quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Celebração do 146º aniversário de Helena Roerich. Pequena biografia e uma sua carta crítica.

                                       

 Festejando-se hoje o aniversário de Helena Ivanovna Roerich, pois nasceu a 12 de Fevereiro de 1879, resolvemos homenageá-la com uma pequena biografia, algumas fotografias e da sua vasta correspondência uma carta pouco conhecida escrita em 1943, em que refere o difícil discernimento da demarcação entre as forças da Luz e as das Trevas, da Verdade e da Mentira, criticando alguns grupos da época, e mais especificamente um, o que para muita gente será uma completa novidade, tal como foi para mim (de certo modo), há pouco tempo.

Helena, filha dum arquitecto cuja linhagem remonta a Pedro o Grande, bisneta do marechal de campo Mikail Kutuzov (1745-1813) que derrotou Napoleão, sobrinha neta de M. P. Mussorgsky, foi uma alma bem luminosa, muito dotada intelectual e artisticamente, nomeadamente como pianista Desde muito cedo, sentiu e teve uma ligação com Mestres Espirituais que a guiaram invisivelmente ao longo da vida. Era muito bela, possuidora de uma nobreza e de um requinte elevados. Foi abordada por pessoas muito ricas, mas estava interessada no mundo da beleza, da filosofia e da criatividade, e por isso casou com Nicholas Roerich, na altura um artista ainda pouco conhecido, mas que mais tarde se tornou mundialmente famoso como pintor, viajante e mestre espiritual.  Eram seres espiritualmente próximos, as  aspirações convergiam para a compreensão e aprofundamento da filosofia, especialmente da filosofia oriental, o conhecimento esotérico, o desenvolvimento evolutivo da humanidade.

 Dum casamento muito feliz nasceram dois filhos,  George (ou Yuri, nascido em 1902, notável linguista e orientalista) e Svetoslav (1904, pintor - e a ele devemos vários retratos dos pais -, e que casará com Devika Rani, actriz do cinema indiano e bisneta do grande poeta e mestre Rabindranath Tagore. Ambos louvarão muito a escola aberta em que viviam, com  orientação sábia da mãe em relação às impulsões e necessidades próprias do desabrochar de cada um deles.

Em 1916 tiveram de partir para a Finlândia, que era então parte da Rússia, por causa de Nicholai ter contraído uma pneumonia, e depois, com a revolução bolchevique de 1917,  não puderam regressar a São Petersburgo, e viajaram para a Europa, tendo sido convidados, para partirem em 1920 para os EUA,  onde se organizou uma exposição de pinturas de Nicholai Roerich que percorreu muitas cidades com grande sucesso.  Mais tarde, em Nova Iorque foi criado, pela primeira vez no mundo, um museu de um artista num arranha-céus, o Masterbuildings, no qual os Roerichs desenvolveram uma grande atividade artística e espiritual: foi criada uma escola artística e pintados muitos quadros, foram atraídos artistas e músicos, foram criadas várias organizações, tão brilhante era a irradiação de ambos. Mas a mola principal de todas as actividades e esforços era Helena. Mesmo na sua obra Nicholai Roerich pensava que sob os seus quadros deviam ser colocados dois nomes, porque Helena sentia subtilmente a combinação de cores e muitos temas eram motivados pelos seus sonhos e visões.

Com grande aspiração pelo Oriente e a Índia, em Maio de 1923 abandonam Nova Iorque e instalam-se na Índia, em Darjeeling, e depois de vários meses de visitas a cidades e locais, que geram muitas pinturas,  entre 6 de Março de 1925  e Maio de 1928 lançam-se os quatro numa expedição fabulosa e com bastantes e extremas  dificuldades pela Ásia Central, em que  chegaram pioneiramente a  Lhasa, e em que Helena Roerich, que nunca tinha montado um cavalo, percorreu milhares de quilómetros como a única mulher no grupo de expedição. 

                            

Foram recolhidos numerosos achados étnicos, arqueológicos e religiosos, foram pintados muitos quadros (cerca de 500) e os membros da expedição deixaram-nos valiosos diários, para além de que foi durante ela que Helena escreveu o 1º livro do Agni Yoga, a Comunidade, passando por provas tremendas pelo clima frio (e morreram vários dos participantes, humanos e animais) e pela recepção das energias ígneas espirituais cósmicas no seu corpo subtil. 

