sábado, 13 de fevereiro de 2016

Agostinho da Silva, nos seus 110 anos, em 13/2/2016. Invocação da comunhão com ele na Alma Mundi

                                            
Faz hoje, 13 de Fevereiro (de 2016, 110 anos, ou 118, em 2024) que nasceu na Terra, em Portugal, no Porto, mas cedo partindo para Barca de Alva, junto ao rio Douro e à fronteira espanhola, Agostinho da Silva, grande amigo e pensador, activista e pedagogo dialogante e luminoso, formado na antiga Faculdade de Letras no Porto e depois em diferentes centros do mundo. Será homenageado na Faculdade de Letras de Lisboa num Colóquio nos dias 16 e 17, no qual participarei a 17, pelas 11:00, com uma oratio sobre Agostinho da Silva e a Tradição Espiritual Portuguesa.
                                                                  
Sorrindo-lhe, relembrando-me com amor das tantas vezes que nos encontramos e dialogámos, eis três quadrazinhas muito suas para meditarmos ou decorarmos (isto é, sabermos de cor, de coração e com elas entrarmos luminosamente na outra dimensão) e, depois, um pensamento seu sempre actual e para que aconteçam mais uniões e convergências, entre pessoas e grupos, tão necessárias à grande Alma Portuguesa, a nós, ao Mundo...

Alma esculpes e não pedra
A cada gesto de amor
A ti próprio te fazendo
Como todo o criador.
+
Se não sabes o caminho
E a sorte nenhum prefere
Toma então pelo mais duro
É esse o que Deus te quer.
+
Naquela ilha dos Amores
Que sonhou Camões outrora
Só entra e fica liberto
Quem lá viva desde agora.


Como sabemos Agostinho da Silva, e luminoso esteja ele na Terra mais lúcida subtil, e inspirando os seus amigos, além de ter sido um pensador, escritor e pedagogo, foi sobretudo um dialogante, um conversador, sabendo ouvir e falar ou aconselhar, sem premeditação mas espontaneamente, numa linha, lema ou tenção de sempre de unir pessoas, aproximar culturas, reforçar laços de solidariedade para desabrochamentos luminosos e plenificantes. E alguma teorização fez dessa sua particular veia poética dialogante, na qual subitamente se podia começar a navegar no mar alto da unidade dos contrários, na criatividade pura, e à qual, todos os que mais dialogavam com ele, tocava e inspirava:
«A palavra conversa tem a mesma origem etimológica que converter, o que está implicado quando um homem conversa com outro, é uma conversão de qualquer deles ou dos dois ao mesmo tempo – é converter-se aqui, converter-se a qualquer coisa que entenda os dois como as duas partes, as metades de uma certa unidade. Quando conversamos com uma pessoa, no fim de contas queremos converter-nos ou converter a nossa dualidade numa unidade superior».
Agostinho acolhendo fraternalmente a Rússia na Europa, na qual é mestra...
 
