segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A sabedoria do pintor e mestre Svetoslav Roerich, numa entrevista em Bangalore em 1989. Com pinturas suas.

Em Outubro de 1989,  Svetoslav N. Roerich, já com 85 anos de idade, num diálogo-entrevista com  Yuri Lepsky, realizado no sul da Índia, em Bangalore (donde ainda recebi duas cartas suas), zona florestal e fragrante onde o mestre russo, naturalizado indiano (e assim melhor unindo a Rússia e a Índia) vivia e trabalhava com a sua mulher, a actriz e produtora indiana Devika Rani, transmitiu algumas ideias-forças valiosas de serem lidas e meditadas.  Eis um extracto da conversa ou satsanga luminosa:

– «Svyatoslav (Svetoslav) Nikolaevich (Roerich),  o senhor está certamente consciente das mudanças que estão a acontecer no nosso país. Muito está a mudar, muito está a ser reestruturado.  Os valores estão a ser reconsiderados, o que significa ou implica rupturas nas visões de mundo, nas perspectivas de vida e na fé. Por favor, ofereça algum conselho: onde se pode encontrar um ponto de apoio quando tudo está a mudar, quando processos intimamente vulcânicos estão em movimento na consciência colectiva? Em que é que se pode acreditar permanentemente, acima das mudanças no ambiente social? Em que é que acredita?

– Que a vida não é em vão. Que a vida de toda e qualquer pessoa está inicialmente cheia de significado.
– Mas onde encontra esse significado? 
 - Trata-se de uma pessoa se tornar melhor, mais perfeita, mudar-se a si mesma e elevar-se a um nível mais elevado de desenvolvimento no tempo que lhe foi concedido de vida-acção.
- Não será isso algo demasiado ideal para sentido de vida? E além disso, é alcançável, é realista?
- É perfeitamente realizável. Conheço pessoas que dedicaram as suas vidas à perfeição espiritual e alcançaram resultados admiráveis. Posso citar o meu pai, Nikolai Konstantinovich, e a minha mãe, Elena Ivanovna, como exemplos. 

                                          
E vou dizer-lhe agora o que o maior pensador moderno (na Índia), o filósofo Aurobindo Ghose (1872-1950), cuja vida é um exemplo de  espantosa ascensão espiritual, escreveu sobre tal: "O indivíduo não deve se submeter às massas ou fundir-se nelas;  deve encontrar a verdade do ser dentro de si mesmo e expressá-la, e assim ajudar a sociedade e a humanidade na sua demanda de verdade e de plenitude do ser."... Este deve ser o propósito da existência humana.

- Mas então a questão a pôr-se é: será que o ser humano é tão mau que toda a vida deve ser dedicada a melhorar a sua própria natureza, adquirindo  qualidades positivas novas

 - Não estou a pensar que estejamos a falar acerca de se adquirirem  qualidades novas. Estamos a falar sobre o descobrir dentro de nós próprios o que está intrínsecamente (ou inatamente) presente, mas  não  revelado ainda não trabalhando ainda em prol da Humanidade.
Por exemplo, a intuição da maioria das pessoas é ainda muito rudimentar, e o potencial do campo energético humano  foi ele 
já plenamente compreendido ou realizado por  1% que seja dos que vivem na Terra?
                                       
Será que todas as pessoas, ou mesmo metade, da Humanidade já realizaram ou se deram conta de que estão co
nectadas-ligadas por correntes de sangue-energia a tudo o que existe à sua volta?

Se a tua alma está cheia da  alegria sábia de compreender a natureza, se ela responde vivamente ao deslumbrante brilho das nuvens no pôr do Sol ou sabe sentir o antecipar do nascer do Sol, então é muito pouco provável que seja indiferente à dor humana, e certamente compreenderá ou intuirá as  razões profundas por detrás das ações e palavras...» Aum. Luz e amor para Svetoslav e Devika!

Que ideias forças então relembraremos do ensinamento de Svetoslav Roerich e da sua ética viva: a simplicidade, a procura e direcionamento para a beleza, o auto-conhecimento, o  aperfeiçoamento pessoal e espiritual, no qual se inclui o desenvolvimento da intuição, do sentir de dentro os seres e fenómenos em termos de energia e consciência, a vivência da unidade da vida na beleza e pujança da Natureza e do todo da Humanidade criativa e livre... 