O mestre Morya chamou a tais provações a Prova de Fogo, pois era a primeira vez que a energia dos centros subtis se unia a tal escala ao fogo do espaço, abrindo-se uma nova conquista do espírito para a humanidade. O objetivo principal da experiência era obter, com a ajuda dos centros abertos, a possibilidade de comunicação direta com os Mestres que estão no Firmamento da Irmandade dos Gurus - Shambhala.
Muitos materiais da expedição serviram de base e justificação para a criação do  Urusvati Himalayan Reearch Institute of Roerich Museum, no Punjab, que publicou mesmo desde 1931 três valiosos números da  revista ou Journal, instalado na propriedade que adquiriram nos pequenos contrafortes dos Himalaias, em Naggar, sobre o vale de Kulu (e onde eu peregrinei por duas vezes), e onde passaram o tempo da II grande Guerra, e lutando pela paz, mesmo antes, a vários níveis, correspondendo-se com líderes espirituais e políticos do mundo, tal como Roosevelt e o seu secretário Wallac, influenciando-os de algum modo. Durante as expedições e viagens de Roerich, Elena Ivanovna foi responsável pelo trabalho de organização das sociedades e dos seguidores de Roerich, pela criação e promoção do Pacto de Paz, o Pacto de Roerich, que em 1935 foi assinado por 21 países do continente americano.

                                   

                                  

Vemo-los nas fotografias diante da porta da casa, no sopé do monte, virada para os Himalaias, e a poucos metros donde se encontram os restos mortais de Nicholai Roerich (9-X-1874 a 13-X-1947), o denominado Mahasamadhi (onde meditei há décadas com muita inspiração], o grande êxtase ou unificação, a morte que entre nós Antero de Quental, Joaquim de Araújo e Fernando Pessoa bem glossaram na frase: "Morrer é ser iniciado", embora tenhamos de reconhecer que o casal Roerich já em vida estava bastante mais iniciado no conhecimento e realização espiritual, nomeadamente da interacção entre as energias subtis  humanas e cósmicas, na base da ética fundamentada nas leis do Cosmos e no desenvolvimento da mestria e criatividade do pensamento e da alma, como energias ígneas, em unidade com o corpo místico da Humanidade, os mestres, santos ou grandes seres e que os inspiraram ou guiaram constantemente, no seu caso o mestre Morya.

Helena escreveu, tal como o marido, vários livros, nomeadamente os quatorze do Agni Yoga, o primeiro tendo sido publicado em 1927, Comunidade, num conjunto denominado o Ensinamento da Ética Viva, e correspondeu-se com muita gente,  aconselhando como mestra e  a partir da sua experiência, conhecimento e sobretudo realização flamejante subtil (dos raios do fogo cósmico), do que resultaram as suas Cartas, primeiro editadas em Riga em 1940 em dois volumes (legíveis, tal com as suas outras obras, no site do Nicholas Roerich Museum): e por fim já todas em cinco volumes, no final dos anos 90, apenas publicados em russo. 

O Ensinamento do Agni Yoga foi dado às pessoas como uma nova transmissão para os séculos vindouro do desenvolvimento da humanidade, explicando os fundamentos da compreensão do microcosmo humano e do macrocosmo do Universo, e a sua interação e perfeição mútua.

                           

Em 1948, após a morte de Nicholai Roerich, partiu com o seu filho Yuri, ou George, primeiro para Delhi  e depois para a zona mais fresca dos contrafortes dos Himalaias, orientais, em Kalimpong, onde realizará a grande transição em 5 de Outubro de 1955, sem ter conseguido que o governo soviético autorizasse o seu retorno, cabendo aos seus filhos George e em seguida Svetoslav (com quem me correspondi duas vezes) levarem o espólio da família, com centenas de quadros e muitos materiais preciosos, das suas viagens para a Rússia, George ou Yuri, primeiro, e impulsionando uma importante escola russa de orientalistas. Há ainda bastante material para editar proveniente do génio de Helena e da inspiração do seu mestre Uchitil Morya.

                             

 Há actualmente na Rússia muitíssima gente e muitos grupos, nomeadamente no muito recomendável VK.com (e devo agradecer a Helena Levintova algumas informações aqui acrescentadas), que gostam e estudam os ensinamentos, inspirados no seu mestre Morya, com quem aliás Nicholai Roerich a pintou mais de uma vez. Anote-se que alguns discípulos do casal geraram escritos espirituais de  boa qualidade, tais  como os de Boris Nicolaevich Abramov (1897-1972), com as suas Facetas do Agni Yoga, em que afirma ou elogia poderosamente Helena Roerich como a Mãe do Agni Yoga, pelo seu trabalho com o Fogo Cósmico,  havendo ainda actualmente quem mantenha a ligação bem viva.

A Mãe do Mundo, o Princípio Feminino da Divindade, com o casal Roerich em baixo.

Leiamos então uma carta muito forte, e inesperada para muita gente...

