terça-feira, 20 de março de 2018

A Primavera e o Amor dos livros aproximam e inspiram as pessoas criativamente. Da biblioterapia e criatividade.

1º dia da Primavera: o Amor dos Livros aproxima e inspira as pessoas. 
20 de Março de 2018, Nowruz!
Livraria Gostar de Ler, de Lurdes Paiva, no Porto.
 Os livros,  sendo quantitativamente no planeta os seres mais estáveis e sábios embora ora controversos ora calmos, qualitativamente são muito  catalizadores de movimentações e encontros, seja na pessoa em si mesma que os lê, seja nas livrarias onde entramos e apreciamos, seja nas apresentações que fazemos ou assistimos, seja ainda nos diálogos ou debates à volta deles.
Em si próprios, na verdade, os livros, enquanto meios de comunicação de ideias, sentimentos, vivências, imaginações e imagens, são bem poderosos em despertar nas almas leitoras respostas de afinidades que não se limitam ao espaço e tempo actual e ao dinamismo transformador que podem ocasionar, mas também recuando-as e ligando-as a seres antigos e pelo que podemos assim encontrar pessoas apaixonadas por escritoras e escritores, heróis e heroínas, ou por tempos  e épocas, já remotos da História da Humanidade.
Mas também são grandes catalizadores no presente e há muitas pessoas que por afinidades no amor aos livros ou a autores  se comunicam desde grandes distâncias e trazem ao de cima por essa afectividade partilhada não só estímulo na leitura, investigação e diálogo de certos temas, autores ou livros mas também uma qualidade cardíaca ou anímica valiosa, que é a de tornarem-nos almas inspiradoras e fortalecedoras, reciprocamente, da criatividade e voluntariedade pelo bem e a beleza, a verdade e o amor.
Este amor ou amizade entre os que amam os livros e a sua sabedoria proporcionou ao longo dos séculos valiosas correspondências afectivas ou amorosas que se concretizaram em cartas, artigos, textos, livros, telepatias, dedicatórias, presentes, etc... E que por sua vez podem dar origem a novos livros que manifestam essa reciprocidade amorosa e sábia, seja apenas na reprodução da correspondência, seja ainda em vida em trabalhos a dois, livros gerados nupcialmente ou cooperativamente...
No fundo arquetipicamente o livro  existe como transmissão de algo por amor aos seres, e está sempre, com o espaço branco da sua potencialidade em múltiplos níveis, apelando aos escritores e futuros leitores. Daí a febre da escrita de alguns, ou a admiração de outros por grandes obras e autores, participantes mais ou mesnos conscientes desse apelo primordial ou imemorial que atravessa a noite dos tempos pedindo que a palavra e a luz se façam, se comuniquem, invoquem e evoquem...
De igual modo os seres amam os livros  não só porque serão abençoados ou harmonizados pela palavras neles contidas mas também porque as pessoas são também livros, nelas se escrevendo ou imprimindo diariamente o que foi dito e pensado, sentido e vivido, numa escrita invisível que só alguém mais clarividente poderá discernir, adivinhar, intuir...
Algo disso manifesta-se no simples diário que milhões de seres ainda cultivam e que tem de quando em quando a sua intensidade aumentada, gerando poesia, sentida para alguém ou para certos seres, coisas, ideias, ideais, mas que preserva da efemeridade do dia a dia cada vez mais vertiginoso algumas palavras, imagens, cores, sons, ritmos, intuições, para uma certa perenidade, como o livro em geral permite..
No fundo os livros, já escritos ou impressos, ou ainda virtuais, potencializam desabrochamentos e trocas de ideias, de sentimentos e energias anímicas entre as fontes de inspiração e os autores, leitores e comentadores, num emaranhamento imenso entre o passado, o presente e o futuro de milhões de seres potencialmente afectados, inspirados, fortificados, curados, iluminados por tais livros.
