sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Maria Zakharova: Ursula von der Leyen estará alucinada, conforme as suas últimas declarações? O fim do ciclo ilusório.

  Maria Zakarova, com a sua finíssima inteligência, ao considerar alucinadas as últimas declaração da presidente da União Europeia deu a entender  que Ursula von der Leyen estará cada vez mais numa crise de nervos grande face à derrota eminente da Ucrânia, ao montante descomunal do dinheiro desviado por Zelensky e os seus,  e  à queda próxima e inevitável do ditador de Kiev. 
Tenta ainda assim  manter-se poderosa e invencível, no que é ajudada pela sua enorme frieza e ambição, e não é por acaso que é conhecida como o coração de pedra,  pelo que depois da última reunião com os líderes dos países da UE, os famosos coligados dispostos a lutarem até ao último ucraniano, e até aos últimos euros dos Europeus, anunciou as condições que a União Europeia exige para se chegar à paz na Ucrânia. São elas porém tão absurdas, tão irrealistas, que só mostra quão arrogantes, orgulhosos e anti-russos são os péssimos governantes avençados certamente  à oligarquia infrahumanista de Davos e Bildberg, Rothschild, Schwab e Gates,  Soros e BlackRock, em luta de morte com a Rússia, o BRICS e a multipolaridade não submetida ao dólar.
                            
 Perante tal arrazoado de exigências absolutamente impossíveis de serem aceites pelos russos, o que eles sabem certamente, o que quererão com isso? Será apenas fuga para a frente, incapazes de terem a humildade de confessar que erraram e que não conseguiram isolar, demonizar, enfraquecer, vencer a Rússia? Ou será apenas para manterem os seu egos na mó de cima e impressionarem por mais uns dias ou semanas a população alienada e manipulada por Milhazes, Rogeiros e &, e que ainda ainda abanam a cabeça dizendo: - "Sim, Respeito por Zelensky", e "Ucrânia está a vencer" ? 
Ou será que têm alguma arma ou solução secreta e invencível nas mãos de Mark Rutte, o desgraçado e roto chefe da NATO, ou do micrónico Napoleão mas com bombas nucleares, Macron, ex-agente de investimentos do banco Rothchild, ou do sionizado Sir Keir Starmer, o maior opressor do povo britânico nos últimos séculos, que até se atreveu a deter e a perseguir o legendário defensor dos direitos humanos e dos povos do Médio Oriente George Galloway, na fotografia em conversa recente com o grande Alexander Dugin, o pai da filósofa mártir Daria Dugina Platonova?
 
Veremos brevemente, mas por ora oiçamos a excelente directora do departamento da Comunicação, do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa, e que é considerada a mais bela porta-voz do Kremlin, Maria Zakharova,  descrevendo e rebatendo quatro das exigências dos coligados vencidos, e que de tão alucinadas até deveriam ter sido publicitadas  pela inconcebível Kaja Kallas... 
                     
«Afirmou Ursula, como porta voz dos coligados: "Em primeiro lugar, as fronteiras não podem ser mudadas à força."
Ora em relação ao Kosovo,  Ursula  não pode não ter ouvido o que foi declarado, pois foi o Ocidente que proclamou e  realizou à força uma redefinição unilateral das fronteiras da Sérvia, contra a vontade do povo sérvio. [O que não se passou nem se está a passar no leste da Ucrânia, maioritariamente habitado por russos etnicamente]
Ursula: "Em segundo lugar, a Ucrânia, como estado soberano, não pode limitar o número das suas forças armadas, pois isso tornaria o país vulnerável <...> e, assim, minaria a segurança europeia."
Em outras palavras, Ursula nega a um estado soberano a possibilidade de decidir sobre as suas forças armadas?
Ora, dando um exemplo, o Tratado "2 + 4" de 1990, que regulou o desenvolvimento da Bundeswehr, e as forças armadas da República Federal da Alemanha. assumiu que deveriam ser reduzidas de 500.000 para 370.000 pessoas em quatro anos. E a Alemanha confirmou ainda renúncia previamente assinada da produção, posse e uso de armas de destruição maciça.
Ora como cidadã da RFA, uma alemã, Ursula von der Leyen deveria pelo menos conhecer a história do seu próprio país.[Mas de facto pouco sabe da história e anima mundi, senão ler os papéis que os assessores muito bem pagos lhe escrevem]
Em terceiro lugar, «o papel central da UE em garantir a paz na Ucrânia deve ser plenamente reflectido nesse acordo».
Desde quando é a União Europeia que garante a paz à Ucrânia? Esta é uma questão importante, pois é necessário registar a data do início das alucinações em Bruxelas. E, se possível, esclarecer quem é o responsável por isso e com base em quê.
Quarta parte : "A Ucrânia deve ter a liberdade e o direito soberano de escolher seu destino. Ela escolheu o destino europeu."
Esta é a parte mais absurda. Todos nós nos lembramos muito bem de como o presidente legalmente eleito da Ucrânia, Viktor Yanukovych, declarou que o país que ele então legitimamente governava suspenderia o acordo de integração europeia porque "a economia e a legislação ucranianas não estavam prontas para a associação com a União Europeia."
Ao mesmo tempo, o Ocidente lançou [a revolução] de Maidan, que levou ao golpe inconstitucional de 2014 e, em última análise, ao estabelecimento em Kiev de um regime neonazista liderado por uma minoria global. O mesmo regime na Bankova que proíbe a língua russa e realiza abertamente ataques terroristas, e "até ao último ucraniano", cumprindo as ordens de Bruxelas, da União Europeia. Será que isto é, deve-se entender, o chamado "destino Europeu."? [Pois ] O ciclo fechou-se.»
Esperemos que se conclua rapidamente, com menos mortes  e sofrimentos possíveis! Pax, Lux, Amor Dei!
 Extraído do Vk.com: 
Explanationx of Maria Zakarov about the last crazy declarations of Ursula:
«Ursula von der Leyen, after a meeting with the leaders of the EU countries, announced the European Union's conditions for achieving peace in Ukraine.
"First of all, borders cannot be changed by force."
Regarding Kosovo, Ursula could not have not heard. It was the West that proclaimed and, by using force, carried out a unilateral redefinition of Serbia's borders, against the will of the Serbian people.
"Secondly, Ukraine, as a sovereign state, cannot limit its armed forces, which would make the country vulnerable <...> and thus undermine European security."
In other words, Ursula denies a sovereign state the possibility to decide on its armed forces?
For example, the "2 + 4" Treaty of 1990 regulated the development of the Bundeswehr, and the armed forces of the Federal Republic of Germany were to be reduced from 500,000 to 370,000 people within four years. Germany confirmed the previously registered renunciation of the production, possession, and use of weapons of mass destruction.
As a citizen of the FRG, a German, she should at least know the history of her own country.
"Thirdly, the central role of the EU in guaranteeing peace to Ukraine must be fully reflected."
Since when does the European Union guarantee peace to Ukraine? This is an important question, as it is necessary to record the date of the beginning of the hallucinations in Brussels. And, if possible, clarify who is responsible for this and on what basis.
"Ukraine must have the freedom and sovereign right to choose its destiny. It has chosen the European destiny."
This is the most absurd part. We all remember very well how the legally elected president of Ukraine, Viktor Yanukovych, declared that the country he then legitimately governed would suspend the European integration agreement because "the Ukrainian economy and legislation were not ready for association with the European Union."
At the same time, the West launched another Maidan, which led to the unconstitutional coup of 2014 and ultimately to the establishment in Kiev of a neo-Nazi regime led by a global minority. The same regime on Bankova that bans the Russian language and openly carries out terrorist attacks, "to the last Ukrainian," fulfilling the orders of Brussels of the EU. This, it should be understood, is the so-called "European destiny." The cycle has closed.