 «"A força das trevas é a antítese da Luz, e não há pontos de contacto entre elas.
São precisamente as forças das trevas que usam todos os meios para se infiltrarem num empreendimento nobre e o destruírem.”

 Muitas pessoas ingénuas acreditam que as forças das trevas actuam apenas através do mal, da devassidão e dos crimes. Como estão enganadas! Apenas os seres grosseiros e as forças de graus inferiores agem dessa forma. Muito mais perigosos são aqueles que se apresentam sob o disfarce da Luz. Já conheceis um exemplo disso. Na América, existe uma Sociedade muito extensa, e a sua líder recebe os ensinamentos de um professor que não revela o seu nome, chamando-se Irmão Tibetano. Nós sabemos quem se esconde por detrás deste pseudónimo. O seu poder é grande. E o objetivo deste mestre, personificando o chamado mestre da Fraternidade Branca, é atrair para as suas fileiras o maior número possível de pessoas decentes e úteis, que poderiam ajudar eficazmente o Grande Plano dos Senhores, o Plano para a salvação do planeta. E os infelizes, enganados, sem o verdadeiro discernimento das luzes do coração, voam para o fogo negro que os consome como mariposas.
A ignorância, a falta de auto-conhecimento, leva-os ao abraço das trevas e priva-os por muito tempo, senão para sempre, da influência benéfica e da atração dos Raios da Grande Fortaleza de Luz. O Armagedão é formidável, pois as forças das trevas estão a lutar pela sua própria existência; o desespero torna-as tão unidas e persistentes em alcançar o seu objetivo. O Príncipe deste Mundo tem muitos cúmplices talentosos, conscientes e inconscientes, e é ingénuo pensar que eles não podem agir subtilmente. Eles são muito sofisticados e inventivos e actuam de acordo com a consciência das suas vítimas. Mas são todos desprovidos de calor no coração.
Tenho livros deste professor
tibetano, e são extremamente secos. Um deles chama-se  Tratado de Magia Branca. Diz-se que as melhores páginas são emprestadas dos Ensinamentos da Irmandade Branca. É interessante notar que o chefe desta Sociedade, por causa do seu próprio prestígio e para atrair apoiantes dos nossos livros, recomenda-os aos seus membros e estabeleceu aulas para estudar os livros de “Agni Yoga”. Assim, na Terra, a escuridão se entrelaça com a Luz. A teia das trevas é tecida por mãos hábeis.
Também vale a pena notar com interess
e que os condutores de uma Sociedade tão extensa são simultaneamente parte da polícia secreta ao serviço de um determinado estado.»

Elena Ivanovna Roerich. Cartas, em 9 volumes. Vol. 2, p. 55. Centro Internacional Roerich.


De Helena se escreveu neste aniversário: "Extraordinariamente bela, refinada, encarnava as melhores caraterísticas de uma mulher russa: dignidade, bondade, misericórdia, altruísmo, e foi o coração da família bem como a mentora principal e a confortadora." 

"Необыкновенно красивая, утонченная, воплотившая в себе лучшие черты русской женщины: достоинство, доброту, милосердие, самоотверженность, она была ее сердцем, главным наставником и устоем."

Uma oração e invocação Divina, ou a aspiração à Divindade...

 Pequena oração invocação escrita para ou num pedaço de papel colorido de parede que me rodeava há já algum tempo e que hoje o espírito do dia me proporcionou a redacção. Creio que nem haverá necessidade de transcrição, mas caso alguém tenha dúvidas faz o favor de assinalar nos comentários. 

Estas orações que esculpimos subitamente no papel tem efeitos benéficos pois trabalham as nossas linhas de forças espirituais tradicionais manifestando-as em pensamentos, sentimentos, palavras, aspirações, intuições, num exercitar e desvendar da sinceridade e criatividade que brota do nosso ser total. 

É bom escrevermos, orarmos pela escrita, o poema, o desenho, a aspiração ou gratidão do coração e o ritmo do canto que a voz imprime às energias, ideias e sentimentos que vamos pronunciando e escrevendo. Boas orações!




sábado, 8 de fevereiro de 2025

Antero de Quental, desenhado por Domingos Rebelo, na Revista ilustrada Os Açores, de 1922.

