PORTUGAL
No século XXI, no ano de 2016, a 10 de
Junho deveremos dizer nós algo sobre Portugal, quando o país está
há tanto tempo tomado em grande parte por diversos grupos de pressão
e partidos que se apropriaram do Estado e tanto o têm retalhado e
corrompido?
Não valerá a pena referir nomes para
o quadro de honra dos que mais envergonharam ou roubaram o Estado
Português e Portugal. Encontrá-los-emos ora ainda em funções
públicas nacionais ou internacionais, ou já bem instalados seja nas
parcerias publico-privadas que tanto têm roubado a nação, seja nas
grandes empresas, nacionais ou multinacionais, que vivem bem com
todos os governos e todas as crises.
Ponhamos uma pedra sobre este nível,
ainda que certamente as recentes eleições, com um governo de
esquerda e teoricamente de ecologia e defesa dos animais e um novo Presidente anos de luz acima dos
anteriores na velocidade e capacidade de diálogo, nos dêem algumas
esperanças que diminuirá a corrupção e a sujeição ao
capitalismo neo-liberal internacional, que comanda a maior parte das
instituições europeias, desde a União Europeia à Nato (sempre em
bulying com a irmã Rússia muito mais europeia que os USA), até às
Nações Unidas, como há dois dias o próprio secretário Geral Ban
Ki-moon afirmou em relação à Arábia Saudita e aliados...
Cumprimentemos então os Portugueses,
sobretudo os que não desistiram de perseverar seja na sobrevivência difícil, seja na solidariedade generosa, seja na múltipla
criatividade artista, cientifica, industrial, empresarial, cultural,
ou ainda no activismo pelas minorias, doenças graves, animais,
natureza, etc...
Tornado finalmente um país invadido
pelo Turismo mundial, há que proteger os monumentos nacionais da sua
entrega de mão beijada a empreendimentos turísticos, há que velar
pela protecção das costas e reservas territoriais de mais
atentados, e há que valorizar todos os que tentam resistir à
invasão conquistadora das grandes casas ou marcas e das importações
massificadas que tomam conta ora das melhores lojas ora das múltiplas
lojinhas de gente séria que sobrevivia com dificuldades e que foi
varrida do mapa, empobrecendo-se assim as almas locais tradicionais.
Sabermos apresentar a nossa tradição
agrícola, artesanal, industrial, cultural e espiritual com produtos
de qualidade, sem destruirmos o que é são as nossas especificidades, é então o grande desafio que temos diante de nós,
vigiando-se e denunciando-se seja a alteração inestética, seja a
delapidação, seja a privatização do património público a que
temos vindo a assistir em tantos aspectos, diminuindo-se, por exemplo, lamentavelmente o contacto da população portuguesa com muitos dos seus locais de
culto.
Muitos são na realidade os casos que mostram
como a ganância do lucro tem estado a enfraquecer paulatinamente a
cultura geral em Portugal: os Museus que deviam estar abertos
livremente para as crianças, jovens e reformados, passaram dos
quatro Domingos em que se podia entrar gratuitamente até às 14
horas, para uma mera entrada mensal gratuita e em que tudo se
acotovela perante a mesma tela...
O claustro dos Jerónimos, onde tantas
vezes meditei diante do túmulo de Fernando Pessoa, implica hoje em
dia um pagamento substancial se alguém quiser fazer tal acto de
culto, comunicação ou inspiração, para além do contacto com
Alexandre Herculano e todo o simbolismo e carga vibratórias que as
pedras esculpidas conservam.
O castelo de S. Jorge, que sempre fora
gratuito, foi tomado de assalto há uns anos por uma das tais
entidades público-privadas de qualidade suspeita e geradas no âmbito
do retalhamento da túnica crística nacional, e assim um português
ou mesmo um lisboeta que já não resida em Lisboa tem de pagar
bastante para entrar. A falta de empatia por quem lá passa é tal que há poucos dias
fui escorraçado porque não consegui, apesar de ter o bilhete de
identidade, provar que morava em Lisboa, apesar de terem internet, estarem bem instalados e poderem confirmar o que eu alegava e que
ficou registado no Livro de Reclamações...
