Duas aproximações ao Amor, uma escrita no Outono-Inverno de 2017 e melhorada em 14-I-2019 e a outra improvisada, inspirada, satsanguizada, na manhã de 24-XII-2017.
O que é o Amor?
É a irradiação mais íntima e profunda, elevada e abrangente de cada ser?
Brota naturalmente, requer o esforço ou nasce sobretudo da reciprocidade e da gratidão?
É a energia, vibração, som, força primordial, substancial e unitiva de toda vida?
É nos seres a atracção e apreciação geradora e afectiva, futurante ou frutificante?
É a capacidade ou faculdade mais valiosa determinante na evolução do ser humano?
Tentemos sondar, aproximar, aprofundar esta qualidade ou força, ainda assim, apesar de tantos grande seres de amor ao longo dos séculos, tão limitada, ferida e sequestrada neste planeta...
Embora ultrapassando as capacidades cognitivas da mente limitada humana e de todas as suas ciências, podemos ousar dizer que a nascente, fonte e origem do Amor é a Divindade, o Espírito Primordial...
É do Seu seio ardente abismal e inconceptualizável que a Divindade como Amor emanou a imensidade infinita dos seres e mundos e os une.
A Divindade é então Amor, beatitude, felicidade, em si e em nós...
E, certamente, invocarmos, sentirmos e intuirmos, ou mesmo vermos e partilharmos algo Dela é já uma graça Divina e uma certa intensificação do fogo íntimo do Amor em nós, levando-nos ao senti-lo a dar graças à Divindade e partilhar as graças recebidas, através do diálogo, escrita, arte, música, canto, acção...
Daí as Três Graças da Antiguidade: recebemos a graça do amor, partilhamos tal fogo da graça, darmos graças pela unidade da graça, e nesta dança da roda dialéctica, artística e amorosa, neste anel das graças, o Amor circula fortalecendo as essências, almas e uniões dos seres e coisas, das ideias e movimentos, ultrapassando distâncias e diferenças, obstáculos e conflitos...
O amor-gratidão é então um sentimento amoroso e unitivo que se deve cultivar, já que por ele comungamos com as Graças do mundo espiritual, intensificamo-las, alinhamo-nos e reentramos na corrente ascendente e interiorizante que nos religa à Divindade, à fonte do Amor.
A oração incessante, muito valorizada por alguns místicos e mestres, pode ser entendida como a simples mas íntima consciencialização da presença do amor vivo em nós e portanto da graça divina. E logo o cuidado ou talento ou arte da sustentação da correnteza do amor grato e benfazejo no nosso ser interior e coração e irradiando...
Coração de carne e sangue mas sobretudo psíquico e espiritual, na zona do peito, subtil filigrana de irradiações douradas e rosadas, coração do nosso coração, alma da nossa alma, sir e-sir, lhe chamavam os místicos persas...
E pode-se, para quem gosta de exercícios ou práticas de aprofundamento, por exemplo, fechar os olhos, juntar as mãos diante do centro subtil da garganta ou do coração e afirmar, meditando: «Eu invoco a graça do Amor Divino e partilho-a nesta corrente de luz amorosa e calorosa», até enviando-a ou direccionando-a até para esta ou aquela pessoa ou local.
Mas será mesmo o Amor a força substancial e unitiva de toda a vida, o substracto subtil omnipenetrante e supra-coroante?
Embora tal nível escape à mente limitada e à ciência moderna, é natural que a emanação subtil criadora da Divindade, que se torna a sua infinita túnica e tessitura de intencionalidade unitiva amorosa, seja o fundamento da manifestação e o catalizador da dança da atracção e interacção dos seres nas polaridades complementares, e seja a vera providência divina com os seus agentes próprios, tais os Anjos e demais espíritos subtis e celestiais, mais vibrantes e conscientes de tal fogo interior que os anima e que eles derramam e comunicam. Daí que a nossa tenção ou talento comunicativo com os anjos tenha de estar nessa afinidade ígnea amorosa...
O amor é então a força divina primordial, supra-pessoal, cósmica, uma energia inteligente e previdente que prossegue os seus fins internos unitivos, mas que também pede de nós uma actualização pessoal, uma vibração psíquica, a qual é então vivida, cultivada e comungada por certos seres mais conscientemente. E que se consubstancia em partículas, ondas e raios que se transmitem e irradiam pelas intenções, pensamentos e actos, na unicidade da realidade ou existência.