              Na revista ilustrada Os Açores, nº 3, de 1922, encontramos um belo desenho e texto anteriano: 
         
O porto de Ponta Delgada, desenho da capa da revista, com 35 páginas, dirigida artisticamente por Domingos Rebelo (1891-1975), notável pintor, que se formou durante seis anos em Paris e conviveu com Santa-Rita, Amadeu Sousa Cardoso e &, prosseguindo depois uma carreira de grande criatividade, perfeição e sucesso.
                                                         

 O artigo, escrito em duas páginas,  sobre Antero de Quental, provavelmente foi escrito por Domingos Rebelo, e valoriza e elogia o culto dos antigos,nomeadamente dos gémio e o esforço de reapresentar o poeta aos seus conterrâneos. Destaquemos: "Interessar o público no preito de admiração que é devido às altas faculdades intelectuais de Antero de Quental, arrancar do olvido a sua figura de pensador e a generosa bondade do seu coração de poeta, lembrar que um dos maiores  e dos mais legítimos orgulhos destes ilhas é o prestígio do seu nome universalmente admirado, era uma campanha que se impunha porque o culto dos mortos é a lição dos vivos.
É com o culto dos mortos que se cimenta o sentimento nacional, porque a alma dos vivos é a continuação da obra dos que se foram e os sentimentos dos mortos perpetuam-se no coração dos que deles vieram e para eles caminham." 
Observemos a referência à grande alma portuguesa, fortalecida pelos sentimentos que acolhemos dos que nos antecederam e pelos sentimentos e pensamentos que se dirigem para eles, numa verdadeira comunhão no corpo mística da humanidade ou no campo unificado de energia-informação-consciência em que estamos entretecidos.
A segunda página do artigo, incluindo textos do Correio dos Açores.
 
E continua o articulista: "Esta gloriosa campanha de colocar em relevo os mortos ilustres do nosso arquipélago foi brilhantemente iniciada no diário micaelense Correio dos Açores. à pena incansável do seu ilustrado director snr. dr. José Bruno Tavares Carreiro se deve a vulgarização de tantos nomes notáveis  que um injusto esquecimento apagara da lembrança dos que os deviam admirar ou venerar."  

Ampliação ou recorte da homenagem ao Dr. José Bruno Carreira (1880-1957), que uns meses antes  celebrara os XXXI anos da desencarnação de Antero de Quental, no Correio dos Açores, ressuscitando-o para os seus conterrâneos um pouco, o que conseguiria mais plenamente com a sua incontornável obra Antero de Quental: Subsídios para a sua Biografia.
Do desenho  de Antero de Quental, por Domingos Rebelo, diremos: Antero puro, lúcido, desprendido, enfrentando os mistérios da vida e da morte!
 
 Esperemos que apreciem, tanto mais que o desenho não é facilmente visível na web. Que estejam Antero, Domingos e José bem luminosos e na comunhão Divina,  nos planos espirituais, e nos possam inspirar!        
Domingos Rebelo. Lux! Amor!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

O ícone da Virgem Santa de Melikia, na Grécia, que fora atingido por cinquenta e cinco balas em 1947, reapareceu...


O jornal grego “Parapolitika” voltou a falar do ícone milagroso da Virgem Maria de Melikia, que durante mais de 50 anos se pensou estar desaparecido e que agora “reapareceu”, na igreja de Santa Paraskeva, através do padre George. Os habitantes locais tomaram este achado como um sinal de Deus. O Todo-Poderoso não os abandonou.
A primeira coisa que quem olha de perto para a rara imagem da Virgem Maria de Melikia vê são 55 balas no ícone, que não atingiram o rosto da Virgem Maria....
Isto aconteceu a 17 de março de 1947. A guerra civil tinha manchado toda a Grécia com sangue humano. Na igreja de São Nicolau, 55 soldados, mulheres e crianças tentam esconder-se das balas para se protegerem da fúria da guerra.
Mas entre eles há um traidor. Pouco antes do amanhecer, ouviram de repente tiros na sua direção. Eram os rebeldes que tentavam entrar no templo, quebrando a porta de madeira da velha igreja. Mas não conseguiram. Por isso, começaram a disparar em rajadas, sem olhar, até ficarem sem balas. Quando os rebeldes entraram na igreja em ruínas, ficaram espantados com o facto de nenhuma das pessoas estar ferida. Todas as balas tinham at
ingido a imagem da Virgem Maria.
Ela continua a olhar para tod
os com amor maternal: tanto para os “seus” como para os “estranhos”. Este milagre chocou toda a Grécia. O folclorista e jornalista George Melikis registou uma série de acontecimentos históricos milagrosos, chamando a estes fenómenos “factos inexplicáveis”.
[E agora eis um] Kondak [tipo de hino bizantino] à Santíssima Virgem Mari
a:
À Voivoda (Líder) vitoriosa, escolhida [por Deus] e que nos libert
aste dos ímpios, nós com gratidão proclamamos ser teus fiéis [discípulos, servos], ó Mãe de Deus [Jesus o Cristo]. E como tens  um poder invencível, livra-nos de todos os nossos problemas, para que possamos invocar-Te: Alegra-te, ó Noiva do Noivo.»