É caso para dizer-se: - Bons tempos
quando os ditos Infiéis controlavam Lisboa e o castelo de S. Jorge,
ou mesmo a Sé então mesquita, pois esses não eram infiéis nem aos
seus, nem aos cristãos, nem a si próprios.
Lisboa Antiga |
O que poderemos desejar mais para
Portugal senão que o capitalismo financeiro nacional e internacional
não continue a sangrar a população em geral com as negociatas
túrpidas e as gestões e falências fraudulentas dos bancos, sejam os
privados seja o Central, em tantas ocasiões conivente com o que se
passou e pagando a factura quem nada a ver tinha ou lucrara, ao
contrário dos que arrecadaram os milhões por fora ou pelo Panamá... E que a Justiça melhore, não usando dois pesos e duas
medidas e não permitindo tanta impunidade dos altos quadros e dos
políticos...
A falta que faz o rei D. João II e o seu lema: "Pela Lei e pela Grei" |
Deixando essa zona tão minada, triste e revoltante, desejemos mais apoio às pescas e à construção naval
portuguesa, tão abatida com a entrada na UE, mais apoio à
agricultura biológica e mais controle das sinistras actividades da
Monsanto, da Sygenta e da Bayer, no fundo da indústria agro-química,
em tantos aspectos destruindo as terras e a saúde dos utilizadores e
consumidores, valorizando-se e implementando-se antes a Harmonia com o Planeta que a agricultura orgânica, saudável, biológica e
respeitadora das nossas sementes proporciona, como podemos ver em
algumas explorações modelares no Alentejo, tal como a Herdade do
Freixo do Meio, ou o Pedro Baptista no Vale do Tejo, dentro de uma política de preservação e
fomento das características próprias do montado e do olival, da
mata e do bosque nacional, como tanto tem falado o arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles.
Burros na Herdade do Alfredo Cunhal Sendil, em Freixo do Meio, Montemor, Alentejo |
Bastante mais investimento no ensino
público, menos burocracia para os professores, maior adaptação ao
conteúdos necessários nos tempos presentes e mantendo-se uma cultura
humanista, parecem também evidências...
Protegerem-se os direitos dos
trabalhadores e reduzir-se ao mínimo as situações de precariedade; apoiar-se mais a saúde pública, a rede
hospitalar e os seus profissionais, investindo-se mais na prevenção e
na educação; controlar-se o lobie cimenteiro e eléctrico para que
não destrua mais rios e eco-sistemas; e maior apoio ao teatro, à
literatura, às artes, à música, ao culto do Espírito Santo, com que tanto poderemos evoluir e dinamizar a consciência colectiva, serão ainda desejos sinceros de todos nós...
Peregrina, pacificadora e devota do culto do Espírito Santo, tão valorizado por Jaime Cortesão e Agostinho da Silva, ainda hoje nos inspirando... |
E, finalmente, formulemos os votos que os
Portugueses não se deixem enganar por tantas organizações e pessoas
nas yogas, curas e espiritualidade e aprofundem o auto-conhecimento
de si próprios enquanto corpos, almas e espíritos e vivam mais
harmoniosamente uns com os outros e com a Natureza, inseridos na
Tradição Espiritual Portuguesa onde tantos grandes seres já
brilharam e que nos mundos espirituais continuam a acompanhar-nos e a
inspirar-nos, sob a égide do Génio da Nação ou do Arcanjo de
Portugal, e que neste dia se comemoram como eixos exemplares de
ligação com a Humanidade e a Divindade, A qual invocamos e evocamos
dando graças...
S. António e o menino do Espírito Santo, por Maria de Almeida |
Lisboa, 10 de Junho. 13.34 m, junto ao
Tejo e às nuvens e céus de Portugal...
Sem comentários:
Enviar um comentário