Podemos dizer que a unidade da vida, a intercomunicação actualizadora entre todos os seres e partículas se apoia num espaço vibratório acolhedor do seu movimento, numa inteligência das partículas e dos seres para se associarem correctamente, amorosamente, com frutificações energéticas derivadas das afinidades conjuntas e intensificadoras delas próprias e das suas expansões, destinadas a despertarem espiritualmente e a sentirem mais o amor e a unidade, co-gerando a frutificação das potencialidades infinitas dos seres deste Cosmos Divino...
E como há muitas tonalidades e graus da energia do Amor, ou seja, de se querer fazer o Bem, o Belo e o Bom, tal é estimulado pela afinidade e complementaridade entre os seres, com tantos sub-campos ou níveis da vida na seara da Terra tão necessitados que o Amor os atinja e harmonize, ilumine e plenifique.
O Amor é também o nome que damos à mais forte ou poderosa ligação e união entre dois seres, a qual convoca então a energia mais profunda, unitiva e divina do Universo.
Se cada pessoa tivesse em si mesma um barómetro ou termómetro do Amor seria muito bom, pois certamente evitaria muitas doenças ou dificuldades e estaria mais consciente do seu coração e irradiação, e não deixaria que tantas nuvens ou esmorecimentos a diminuíssem e a impedissem de realizar a sua missão, a sua realização espiritual, a sua ardência amorosa, qual um Sol...
Sol que pode por vezes ser visto e sentido como a fonte donde vem o Amor para a Terra e daí a importância das adorações e comunhões solares, nem que seja ao nascer ou pôr do Sol, ou quando subitamente os seus raios brilham por entre as "nuvens e céus de Portugal"...
Se cada ser conseguisse medir a emanação do seu coração e do seu ser mais íntimo para a Divindade, para outra pessoa, um livro, uma causa, um animal, um objecto, uma leira de terra, uma árvores, esse poderia discernir melhor como está o amor nele, quem ama e de que profundidade tal vem, com que força e talvez até com que durabilidade e perfectibilidade.
Mas sabe-se ainda pouco do que do amor sentido, enviado ou partilhado, se conserva ou acumula , subtilmente mas valiosamente e até quantificável, pois pouca gente ainda aprofunda a memória do amor e o descobre imperecível no santo Graal, ou centro íntimo do nosso coração...
O Amor, sendo irradiação divina natural e supra-pessoal, assume contudo em geral no relacionamento humano duas faces ou fontes: o amante e o amado ou amada, e portanto a reciprocidade e eco, ou não, do amor.
Quando há a reciprocidade podemos dizer que o Amor se espelha e se intensifica mais plenamente. Se não, embora haja amor de um, o facto do outro não gostar ou amar tanto, faz com que esse Amor como Unidade e circulação das três Graças não exista plenamente, havendo mais desejo e atracção, aspiração e dedicação, ou mesmo Amor, de um, mas sem a correspondência plenificante do outro...
Mas temos de admitir que amor em que está em alguém, que é um estado de ser e irradiação, ainda que não correspondido, pode ser muito intenso e persistente e ser ainda intensificado pela corrente divina do Amor que passa por tal alma, aproximando-a assim do Amor de dádiva incondicional, o tal invencível e imperecível...
Saibamos pois então mais fluir no Amor divino, no amor angélico, no amor humano, no amor da terra e seus seres subtis, animais e eco-sistemas, numa só corrente ígnea...
Cremos que o amor não é uma capacidade especial do ser humano, pois está já embrionária na sensibilidade da vida vegetal, e podemos observar reacções de medo ou de amor nas plantas, bem como de preferências de proximidades, e está bem desenvolvida no reino animal, onde se observam tantos comportamentos afectivos ou casos de grande carinho ou afinidade, mostrando bem que os afectos também existem neles, pelo que a tal podemos chamar também ou já Amor.