Extraído através do Vk.com, do site Ortodoxo de  Chelyabinsk, Православные Челябинска, traduzido do russopelo DeepL, e em seguida corrigido, sobretudo na oração, com maior ou menor felicidade, dirão...  

O facto ocorrido só pode ser explicado por uma intervenção do mundo espiritual, seja dum modo natural e as balas teriam ido bater naquela zona da pintura, ou dum modo sobrenatural e as balas, ainda que atiradas em diversas direcções, foram bater no escudo em que se tornou a pintura, para os fiéis que, atemorizados, orariam por um milagre... Lux-Amor...

Ora cum nobis, ora pro nobis...

 Православные Челябинска:

 55 ПУЛЬ, ПОПАВШИХ В ОБРАЗ ПРЕСВЯТОЙ БОГОРОДИЦЫ МЕЛИКИЙСКОЙ
В греческой газете "Параполитика" вновь зашла речь о чудотворной иконе Богородицы Меликийской, которая более 50-ти лет считалась пропавшей, и теперь "снова появилась". В церкви Святой Параскевы у священника отца Георгия. Местные жители восприняли эту находку, как Божий знак. Всевышний их не оставил.
Первое, что видят те, кто внимательно присматривается к редчайшему образу Богородицы Меликийской - это 55 пуль на изображении, которые не задели лица Пресвятой Богородицы…
Это произошло 17 марта 1947 года. Гражданская война обагрила человеческой кровью всю Грецию. В церкви Святого Николая 55 солдат, женщин и детей пытаются укрыться от пуль, дабы защитить себя от ярости войны.
Но среди них оказался предатель. Перед рассветом они вдруг услышали выстрелы в свою сторону. Это мятежники пытались ворваться в храм, ломая деревянную дверь старой церкви. Но это оказалось им не под силу. Тогда они стали стрелять очередями, не глядя, куда попало до тех пор, пока пули не закончились. Когда мятежники вошли в разрушенный храм, то были ошеломлены, что никто из людей не пострадал. Все пули попали в образ Пресвятой Богородицы. Она продолжала смотреть на всех с материнской любовью: и на "своих", и на "чужих". Это чудо потрясло всю Грецию. Фольклорист и журналист Георгий Meликис зарегистрировал ряд таких чудесных исторических событий, называя эти явления " необъяснимыми фактами".
Кондак Пресвятой Богородице:
Взбранной Воеводе победительная, яко избавльшеся от злых, благодарственная восписуем Ти раби Твой, Богородице, но яко имущая державу непобедимую, от всяких нас бед свободи, да зовем Ти: радуйся, Невесто Неневестная.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Dos dialogos e discussões, interpenetrações e harmonizações, elevações, meditações e iluminações.


 `É natural que a nossa alma, a nossa totalidade de ser, sempre que estivermos mais próximo ou mesmo íntimo de outra pessoa, interaja subtilmente com ela e passe energias e simultaneamente receba, o que altera ou afecta o estado geral psico-somático, sobretudo o aspecto criativo, vertical, espiritual, o qual, como sabemos ou intuímos, é bastante difícil de ser mantido com qualidade, profundidade do coração e elevação consciencial. Pelo que devemos desenvolver uma certa auto-consciência do que se está a passar na junção de dois (ou mais) oceanos dos biliões de partículas dos diversos níveis e corpos de que estamos constituídos.

Certamente as alterações podem ser para o bem, para o aumento da criatividade e do amor, da esperança e da abnegação e há encontros entre as pessoas em que a intensificação vertical é bastante forte e luminosa. Mas noutros casos não,  e somos centrifugados, expostos a correntes adversas ou superficiais, mais ou menos ignorantes, de acordo com o tipo e estado anímico da outra pessoa e da harmonia energética e astral do ambiente em que as pessoas se encontram ou dialogam.

As pessoas em geral tendem a considerar como certas, firmes ou garantidas as suas posições morais, filosóficas e espirituais, ou mesmo políticas, mas só se vivêssemos num sistema fechado de crenças e ideias, dogmatismos e auto-sugestões é que tal sucederia, já que a nossa ligação com as pessoas e mesmo a subtil mentalidade colectiva envolvente condiciona-nos, e a ela aderimos ou resistimos sem nos apercebermos bem da passividade ou, então, da luta férrea que acontece  quando tentamos não ser manipulados nem controlados pelas forças instintivas, sociais, partidárias, mediáticas dominantes. Nos sonhos, por vezes, observamos fortes reflexos, repercussões, reacções e repulsões resultantes de tais interacções.