Comungue então mais com a Natureza, a Terra, as árvores, o ar e prana que respira, e cultive a sua ligação espiritual e cósmica, desenvolvendo a meditação, antecipando o que vai ou pode realizar, trabalhando a intuição e o sentimento da unidade com o que a rodeia, com a Humanidade multipolar, a Beleza, o Infinito, a Eternidade e o mistério da Divindade, qualquer que seja a forma que intrínseca ou intimamente ela se lhe revele na suas orações ou meditações, cantos ou contemplações...

domingo, 26 de outubro de 2025

Devika Rani pintada pelo seu marido Svetoslav Roerich. E hermenêutica de Pedro Teixeira da Mota.

 Svetoslav Roerich pintou várias vezes Devika Rani pois ela era uma musa tanto na vida real, como na alma, como nas telas. Uma das pinturas talvez mais conseguidas é esta, que hoje de manhã, ainda nas comemorações dos 121 anos do nascimento do notável artista e mestre, resolvemos contemplar e contextualizar ou hermeneutizar, de um fôlego, pela manhã, ao sol virado para o rio Tejo áureo e tão brilhante pelo sol que o inundava.

Devika Rani... E o texto, e transcrito agora sem (quase) alterações:

«Como Svetoslav Roerich foi um apaixonado da Natureza, das árvores e plantas, o encarregado das investigações botânicas no Instituto de Investigação Himalaica Urusvati, nas faldas dos Himalaias, e mais tarde  criador de uma fábrica de extração de óleos essenciais em Bangalore, onde orientava uma propriedade muito rica em árvores e plantas aromáticas, era natural que as suas pinturas reflectissem o conhecimento profundo da Natureza que alcançara, conhecimento não só prático e científico, pois enquanto esteve no Instituto em Naggar aprofundou muito a farmacopeia tibetana e himalaica, publicando até um dicionários das principais plantas utilizadas medicinalmente, mas também animicamente clarividente discernindo as energias subtis poderosas que estão em acção no reino vegetal e que ele tentou captar e plasmar em formas e cores pujantes, sempre tão presentes nas suas obras.

Mesmo nos retratos de pessoas, onde se notabilizou, encontramos frequentemente os sinais dessa imensa sensibilidade à beleza das árvores, flores, paisagens, e é sobretudo na pintura  consagrada  à sua amada Devika Rani que mais observamos essa simbiose profunda entre o ser humano e a flor. 

Este retrato realizado em 1946 (um ano depois de se terem casado em Naggar, aonde peregrinei), de corpo quase inteiro, mostra Devika Rani Roerich brotando, qual Vénus de Boticelli, dum mar difuso de intensas flores e folhas, numa atitude de Deusa da abundância, direcionando a cornucópia das bênçãos do Amor e da Beleza sobre quem a contempla, em especial Svetoslva, ou virá a contemplar, tal nós nesta perene comunhão de elos de fiéis do Amor.

Vestida de blusa verde e de sari amarelo também esverdeado, o seu olhar é um hino de lucidez, de paz, de determinação confiante na vida (e sabemos que viera de processo bem difíceis de gestão cinematográfica), e no pintor seu marido (que tanto a ama e ela ama). Os dedos finos deslizam por entre o verde das folhas e acariciam a suavidade fragrante e colorida rosadamente das flores em ramo, que certamente Svetoslav colheu, preparou e lhe ofereceu com tanto amor que ficou imortalizado na tela e ainda hoje nos toca, intensificando-nos em tal realização por eles tão reiterada: - Procuremos a Beleza. Através da Beleza oramos. Pela Beleza a Humanidade salva-se, isto é, não se perde nas forças diabólicas, ou seja, adversárias do Bem, da Verdade, da Beleza, do Amor, da Humanidade multipolar.

Devika Rani é nesta pintura uma sacerdotiza do Belo e do Amor no templo da Natureza. Svetoslav, pela sua arte, sabedoria e amor, arquetipizou e avatarizou a Mulher árvore e flor que brota do oceano multicolorido da criação livre, harmoniosa e multipolar e para a qual somos chamados a ser também  cooperadores artísticos e luminosos, fiéis e cavaleiros do Amor e do Bem.