A luta pela ajuda do outro, o amor que leva alguns a sacrificar-se por outrem, não são comuns no reino animal e assinalam de facto uma capacidade humana mais desenvolvida, a de sentirmos o outro e valorizá-lo mais que nós, seja por noções morais ou éticas aprendidas, e com sacrifício assumidas, seja por natural espontaneidade comungativa-compassiva-sacrificial amorosa, seja pela existência de um espírito mais (do que nos animais) plenamente individualizado.
Se admitirmos, contudo, que a Divindade é a fonte do Amor e que a sua inteligência e vida permeiam todo o Universo, não poderemos recusar aos animais sentirem e manifestarem o Amor, certamente com as suas limitações, comparados aos humanos...
O Amor incondicional, sobretudo presente nas mães para os filhos, é também bastante evidente na história humana. Mas poderemos falar de uma capacidade de Amor mais desenvolvida por elas? Parece bem que sim, seja pela capacidade geradora ou maternal, e logo educativa, seja pela sua misteriosa constituição anímico-espiritual, tão receptiva quão intuitiva e logo unitiva, amorosa.
E no caso do amor espiritual, do amor devocional a Deus, que alguns seres desenvolvem mais, deveremos considerar tal também uma capacidade apurada da psique humana, a partir de uma relação do ser humano com o espírito, com os mestres, os anjos, os deuses ou formas divinas e a Divindade?
Em ambos os casos, maternais e devocionais, há como que uma intensificação energética do coração, e da energia nervosa, ou um alargamento e expansão da consciência, que deixa de se limitar apenas a si e se entrega, sacrifica, alonga, entusiasma no outro ou outros e são certamente fulgurações valiosas do amor, por entre tanto egoísmo e materialismo...
Também se pode cogitar que o Amor se desenvolve pela relação da mente e alma humana com a bênção ou graça Divina, que a inicia e reveste então de Amor, o fogo invencível da Unidade e da Verdade e que portanto incessantemente devemos meditar e orar, ou estarmos mais atentos ao íntimo do coração, para estarmos mais em Amor.
Mas será que tem de ser outra pessoa, mãe, mestre, amada-amado, anjo a despertar mais, ou a fazer sentir mais o Amor em nós, considerando-se que nós estamos num certo grau dele e que precisamos da relação para que outras pessoas intensifiquem tal chama e luz?
Ou podemos nós acender mais a chama do amor em si mesma, pelos nossos actos e meditações, transmitindo-a ou ainda dirigindo-a para certos seres e fins, humanos e divinos?
Ambos os casos, ambos os meios, convergem para o aumento da irradiação do coração espiritual, ou pelo menos para a consciencialização de tal. E se é no amor aos seres e pessoas que sentimos mais o Amor, também ele pode ser sentido com os animais ou mesmo com certas actividades, e por todos estes modos aproximando-nos de um estado de amor mais permanentemente assumido, incessantemente...
Daí em algumas pessoas aflorar algum tipo de mantra ou oração, que é o próprio coração a irradiar o amor em sentimento e palavra dinâmica, fazendo eco em almas afins e não só...
Sendo então o Amor uma energia omnipresente, potencialmente reconhecível ou sensível por todos, já que une os seres e as coisas, devemos intensificá-lo querendo o bem com persistência às pessoas, seres, coisas, causas, e logo pondo o amor em acção no que fazemos, pensamos e sentimos, deste modo irradiando mais o Amor e dinamizando assim a corrente amorosa da vida...
Resulta tal de uma decisão, de uma determinação de nos mantermos elevados e unificados mas trata-se também de uma sensibilidade consciencial profunda e unitiva consigo próprio e com o outro, certamente difícil de ser desenvolvida e que exige certa disciplina, atenção e trabalho purificador, que cerceie a nossa superficialidade consciencial egoísta e até violenta e que acolha antes a dimensão interior e até voz da consciência que parte do coração e que nos segreda ou impulsiona ao bem, tal como entre nós Antero de Quental tanto valorizou, nomeadamente nas cartas a Fernando Leal, e demandou.
Em verdade, o Amor, ainda que provindo do interior de nós, do espírito e do cosmos solar e divino, é intensificado pela psique humana na sua actividade ou movimentação para algo ou alguém e é portanto um querer e um acreditar futurante benéfico para o que quer que seja, desde os dois aos muitos seres envolvidos no amor, projecto, causa e acção...
