro: por sonhos, portentos, aves [voo], as estranhas [examinadas], o espírito e a Sibila.
                                       
Sabermos desenvolver o amor e a compaixão, e estarmos mais nele, e mantermos a ligação de aspiração ao Anjo, ao Arcanjo e à Divindade, é então fundamental para irradiarmos luz e amor horizontalmente na sociedade e ambiente, e para que a Humanidade melhore no seu nível de harmonia, felicidade e religação Divina. E nestes tempos de opressivas narrativas oficiais e oligarquias e elites tão egoístas e sem honestidade nem fraternidade, muito temos que trabalhar...
                   
Vitória, por Bô Yin Râ.

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