Ao começar o novo ano, ou em cada ano, e nos equinócios e solstícios, "não a nós, não a nós" mas aos Anjos e à Divindade devemos consagrar as nossas primícias e graças, sentindo-os e invocando-os no nosso coração, ser e ambiente...
Ora entre as questões suscitadas pelo nossa aspiração de conhecimento e amor para com os Anjos estão as relativas ao seu estado habitual, ou seja, quando de facto não lhes prestamos atenção, ou nada lhes pedimos, onde se encontram, o que estão a fazer ou a ver?
Sem valorizarmos excessivamente a nossa ligação consciente a eles, será que eles podem sentir-se frustrados ou tristes pela nossa pouca fidelidade, ou muito mais certamente acham natural e aceitam-na, não direi alegremente mas sorrindo quando a eles voltamos pela lembrança, meditação e oração?
Se aceitarmos que eles estão acima de tudo ligados à Divindade, e que A sentem e amam a todo momento, então não haverá dúvidas: estão satisfeitos na comunhão-adoração-irradiação divina e da qual pouco sabemos se é mais individualizada e interna ou se também grupal, ainda que seja natural haver ondulações ou momentos mais colectivos ou mesmo de Unidade e que à aparte uns pouquíssimos agraciados clarividentemente transcendem-nos quase completamente quanto aos seus aspectos e pormenores, embora alguns pintores tenham realizado belas pinturas como podemos ver por exemplo em Domingos António Sequeira e a Coroação da Virgem, sita no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
Ora no caso do misterioso Anjo da Guarda, quando realmente o seu "protegido" se abre a ele, ficará mais feliz porque a energia divina pode descer mais através dele para as pessoas e ambientes, sendo esta uma realidade que deveríamos visualizar e sentir já que é bastante operativa, frutuosa, harmonizadora?
Uma das nossas sorores místicas do séc. XVII, a Sóror Violante de Jesus Maria, dizia que sim, e quando estava no Coro a irradiar as suas orações sentia que o Anjo da Guarda dela ou das outras monjas, se alegrava ou entristecia, conforme elas sentiam e oravam mesmo bem ou não.
Outra questão conexa é a das relações entre eles e qual a frequência de comunicarem entre si "telepaticamente", usando nós esta expressão aproximativa da comunicação dos conteúdos anímicos de modo directo, e que nos parece acontecer naturalmente.
Na Bíblia e em especial no Novo Testamento, obras a serem lidas sempre com muita cautela tal a complexidade das fontes originais e mistificações, com os vários níveis de leitura, mencionou-se muito pouco dos anjos, apenas as conversas e lutas entre Arcanjos ou Anjos de cada país ou povo, escritas por dois seres algo belicosos e não plenamente fiáveis, o profeta Daniel e o apóstolo S. Paulo, este na Carta aos Efésios, 6:10-12: «Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder./ Vistam toda a armadura de Deus para resistirem às ciladas do Diabo./ A nossa luta não é contra os seres humanos, mas contra poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais».
Eis uma das principais fontes não só do dualismo angélico e que iria ter tanta fortuna até aos nossos dias, intensificada por escritos apocalípticos judaicos, mas também pela classificação hierárquica dos Anjos e demais espíritos celestiais que o pseudo-Dionísio Aeropagita, presumido discípulo de S. Paulo (mas que sabemos hoje ser um cristão provavelmente sírio do IV século e influenciado pelo neoplatonismo e particularmente por Próclo), descreve nas suas obras sobre a Hierarquia desde então a grande autoridade em matéria de espíritos celestiais.
Na Bíblia e em especial no Novo Testamento, obras a serem lidas sempre com muita cautela tal a complexidade das fontes originais e mistificações, com os vários níveis de leitura, mencionou-se muito pouco dos anjos, apenas as conversas e lutas entre Arcanjos ou Anjos de cada país ou povo, escritas por dois seres algo belicosos e não plenamente fiáveis, o profeta Daniel e o apóstolo S. Paulo, este na Carta aos Efésios, 6:10-12: «Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder./ Vistam toda a armadura de Deus para resistirem às ciladas do Diabo./ A nossa luta não é contra os seres humanos, mas contra poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais».