Não falarei agora do amor familiar, sanguíneo, que é natural, aquele "sangue do meu sangue", conforme dizem alguns pais dos filhos, talvez podendo até dizer "almas da minha alma", família onde a genética convergência unitiva original faz brotar uma proximidade-afinidade de amor natural e instintivo, não necessitando de determinação e esforço, pois há essa unidade de origens e afinidades e que se pode considerar tanto mais amorosa quanto mais na origem do acto fusional sexual o amor esteve presente, amor como acolhimento e entrega recíproca frutífera plena e futurante, o mistério do acto da união ou da geração como a correspondência amorosa humana do acto da fundação-emanação-criação Divina.
Interroguemos ainda o amor que as pessoas são, têm, ou podem desenvolver, mais ou menos, em si, sozinhas, na sua vida interior e anímica, tentando até compreendermos ou intuirmos que o amor se torna o criador e preservador do nosso corpo luminoso e perene
«Amo a Divindade, amo os Anjos, amo os Mestres, amo a Humanidade, amo a Natureza e as árvores, o Cosmos e as estrelas».
Será então possível que o amor em nós seja uma soma de todos estes valores-amores, e de renúncias dos "desamores", donde vai resultando uma intensificação do Amor em nós, ou da consciencialização dele em nós, sem que contudo se possa falar de quantidades ou dimensões mas antes de uma qualidade direccionada, de uma irradiação, de uma abertura, seja do coração seja dum corpo espiritual desperto, luminoso, benfazejo por onde esse Amor passa mais...
Será então que a intensidade do nosso amor depende muito da consciência de que o Amor arde mais em nós, que somos Amor, que a nossa essência é uma centelha do Amor divino, e que estamos a criar um corpo de luz e de amor?
E que é pela vida justa e dialogante, a atenção, a meditação e contemplação, oração e adoração, sintonização e união amorosa, acção e irradiação abnegada que o Amor mais desperta, se afirma, cresce ou passa em nós?
Aproveitemos então o nosso escasso tempo para tentar diminuir o sofrimento, a ignorância e a alienação e tentemos estar e vivenciar mais o Amor, em nós e com os outros, na Natureza e no Cosmos com seus espíritos luminosos, e na Divindade.
Gravação, de 14 minutos.. Quem a quiser um dia passar a escrito, agradece-se muito...
É a irradiação mais íntima e profunda, elevada e abrangente de cada ser?
Brota naturalmente, requer o esforço ou nasce sobretudo da reciprocidade e da gratidão?
É a energia, vibração, som, força primordial, substancial e unitiva de toda vida?
É nos seres a atracção e apreciação geradora e afectiva, futurante ou frutificante?
É a capacidade ou faculdade mais valiosa determinante na evolução do ser humano?
Tentemos sondar, aproximar, aprofundar esta qualidade ou força, ainda assim, apesar de tantos grande seres de amor ao longo dos séculos, tão limitada, ferida e sequestrada neste planeta...
Embora ultrapassando as capacidades cognitivas da mente limitada humana e de todas as suas ciências, podemos ousar dizer que a nascente, fonte e origem do Amor é a Divindade, o Espírito Primordial...
É do Seu seio ardente abismal e inconceptualizável que a Divindade como Amor emanou a imensidade infinita dos seres e mundos e os une.
A Divindade é então Amor, beatitude, felicidade, em si e em nós...
E, certamente, invocarmos, sentirmos e intuirmos, ou mesmo vermos e partilharmos algo Dela é já uma graça Divina e uma certa intensificação do fogo íntimo do Amor em nós, levando-nos ao senti-lo a dar graças à Divindade e partilhar as graças recebidas, através do diálogo, escrita, arte, música, canto, acção...
Daí as Três Graças da Antiguidade: recebemos a graça do amor, partilhamos tal fogo da graça, darmos graças pela unidade da graça, e nesta dança da roda dialéctica, artística e amorosa, neste anel das graças, o Amor circula fortalecendo as essências, almas e uniões dos seres e coisas, das ideias e movimentos, ultrapassando distâncias e diferenças, obstáculos e conflitos...
O amor-gratidão é então um sentimento amoroso e unitivo que se deve cultivar, já que por ele comungamos com as Graças do mundo espiritual, intensificamo-las, alinhamo-nos e reentramos na corrente ascendente e interiorizante que nos religa à Divindade, à fonte do Amor.