Ora a um nível psico-espiritual as nossas ligações com os mundos subtis, arquétipos e  espirituais dependem da solidez das nossas fundações, as quais se enraízam ou assentam em actos, leituras, sentimentos, pensamentos, meditações, contemplações, os quais não são assim tão facilmente mantidos ou conduzidos espiritualmente, ou fluindo para tal pelo menos na intencionalidade, a não ser que desenvolvamos uma auto-consciência forte, lúcida e o mais constante possível, discernindo bem as forças ou emanações ou intenções subtis envolventes

Ora quando nos envolvemos demasiado horizontalmente, seja na exteriorização factual ou virtual com muitas pessoas, seja no diálogo ou relação mais demorada ou prolongada com alguém, temos de tentar discernir se não estamos a perder as nossas linhas de força e realização próprias, ou a dificultar e enfraquecer as das outras, e se estamos realmente a contribuir para o verdadeiro bem dessas pessoas e de nós. 

As pessoas discernem pouco os efeitos das conversas, das palavras e dos sentimentos (confessados ou expressos ou não) nas almas, nos campos psico-somáticos dos outros. Discernem pouco as trocas de energias vitai e psíquicas que estão acontecer constantemente e sobretudo entre as pessoas que se dão mais, ou se amam, ou vivem juntas e assim não se conseguem iluminar reciprocamente, não desenvolvem o seu corpo de glória ou de imortalidade, que poderia ser desperto, reconhecido e intensificado nas amizades, no amor, na relação amorosa unitiva.

Teria que haver mais silêncio, mais paz, mais contemplação nos diálogos e nas relações humanas  em vez da rapidez, superficialidade, distração e competição com que em geral se caracterizam. Mas muitas pessoas, como já é difícil conseguirem acalmar o frenesim das redes sociais, superficializam-se e dissolvem-se mais ou menos na massa consumista e manipulada por tanto desinformador e alienador profissional, avençado aos grupos de pressão da oligarquia ocidental, e tornam-se uma energia colectiva obcurecedora das melhores potencialidades que deveríamos desenvolver na curta passagem terrena.

Talvez a melhor solução para sairmos deste estado de sítio será reforçarmos a oração-meditação matinal, mas também a outras horas, pois por ela verticalizamo-nos e abrimo-nos ao Logos, à Inteligência divina que permeia o Universo e que nos pode então inspirar pessoalmente, de tal modo que, no seu nível mais elevado, a pessoa se torna uma aspiração, uma comunicação, uma comunhão com o espírito e a sua luz, com o mundo espiritual  e as suas ideias e formas geométricas,  com a Divindade e o seu Amor.

Nas, ou após as, orações e cantos, meditações e contemplações podemos ser banhados pela luz espiritual em sucessivas vagas ou frentes luminosas, podemos contemplar os raiozinhos subtis, e vamos sendo harmonizados e recarregados pelo coloridos raios cósmicos e a Luz e Amor divinos, e  deste modo a nossa alma e  canais interiores de comunicação são limpos, clarificados e fortificados e podemos então ser mais fiéis a nós próprios, ao nosso dharma ou dever, e à própria Ordem multipolar do Universo, que sempre depende de cada um de nós, pelo menos na Terra, Gaya, para que ela se torne menos terra e árvore seca mas mais Boddhi Gaya, Gaia iluminada...

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Uma carta e um apontamento sobre cartas poéticas. As amizades como manifestação do Amor divino, e o Lume perene da carta poética.

Do lume perene das cartas...

 Uma carta, mais precisamente um aerograma, uma relíquia nos dias de hoje, recebida de Inglaterra, em 1986, do padre Fisher, um amigo da bióloga  Joana Warden, uma senhora polaca de olhos verdes transparentes como a bondade  e espiritualidade da sua alma, pesquisadora na Faculdade de Ciências de Lisboa, no Jardim Botânico, muito dada ao naturismo e à espiritualidade, e que o fizera vir até Portugal para tentar curar uma comum amiga, a Maria Rosa, e conhecer mais pessoas, para isso contribuindo eu organizando no Porto  - no restaurante e centro Suribachi, no Porto, onde ensinava yoga e o caminho espiritual -,  possibilidade de  uma sessão de cura com ele, a que foram as alunas, como anotei no diário, a Teresa, a Zia, a Maria do Carmo, Maria Helena, Elisa enfermeira, Elisa Dantas e Madalena Leal. Ei-la:

                             The Rectory, Shirland. NR Alfreton, Derbshire,
20 June 1986.

      Dear Pedro
     Thank you for your friendship and love whilst I was in Porto those 2 days. Friends are God's way of showing his love to us on this pilgrimage of life.
      I hope you will enjoy your break of project and study and I hope we shall meet again.
      Everyone was glad to see me back and I start to work tomorrow. May God bless you.
                                                                         Fr. Fisher. 

