O
céu e o dia estão de uma limpidez e claridade imensa: a luz solar aquece o rio Tejo, que reflecte o céu azul, e nas margens bate de chofre no arvoredo que, pelos ramos para Oriente, origina um verde amarelado irradiante de claridade, frescura e alegria à sua volta.
Barcos e rebocadores erguem-se altaneiros por entre a levíssima ondulação, decididos nos rumos dos seus trabalhos ou destinos do novo dia.
Um
bando de patos bravos sulca o céu numa formação em V, rumo ao
Oceano e ao poente, deixando no ar a sua mensagem de liberdade imensa...
Os
glóbulos de prana ou vitalidade (que deveríamos contemplar mais...) saltitam à vista desarmada na atmosfera e não há rastos químicos de aviões no amplo horizonte. Um dia limpo e sem rastos, e em que podemos respirar a grandes hastos, é de se dar graças e sair-se para a rua e para a Natureza...
Na
aurora, duas ou três andorinhas maiores saíram dos seus ninhos no
prédio, num voo inesperado e lesto, como se mergulhassem no oceano e fossem nadar nele...
Quantas ainda estão cá por Portugal, e por que motivos?
Estarão
a aguardar a entrada do Outono, e os seus espíritos da Natureza ou devas especiais, para partir, porque estão mais
clarividentes ou instintivas da entrada das estações e dos seus Arcanjos, ou são as mais descuidadas, ou mesmo as mais fortes, ou ainda
as que já não tendo forças para a viajem de retorno à África
quente se deixam ficar por alguns beirais de Portugal ameno?
Relembro-me porém que ainda há dois dias encontrei várias andorinhas a
voltijarem alegremente nas cumeadas da serra do Gerez.
Mas
também outras aves sulcam os ares diante da janela, os melros
rápidos e dialogantes amorosos, as pombas bailarinas habilidosas nos seus voos planados e os canários-papagaios chilreantes, usufruindo os dias paradisíacos.
Estes
dias e noites equinociais do fim de Verão e começo do Outono, com a alegria das suas colheitas perfumadas e da sua suavidade, são dos mais frescos, doces e
equilibrados e deveríamos saber saboreá-los interiormente ora sentindo-os como um ambiente planetário acima de todos os conflitos que nos acaricia, ora sorvendo-os nas brisas de frutas frescas etéricas retemperantes de toda a alma.
O equinócio do Outono, a 23 de Setembro, pelas 8 da manhã, aproxima-se e celebrá-lo desde já numa aura clarificante e sossegante é bom, belo e verdadeiro...
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