Que eles, no esplendor espiritual e divino,  nos inspirem e que o fogo do Amor circule nos nossos corações e almas em comunhão criativa e harmonizadora com Devika e Svestolav, no Infinito e na Eternidade...

sábado, 25 de outubro de 2025

Memorial Svetoslav Roerich (1904 -1993). Pinturas, palavras e pequeno vídeo. No 121º aniversário.

                                     
Para comemorarmos o
 121º aniversário (21-X-1904) do notável mestre russo Svetoslav Roerich, e por adopção de muitos anos de vida dedicada à Índia em Naggar e Bangalore, e por casamento em 1945 com Deviki Rani, também indiano, após a breve biografia que publicamos há dias, partilhamos agora algumas pinturas de intensas cores e algumas palavras cheias de ideias-forças.
                                          
O Mensageiro. Em fogo vai, e o ambiente tinge-se também das chamas da sua aspiração e determinação. Os obstáculos, as fraquezas e os inimigos serão superados. Saibamos manter as ligações espirituais e o fogo da energia psíquica que nos devem animar, se queremos cumprir as nossas missões e tarefas.
                              
Face à humanidade aflita ou perdida ergue-se ao longe o Arcanjo da Justiça. Vive na luz da verdade,
vence o egoísmo e a injustiça, comunga com os teus mais afins e em especial mantém os fios das ligações com os santos e santas, mestres, anjos e arcanjos, e a tua forma ou ideia da Divindade, na tua ígnea aspiração, meditação e acção, na luta criativa pelo Bem comum, e pela felicidade e maior plenitude da Humanidade.
                                       
Svetoslav Roerich (de quem ainda recebi duas cartas): «A missão de um artista é levar beleza à vida humana, revelá-la aos outros, atrair a atenção para ela e mostrar algo mais do que a comum rotina diária, a vida do amanhã, a vida de um mundo maior, o desenvolvimento da próxima etapa da nossa evolução vital. Assim, um artista deve ser também um profeta, sintonizado com o som das forças ou poderes eternos, capaz de ler e penetrar nas correntes evolutivas.»
                                          
Sendo um mestre cultural e espiritual, Svetoslav não só perscrutou as correntes em acção na sua época, como também a alma das pessoa a quem fazia o retrato, e grandes figuras políticas indianas pediram-lhe para os realizar, e ainda adornando ainda hoje o Parlamento da Índia tais retratos, e em especial tentou sondar e representar os mestres do Ocidente e do Oriente, nomeadamente Jesus e Krishna, o tocador da flauta encantadora das florestas das almas devotas, ou bhaktas.
                                 
Embora os seus pais Nicholas e Helena Roerich, grandes entusiastas das legendas que corriam no Oriente m
ilenário e algo apocalíptico, e de facto, as duas grande guerras aconteceram no seu tempo, tivessem acreditado que Jesus estivera nos Himalaias, e que havia manuscritos sobre a sua vida no mosteiro de Hemis, como desde o relato imaginativo de Nicolas Notovich (1858-1916) se afirmava, Svetoslav nunca afirmou tal, e quando o Estado indiano lhe pediu o seu parecer sobre o assunto manteve-se num discreto silêncio. Consagrou porém a Jesus Cristo algumas pinturas valiosas:
                                       
       Cristo Jesus. Tão doce, pacificante e harmonizador. Amen.
                                        
Cristo com os seus discípulos... 1930-40. Saibamos também sê-lo, perseverando nas nossas orientações mais luminosas.
                                       
Pieta. 1960. Um momento trágico da Humanidade. Abnegação, compaixão.
                                            
Humanidade crucificada. 1939. Há que agir e contribuir para libertá-la da ignorância e manipulação, exploração, opressão e sanções, ódios e mentiras, racismo, oligarquia e hegemonia.
                                
De novo, o Anjo soará. 1976. Saibamos chamá-lo e ouvi-lo e com ele ressuscitemos para o mundo espiritual e a adoração divina.
                                            
Svetoslav Nikolaievich Roerich: «Queremos criar uma vida mais feliz? Queremos mesmo? O que é essa vida mais feliz? Observemos que, sem dúvida, devemos relembr
ar-nos dos elementos espirituais… Infelizmente, esquecemos de onde viemos, para onde vamos e o que somos. Esquecemos que viemos da Eternidade. A Eternidade está à nossa volta… O Infinito e a Eternidade estão presentes em cada um de nós. Estamos carregando-os, e são grandes sensações-sentimentos. Infelizmente, frequentemente  esquecemo-nos disso. Agora - como fazê-lo (ter uma vida mais feliz)? Tudo é simples, extremamente simples! Só precisamos de relembrar todos os dias que hoje queremos fazer algo melhor do que fizemos ontem. Para que seja pelo menos um pouco melhor. Este desejo de seguir em frente ou avançar  é tudo!.. É por isso que estou a dizer que tudo é muito simples…» 

Sejamos mais simples, mais desprendidos de desejos e receios, e comunguemos  com os elementos espirituais, nomeadamente o espírito, e os grande seres, santos e santas, mestres, anjos e arcanjos e as correntes divinas que possamos merecer, e emanemos luz da sabedoria e o calor do amor! Saudações especiais a Svetoslav, enviadas de Portugal!

                         

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

A pedagogia do belo e do bem, no pintor e mestre Svetoslav Roerich. Com 14 pinturas suas e testemunhos.Comemorações do seu 121º aniversário

Auto-retrato. (Rússia, 1904 - Índia, 1993).

A mãe, Helena Roerich, inspiradora de subtis aspirações e comunicações
O pai, Nicholas Roerich, o seu mestre de pintura, secundado depois pela Natureza.

 «A beleza será o nosso melhor guia e amigo, a grande tocha da inspiração. Então, vamos procurar a beleza na vida.
Então, vamos todos esforçar
-nos pelo belo, mas não por algo abstrato, fora de nós, mas por algo que faz parte de nós, tentando trazer a beleza para todos os aspectos da nossa vida diária. Vamos executar qualquer pequena tarefa com mais perfeição – em outras palavras, realizá-la cada vez melhor em cada vez menos tempo e com cada vez mais atenção. Vamos ter em atenção o nosso modo de falar para podermos usar uma linguagem bela e exprimir-nos corretamente. Vamos esforçar-nos para nos vestir de forma adequada, como se fôssemos encontrar alguém muito importante para nós. Vamos demonstrar o maior interesse pelo nosso próprio comportamento, e pelo nossos encontros com outras pessoas. Não digam: "E qual é a utilidade disso? Como é que nos pode ajudar?" pois ajuda. Da mesma forma, quanto às nossas casas e aos quartos em que vivemos, devemos  esforçar-nos por mantê-los num estado de limpeza impecável, pois isso ajudará os nossos pensamentos. Não há jogo mais emocionante do que aquele em que nos esforçamos para ser melhores e aperfeiçoamos os aspectos multifacetados de nossas vidas. Quase que imediatamente notaremos a diferença. E a sensação de que somos donos de nossas vidas dar-nos-á alegria infinita. Conhecemos aquela nova leveza que nasce do sentimento de realização. É um sentimento muito autêntico, pois o auto-desenvolvimento é verdadeiramente a maior conquista. A beleza será o nosso melhor guia e amigo, uma grande tocha de inspiração. Então, vamos demandar a beleza na vida.» Svetoslav Roerich, Arte e Vida.
                                                                  
                                                   A mulher, Deviki Rani, flor do amor e da sabedoria.
 -                                                              
O pai, vestido no modo tibetano, aquando da expedição central que percorreu longamente o Tibete.
                                                         
A mulher, Devika Rani, com quem viverá quase 50 anos em perfeito amor e entendimento.

De uma carta de Devika Roerich para K. A. Molchanova, de 25 de novembro de 1968:                
«O que é de mais belo em Sviatoslav é a simplicidade absoluta. Ele é completamente simples, como uma criança pequena, e seu coração está cheio de amor não apenas por todos os seres vivos, mas por todo o Universo. Ele parece sintonizado com o Infinito, e no entanto sabe colocar a mão em qualquer trabalho, por mais insignificante que seja, se precisar ser feito. Recebe a todos com cortesia, amor e interesse. E eu não paro de me maravilhar com sua paciência infinita, que observo ao longo de toda a nossa vida juntos, e ainda assim continuo a maravilhar-me com a forma maravilhosa como ele sabe viver.»

Deviki Rani, também intuindo, vendo, pintando, numa bela imagem inspiradora da sua abertura sensível e perscrutante.

Um tema que Svetoslav e o pai Nicholai Roerich pintaram várias vezes, pois foram, com grande qualidade e universalidade, mensageiros da beleza, da arte, da cultura, do espírito. Saibamos nós também sê-lo, não nos perdendo ou desorientando nas alienações e manipulações das redes sociais e da comunicação social ao serviço da oligarquia globalista infrahumana que rege a UE, USA, NATO... Sejamos Cavaleiros do espírito, face às forças das trevas ou do mal, tentando unir os elos, defender o Dharma e apoiar e desenvolver a justiça sábia, a multipolaridade, a liberdade, a Humanidade religada à Divindade.

 «A nossa demanda interior por algo mais perfeito, por algo mais belo, é essa grande força interior que nos muda e também muda as nossas vidas.  Sem essa chama interior, uma pessoa não pode despertar as suas energias ocultas e não pode ascender a um nível mais elevado de conhecimento e experiência. Esse impulso interior rumo à sua culminação desperta certos nervos ou canais que são condutores de energias ocultas.» Citado de Svetoslav Roerich, por Lyudmila Shaposhnikova, em  Uma Mensagem de Beleza.

Um monge e yogi tibetano num pináculo nos Himalaias, meditando, controlando os pensamentos, comungando com as energias ígneas espirituais, tal como Svetoslav referiu, sendo postas em acção pela nossa aspiração à beleza, à perfeição, à Verdade, à Divindade.
Montanhas e suas nuvens repletas de energias, seres, mensagens, cores. Tema muito frequente no pai, e que todos nós podemos por vezes captar...
Uma visão bastante original do famoso Fujiyama, que até eu, com grande dificuldade, escalei.
Espaço planáltico himalaico, entre montanhas e muito tingido do infinito e do divino. 
Duas pinturas muito originais simbólicas, futuristas e cosmicizantes, esta 1ª um óleo de 1968, intitulado: "Não deves ver esta chama."

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Aniversário de Svetoslav Roerich (1904-1993): vida e ensinamentos. A beleza é salvífica. A educação estética, ética e espiritual são essenciais.

  No dia 23 de outubro comemoram-se os 121 anos do nascimento  do notável artista russo  Svetoslav Nikolayevich Roerich (1904 - 1993),  o segundo filho, ou o mais novo, após Yuri ou George, de Helena Ivanovna e Nikolai Konstantinovich Roerich - e que foi estudante de arquitectura,  filósofo, apaixonado pelas ciências naturais (trabalhou com óleos essenciais, de alfazema, construindo até uma fábrica na sua propriedade) e sobretudo pintor e retratista, tornando-se, como os restantes membros da família Roerich, uma figura pública mundial.
 Os doze primeiros anos de vida viveu e estudou onde nasceu, em São Petersburg, e dotado para a pintura e o colecionismo e a museologia começou a aprender com o pai Nicholas e depois a ajudá-lo em cenários e obras grande. Após ter estudado temporariamente arquitectura em Londres e nos USA, participou nas fundações, instituições dos pais, sendo ora director ora vice presidente, e foi desenvolvendo a pintura de retratos onde adquiriu uma grande mestria, ao conseguir penetrar bem na intimidade ou especificidade psico-espiritual do retratado, tal como vemos em relação ao seu pai.
                                
Pela qualidade da sua arte e do seu magistério museológico, estético, ético, filosófico e espiritual foi chamado o Mensageiro do Belo, na linha do seu pai Nicholas,  seu mestre, e sua mãe Helena.   
Foi  na Índia onde viveu, investigou e pintou a partir de 1928,  primeiro em Naggar, junto  aos Himalaias, onde foi o responsável pelo departamento das ciências naturais no  Urusvati, Himalayan Research Institute fundado pela família após a legendária expedição à Ásia Central,  realizando valiosos trabalhos sobre minerais, plantas, farmacopeia, alquimia. 
 E em segundo lugar ou depois em Bangalore, para onde foi viver desde que seu pai morreu em 13-XII-1947, e  onde colaborou com o governo da Índia, seja contribuindo para que Nehru (de quem pintou um retrato que está hoje no Parlamento) assinasse o Pacto Roerich de protecção dos monumentos mundiais, seja subsequentemente orientando e supervisionando  a preservação de monumentos indianos. Simultaneamente trabalhou com óleos essenciais, construindo até uma fábrica na sua propriedade densa e fragrantemente arborizada, com máquinas vindas da Europa, para extrair o óleo de alfazema.
 Casou em 1945 com a pioneira e legendária actriz indiana Deviki Rani, sobrinha-neta de Rabindranath Tagore e viúva dum famoso produtor cinematográfico, e peregrinaram ou singraram numa relação ou união muito profunda e feliz cerca de 50 anos. 
                                             
                                        
Após a desencarnação de Svetoslav a 30-I-1993,  Deviki Rani partiu para se reunir a ele nos mundo subtis a 30-I-1994 e, sem herdeiros, começaria uma saga para a preservação museológica da casa e de 241 pinturas, preservadas numa galeria de arte vizinha, e dos milhares de livros e objectos ao abandono nas divisões da grande casa ainda hoje à espera do tratamento adequado, numa Índia imensa e tão rica mas por vezes muito madrasta para os seus valores culturais.
O mensageiro.... Tema recorrente na pintura do pai e do filho... Muitos  são os mensageiros luminosos... Sê mensageiro da Luz e do Amor divinos...
                                                
A obra de Svetoslav Nikolaevich Roerich está intimamente ligada a uma visão fluída, dinâmica e espiritual do mundo, e ao ensinamento filosófico-espiritual denominado Ética Viva, desenvolvido pelos seus pais nos livros do Agni Yoga e em vários volumes de cartas. Foi  um pensador profundo, que conseguiu desenvolver as suas posições e ideias mais importantes, seja na sua forte e colorida pintura seja na escrita e palavra.
 Svetoslav Nikolaevich Roerich conhecia bem o poder da Beleza e sabia que ela era capaz de transformar plenamente as nossas vidas, e realçava tal dinamismo constantemente: "Levemos a mensagem de beleza a cada coração, a cada lar",  – "Que a busca pelo belo seja nossa oração diária... A busca pela beleza é o que aproximará as pessoas e salvará o mundo. É preciso pensar na beleza nos momentos difíceis da vida."

Em 23 de outubro de 1994, Liudmila Shaposhnikova, escrevia no jornal Mensageiro do Belo«completam-se 90 anos do nascimento de Svetoslav Roerich. Ele já não está  connosco no plano terreno, mas nada nos impede de estar com ele no plano mental. Ao pensarmos em alguém, unimo-nos a essa pessoa no plano mental, e esse plano é tão real quanto o nosso plano material, embora não seja visível à nossa visão terrena.
Além dos olhos físicos, há também os olhos do coração. "Olha com os olhos do coração" - assim foi dito. E então veremos que Sviatoslav Nikolaevich está ao nosso lado e  fala-nos sobre o que é mais essencial, o que tanto necessitamos nas viragens decisivas da nossa história. 

                                                          
Diz-nos ele: "Levemos a mensagem de beleza a cada coração, a cada lar. Que a busca pelo belo seja nossa oração diária... A busca pela beleza é o que aproximará as pessoas e salvará o mundo... É preciso pensar na beleza nos momentos difíceis da vida..."

                                                            
Ao homenagear hoje Svetoslav Rerich, procuramos avaliar, na medida da nossa consciência, não apenas a grande importância de suas telas de pintura, mas também suas palavras dirigidas a nós. Nelas está o programa de ação para chegar à luz do futuro.
Disse ele: "Em todos os períodos do tempo, as pessoas verdadeiramente grandes tiveram como o seu maior desejo – construir uma sociedade mais perfeita e humana". Pois essa construção começa em nós mesmos, pois cada um de nós é uma partícula dessa sociedade. Sviatoslav Roerich não oferece nenhuma receita sobrenatural para esse auto-desenvolvimento. Tudo é muito simples e acessível a qualquer pessoa que queira.
O dia de hoje se torna-se um pouco mais suave e melhor do que ontem. Fazermos o nosso trabalho hoje melhor do que ontem. Aprender a ver a beleza tanto no mundo que nos rodeia, quanto na natureza e na arte. "A felicidade está em nós mesmos", diz Svestolav. E apela a acreditarmos no futuro. E vermos a humanidade como uma única família, onde o bem-estar e a vida de cada um dependem do bem-estar e da vida dos outros, porque então muitos problemas desaparecerão por si só. "Um Novo Mundo chegará, belo, maravilhoso, que trará consigo as nossas melhores esperanças."»

Conservo ainda as duas cartas que ele me enviou quando em jovem peregrinei na Índia, mas sem o ter conseguido encontrar dadas as grandes distâncias...

      Foi dit de Svetoslav Roerich (muita luz e amor brotem dele!): 
«... Talvez não haja outra frase que tenha desempenhado um papel tão importante na vida e nos pensamentos de Sviatoslav Nikolaevich quanto esta, "Procurar o Belo".  Para ele, as palavras "Demandaremos o Belo" eram como uma frase-feitiço, um mantra.  Tal dito ou lema soava especialmente nos seus lábios no final de 1989, quando  veio da Índia  para a Rússia, a fim de organizar o Fundo Roerich Soviético. Ele assinava as suas fotografias com tal lema, mencionava-o em quase todas as entrevistas que dava a jornais e revistas, e pronunciava-o diante da televisão. Para Svetoslal, tal lema estava cheio do significado mais profundo. »

Podemos pois dizer nós hoje, admiradores e amigos de Svetoslav, que  o mantra  Aspirar ao Belo, Procurar o Belo, Demandar o Belo, será uma boa ideia-força  para recebermos como seu presente ou bênção no seu 121º aniversário.
                                
A nossa causa comum crescerá, f
oi o título dado à entrevista de Svetoslav Roerich ao jornal Cultura Soviética, em 1940 e nela transmitiu-nos um ensinamento bem valioso de ser meditado: «O nosso anseio interior por algo mais perfeito, mais belo, é a grande força interior que nos transforma e transforma também nossas vidas. Sem essa chama interior, o homem não pode despertar as energias ocultas em si mesmo e não pode ascender a um nível mais elevado de conhecimento e experiência.»
                                

Saibamos pois aspirar a elevar-nos o mais possível, a despertar as energias profundas e a criar ou dar de nós, com aspiração e força, as formas e ideias belas e sábias que ajudarão a ampliar ou a melhorar o nosso estado consciencial e os das pessoas a quem chegamos e logo contribuir para harmonização da vida social, tão dilacerada por divisões ideológicas e sobretudo emocionais e de opiniões, e em que sem dúvida a falta de conhecimentos históricos, filosóficos e espirituais e sobretudo sentido ético e estético é aflitiva, desde os políticos às câmaras municipais, dos programas televisivos às decorações das casas, até finalmente à qualidade do que deve ser o templo invisível da alma, onde deveríamos, seja pontífices ou construtores das pontes que ligam os mundos, multipolarmente na Terra, espiritualmente no Cosmos sagrado subtil e seu centro Divino, seja arquitectos das colunas e altares internos, como Svetoslav foi, tornar as nossas almas e vidas mais em sintonia com os arquétipos, padrões, formas e ritmos que evidenciam que a Beleza é Divina, que pela Beleza oramos, que o Belo, o Bem e a Verdade devem por nós ser desenvolvidos perseverantemente.... Ars longa, vita brevis...

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Orações nestes tempos que correm revoltos. Que a Luz e o Amor espirituais e divinos nos abençoem.

 - Ó Meu Deus, eu te invoco, eu te quero amar, eu te quero merecer mais. Vinde, ó subtil sensação-presença espiritual ou divina...

No meio da agitação e do labor, abro no meu coração um pedido e uma irradiação afectiva para Ti. 

Que ela possa brotar do vero íntimo e me transforme e purifique na personalidade, por onde ecoam as palavras e os mantras que sentidamente envio para as alturas do peito e da cabeça, e dos céus.

Ó meu Deus, quantos seres te adoraram e amaram, labutaram e se sacrificaram tão intensamente que é impossível que tal fogo se tenha desvanecido da memória íntima da grande alma da Humanidade, do campo unitário de energia consciência informação em que todos temos o nosso ser, e que muito mais devemos reconhecer, sintonizar e meditar unificadora e iluminadoramente. 

Ó devas, anjos e arcanjos, ó grandes seres, ó sorores nossas, ó poetas e vates idealistas de todos os tempos, ó líderes, pensadores e trabalhadores abnegados, ó cristais puros da altas montanhas do Gerês, da Estrela, do Marão e dos Himalaias,  onde quer que estejais, irradiai, protegei e inspirai aqueles que na Humanidade por vós clamam na luta e  aspiração pelo fim da opressão política do Ocidente decadente  e pela vitória da libertadora multipolaridade equitativa e fraterna.

Que haja mais Luz e Amor nos corpos, almas e espíritos, famílias, grupos e nações, harmonizadoramente, libertadoramente.