A oração incessante, muito valorizada por alguns místicos e mestres, pode ser entendida como a simples mas íntima consciencialização da presença do amor vivo em nós e portanto da graça divina. E logo o cuidado ou talento ou arte da sustentação da correnteza do amor grato e benfazejo no nosso ser interior e coração e irradiando...
Coração de carne e sangue mas sobretudo psíquico e espiritual, na zona do peito, subtil filigrana de irradiações douradas e rosadas, coração do nosso coração, alma da nossa alma, sir e-sir, lhe chamavam os místicos persas...
E pode-se, para quem gosta de exercícios ou práticas de aprofundamento, por exemplo, fechar os olhos, juntar as mãos diante do centro subtil da garganta ou do coração e afirmar, meditando: «Eu invoco a graça do Amor Divino e partilho-a nesta corrente de luz amorosa e calorosa», até enviando-a ou direccionando-a até para esta ou aquela pessoa ou local.
Mas será mesmo o Amor a força substancial e unitiva de toda a vida, o substracto subtil omnipenetrante e supra-coroante?
Embora tal nível escape à mente limitada e à ciência moderna, é natural que a emanação subtil criadora da Divindade, que se torna a sua infinita túnica e tessitura de intencionalidade unitiva amorosa, seja o fundamento da manifestação e o catalizador da dança da atracção e interacção dos seres nas polaridades complementares, e seja a vera providência divina com os seus agentes próprios, tais os Anjos e demais espíritos subtis e celestiais, mais vibrantes e conscientes de tal fogo interior que os anima e que eles derramam e comunicam. Daí que a nossa tenção ou talento comunicativo com os anjos tenha de estar nessa afinidade ígnea amorosa...
O amor é então a força divina primordial, supra-pessoal, cósmica, uma energia inteligente e previdente que prossegue os seus fins internos unitivos, mas que também pede de nós uma actualização pessoal, uma vibração psíquica, a qual é então vivida, cultivada e comungada por certos seres mais conscientemente. E que se consubstancia em partículas, ondas e raios que se transmitem e irradiam pelas intenções, pensamentos e actos, na unicidade da realidade ou existência.
Podemos dizer que a unidade da vida, a intercomunicação actualizadora entre todos os seres e partículas se apoia num espaço vibratório acolhedor do seu movimento, numa inteligência das partículas e dos seres para se associarem correctamente, amorosamente, com frutificações energéticas derivadas das afinidades conjuntas e intensificadoras delas próprias e das suas expansões, destinadas a despertarem espiritualmente e a sentirem mais o amor e a unidade, co-gerando a frutificação das potencialidades infinitas dos seres deste Cosmos Divino...
E como há muitas tonalidades e graus da energia do Amor, ou seja, de se querer fazer o Bem, o Belo e o Bom, tal é estimulado pela afinidade e complementaridade entre os seres, com tantos sub-campos ou níveis da vida na seara da Terra tão necessitados que o Amor os atinja e harmonize, ilumine e plenifique.
O Amor é também o nome que damos à mais forte ou poderosa ligação e união entre dois seres, a qual convoca então a energia mais profunda, unitiva e divina do Universo.
Se cada pessoa tivesse em si mesma um barómetro ou termómetro do Amor seria muito bom, pois certamente evitaria muitas doenças ou dificuldades e estaria mais consciente do seu coração e irradiação, e não deixaria que tantas nuvens ou esmorecimentos a diminuíssem e a impedissem de realizar a sua missão, a sua realização espiritual, a sua ardência amorosa, qual um Sol...
Sol que pode por vezes ser visto e sentido como a fonte donde vem o Amor para a Terra e daí a importância das adorações e comunhões solares, nem que seja ao nascer ou pôr do Sol, ou quando subitamente os seus raios brilham por entre as "nuvens e céus de Portugal"...
Se cada ser conseguisse medir a emanação do seu coração e do seu ser mais íntimo para a Divindade, para outra pessoa, um livro, uma causa, um animal, um objecto, uma leira de terra, uma árvores, esse poderia discernir melhor como está o amor nele, quem ama e de que profundidade tal vem, com que força e talvez até com que durabilidade e perfectibilidade.
Mas sabe-se ainda pouco do que do amor sentido, enviado ou partilhado, se conserva ou acumula , subtilmente mas valiosamente e até quantificável, pois pouca gente ainda aprofunda a memória do amor e o descobre imperecível no santo Graal, ou centro íntimo do nosso coração...
O Amor, sendo irradiação divina natural e supra-pessoal, assume contudo em geral no relacionamento humano duas faces ou fontes: o amante e o amado ou amada, e portanto a reciprocidade e eco, ou não, do amor.
Quando há a reciprocidade podemos dizer que o Amor se espelha e se intensifica mais plenamente. Se não, embora haja amor de um, o facto do outro não gostar ou amar tanto, faz com que esse Amor como Unidade e circulação das três Graças não exista plenamente, havendo mais desejo e atracção, aspiração e dedicação, ou mesmo Amor, de um, mas sem a correspondência plenificante do outro...
Mas temos de admitir que amor em que está em alguém, que é um estado de ser e irradiação, ainda que não correspondido, pode ser muito intenso e persistente e ser ainda intensificado pela corrente divina do Amor que passa por tal alma, aproximando-a assim do Amor de dádiva incondicional, o tal invencível e imperecível...
Saibamos pois então mais fluir no Amor divino, no amor angélico, no amor humano, no amor da terra e seus seres subtis, animais e eco-sistemas, numa só corrente ígnea...
Cremos que o amor não é uma capacidade especial do ser humano, pois está já embrionária na sensibilidade da vida vegetal, e podemos observar reacções de medo ou de amor nas plantas, bem como de preferências de proximidades, e está bem desenvolvida no reino animal, onde se observam tantos comportamentos afectivos ou casos de grande carinho ou afinidade, mostrando bem que os afectos também existem neles, pelo que a tal podemos chamar também ou já Amor.
A luta pela ajuda do outro, o amor que leva alguns a sacrificar-se por outrem, não são comuns no reino animal e assinalam de facto uma capacidade humana mais desenvolvida, a de sentirmos o outro e valorizá-lo mais que nós, seja por noções morais ou éticas aprendidas, e com sacrifício assumidas, seja por natural espontaneidade comungativa-compassiva-sacrificial amorosa, seja pela existência de um espírito mais (do que nos animais) plenamente individualizado.
Se admitirmos, contudo, que a Divindade é a fonte do Amor e que a sua inteligência e vida permeiam todo o Universo, não poderemos recusar aos animais sentirem e manifestarem o Amor, certamente com as suas limitações, comparados aos humanos...
O Amor incondicional, sobretudo presente nas mães para os filhos, é também bastante evidente na história humana. Mas poderemos falar de uma capacidade de Amor mais desenvolvida por elas? Parece bem que sim, seja pela capacidade geradora ou maternal, e logo educativa, seja pela sua misteriosa constituição anímico-espiritual, tão receptiva quão intuitiva e logo unitiva, amorosa.
E no caso do amor espiritual, do amor devocional a Deus, que alguns seres desenvolvem mais, deveremos considerar tal também uma capacidade apurada da psique humana, a partir de uma relação do ser humano com o espírito, com os mestres, os anjos, os deuses ou formas divinas e a Divindade?
Em ambos os casos, maternais e devocionais, há como que uma intensificação energética do coração, e da energia nervosa, ou um alargamento e expansão da consciência, que deixa de se limitar apenas a si e se entrega, sacrifica, alonga, entusiasma no outro ou outros e são certamente fulgurações valiosas do amor, por entre tanto egoísmo e materialismo...
Também se pode cogitar que o Amor se desenvolve pela relação da mente e alma humana com a bênção ou graça Divina, que a inicia e reveste então de Amor, o fogo invencível da Unidade e da Verdade e que portanto incessantemente devemos meditar e orar, ou estarmos mais atentos ao íntimo do coração, para estarmos mais em Amor.
Mas será que tem de ser outra pessoa, mãe, mestre, amada-amado, anjo a despertar mais, ou a fazer sentir mais o Amor em nós, considerando-se que nós estamos num certo grau dele e que precisamos da relação para que outras pessoas intensifiquem tal chama e luz?
Ou podemos nós acender mais a chama do amor em si mesma, pelos nossos actos e meditações, transmitindo-a ou ainda dirigindo-a para certos seres e fins, humanos e divinos?
Ambos os casos, ambos os meios, convergem para o aumento da irradiação do coração espiritual, ou pelo menos para a consciencialização de tal. E se é no amor aos seres e pessoas que sentimos mais o Amor, também ele pode ser sentido com os animais ou mesmo com certas actividades, e por todos estes modos aproximando-nos de um estado de amor mais permanentemente assumido, incessantemente...
Daí em algumas pessoas aflorar algum tipo de mantra ou oração, que é o próprio coração a irradiar o amor em sentimento e palavra dinâmica, fazendo eco em almas afins e não só...
Sendo então o Amor uma energia omnipresente, potencialmente reconhecível ou sensível por todos, já que une os seres e as coisas, devemos intensificá-lo querendo o bem com persistência às pessoas, seres, coisas, causas, e logo pondo o amor em acção no que fazemos, pensamos e sentimos, deste modo irradiando mais o Amor e dinamizando assim a corrente amorosa da vida...
Resulta tal de uma decisão, de uma determinação de nos mantermos elevados e unificados mas trata-se também de uma sensibilidade consciencial profunda e unitiva consigo próprio e com o outro, certamente difícil de ser desenvolvida e que exige certa disciplina, atenção e trabalho purificador, que cerceie a nossa superficialidade consciencial egoísta e até violenta e que acolha antes a dimensão interior e até voz da consciência que parte do coração e que nos segreda ou impulsiona ao bem, tal como entre nós Antero de Quental tanto valorizou, nomeadamente nas cartas a Fernando Leal, e demandou.
Em verdade, o Amor, ainda que provindo do interior de nós, do espírito e do cosmos solar e divino, é intensificado pela psique humana na sua actividade ou movimentação para algo ou alguém e é portanto um querer e um acreditar futurante benéfico para o que quer que seja, desde os dois aos muitos seres envolvidos no amor, projecto, causa e acção...
Não falarei agora do amor familiar, sanguíneo, que é natural, aquele "sangue do meu sangue", conforme dizem alguns pais dos filhos, talvez podendo até dizer "almas da minha alma", família onde a genética convergência unitiva original faz brotar uma proximidade-afinidade de amor natural e instintivo, não necessitando de determinação e esforço, pois há essa unidade de origens e afinidades e que se pode considerar tanto mais amorosa quanto mais na origem do acto fusional sexual o amor esteve presente, amor como acolhimento e entrega recíproca frutífera plena e futurante, o mistério do acto da união ou da geração como a correspondência amorosa humana do acto da fundação-emanação-criação Divina.
Interroguemos ainda o amor que as pessoas são, têm, ou podem desenvolver, mais ou menos, em si, sozinhas, na sua vida interior e anímica, tentando até compreendermos ou intuirmos que o amor se torna o criador e preservador do nosso corpo luminoso e perene
«Amo a Divindade, amo os Anjos, amo os Mestres, amo a Humanidade, amo a Natureza e as árvores, o Cosmos e as estrelas».
Será então possível que o amor em nós seja uma soma de todos estes valores-amores, e de renúncias dos "desamores", donde vai resultando uma intensificação do Amor em nós, ou da consciencialização dele em nós, sem que contudo se possa falar de quantidades ou dimensões mas antes de uma qualidade direccionada, de uma irradiação, de uma abertura, seja do coração seja dum corpo espiritual desperto, luminoso, benfazejo por onde esse Amor passa mais...
Será então que a intensidade do nosso amor depende muito da consciência de que o Amor arde mais em nós, que somos Amor, que a nossa essência é uma centelha do Amor divino, e que estamos a criar um corpo de luz e de amor?
E que é pela vida justa e dialogante, a atenção, a meditação e contemplação, oração e adoração, sintonização e união amorosa, acção e irradiação abnegada que o Amor mais desperta, se afirma, cresce ou passa em nós?
Aproveitemos então o nosso escasso tempo para tentar diminuir o sofrimento, a ignorância e a alienação e tentemos estar e vivenciar mais o Amor, em nós e com os outros, na Natureza e no Cosmos com seus espíritos luminosos, e na Divindade.
Gravação, de 14 minutos.. Quem a quiser um dia passar a escrito, agradece-se muito...
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