Em 1941, Agostinho da Silva, na sua meritória tarefa de pedagogo, ou de educador popular com qualidade, dava à luz na sua vasta colecção, iniciada em 1940, Antologia, Introdução aos Grandes Autores, um número (como habitualmente de 24 páginas) dedicado a Tolstoi, com uma pequena biografia e um belo conto, certamente traduzido do francês, A Terra de que precisa um Homem.
Hoje, 13 de Fevereiro de 2016, quando Agostinho da Silva "faz" 110 anos, eis uma pequena homenagem as dois espirituais e pensadores, sábios no bom sentido da palavra e activistas éticos exemplares para os nossos dias de tanta subtil manipulação e violenta opressão...
Realcemos apenas na curta biografia que Agostinho traça de Tolstoi os valores que atribui aos seus pais de "vida pura, amor ao próximo e actividade social justa ou frutuosa", tão característicos da alma russa, bem como a forte aspiração ao Amor universal que Tolstoi teria recebido (ou melhor, intensificado...) de Jean-Jacques Rousseau, e que Eduardo Lourenço discerniu também no optimismo naturalista de Agostinho; e como Tolstoi se debateu numa luta grande contra os seus aspectos instintivos, egoístas e violentos, a qual durará toda a vida, dada a sua grande vitalidade, e na qual soube com grande arte na obra literária e religiosa genial mostrar que, apesar dos piores defeitos, os seres tinham sempre um potencial de transformação, de desenvolvimento, de amor, gerador de beleza, justiça e harmonia, valores tão necessários e valiosos então como agora.
Como sabemos, Tolstoi tornou-se com o tempo cada vez mais não-violento, austero e desprendido da sociedade, irradiando para todo o mundo a sua espiritualidade simples e fraterna, atraindo a si, na sua ancestral propriedade Iasnaia Poliana, por correspondência ou visita (tal a do nosso sábio vegetariano Jaime de Magalhães Lima, que dele recebeu a missão de trabalhar com as mãos, o que se plasmará na sua modelar quinta em Vagos, Aveiro). Ora Agostinho da Silva, que também viveu bastante a simplicidade e tentou fomentar comunidades descentralizadas, rurais, destacará e lúcida mente e empática alma de Tolstoi, capaz de ver os erros e dogmatismos de si e dos outros, transmitindo com eloquência, coerência e paixão o seu ideal de sociedades mais abertas à fraternidade, ao amor, à vida natural harmoniosa e simples...
Os paralelos entre Lev Tolstoi e Agostinho da Silva estão ainda parte por fazer-se e nestes tempos conturbados, que apelam tanto à comunhão com as grandes almas individuais e nacionais, saibamos trabalhá-los e erguer o santo "Graal, Graal, Rússia, Índia e Portugal"...
Agostinho da Silva com um gorro russo, tão actual face à russofobia da classe política tonta... |
Leiamos então a visão que Agostinho da Silva tinha de Tolstoi, ou a que expôs nesse prefácio em 1941, jovem de 35 anos, realçando-se ou transcrevendo-se apenas esta parte:«atacou os sacerdotes que traíam Cristo e os revolucionários que não tinham a menor vibração de generosidade e de amor; apontou como inimigos da felicidade comum os literatos para quem a arte vale mais que o homem, e os sábios que se fecham, por comodidade e egoísmo, nos seus casulos científicos»...
Saibamos despertar mais o Amor todo poderoso e generoso, na comunhão anímico-espiritual com Agostinho e Tolstoi, a Rússia e Portugal, e irradiando luz e paz para a Eurásia e o Mundo...
Post Scriptum: em 2021 resolvi transcrever a biografia toda e pode lê-la em no blogspot, com este título:Tolstoi e a sua obra
vistos com mestria crítica por Agostinho da Silva, em 1942. Comemorações
dos 193 anos do nascimento de Tolstoi, que contudo o opressivo e vendido Google não lhe apresentará, nem sequer com o link do blogue: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2021/09/tolstoi-e-sua-obra-vistos-com-mestria.html Terá mesmo de ir ao blogue e digitar Agostinho da Silva ou Tolstoi, ou então ir ao ano de 2021, ao mês de Setembro, e ao dia 9... Provavelmente censura miserável do globalismo oligárquico googliano a Tolstoi, à Rússia...
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