Eis uma das principais fontes não só do dualismo angélico e que iria ter tanta fortuna até aos nossos dias, intensificada por escritos apocalípticos judaicos, mas também pela classificação hierárquica dos Anjos e demais espíritos celestiais que o pseudo-Dionísio Aeropagita, presumido discípulo de S. Paulo (mas que sabemos hoje ser um cristão provavelmente sírio do IV século e influenciado pelo neoplatonismo e particularmente por Próclo), descreve nas suas obras sobre a Hierarquia desde então a grande autoridade em matéria de espíritos celestiais.
Apesar do sucesso obtido pela obra é notório que o autor não tinha vivência angélica e especulou conciliando as tipificadas emanações do neo-platonismo, sobretudo de Próclo, com a reduzida informação angélica proveniente do cristianismo, que por sua vez fora influenciado pelo judaísmo e este pelo zoroastrismo e madzeísmo dos persas.
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Um Arcanjo de Guarda à espera de ... |
Na realidade, os espíritos celestiais pela visão anímico-espiritual de que estão dotados, podendo contemplar e conhecer as Ideias Arquétipas Divinos para a Humanidade e a Terra ou, autonomizando, o Plano para o nosso Sistema Solar, aspiram-querem que tais sementes, visões e energias fecundem, inspirem e dinamizem tanto o Cosmos como os seres humanos que se abrem a elas.
Talvez não seja por acaso que antigamente se recomendava começar qualquer obra com uma dedicação e invocação ao Anjo ou ao Santo protector, ou em certas tradições à fada madrinha ou à musa, pois ao fazer-se tal, orando-se e meditando-se, cria-se um canal ascendente por onde se eleva a nossa aspiração e pode descer a informação, a energia ou a presença que receberemos como reminiscência ou memória, como sensação ou toque, audição ou som, intuição ou ideia, visão ou símbolo, força ou apoio, desvendação do guardião e da sua presença.
Quanto às duas asas com que os Anjos nos surgem habitualmente (embora mais raramente do que desejaríamos...), qualquer que seja a dimensão em que os vejamos e, embora as asas sejam de certo modo configurações nossas do que captamos nos planos subtis psico-espirituais e provêm das energias vivas deles e da ligação com a Divindade, pela sua dualidade podemos interpretá-las dentro da lei da polaridade universal, como sendo uma mais passiva e outra mais activa. E então também nós as deveremos desenvolver: a contemplativa, que adora, medita e recebe, e a activa que pensa, age, luta, esforça-se, ajuda e ama.
É por este bater de asas, esta movimentação ascendente e descendente, vertical e horizontal, que nos harmonizamos ou elevamos a merecer a Graça ou Luz Divina, a qual é mediatizada pelo Anjo, que se pode ou não revelar a nós, pois por vezes simplesmente infundirá energias, compreensões, ensinamentos, impulsões sem se desvendar
Saibamos então lembrar e orar mais frequentemente com o Anjo da guarda e os Arcanjos, nomeadamente o custódio do nosso país, e em sintonia com os antepassados e os Mestres e, nesse esforço, abrir-nos às melhores energias espirituais e bênçãos Divinas...
Tenha na sua vida mais Paz e Justiça, Discernimento e Verdade, e maior reconhecimento e diálogo amoroso com os Anjos e Arcanjos...
Tenha na sua vida mais Paz e Justiça, Discernimento e Verdade, e maior reconhecimento e diálogo amoroso com os Anjos e Arcanjos...
Que nestes tempos de tanto conflito, manipulação e crises saibamos mais vezes lembrar-nos deles (e alguma imagem próxima ajuda), e logo orar com sentimento algumas das suas orações e mantras e depois sentir-nos interiormente e silenciar-nos, e assim poder receber as suas bênçãos, em especial as curativas e pacificadoras, as inspiradoras e clarificadoras, ou seja, as que harmonizam e fortificam na ligação ao espírito e à Divindade transcendente e imanente...