Há seres que têm fios de ligação com muitos seres ou assuntos e estão constantemente a gerar impulsos, visões, ideias e logo páginas de escrita neles ou noutros e que um dia poderão tornar-se livros. Mas, de novo, só alguém muito clarividente é que poderá intuir que tal conversa ou tal vivência interior irá aparecer numa página de um livro futuro, ou que dela se gerarão acções bem valiosas e criativas, e de novo em  livros reflectidas, incorporadas, ligando quem sabe o a terra e o céu, os inspiradores e os escritores.
  Claro que a melhor fonte de inspiração é a Divina e não é por acaso que os livros mais lidos do mundo, como a Bíblia ou o Alcorão foram tidos, sobretudo antigamente e antes dos estudos críticos e intertextuais. como escritos por revelação divina. E embora não saibamos bem os meandros da sua feitura e inspiração, sabemos que certamente nenhum deles foi escrito ou revelado por Divindade, e que devemos nós tentar religar-nos ao espírito e à Divindade, na nossa interioridade e também pela leitura desses e outros livros  inspiradores. E, quem sabe ainda, para algumas pessoas,  pela leitura-escrita daquele livro da nossa vida que desentranhamos do nosso peito, aspiração e amor.
Para isso é fundamental volta e meia fecharmos os olhos, silenciarmos e tentarmos tornar-nos um eixo entre os mundos e abrir-nos à inspiração espiritual, nem que esta seja apenas acalmar-nos, centrar-nos, e dessa ora multiplicidade ora unidade podermos discernir melhor que pensamentos e sentimentos iremos em seguida desenvolver, que páginas escrever, que livros avançar.
Todos nós já sentimos também como humanamente podemos ser inspirados quando alguém nos responde a algum escrito ou livro de modo apreciador e como isso pode potenciar a nossa criatividade. 
E quando essa pessoa é alguém que nós gostamos, ou sentimos com mais afinidades comuns, tal apreciação pode suscitar mesmo o desabrochar de sentimentos interiores e, logo de imagens e palavras que alguns mais sensíveis poderão mesmo sentir como orações ou poemas brotando nas suas almas e se evolando para essa pessoa e para o Cosmos: "Graças, graças, graças", as Três Graças, isto é, "escreveu, apreciou, agradeceu e elevou", assim se contribuindo para o Grande Livro invisível do Amor.
A almas dessas quereria agora que este texto fosse sentido como contendo flores e perfumes, cantos de pássaros e brisas primaveris, determinações e coragem, neste dia da Primavera de modo a que elas possam abrir as janelas das suas almas e inspirarem-se, sentirem-se e determinarem-se mais criativamente e melhor para o Bem Comum e Cósmico...
Visualizo em abstracto uma alma leitora ideal e tento-a a sentir na sua inteireza e verticalidade, unidade única e graciosa, e para ela ergo a taça do  Graal plena do vinho do Amor divino na palavra e aos seus lábios e ouvidos faço chegar esta invocação da substância divina no Cosmos,  tão cantada pelos melhores poetas do Oriente do Ocidente, tão impregnada em milhões de inscrições e gravuras, páginas e livros..
Almas muito afins, as duas páginas de uma folha, num diálogo unificador de um poema de descobrimento e amor, o vento soprando inspirações e folhas, deixando-as abertas onde elas devem mais profundamente escreverem, escreverem-se...
Possam as páginas todas dos livros das nossas bibliotecas estremecer um pouco de amor, possam as nossa almas expandir-se e abranger todos os livros que lemos ou que leremos, que tocamos ou tocaremos e assim intensificar-se a energia vibratória amorosa em todas as salas, estantes, livrarias, bibliotecas e almas. 
Possa nelas se sentir o grande oceano do Amor-Sabedoria Divino que a todos nos envolve e substancia...
A  leitura, a escrita, a poesia que pode erguer-se em cada ser a cada instante é única nesse momento, a isto chamavam os japoneses ichi-go ichi-e, e felizes os que sabem criar, receber ou merecer as melhores conjunções e espirais de energias que soltarão as liras e as ressonâncias das cordas anímicas da beleza, sabedoria e amor.
 De tal modo que vendo-as ou ouvindo-as interiormente ou intuitivamente, possam depois reproduzirem-nas em palavras e ritmos, imagens e ideias, animando orficamente os livros, a Terra, as almas e espíritos, na Fraternidade humana e na Unidade primordial e divina...

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