Este ensinamento, provindo de uma mestre da conversa dialogante, que sempre procurou o entendimento entre os povos, entre o Oeste e o Leste (e como ele criticaria hoje a "parvinha" da direcção russófoba da União Europeia), o Ocidente e Oriente, deve ser realmente aprofundado por nós dentro das nossas relações e na tradição cultural e espiritual portuguesa, ou luso-brasileira, ou da lusofonia, da qual ele fazia parte, embora já muito aberto, e com particular estima por Timor e Moçambique, à unidade superior planetária e universal, que assenta na matriz ou Campo Unificado de consciência energia informação que nos subjaz, sobrevoa e recompensa, caso aspiremos a ela e a mereçamos.
Podemos dizer que se convergirmos mesmo para a Verdade e em Amor, então essa Unidade superior supra-racional e temporal, se o merecemos, abre-se-nos, manifesta-se e podemos receber intuições valiosas sobre os assuntos em questão.
Que Unidade é esta, que já a Filosofia Perene ou Prisca Teologia falava, como Anima Mundi, Alma do Mundo?
É uma unidade que tem vários níveis, desde os cósmicos, solares e planetários aos humanos, onde, por exemplo, podemos realçar a lei do Amor: o amante torna-se o ser amado e a amada o amante.
Ou o que procura intensamente a Verdade e a ama, guinda ou eleva o outro a tal vibração e então, aumentada, algo mais dela se poderá revelar, expandir, frutificar.
Ou «quando dois ou três se reunirem em meu nome, eu estarei no meio deles», disse o mestre Jesus.
Isto é, quando duas pessoas ou três se reunirem, convergindo para a a busca inteligente do que será melhor, eu (verdade, unidade) revelar-me-ei na melhor compreensão ou solução a adoptar.
Ou seja, se vos reunirdes em meu Nome, ou na minha vibração de amor e verdade, então eu estarei presente, Eu como a Sabedoria e Verdade subjacentes ao Cosmos, eu como mestre e inspirador possível dos que procuram, batem e aspiram, eu como o Espírito santo, eu como comunhão dos santos, ou dos que mesmo já partidos "bodhisatvicamente" agem pela Humanidade na Terra...
Neste Campo Unificado, numa dimensão subtilmente superior   à humana (incarnada e desencarnada), mas com ela contactando, temos os Anjos nossos, que em tais momentos mais meditativos ou unitivos também podem ser contemplados, inspirando-nos..
Esta harmonia de seres e campos energéticos e psíquicos, que se fundem e intensificam, fazem desabrochar mais a Alma Mundi ou corpo místico e amoroso da Humanidade, iluminada e intensificada com tais momentos de maior irradiação benéfica para todos, para o Cosmos...
Saibamos pois conversar convergentemente e abrindo-nos ao Espírito, de cada um de nós e do Todo, espírito da verdade e do Amor e que sendo desenvolvido por nós para com outros permite-nos continuarmos a comungar com tais pessoas quando desencarnadas, como é o caso de Agostinho da Silva, que continua certamente a visitar ou inspirar muitas pessoas, pelo menos comigo assim se passa, nem que seja neste seu dia de aniversário...
E, para terminar com o nosso Agostinho da Silva, eis uma última ideia força perene e optimista, nesta luta ainda forte contra o mundo violento e desequilibrado que alguns poderes tentam impor sob as iversas formas de controle e manipulação com o famoso título de Nova Ordem Mundial, mas que é a mesma hegemonia das oligarquias anglo-americanas mas mais modernizada.
                                        
Diz-nos então Agostinho da Silva que «aos povos e pessoas da língua Portuguesa cumpriria uma missão», entre os quais particularmente o Brasil, onde Agostinho tanto desabrochou nos cerca de 25 anos em que por lá conversou e dinamizou, algo que embora pertença a todos os povos, se pode admitir utopicamente: «guiarem o mundo ao reconhecimento da sua verdadeira essência: a do espírito na matéria esplendendo», essencial verdade e meta do caminho, mas que sabemos só se vai fazendo individualmente e em pequenos grupos, cada vez mais necessários face às ditaduras que com a covinagem e as redes sociais têm sido reforçadas. Resistamos luminosa e criativamente, em pequenas redes, grupos, comunidades... Forças!
Pintura de Bô Yin Râ

2 comentários:

Luama Socio disse...

Que belo Agostinho! Ensina sobre a importância da conversa... tão necessária em nossos dias. Essa essência do verdadeiro relacionamento humano...

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Sim, Agostinho era um excelente conversador. As palavras, as histórias, as metáforas surgiam-lhe ao correr da alma e da respiração, para não dizer escrever, mas quem sabe discernir bem os mecanismos ou o processo da associação das ideias e das palavras, das imagens e das intenções? O que predominaria mais em Agostinho, ou agora em nós? Foi ele um conversador nato, ou tal disponibilidade de ouvir o outro e fazer um com ele e depois bolinarem com o melhor vento, desenvolveu mais no trópico brasileiro?
Sim, a conversão de cada um ao melhor de si, para não se ser infiel à sua criatividade e missão, constituía muito provavelmente a essência intencional do conversar de Agostinho da Silva.