Severo Portela (1875-1945) é um escritor algo perdido na consciência colectiva do século XXI e contudo na sua época teve certa relevância como escritor, pedagogo e republicano, publicando livros, participando em movimentos cívicos e colaborando na importante revista portuense a Águia, de Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão, onde Fernando Pessoa iniciou os seus passos, e que nos últimos tempos teve como directores , entre outros, Sant'Anna Dionísio e Agostinho da Silva, com os quais ainda convivi bem.
Que relações terá havido entre todas estas almas pouco sabemos, bem como as do próprio Severo Portela com eles.
Conheço e tenho algumas das suas obras mas é na muito valiosa Porbase, registo das obras existentes na Biblioteca Nacional e em mais algumas das bibliotecas portuguesas, que encontramos a lista das suas obras e prefácios, e constatamos que se estreou bem nas Letras, publicando em 1899, na Imprensa da Universidade de Coimbra, A Crença de Antero, voltando a ele em 1923, com a Mãe de Antero, no qual defende com a sua linguagem casticíssima Antero de Quental, zurzindo a desfiguração que lhe fora feita no In Memoriam, pelo médico Sousa Martins, e as escritas e intervenções de Teófilo Braga, bastante manipuladoras e algo invejosas até.
Nessa data de 1923 tinha já publicadas quatorze obras, duas das quais muito perenes, A Árvore e o Sentimento Português; Os Animais na Educação do Sentimento, e a sua última participação conhecida é de 1939, um prefácio. Curiosamente, em 1945, a sua biblioteca é levada à praça pela livraria Antiquária do Calhariz, na pessoa de Arnaldo de Oliveira Henriques e que é hoje dos meus amigos, e com quem tenho cooperado na descrição bibliográfica, José Manuel Rodrigues e de sua filha Catarina. Certamente um dia destes faremos um artigo sobre os textos anterianos de Severo Portela, em especial para partilhar a nossa página no Facebook, Antero de Quental, escritor, tal como este texto nasceu da ideia de o partilhar para a página Anjos e Arcanjos de Portugal e de Deus.
Teremos contudo de deixar o tempo e o Campo unificado de energia informação consciência trazerem-nos mais informações acerca das suas linhas de força, que sabemos serem de grande sensibilidade estética, ética e religiosa, com algumas obras versando este último tema, nomeadamente a pequenina recolha etnográfica dos Romances Religiosos da Beira, dada à luz na editora portuense Maranus em 1929.
O que nos interessa porém mais neste momento é partilhar um belo conto, de intervenção angélica e que tem foros de ser verdadeiro, mas que também pode ser apenas fruto da sua bela imaginação, língua e palavra. Chama-se Um Milagre dum Anjo.
Está incluído no O Presépio, um in-8º de 221 páginas, da Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira, onde Fernando Pessoa na mesma data de 1915 publicava as suas traduções de obras teosóficas, tal como também fazia José Alemquer, encomendadas possivelmente por João Antunes, outro ocultista da época com vasta produção sobre o tema e que dirigia a colecção.
O exemplar consultado está encadernado em mimosa chita florida e tem a particularidade de ter belas vinhetas e desenhos no interior, alguns com assinaturas, além de ser em vermelho a letra.
O conto não tem grandes ensinamentos sobre os Anjos, mas está escrito com uma linguagem tão sensível e requintada, simbólica e sugestiva, bem característica do final do séc. XIX e princípios do séc. XX, que vale a pena lê-lo e também ressuscitar um pouco Severo Portela, um dos manes da Pátria, um dos elos da Tradição Espiritual Portuguesa. Partilhamos assim as páginas e quem as quiser transcrever, agradecemos...
Saibamos estar mais abertos e comungar melhor com o Anjo da Guarda e o Arcanjo de Portugal, ou do nosso país. Amor, Luz e adoração, com eles, a Deus no mais íntimo...
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