        20  de Junho de 1986
            
Querido Pedro
         Agradeço-lhe pela sua amizade e amor durante os dois dias que estive no Porto. Os amigos são a forma de Deus nos mostrar o seu amor nesta peregrinação da v
ida.
        Espero que apro
veite bem a sua pausa de projeto e estudo e que nos voltemos a encontrar.
        Toda a gente ficou contente por ver-me de volta e começo a trabalhar ama
nhã. Possa Deus abençoá-lo.
                                                              P. Fish
er. 

Já o apontamento sobre cartas foi escritoem 2020, e resultou de ter trabalhado e descrito na leiloeira lisboeta Correio Velho um espólio de correspondência respeitante a João de Deus (8-III-1830 a 11-1-1896) e à sua família, e neste texto refiro a sua filha mais nova Clotilde Rafaela. É um bilhetinho escrito no meio da decifração e descrição, na conjunção auspiciosa de estar a findar a semana de trabalho e de segurar e ler a carta com um poema da jovenzinha Clotilde, nascida em 1882, e que se iniciava com extraordinária delicadeza, sensibilidade e amor, qual andorinha saindo do beiral algarvio do grande poeta e educador João Deus.   

                                  

«As maravilhas da escrita,
quando o amor da sexta-feira,
e fim duma semana de trabalho,
mais nos abençoa,
tocando nas cartas de João de
Deus e das suas filhas, limpando-as
dos fungos do tempo, beijando a
da jovem Clotilde.
E destes amores passados
fazemos o vulcão do nosso coração
explodir para Deus, para
o Sol Primordial Amor.»

                                                                                              17h. 24/7/20. 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Karl Pavlovich Bryullov, 1799-1858, um pintor da Rússia com Génio. Breve aproximação à sua vida e obra. A tela "A Esperança alimentando o Amor."

Auto-retrato de Karl Pavlovich Bryullov, 1872. 

 O 225.º aniversário do nascimento de Karl Pavlovich Bryullov - um notável pintor e desenhador de cenas históricas monumentais, de pessoas e da vida quotidiana, um pintor da transição do neoclassicismo para o romanticismo, e já com algumas intuições  do impressionismo - que conheci através de Daria Platonova, uma amiga russa na rede alternativa VK.com, celebrou-se recentemente, pois nasceu a 23 de dezembro de 1799 em São Petersburgo, numa família de artistas. O seu pai, Pavel Ivanovich Briullov (Brulleau, 1760-1833), um académico de escultura ornamental, foi o seu primeiro professor. Karl formou-se na Academia Imperial de Artes de 1809 a 1821, recebendo  o Diploma de 1º grau e  a grande Medalha de Ouro, partindo em 1823 para Itália, que sempre admirara e o atraíra. 

Inserindo-se de alma e coração na vida italiana, as suas primeiras obras manifestam a atração pela vida simples, suburbana ou rural e pura, tal como observamos em pinturas como Manhã Italiana, de 1823, e outras.

 

A sua abertura ao simbolismo, ou a sua sensibilidade simbólica e o conhecimento da filosofia cristã e greco-romana e do platonismo e neoplatonismo,  está presente em algumas telas, tal como observamos na Esperança alimentando o Amor, de 1824. 

Este Amor ou cupido é gerado ou nutrido pela Esperança - humana e arquétipa - que o tem em si,   é de alguém que lhe enviou ou  são ambos que o geram? 

                               

Talvez o que  transborde mais seja a confiança plena com que a Esperança, qual Psyché, qual Vénus, olha para o Céu da Providência  Divina e dos seus mais íntimos. Há pouco ou nenhum erotismo no pequeno Eros, adormecido junto aos seios da Esperança, belos, firmes, puros, e com as asas brancas a sugerir o Amor celestial, urânico, mas é difícil caracterizarmos ou definirmos a poesia e mensagem que se desprende desta pintura e somos levados a admitir  influências platónicas, ou que a pintura remete para arquétipos, ideias, um eidos, uma imagem no Logos  divino,  bastante subtil, mas em que se congraçam no fundo a fé, a esperança e o Amor...

A criança, o Amor em pequeno, eros, que faz lembrar as crianças de Rubens, está desfalecido de amor, ou está apenas entregue na confiança, à Alma cheia de Esperança (e Fé e Amor), à mulher sublime, à Deusa e que nos faz lembrar ainda as Virgens, de Rafael? 

O Amor rechonchudo nasceu dela ou chegou até ela e com as asas descansa, para depois partir de novo, ou antes aninhou-se onde quer autogerar-se, crescer, irradiar como Amor protaico e sempre renascendo como fogo do coração?

