Na exposição temporária no Museu Nacional de Arte Antiga, de Lisboa, intitulada "As Ilhas do Ouro Branco. A encomenda artística na Madeira nos séculos XV-XVI", encontramos um belo painel de pintura sobre madeira do começo do séc. XVI, onde podemos realçar três elementos principais: os Anjos, que suportam um medalhão circular com as letras IHS, e que não estão sob o olhar e a bênção de uma figuração antropomorfizada da Divindade mas antes a contêm dentro desse medalhão, constituído por dois círculos, o exterior contendo a representação do Pai ou Fundador da Trindade, de mão erguida num mudra ou gesto de ensino retórico, também adoptado como de bênção, rodeado de seis anjos, que o amam e louvam adorando, e mais dois que elevam e dois que suportam esse monograma ou campo psicomórfico de IHS, de Ihesus, ou Jesus, nome vibratório que se encontra no centro.
Podemos
dizer que os Anjos estão-nos a mostrar uma abertura circular para os mundos
espirituais e divinos, tendo ao centro como sua chave um dos sons e
nomes divinos, IHS, ligado ao mestre Jesus, bem dourado ou flamejante, numa esfera vermelha da aspiração de amor, compaixão e unidade, o que se denomina bhakti na tradição indiana...
A composição é muito dinâmica na sua roda da Fortuna e muito rica de cromatismos, em especial vermelhos e
dourados e tanto nos Anjos mais próximos e mais distantes como na aura circular ou mandalica do mundo que envolve o nome Divino, a Palavra, o Verbo, e que sabemos que ao longo dos séculos se prestou a
especulações esotéricas sobre essa Palavra Perdida, mas que em certas tradições, como a dos jesuítas, foi vista e adorada na abreviatura de IHS, passando a ser suporte de metodologias psico-espirituais, ao ser desenhada em mandala e acolhida e contemplada como ícone, tal como esta pintura consegue magnificamente.
Este IHS, que se assemelha a outros mantras da Sabedoria Perene, tais como os gregos IAO e o EI, é também ele abreviatura grega das três primeiras letras do nome de Jesus em grego: iota, eta e sema. Pronunciado e meditado, é um bom meio seja de concentração e sintonização com Jesus, ou no ígneo Amor Divino por ele manifestado, seja no som sagrado, como sonorização da Palavra, Sermo ou Verbo primordial, por exemplo na Índia reconhecido e invocado como Aum.
E com o apoio deste ícone e mandala, tal repetição orante e contemplação pode facilmente alargar, harmonizar e iluminar a consciência do meditante.
Anjos tenentes, em belas representações das melhores aspirações e intenções, sede propícios à nossa ligação Divina! Possa a nossa contemplação de vós infundir as vossas forças em nós...
Anjos, tão lúcidos quão graciosos e serenos, capazes de estimularem o nosso coração espiritual e à Divindade e Fonte nos reenviarem...
Um espírito celestial que suporta as orbes do mundo, ou as estabiliza para o nosso olhar espiritual as poder contemplar, por vezes representado nas portadas de livros das ordens religiosas ou mesmo em esculturas, qual Atlas e navegador na base da janela do convento de Cristo.
Saudações amorosas e luminosas aos Anjos da Guarda, ao misterioso ou subtil Arcanjo de Portugal, que não é S. Miguel, e à Divindade...
Que nos inspirem, iluminem e fortifiquem mais!
Que nos inspirem, iluminem e fortifiquem mais!
Segue-se uma pequena filmagem de dois minutos diante do belo e inspirador painel, bem propício para contemplação curativa e iluminativa...
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