Vladimir Soloviev. Brief biography. "The Spiritual Foundations of Life". The Prayer, Our Father, the name of God, and Thy will be done.

Vladimir Soloviev. Brief biography. The Spiritual Foundations of Life. The Prayer, Our Father, the name of God and Thy will be done.

                                                              

Vladimir Soloviev, a Muscovite, son of one of the most important Russian historians, Sergei Soloviev, lived only 48 years (1/28/1853-8/13/1901) but left a trail of eternal light not so much in speculative or discursive philosophy, but in idealistic and religious philosophy, mystical and soteriological, where he greatly developed the idea of the Universal Church, the role of the deep and traditional Russia, and Sophianity, or Sophialogy, for early on, at the age of 11, he was touched by the Divine under the vision of its feminine face, Sophia. Entering the youthful phase of greater Gnostic openness, coinciding with his travels and stays in England and Egypt, he delved deeper into Christianity, trying to unite the Orthodox and Catholic Church and doctrine, but with a strong emphasis on Sophia, Divine Wisdom, which is depicted in the following famous icon from Novgorod, of the XV century, the first one to represent her:
                                         
Already graduated in
 philosophy and as a professor, he distinguished himself through articles and books, friends and lectures, even having the joy of seeing both Dostoievsky (1821-1881) and Tolstoy (1828-1910) attend his lecture on Dostoievsky's work, although they had never met. Unlike his relationship with Dostoevsky, with whom he was quite friendly and a confidant, in St. Petersburg, the relationship with Tolstoy was difficult, as he, although deeply Christian, was against certain anti-natural dogmas of Christianity, such as the resurrection of the flesh or the body of Jesus, with Soloviev's letter to him attempting to prove the necessity of his existence being well known.

 His vast body of work, which came to attract the interest of German, French, and English intellectuals, and even Rudolf Steiner in one lecture spoke well of him, was not completed in some projects, such as the translation of Plato's Opera omnia, due to his premature death. The most important companions or disciples were Sergei Trubetskoy (1862-1905), Pavel Florensky (1882-1937), Sergei Bulgakov (1871-1944), and Nicholas Berdiaev (1874-1948). In Portugal, The Truth of Love is published by Guimarães Editora, an excellent book.

Pavel Florensky and Sergei Bulgakov in a mystical conversation, perhaps invoking God. Painting by the excellent Mikhail Vasilievich Nesterov
  Having published a text and video about Soloviev: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2023/05/vladimir-soloviev-vida-e-obra-santa.html, in this article I would like to present some teachings from the Spiritual Foundations of Life, which I will transcribe from the 2nd French edition, from 1949, in a small in-4º of 192 pages, written when he was 30 years old, between 1882 and 1884, and where he captured with great speculative, theological, and faith-driven strength the essence of religion, the spiritual path, and Christianity, well-prepared as he was by his studies in Christian theology and Platonic philosophy, and which can still teach and inspire us today, despite some errors of lack of knowledge or undervaluation of other religions, and the excessive valorisation of the writings of the Bible and the conceptions that were made such as that of Jehovah, of man as a sinner, and of the world dominated by evil, beyond the bodily resurrection.

                                 

 After the preface by Archbishop Michel d'Herbigny, in the 1st part, in the Introduction, it briefly addresses Nature, Death, Sin, Law, and Grace, followed by three chapters on Prayer, Sacrifice, and Almsgiving, and Fasting. In the second part, the first chapter addresses Christianity as the revelation of the Light and the universal meaning (logos) of Christ, followed by The Church and the State and Society according to Christ.
It is from the 1st chapter, about Prayer and the Our Father, that we have selected the transcribed text, a good approach to God as the source of Good, and a good justification for the need for prayer, followed by a summary by me of what it says about the Our Father prayer. May this text improve the effectiveness of prayer, without, however, underestimating other formulas or expressions of the prayer-aspiration to the Divinity, even in the way of reciting the Our Father, which can be done only in parts, or even prayed more slowly in one of its petitions, or even paraphrased-transformed by our own soul and aspiration...
"We believe in the Good, but we know that the [true] good is not within us." [Here Soloviev does not affirm the existence in us of the immortal spirit in itself, or our conscious connection to it, and that it is Good, as he believes there has been the Fall]. We must then turn to the Real Good, surrender our will to it, offer it a spiritual sacrifice, and direct our prayer to it. He who does not pray, that is, does not align his will with the supreme will, either lacks faith in Him, does not believe in the good, or thinks of himself as the absolute possessor of the good, considering his own will as perfect and all-powerful. Not believing in good is moral death. Believing that one is the origin and source of good is madness. Believing in the divine source of good, directing prayers to it, and surrendering everything to its [limited] will, is supreme wisdom and the principle of moral perfection.
If we truly aspire to a free and perfect life, we must entrust ourselves and submit to the One who can free us from evil and give us the strength to do good, and who possesses freedom and perfection for all eternity. Our soul has only the capacity to become free and perfect, but it does not possess freedom or perfection on its own; it only has the possibility [or potential] for both.
This virginal aptitude of our soul can become fruitful with a new life that will be our salvation; but, for this purpose, for there to be a true emergence of a new life, it is necessary that a principle enters into activity that carries within itself a certain creative power and is like the germ of this new life. Our soul is capable of receiving God, but this aptitude must be surrendered unreservedly to His liberator and lord, the Father of a new life; so that it does not remain barren, but becomes the mother-matter of a new spiritual life that allows it to act and create in freedom. By surrendering to Him in faith, the person unites with Him in prayer; likewise, this is the first act of faith, in which God and the human being act together.
"Faith without works is dead," prayer is the first of these works and the beginning of supernatural activity. Believing in God, we must believe that all good resides in Him, in fullness and perfection (for otherwise He would not be God) and if, in truth, all good resides in God, we cannot, by that fact, establish any good and true work by ourselves. We have no power except to not act against the good and grace that come from heaven, to cooperate with grace, not acting against it, but giving it our assent [or consent]. Divine grace turns us towards God, and we merely consent to such a conversion by our will.
Here is the essence of prayer; it is already a certain good and just work, through which we act upon God and God acts upon us. It is already the beginning of a new spiritual life, in which we experience the first movement within us. We know that this life is within us and constitutes the best of us, but also that it does not come from us (...) but comes from the Father (...)».
Hence the importance of the Our Father for Soloviev, who will try to elucidate in the sense that the Father of Lights or the Father who is in Heaven is not the source of diseases, sins, and death, but that He is, and in Him reside, the Good, the Truth, the Life. And therefore, if we truly believe in Him, we leave behind all that sick and miserable past and desire above all, or with all our heart and strength, God.

For Soloviev, the desire can be to appear: 1st something that did not exist, 2nd something that already exists, and 3rd modifications or improvements. In the case of God, "we must first desire that He reveals Himself to us, and that He tells us His name, that He communicates to us the conception, the idea by which we will know Him." [Important is this trusting receptivity to which the Divine can manifest in us, as so many more devoted or mystical beings have felt throughout the centuries. In India, such internal divine revelation is called ishta devata, the intimate and personal deity of each individual.]
                                          
"And then, having known Him, we must truly receive His revelation or acknowledge His name (...) and then we must conform to Him, so that His Name may be sanctified", or, may be more conform to the original, glorified..
Regarding "Thy Kingdom Come," Soloviev points in a traditional sense; we should desire that God reign not only in the intimacy of our hearts but also in a visible way in other souls. The obstacle to such a coming is human wills that do not want their worlds to be the Kingdom of God, or to be open or in accordance with the divine Will, which can be more discerned by applying it as a rule of conscience in daily life, asking ourselves what the will of Master Jesus Christ would be.

                                                            
Our daily bread is seen as a confident request for fulfilment on both levels of sustenance, the spiritual and the physical. Recognising the need to forgive, it warns of the deep negative forces within us that rebel against the divine will or the harmony of natural laws and multipolar fraternity, and that can tempt us in three ways, namely with sensuality (which is overcome by purity), pride (by humility), and power (to be overcome by patience and detachment). The final petition "deliver us from evil" is a new affirmation of openness to God and the higher forces to help us in adversities, without underestimating fasting and prayer, which will be the most effective means of purification and reconnection.
Here is a brief overview of wisdom regarding the value and manner of prayer, from one of the main masters of Russian, Sophiology and European philosophy and spirituality, which is worth reading and delving into.

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Dugin: Vitória para o Mundo Russo. Uma luta travada em duas frentes: Ucrânia e dentro da própria Rússia. Texto de 26/11/25

                                    
Mais um texto fervente de idealismo futurante de Alexandre Dugin,  pai Daria Dugina, a jovem filósofa mártir (mas por assassinato) desta guerra que parece avizinhar-se do seu desfecho, embora o empedernimento dos políticos ocidentais mais avençados à oligarquia infrahumanista ou diabólica de Davos, do Fórum Económico Mundial e da Open Society continuem com os megafones do ódio  e da guerra à Rússia.
Contudo até que ponto é que será tão fácil findar ou transmutar os elementos mais nazis e anti-russos das zonas fronteiriças da Nova Rússia é um enigma, que Alexander Dugin parece antever como difícil mas inevitável. Esperemos que corra bem e que a justiça, o amor e a fraternidade limpem as memórias traumáticas de tanta gente que, pela ambição desmedida do Ocidente oligárquico e woke. dos USA de Joe e Hunter Biden, Victoria Nuland e Anthony Blinken,  da NATO, de Stoltenberg e de Rutta,  de Boris Johnson, e de Zelensky e dos nacionalistas banderitas ucranianos, sofreu, ficou ferida e viu morrer tantos seres próximos ou de família. E que possa findar o ódio à Rússia, o criptonazismo e a hubris do Ocidente e dos extremistas ucranianos, e quem sabe a existência da imperialista NATO, derrotada nesta tentativa mas ainda a querer lutar, continuar, nomeadamente pelos monstros Merz, Starmer, Macron e mais alguns..
Oiçamos Alexander Dugin, uma das mais importantes vozes do mundo Russo, da multipolaridade equitativa mundial (que o BRICS incarna) e do optimismo escatológico, que a sua filha Daria Platonova tanto desenvolveu e inspira do além:
                                         
Vitória para o Mundo Russo. Uma luta travada em duas frentes: Ucrânia e dentro da própria Rússia. Texto de 26/11/25
«Na Ucrânia, derrotaremos o Ocidente, que está a lutar contra nós, precisamente na mesma altura em que derrotarmos e expulsarmos o Ocidente de dentro de nós mesmos—o liberalismo e a traição que nos dominaram na década de 1990, submetendo ao julgamento aquela realidade histórica, aqueles erros e aqueles crimes que cometemos quando destruímos uma grande potência e traímos o Mundo Russo.
Portanto, o julgamento que realizaremos depois a nossa Vitória sobre os criminosos nazis ucranianos também será um tribunal sobre a nossa própria história, sobre os anos 1990, sobre tudo o que levou a esta guerra civil fratricida e sangrenta.
Hoje, o destino da nossa Vitória lá e o destino da cura, renascimento e despertar do nosso povo aqui estão inseparavelmente conectados. Só podemos prevalecer quando esta guerra se tornar verdadeiramente uma guerra do povo, uma guerra russa, e quando nela conseguirmos vencer ou prevalecer sobre nós mesmos.
Depois da nossa Vitória, teremos inevitavelmente de relançar o Estado—não apenas o Estado das nossas terras antigas, mas o nosso próprio também. Porque será um Estado diferente, um povo diferente, uma sociedade diferente, um ciclo histórico diferente.
É claro, quando essa transição for concluída, encontrar-nos-emos num novo mundo. E teremos que pôr em ordem não apenas o que hoje é chamado de "Ucrânia", mas também o que hoje é chamado de "Federação Russa".
Seremos simplesmente compelidos a criar algo diferente: o Mundo Russo. Devemos fundamentá-lo, estabelecer as suas bases e conceber as suas novas instituições; adoptar uma nova constituição; e, em essência, simplesmente reconstituir o nosso Estado, que se tornará uma restauração plena daquela realidade histórica e daquele princípio histórico que é a Rússia Eterna, Grande e Boa. Devemos realmente despertar para cumprir o que nos foi legado desde o momento da formação de nossa estatalidade e o Baptismo da Rus'.
  O povo Russo vive no futuro. E nós existimos não "porque," mas "pela causa ou bem de." O nosso ser está à nossa frente. É por isso que respondemos tão rapidamente aos ensinamentos sobre a fraternidade universal, sobre o Paraíso na Terra. O "centro de gravidade" da pessoa russa está no futuro. Em direção a esse futuro, estamos a aproximar-nos cada vez mais. Esse futuro chama-se "Vitória."
 Neste momento o plano para esta Vitória está a ser forjado: como derrotar tanto a eles quanto a nós próprios, e como reviver, restaurar e ressuscitar tanto a eles como a nós próprios. Simultaneamente. Porque a abolição da "Ucrânia" (e isso é extremamente importante) implica a abolição simultânea da "Federação Russa" dos anos 1990. Essas duas realidades falsas e caricaturadas são o produto do colapso de uma grande potência orgânica, um Império (a União Soviética estragou muito nele também, embora também contivesse muitas realizações boas).
Por hora, contudo, não devemos argumentar acerca do passado, mas avançarmos para o futuro. Neste futuro, não haverá nem Ucrânia nem Federação Russa, mas um Grande Mundo Russo renascido, a nossa nova potência mundial com uma nova global Ideia Russa, que restaurará tudo o que é o melhor, tudo o que é antigo, e finalmente cumprirá os mandamentos dos nossos grandes santos e dos heróis de nossa história.
                                      
Teremos de mudar muito, e claro os habitantes das antigas terras devem desempenhar um papel muito importante nisso. Um papel muito mais importante do que o de uma população submissa, derrotada e colocada sob domínio estrangeiro. Mas tudo isto se tornará realidade quando a nossa Vitória se tornar realidade—não apenas sobre os outros, mas sobre nós mesmos.»

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Alexandre Dugin. O seu texto de 24/11. Estará a Europa a ser destruída pela direcção já semi-cega da UE? Deve-se controlar a emigração e apoiar os povos nos seus locais?

 Alexander Dugin hoje 24/11/25 publicou um texto na Multipolar.press, como sempre controverso mas também como sempre valioso, onde descreve alguns dos mecanismos derivados de opções ideológicas globalistas liberais que regem ou obcecam os dirigentes políticos europeus e que estão a gerar maus frutos em todos e recomenda tanto a substituição dos já lunáticos dirigentes avençados à oligarquia anti-humana, como sobretudo desenvolvermos valores, ética, multipolaridade, religiosidade (ele é cristão ortodoxo) e sacralidade, de modo a  podermos apoiar bem os países com problemas económicos (o que o BRICS está a tentar fazer), respeitar os estados islâmicos e não os dilacerar e sancionar, e controlar a excessiva emigração para o Ocidente. O texto é interessante porque expõe o que para muitos não é tão evidente. Oiçamos este filósofo político conservador, mas profundo conhecedor da filosofia, política, religião e até espiritualidade, tal como estava a ser a sua filha Daria Dugina Platonova (muita luz divina na sua alma), dois elos valiosos da Tradição Perene, embora certamente com algumas posições que não serão as de todos, mas valiosas de serem ouvidas e meditadas.
Lições do Ocidente Quebrado pela Imigração
Como a decadência política se espalha quando a ideologia substitui a realidade

«O governo de Starmer na Grã-Bretanha e os liberais da União Europeia representam o núcleo ideológico liberal, insistindo nas suas opiniões apesar do estado actual das coisas no mundo. Nesse sentido, eles assemelham-se à União Soviética tardia, quando a elite do partido e o governo soviético continuaram a confiar em modelos teóricos que contradiziam completamente a realidade. Em vez de tentarem reconciliar as suas ideias, talvez em parte corretas, com a realidade—realidade que muda de acordo com as suas próprias leis e ritmos, e exigindo novas soluções—eles começaram a insistir nas suas ideias como a verdade absoluta. E no final, tudo se desmoronou.
O filósofo Nick Land introduziu o termo "catraca [mecanismo de ajustamento] degenerativa." Eu chamo a isso de "a república": sistemas políticos e sociais que, uma vez autónomos e deixados a si mesmos, sem impulsos externos, vão chegar inevitavelmente a um único estado: declínio, colapso, crise e degradação. Qualquer sistema desidratado baseado num algoritmo ideológico que perdeu a sua ligação com a realidade, o que é chamado de verificação da realidade—qualquer sistema fechado, qualquer república, qualquer ideologia política secular ou aparelho administrativo—acaba, em última análise, num mecanismo de catraca de degeneração.
No final, resta apenas um caminho: a acumulação de uma massa crítica de erros. Uma decisão errada é seguida por outra; após a terceira vem a quarta, quinta e sexta. Cada decisão errada é seguida por uma ainda mais errada. Tudo isso se encaixa nos conceitos ideológicos, mas entra em absoluto conflito com a realidade. A União Soviética colapsou precisamente por essa razão: o mecanismo de catraca da ideologia soviética atingiu um ponto crítico, recusando-se de qualquer forma a  ajustar-se à realidade ou a responder aos seus desafios. Com esta república degenerativa, o nosso país, infelizmente, colapsou também 
O mesmo está a acontecer agora com a União Europeia e os globalistas. Eles acreditam que quanto mais imigração, melhor; que a imigração deve ser tratada com mais imigração, a estupidez com mais estupidez e as perversões com mais perversões. Eles tratam a degeneração de sua própria atividade mental com uma prótese na forma de inteligência artificial. Este é o mecanismo de catraca da república. Qualquer modelo político secular, mais cedo ou mais tarde, termina exatamente num colapso desse tipo.
Esse colapso está a acontecer agora mesmo no mundo ocidental. Os eleitores americanos levantaram-se contra isso, e os eleitores europeus também estão a levantar-se agora. No entanto, os líderes políticos da Europa—os liberais—insistirão [empedernidos na sua arrogância] nos seus modelos completamente não funcionais até o fim. Eles nomearão imigrantes como curadores da imigração, incentivarão imigrantes ilegais, acolherão muçulmanos e deixarão de lado os cristãos. Em outras palavras, qualquer ação absurda que possamos imaginar certamente será realizada pela [pindérica direcção da] União Europeia.
Estamos a testemunhar uma demonstração clara do mecanismo de catraca da degeneração. E se não animarmos o nosso próprio Estado [da Federação da Rússia], o nosso sistema político, com significados mais elevados, metas mais altas, sacralidade e espírito, chegaremos ao mesmo ponto. 
Deixar um sistema político à sua própria sorte leva inevitavelmente exatamente a isso. Ainda mais porque, infelizmente, somos formalmente uma república—o que significa que estamos condenados à mesma degeneração que os países ocidentais. Embora, é claro, eles tenham avançado muito mais nesse caminho do que nós.
Nesse contexto, é importante entender o que está acontecendo com a emigração islâmica nos países ocidentais. Os globalistas fazem uma distinção clara entre o Islão nos seus próprios países tradicionais e a emigração islâmica. Eles travam guerras contra estados islâmicos—invadindo, bombardeando e demonizando-os no palco internacional. Mas as diásporas islâmicas nos países ocidentais, por outro lado, são recebidas de braços abertos—especialmente os grupos mais radicais, desenraizados e fortemente criminalizados que transformaram o Islão numa caricatura de si mesmo.
Noutras palavras, os globalistas têm padrões duplos. Muçulmanos a viverem nos seus próprios países são "maus." Muçulmanos que vêm para os países ocidentais são "bons." Porque distorcem a sua própria tradição, que é preservada nas suas terras natais, e destroem as tradições dos outros povos entre os quais se estabelecem. Os países muçulmanos são inimigos; as diásporas muçulmanas são amigas dos globalistas.
A Inglaterra é um exemplo clássico. Keir Starmer—cujas classificações de popularidade estão agora perto de zero—persegue políticas que muitos veem como acelerando o declínio da Inglaterra, e suspeito que o seu destino político refletirá isso. Líderes como ele podem acabar enfrentando um duro acerto de contas com seus próprios cidadãos—figuras como o activista de [extrema] direita Tommy Robinson já incorporam essa crescente reação. Esta trajetória é previsível, e as comunidades muçulmanas atraídas para o projeto globalista só amplificarão a turbulência, dado o papel disruptivo que lhes foi atribuído dentro dessa agenda.
Mas o que devemos aprender com isso, nós, russos? Primeiro, os países muçulmanos devem ser nossos amigos, e os muçulmanos que vivem nos seus próprios territórios, nas suas áreas em que se estabeleceram, são pessoas maravilhosas—portadoras da tradição. Em segundo lugar, quando eles começam a se espalhar excessivamente e sem fundamentos sérios como algum tipo de micélio fúngico noutras sociedades, isso deve ser resistido. Em outras palavras, devemos ser amigos e aliados dos muçulmanos e dos países islâmicos, enquanto a migração islâmica deve ser reduzida ao máximo possível.
Quanto aos nossos muçulmanos tradicionais e nativos—como os tártaros, tchechenos e outros povos caucasianos— eles são completamente do nosso povo. Isso é uma questão diferente; eles são simplesmente nossos. Mas os estrangeiros muçulmanos que vêm para o nosso país devem ou adotar os nossos costumes ou retornar aos seus próprios países amigáveis.
Não devemos temer ofender alguém como Emomali Rahmon [o tradutor de russo para inglês deste artigo, traduzido por nós para português, e que é tajique] quando expulsarmos todos os emigrantes tajiques ilegais da Rússia. Tudo deve ser o mais rigoroso possível. Aqueles que se tornam como nós são nossos amigos. Aqueles que não querem se tornar como nós, que querem usar todo tipo de chapéus estranhos—por favor, vão para casa. Em casa, você pode fazer o que quiser. Vista o que quiser. Nós o trataremos com grande respeito, amor, amizade, reverência e parceria estratégica—mas somente quando você voltar ao seu lugar. Se você está aqui, torne-se como nós.
Assim, nossa tarefa é fazer exatamente o oposto do que Starmer na Grã-Bretanha e outros globalistas na União Europeia estão a fazer: fazer amizade com os países islâmicos, apoiá-los [importantíssimo, criar condições de vida económicas melhores] e simplesmente parar a imigração islâmica, reduzindo-a a zero. Naturalmente, isso exclui os nossos próprios muçulmanos, que vivem na sua própria pátria e que, claro, respeitam as nossas leis.»
Duas grandes almas num fotografia recente: Alexandre Dugin e George Galloway
 «Starmer’s government in Britain and the liberals of the European Union represent the liberal ideological core, insisting on their views despite the actual state of affairs in the world. In this sense, they resemble the late Soviet Union, when the party elite and the Soviet government continued to rely on theoretical models that completely contradicted reality. Instead of trying to reconcile their perhaps partially correct notions with reality—reality that changes according to its own laws and rhythms, requiring new solutions—they began insisting on their ideas as the ultimate truth. And in the end, everything collapsed.
The philosopher Nick Land introduced the term “degenerative ratchet.” I call this “the republic”: political and social systems which, once autonomous and left to themselves, with no external impulses, inevitably come to only one thing: decline, collapse, crisis, and degradation. Any such desiccated system based on an ideological algorithm that has lost its connection to reality, what is called a reality check—any such closed system, any republic, any secular political ideology or administrative apparatus—ultimately ends up in a ratchet mechanism of degeneration.
In the end, only one path remains: the accumulation of a critical mass of mistakes. One wrong decision is followed by another; after the third comes the fourth, fifth, and sixth. Each wrong decision is followed by one even more wrong. All of this fits ideological concepts, yet it enters into absolute conflict with reality. The Soviet Union collapsed precisely for this reason: the ratchet mechanism of Soviet ideology reached a critical point, refusing in any way to adjust to reality or respond to its challenges. With this degenerative republic, our country, sadly, collapsed as well.
The same thing is now happening to the European Union and the globalists. They believe that the more immigration, the better; that immigration should be treated with more immigration, stupidity with more stupidity, and perversions with more perversions. They treat the degeneration of their own mental activity with a prosthesis in the form of artificial intelligence. This is the ratchet mechanism of the republic. Any secular political model sooner or later ends in exactly such a collapse.
This collapse is happening right now in the Western world. American voters have risen up against it, and European voters are now rising as well. Yet the political leaders of Europe—the liberals—will insist on their completely non-functioning models until the end. They will appoint immigrants as curators of immigration, encourage illegal immigrants, welcome Muslims, and cast aside Christians. In other words, any absurd action we can imagine will certainly be carried out by the European Union.
We are witnessing a clear demonstration of the ratchet mechanism of degeneration. And if we do not enliven our own state, our political system, with higher meanings, higher goals, sacrality, and spirit, we will come to the same point. Leaving a political system to itself inevitably leads precisely here. All the more so because, unfortunately, we formally are a republic—meaning we are doomed to the same degeneration as the Western countries. Though, of course, they have gone much further down this path than we have.
Against this background, it is important to understand what is happening with Islamic immigration in Western countries. The globalists sharply distinguish between Islam within its own traditional countries and Islamic immigration. They wage wars against Islamic states—invading, bombing, and demonizing them on the international stage. But Islamic diasporas in Western countries, by contrast, are welcomed with open arms—especially the most radical, uprooted, heavily criminalized groups that have turned Islam into a parody of itself.
In other words, the globalists have double standards. Muslims living in their own countries are “bad.” Muslims who come to Western countries are “good.” Because they distort their own tradition, which is preserved in their homelands, and destroy the traditions of the other peoples among whom they settle. Muslim countries are enemies; Muslim diasporas are friends of the globalists.
England is a classic example. Starmer—whose ratings are now near zero—pursues policies that many see as accelerating England’s decline, and I suspect his political fate will reflect that. Leaders like him may ultimately face a harsh reckoning from their own citizens—figures such as right-wing activist Tommy Robinson already embody this growing backlash. This trajectory is predictable, and the Muslim communities drawn into the globalist project will only amplify the turmoil, given the disruptive role assigned to them within that agenda.
But what should we Russians learn from this? First, Muslim countries should be our friends, and Muslims living in their own territories, in their traditional areas of settlement, are wonderful people—bearers of tradition. Second, when they begin excessively and without serious grounds to spread like some kind of fungal mycelium into other societies, this must be resisted. In other words, we should be friends and allies with Muslims and Islamic countries, while Islamic migration must be reduced as much as possible.
As for our traditional, native Muslims—such as the Tatars, Chechens, and other Caucasian peoples—these are our own people entirely. That is a different matter; they are simply ours. But Muslim foreigners who come to our country must either adopt our customs or return to their own, friendly countries.
We should not fear offending someone like Emomali Rahmon1 when we send all illegal Tajik immigrants out of Russia. Everything must be as strict as possible. Those who become like us are our friends. Those who do not want to become like us, who want to wear all sorts of strange headgear—please go home. At home, you may do anything you like. Wear whatever you want. We will treat you with great respect, love, friendship, reverence, and strategic partnership—but only when you go back to your place. If you are here, become like us.
Thus our task is to do exactly the opposite of what Starmer in Britain and other globalists in the European Union are doing: make friends with Islamic countries, support them, and simply stop Islamic immigration, reduce it to zero. Naturally, this excludes our own Muslims, who live in their own homeland and who, of course, respect our laws.
(Translated from the Russian)

domingo, 23 de novembro de 2025

Vladimir Soloviev. Breve biografia. Os Fundamentos Espirituais da Vida. A Oração, o Pai-Nosso, o nome de Deus e o faça-se a Vossa vontade,

Vladimir Soloviev, moscovita, filho de um dos mais importantes historiadores russos, Sergei Soloviev, viveu apenas 48 anos (28/1/1853-13/8/1901) mas deixou um rasto de luz perene não tanto na filosofia especulativa ou discursiva, como na filosofia idealista e religiosa, mística e soteriológica, onde desenvolveu bastante a ideia da Igreja Universal, o papel da Rússia profunda e tradicional, e a Sofianidade, ou Sofiologia, pois cedo, aos 11 anos, fora tocado pelo Divino sob a visão da sua face feminina, Sophia. Passando a fase juvenil  de maior abertura gnóstica, coincidente com as suas viagens e estadias em Inglaterra e no Egipto,  aprofundou o Cristianismo, tentando unir a Igreja  e doutrina ortodoxa e a católica, mas com forte ênfase em Sophia, a Sabedoria Divina. Sabedoria Divina, que é representada no seguinte ícone famoso de Novgorod, do século XV, o primeiro a representá-la:

Já formado em Filosofia e como professor distinguiu-se por artigos e livros, amigos e conferências,  tendo até a alegria de ver assistirem à sua conferência sobre a obra de Dostoievsky (1821-1881) tanto o próprio como Tolstoi (1828-1910), embora ambos não se tivessem encontrado. Ao contrário da relação com Dostoievsky, da qual foi bastante amigo e confidente, em S. Pertersburg, o relacionamento com Tolstoi foi difícil, pois este, ainda que profundamente cristão, era contra certos dogmas anti-naturais do Cristianismo, tal a ressurreição da carne ou em corpo de Jesus, conhecendo-se  a carta que Soloviev lhe dirigiu tentando provar a necessidade da sua existência. 

                   

A sua vasta obra, que desde cedo atraiu o interesse de intelectuais alemães e franceses, e até Rudolfo Steiner conferenciou sobre ele, não foi concluída em alguns projectos, tal a tradução da opera omnia de Platão, pela sua morte precoce. Os companheiros ou discípulos mais importantes foram Sergei Trubetskoy (1862-1905), Pavel Florensky (1882-1937), Sergei Bulgakov (1871-1944) e Nicholas Berdiaev (1874-1948). Em Portugal está editado A Verdade do Amor, pela Guimarães Editora, um excelente livro.

Pavel Florensky e o padre Sergei Bulgakov, por Mikhail Nesterov, da Tetryakoy Gallery.
Tendo publicado um texto e vídeo sobre Soloviev: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2023/05/vladimir-soloviev-vida-e-obra-santa.html, neste artigo gostaria de apresentar alguns ensinamentos dos Fundamentos Espirituais da Vida, que irei transcrever da 2ª edição francesa, de  1949,  num in-4º peq. de 192 páginas, escrito quando tinha 30 anos,  entre 1882 e 1884, e onde cingiu com grande força especulativa, teológica e de fé  a essência da religião, do caminho espiritual e do Cristianismo, bem preparado como estava pelos estudos de teologia cristã e de filosofia platónica, e que ainda hoje nos pode ensinar e impulsionar, pesem alguns erros de falta de conhecimento ou de desvalorização das outras religiões, e da  excessiva valorização dos escritos da Bíblia  e das concepções que se fizeram, tal a de Jehová, a do homem como pecador e do mundo dominado pelo mal, para além  da ressurreição corporal.

                                                        

 Após o prefácio do arcebispo Michel d'Herbigny, na 1ª parte, na Introdução,  trata brevemente da Natureza, Morte, Pecado, Lei e Graça, seguindo-se três capítulos sobre a Oração, o Sacrifício e a Esmola, e o Jejum. Na 2ª parte aborda no 1º cap. o Cristianismo enquanto revelação da Luz e do sentido universal (logos) do Cristo, e depois A Igreja e o Estado e a Sociedade segundo o Cristo

É do 1º cap., sobre a Oração e o Pai Nosso que selecionamos o texto transcrito, uma boa aproximação a Deus como a fonte do Bem, e uma boa justificação da necessidade da oração, a que se segue um resumo por mim do que ele diz da oração do Pai Nosso. Possa este texto  melhorar a eficácia da oração, sem contudo menosprezarmos outras fórmulas ou expressões da oração-aspiração à Divindade, seja mesmo no modo de rezar o Pai Nosso, que pode ser realizado apenas por partes, ou mesmo ser orado mais demoradamente numa das suas petições, ou até parafraseado-transformado pela nossa própria alma e aspiração...

«Nós acreditamos no Bem, mas sabemos que em nós não está o [verdadeiro] bem.  [Aqui Soloviev não afirma a existência em nós do espírito imortal em si mesmo e que é Bom,ou a nossa ligação consciente a ele,  pois acredita ter havido a queda]. Devemos então dirigir-nos ao Bem real, entregar-lhe a nossa vontade, oferecer-lhe um sacrifício espiritual, devemos dirigir-lhe a nossa  oração. Aquele que não ora, ou seja não se associa pela sua vontade à vontade suprema, ou falta-lhe a fé Nele, não crê no bem ou então pensa ser ele próprio possuidor absoluto do bem, considerando a sua vontade própria como perfeita e toda poderosa. Não acreditar no bem, é a morte moral. Crer que se é a  origem e a fonte do bem é a demência. Acreditar na fonte divina do bem, dirigir-lhe as orações e abandonar-lhe em tudo a sua vontade [limitada], é a suprema sabedoria e o princípio da perfeição moral.

Se aspiramos verdadeiramente a uma vida livre e perfeita,  devemos confiar-nos e submeter-nos Àquele que nos pode libertar do mal e dar-nos a força de fazer o bem, e que possui por toda a eternidade a liberdade e a perfeição. A nossa alma  tem só a aptidão de tornar-se livre e perfeita, mas não possui por ela própria nem liberdade, nem perfeição; ela só tem a possibilidade [ou potencial] de uma e de outra.

Esta aptidão virginal da nossa alma pode tornar-se fecunda duma vida nova que será a nossa salvação; mas, para este fim, para que haja a eclosão verdadeiramente duma vida nova, é preciso que entre em actividade um princípio que traga em si mesmo um certo poder criador e seja como que o gérmen dessa vida nova. A nossa alma está apta a receber Deus, mas esta aptidão deve-se entregar sem reserva ao Seu libertador e senhor, Pai duma nova vida; de modo que ela não permanece infecunda, mas torna-se mãe-matéria duma nova vida espiritual que lhe permite agir e criar em liberdade. Entregando-se a Ele na fé, a pessoa une-se a Ele na oração; também, este é o primeiro acto de fé, no qual Deus e o ser humano agem unidos.

"A fé sem obras é a morte”, a oração é a primeira dessas obras e o começo da actividade sobrenatural. Crendo em Deus, nós devemos acreditar que Nele reside todo o bem, em plenitude e perfeição (pois de outro modo não seria Deus) e se em verdade, todo bem reside em Deus, nós não podemos, por tal facto, estabelecer por nós próprios nenhuma obra boa e verdadeira. Nós não temos, senão o poder de não agir contra o bem e a graça, que vêm do céu, de cooperar com a graça, não agindo contra ela, mas dando-lhe o assentimento [ou anuimento]. A graça divina volta-nos para Deus e nós apenas consentimos pela nossa vontade tal espécie de conversão. 

Eis a essência da oração; ela é já uma certa obra boa e justa, pela qual nós agimos sobre Deus e Deus age sobre nós. Ela é já o começo duma vida espiritual nova, na qual experimentamos em nós o primeiro movimento. Nós sabemos que esta vida está em nós e constitui o melhor de nós, mas também que ela não provém de nós (...) mas vem do Pai (...)». 

Donde a importância do Pai-Nosso para Soloviev, que tentará elucidar no sentido que o Pai das Luzes ou o Pai que está no Céu não é a fonte das doenças, pecados e morte, mas que Ele é, e  nele residem, o Bem, a Verdade, a Vida. E portanto se acreditarmos verdadeiramente Nele, deixamos para trás todo esse passado doente e desgraçado e desejamos acima de tudo, ou de todo o coração e forças, a Deus.

Para Soloviev o desejo pode ser de aparecer: 1º  algo que não existia, 2º algo que já existe, e 3º  de modificações ou melhoramentos. No caso de Deus, «devemos desejar, antes de mais, que Ele se revele a nós, e que nos diga o Seu nome, que Ele nos comunique a concepção, a ideia pela qual o conheceremos. [Importante esta receptividade confiante a que o Divino se pode manifestar em nós, como ao longo dos séculos tantos seres mais devotos ou místicos sentiram. Na Índia chama-se a tal revelação interna divina Ishta devata,  a divindade íntima e pessoal de cada um].

 E em seguida, tendo-o conhecido, nós devemos receber em verdade a Sua revelação ou reconhecer o Seu nome (…) e devemos depois conformar-nos com Ele, a fim que que o seu Nome seja santificado.»

Quanto ao "Venha a nós o Vosso Reino", Soloviev aponta num sentido tradicional; devemos desejar que Deus não reine somente na intimidade do nosso coração, mas também dum modo visível nas outras almas. O obstáculo a tal vinda são as vontades humanas que não querem que os seus mundos sejam o Reino de Deus, ou estejam abertos ou em conformidade  com a Vontade divina, a qual  poderá ser mais discernida, aplicando-se como regra de consciência no dia a dia,  interrogando-nos qual seria a vontade do mestre Jesus Cristo, face a cada indecisão ou opção a fazer-se

Pão nosso de cada dia é visto como um pedido confiante de realização nos  dois níveis de alimento, o espiritual e o físico. Reconhecendo a necessidade de perdoarmos, alerta para as forças negativas  profundas em nós que se rebelam contra a vontade divina ou a harmonia das leis naturais e da fraternidade multipolar, e que podem tentar-nos triplamente, nomeadamente com a sensualidade (que é vencida pela pureza),  o orgulho (pela humildade) e o poder (a ser vencido pela paciência e desprendimento). A petição final "livrai-nos do mal", é uma nova afirmação de abertura a Deus e às forças superiores para nos ajudarem nas adversidades, sem contudo menosprezarmos o jejum e a oração que serão os meios mais eficazes de purificação e religação.

Eis um breve apanhado de sabedoria acerca do valor e do modo de orar, de um dos mestres principais da filosofia e espiritualidade russa e europeia, que valerá a pena ser lido e aprofundado. 

A Alma do povo russo, por Mikhail Nesterov, um excelente pintor simbolista.   Oh  Sancta Russia, ora pro nobis...

sábado, 22 de novembro de 2025

Pensamentos de Svetoslav Roerich sobre a Beleza e o autoaperfeiçoamento. Com pinturas suas.

                                              

«A busca pelo Belo deve tornar-se para nós a regra do nosso relacionamento diário com a vida. E nessa demanda, poderemos expressar-nos cada vez de forma mais completa.»
Стремление к Прекрасному должно стать для нас нормой каждодневного отношения к жизни. И в этом стремлении мы сможем наиболее полно выразить себя.
Святослав Рерих. Искусство и Жизнь. Книга 1. 1951 г.
                                         

"Deve tentar evitar pensamentos negativos. Não os deixe entrar, e em vez disso, procure os positivos.  Experimente fazer isto, pois é na verdade muito simples. Somos responsáveis pelos nossos pensamentos. 
O significado ou sentido da vida humana está em alcançar-se a beleza, a harmonia e a expressão pessoal própria [O swadharma, e jivataman swarupa, da tradição indiana]. O maior desafio que nos foi lançado é o de auto-aperfeiçoamento em tudo. Se cada um de nós fizer algo mais perfeito em cada dia do que fazia anteriormente, e realizarmos tal voluntária e conscientemente, então essa aspiração  imprimir-se-á 
inevitavelmente na nossa consciência, e a soma dessas aspirações mudará o nosso comportamento para melhor.
                                      
Veja, quando Leibniz visitou Rembr
andt, Rembrandt disse-lhe que cada pincelada que ele dava numa pintura ela não só reflete os seus sentimentos e pensamentos, mas também os captura ou incarna na tela, significando que através da superfície da pintura, eles afetarão os outros. Esse pensamento confessado por Rembrandt impressionou Leibniz de tal forma que ele anotou-o no seu diário. 

Isto quer dizer que, se todas as nossas ações trazem a marca dos nossos pensamentos, então somos responsáveis pelos nossos pensamentos e sentimentos, e  não só para nós próprios, mas também para os outros. Portanto, devemos tentar evitar pensamentos maus, [negativos, nocivos], não permitir a sua ocorrência ou permanência e, em vez disso, esforçar-nos logo por gerar pensamentos positivos. Faça a experiência, tente – na verdade  é muito simples de realizar-se.» Segundo a entrevista a Svetsolav N. Roerich,  publicada em 3 de junho de 1987, na Literary Gazette. Saibamos ser mais admiradores e criadores da Beleza, aperfeiçoando-nos em tal demanda e regra, pois ela toda poderosa na harmonização dos seres e no despertar do Amor e da religação divina e fraterna multipolar.

"...You should try to avoid bad thoughts, don't allow them in, and instead strive for positive ones. Give it a try – it's actually very simple. We are responsible for our thoughts.... Svyatoslav Nikolaevich Roerich ...the meaning of human life lies in achieving beauty, harmony, and self-expression. The biggest challenge is self-improvement in everything. If each of us does something more perfectly each day than we did the day before, and does it consciously, this aspiration will inevitably be imprinted on our consciousness, and the sum of these aspirations will change our behaviour for the better. You see, when Leibniz visited Rembrandt, Rembrandt told him that every brushstroke he puts on a painting not only reflects his feelings and thoughts but also captures them on the canvas, meaning that through the surface of the painting, they will affect others. This thought struck Leibniz so deeply that he wrote it down in his diary. I mean, all our actions bear the imprint of our thoughts, so we are responsible for our thoughts – not only to ourselves, but also to others. Therefore, we should try to avoid bad thoughts, not allow them, and instead strive for positive ones. Give it a try – it's actually very simple.»

An interview with S.N. Roerich in "Literary Gazette," published on June 3, 1987.

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Mensagens manuscritas entregues aos livros antigos. Um pedido de oração pelas almas nos purgatórios, do séc. XIX.

                            
 Além das páginas impressa, o
s livros contém não só anotações e desenhos mas também folhas ou papéis manuscritos que os leitores ou possuidores resolveram acrescentar, com notas ou textos originais,  para  eles ou para futuros leitores, ou então porque os receberam de alguém e os inseriram no livro.  
Esta pequena mensagem, num fragmento de 12x10 cm, talvez de 1840-50, em letra inclinada e certinha, com algumas volutas artísticas no final de certas letras e sinais, como que remetendo-nos para as supra-linhas ou dimensões subtis, deve ter-se desprendido do interior comprimido dum livro religioso, e contém uma recomendação de oração, num enlaçamento discursivo invulgar, e que agora respira e emana ao ar livre, pois 
vamos reproduzi-la e transcrevê-la, cumprindo o que pensamos ser desejo do autor ou autora anónimo, que no fim graficamente parece ter desenhado, numa ondulação quintúpla, a continuidade de elos no grande corpo místico da Humanidade e no caso do Cristianismo:  
«Deixou a Mãe Santíssima como prémio do seu Amor o Grande prazer que teve sua Alma Santíssima quando o Santo Simeão aclamou seu filho Precioso por Filho de Deos. Rogue-lhe pelos que estão em pecado Mortal e Agonia de Morte e Almas do Purgatório.» 

Observamos dois acontecimentos: o 1º, a valorização afectiva grande de Maria por o ancião Simeão, em Jerusalém,  ter profetizado, ou descortinado clarividentemente, segundo um episódio do Evangelho segundo S. Lucas, que Jesus era o filho de Deus, ou seja, o esperado Messias (nome que significa ungido ou abençoado por Deus), aclamando-o como tal,  o que fez Maria sentir um grande prazer ou júbilo por se realizar tal bênção salvífica da Humanidade, através dela.   O 2º, nos nossos dias e na temporalidade de peregrinos no Caminho, é o pedido de alguém (Luz e Amor na sua alma) a uma pessoa piedosa, religiosa, ou então com mais tempo, que orasse à Mãe de Jesus  pelos que estão mal animicamente, subentendendo-se que ela os pode ajudar a purificarem-se, elevarem-se ou  redimirem-se seja pelo seu Precioso Filho, seja pelo sua estatura de Mãe de Jesus, seja pela alegria que ela terá por auxiliara essas almas semi-perdidas  recuperarem algo da sua semelhança divina, o que significa também o converterem-se e quererem ser  ou reconhecerem-se como filhos ou filhas de Deus, espíritos provindos da Divindade, fonte do Bem, do Belo e Verdadeiro no Universo...
Ao longo dos séculos muito se tem pensado, discutido e escrito sobre o poder intercessório ou salvífico das orações, com conflitos e oposições por vezes insuperá
veis, nomeadamente com os protestantes recusando o culto dos santos e santas e a sua capacidade de intercessão ou mesmo de Maria, mãe de Jesus. E se ainda há quem reze, muita gente abandonou essa tradição e função sacerdotal do fiel de qualquer religião.

                                           

Ora neste último aspecto, este papelinho com a sua oração é triplamente precioso por referir,  1º a preciosidade ou o preço imenso dos filhos de Deus e em  especial de Jesus, que tendo nascido homem foi erguido a estar sentado à direita do Deus Pai, no dizer de S. Marcos e do Catecismo. 2º por estender, segundo a doutrina da Igreja, a Maria essa capacidade de redenção ou salvação ou elevação humana. 3º por apelar a que pelas nossas orações sejamos também salvadores, ou pelo menos, sacerdotes, isto é sacralizadores, ou ainda cooperadores de tais ajudas e elevações das almas em situações difíceis em vida, no trânsito da morte e já depois de mortas. E como todos temos familiares e amigos que sofrem ou já partiram, pois poderemos realizá-las com mais sentimento ou raios de amor do coração espiritual, seja usando as formas clássicas já quase automáticas, ou então frases curtas inventadas por nós, tais: - Que a Luz e o Amor divino estejam contigo; - Ó Deus, ó mestres, ó espírito, abençoai-as, inspirai-as! - Que Deus brilhe mais em vós..

 Saibamos então orar melhor (com o coração e aspiração, visualização e fé)  pelos que precisam e pelos que já partiram. E lembremo-nos até de grandes escritores que  apelaram à oração para os casos purgatoriais ou purgativos descritos no pedido, e que eu curiosa ou sincronicamente citei recentemente neste blogue em Dostoievsky, e que com que beleza! : https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2025/11/no-aniversario-de-fyodor-mikhailovich.htmle  Boas orações! Seja pontífice entre os mundos luminosamente!