É  uma pintura simbólica bem difícil de ser cingida na hermenêutica e na sua origem: em que pensava, sentia e queria transmitir Karl Briullov com esta pintura tão numinosa e no seu título consagrada a uma ou duas das três Virtudes teologais, - a Fé, a Esperança e a Caridade (Amor) -, e que poderemos  ler como "quero, persevero e amo ou sou amor, e, portanto, nesta pintura pode contemplar-se a Esperança perseverando com Fé, ou confiando na ordem Divina do Universo, na gestação e manifestação do Amor, o puer eternus, que ela tem em si mesma e é... 

O conhecimento e amor à sabedoria Greco-romana de Karl Bryullov será consagrado pela encomenda que em 1825 a Embaixada Russa lhe  pede de uma cópia da icónica obra de Rafael, a Escola de Atenas, e que realizará certamente bem, embora eu não tenha conseguido obter imagem dela.

Em 1832 pinta outra obra que, pela sua qualidade, acurácia e vivacidade, alcança grande sucesso, Mulher a cavalo, que a sua amiga e musa, a Condessa Yuliya Samoylova, lhe encomendara e que depois de muitas peripécias se encontra hoje na fabulosa galeria Tretyakov, em Moscovo, capital da santa Rússia, sendo considerada uma obra-prima da pintura equestre.   

Mas será o enorme (4,56 x 5,61) óleo O Último Dia de Pompeia (pintado de 1830 a1833, sobre a cidade  que estava a ser escavada e que conhecia desde  1827), o que o tornará mais conhecido, sendo enaltecido por meio mundo, nomeadamente Alexander Pushkin (que foi seu grande amigo) e Nikolai Gogol, e que lhe permitiu receber o Grande Prémio em Paris e retornar em 1836 como um consagrado à Rússia, tornando-se professor na Academia Imperial de Artes.

                             

O seu gosto pela cultura, a literatura e as tertúlias com amigos foram bem realçadas por Svetlana Kazakova quando escreveu em 2008 um artigo, Karl Briullov e Nestor Kukolnik: Uma história de duas ilustrações, sobre as relações do pintor com o escritor então famoso, Nestor Kukolnik, o qual retratou, e a propósito de uma pintura onírica que esperamos um dia abordar.

Nestor Kukolnik (1809-1868).

«Segundo os seus contemporâneos, Briullov tinha a reputação de ser um interlocutor fascinante, estava sempre bem informado sobre as novas obras literárias, lia muito e gostava que lhe lessem enquanto descansava. Pavel Nashchokin, numa carta de referência a Alexander Pushkin, caracterizou Briullov: “Há muito tempo - nem sequer me lembro há quanto tempo - que não conheço uma pessoa tão engenhosa, culta e inteligente”. Alexander Turgenev escreveu que “com este artista, pode-se falar sobre a sua arte, e ele leu Plínio, e pede que lhe emprestem a Teoria das Cores, de Goethe...” Não é de admirar que, ao trabalhar nos seus quadros, Briullov recorresse frequentemente a romances, novelas e baladas famosos e populares na época.»
As obras românticas de Briullov abriram uma  etapa na história da pintura russa, e os seus retratos, pinturas e esboços foram reconhecidos pelos seus contemporâneos como excelentes, destacando-se uns no domínio do mundo
íntimo das almas, dos sonhos,  dos anjos,  outros pela sua alegria, naturalidade e vivacidade da vida do quotidiano e, finalmente, outros evocando temas e seres históricos, religiosos e míticos.

A maioria  dos artistas principais da segunda metade do séc. XIX admirou-o ou foi influenciado por ele e poderemos citar V. G. Perov, V.I. Surikov, A. I. Kuindzhi, A. K. Savrasov, I. I. Shishkin, V. D. Polenov, I. I. Levitan, V. M. Vasnetsov, I. M. Pryanishnikov, N. A. Yaroshenko.

          -A pintura é a língua em que as nações falam entre si” - disse este  artista da grande Rússia, tão atacada injustamente nos nossos dias de decadência acentuada do Ocidente pelos seus dirigentes avençados e desgraçados. Saibamos antes dialogar e comungar multipolarmente através da verdade, da cultura  e em especial da pintura, e em sintonia com Karl Pavlovich Bryullov que, na sua comunhão com a grande Alma Europeia (e em 1988 escrevi eu A Grande Alma Portuguesa, a partir de alguns textos inéditos de Fernando Pessoa) conseguiu unir pelo coração ígneo as duas extremidades da Europa - Portugal e a Rússia - , numa dramática pintura consagrada a uma das mestras mártires do Amor perene, ou da união "até ao fim do Mundo": Inês de Castro...: