Dia de aniversário de Marsilio Ficino, nascido em 19-X-1433 e partido da Terra em 1-X-1499, em Florença, mas sempre vivo nos corações ou nas almas dos seus amigos, admiradores, condiscípulos, ou simples peregrinos e espirituais...
Foi já no Outono de 1433, em 19 de Outubro, que nasceu em Figline, no vale do rio Arno, Marsilio Ficino, filho de Diotifeci d'Agnolo, médico de Cosimo de Medici, a família regente de Florença, e de uma mãe bastante intuitiva ou mesmo clarividente. Foi muito dado ao studium e veio a tornar-se um pensador fulcral no Humanismo dos séculos XV e XVI, pois, por encomenda-missão em 1462 de Cosimo de Medici, foi o primeiro tradutor do grego para o latim, então a língua culta da Europa, das obras completas de Platão e dos textos de sabedoria espiritual da Antiguidade designados por Corpo Hermético, a que se seguiram a obra de Plotino, as Enéadas, coligidas pelo seu secretário e discípulo Porfírio (234-304), com prefácios e comentários valiosos.
Tornou-se, com Pico della Mirandola e Erasmo, os líderes do Humanismo mais espiritual e abrangente do Renascimento, sendo um animador da célebre Academia Platónica de Florença, mantida por Cosme e Lourenço de Medici, que se reunia em debates filosóficos e espirituais valiosos (tendo o seu convívio e banquete mais importante a 7 de Novembro, dia do nascimento e desencarnação de Platão, de quem um busto pontificava, com uma lâmpada de azeite sempre acesa) e nos quais participaram almas luminosas, tais como Pico, Cristoforo Landino, Poliziano, Lorenzo de Medici, Francisco Cattani da Diaceto, Boticelli e Michelangelo.
A villa de Careggi, casa da musas, academia platónica.
Foi da sua casa-domínio de Careggi, onde se reunia a Academia, que deixou a Terra no dealbar do século XVI. As suas melhores biografias são as de Giovanni de Corsi, que nasceu em 1472, e foi publicada em 1560, a de Arnaldo della Torre, sobre a Academia Platónica, de 1902, e a de Raymond Marcel, impressa em Paris, Les Belles Lettres, 1958, devendo ainda mencionarem-se os estudos de Paul Oskar Kristeller, Michael J. B. Allen, Jean Claude Margolin, Marc Fumaroli, Cesare Vasoli, Patrizia Castelli, Christopher Celenza e Stéphane Toussaint, com alguns destes tendo eu ainda dialogado.
Foi já no Outono de 1433, em 19 de Outubro, que nasceu em Figline, no vale do rio Arno, Marsilio Ficino, filho de Diotifeci d'Agnolo, médico de Cosimo de Medici, a família regente de Florença, e de uma mãe bastante intuitiva ou mesmo clarividente. Foi muito dado ao studium e veio a tornar-se um pensador fulcral no Humanismo dos séculos XV e XVI, pois, por encomenda-missão em 1462 de Cosimo de Medici, foi o primeiro tradutor do grego para o latim, então a língua culta da Europa, das obras completas de Platão e dos textos de sabedoria espiritual da Antiguidade designados por Corpo Hermético, a que se seguiram a obra de Plotino, as Enéadas, coligidas pelo seu secretário e discípulo Porfírio (234-304), com prefácios e comentários valiosos.
Tornou-se, com Pico della Mirandola e Erasmo, os líderes do Humanismo mais espiritual e abrangente do Renascimento, sendo um animador da célebre Academia Platónica de Florença, mantida por Cosme e Lourenço de Medici, que se reunia em debates filosóficos e espirituais valiosos (tendo o seu convívio e banquete mais importante a 7 de Novembro, dia do nascimento e desencarnação de Platão, de quem um busto pontificava, com uma lâmpada de azeite sempre acesa) e nos quais participaram almas luminosas, tais como Pico, Cristoforo Landino, Poliziano, Lorenzo de Medici, Francisco Cattani da Diaceto, Boticelli e Michelangelo.
A villa de Careggi, casa da musas, academia platónica.
Foi da sua casa-domínio de Careggi, onde se reunia a Academia, que deixou a Terra no dealbar do século XVI. As suas melhores biografias são as de Giovanni de Corsi, que nasceu em 1472, e foi publicada em 1560, a de Arnaldo della Torre, sobre a Academia Platónica, de 1902, e a de Raymond Marcel, impressa em Paris, Les Belles Lettres, 1958, devendo ainda mencionarem-se os estudos de Paul Oskar Kristeller, Michael J. B. Allen, Jean Claude Margolin, Marc Fumaroli, Cesare Vasoli, Patrizia Castelli, Christopher Celenza e Stéphane Toussaint, com alguns destes tendo eu ainda dialogado.
Céu natal de Marsilio Ficino, muito dado à investigação das possíveis correspondências do Macrocosmos e do Microcosmos.
Foi Marsilio Ficino de certo modo impulsionador ou inspirador de artistas como Botticeli, Ghirlandaio, Fillipini Luppi e Michelangelo e, com Pico della Mirandola, Poliziano, Cristoforo Landini, Erasmo, Thomas More, John Colet, Lefèvre d’Étaples, Agostino Steuco e Giordano Bruno, autor de obras de grande sabedoria, entre elas se destacando, além dos comentários aos grandes textos Platónicos (nomeadamente o Parménides e o Banquete), a Theologia Platonica, o De Sole e o De Triplice Vita, este incluindo três tratados: Da Vida, Da Vida Longa, e Da obtenção da Vida dos Céus, ou se quisermos Da vida celestial reunida. Tanto estudara a via aristotélica como a platónica, nessa época numa certa luta entre os seus proponentes, equilibrando-as, embora sentisse que queria aprofundar mais a via imaginal e espiritual platónica, a qual era pouco acessível e menosprezada, até ao Concílio de Florença de 1439 e à queda de Constantinopla (1453), com a consequente emigração dos seus sábios para o Ocidente e depois, com os manuscritos trazidos por eles, a sua tradução da Obra de Platão completa.
Estudara com vários preceptores e frequentara o Studio ou universidade fiorentina, tendo sido mesmo professor, pelo menos no ano de 1466. Mas Platão e os textos espirituais das diversas tradições a que acedia propulsionaram-no para uma síntese ousada e perigosa do paganismo com o cristianismo, da racionalidade com a espiritualidade e até a uma magia de operações e orações assentes em correspondências do microcosmos e do macrocosmos, nomeadamente as posições dos astros nos céus, que Paracelso e Agripa depois desenvolveram bastante.
Marsilio Ficino, Pico della Mirandola e Angelo Poliziano, por Cosimo Rosselli. Chiesa de S. Ambrogio, Florença, 1486.
Médico como o pai, mas clérigo na igreja florentina de santa Maria Magiore e, mais ainda, filósofo e espiritual, desenvolveu a ideia da continuidade da revelação divina, desde os tempos primordiais, a chamada Prisca Teologia, reconhecendo Hermes Trismegisto, Zoroastro, Orfeu e Pitágoras como elos da mesma transmissão divina que a Cristã, o que, na altura de um certo zelo de exclusividade por parte da Igreja Católico (o qual teve consequências trágicas com o mais que sábio Giordano Bruno), era muito pioneiro e ousado, embora se apoiasse em padres da Igreja, tal como Lactâncio, nesse reconhecimento nos ditos filósofos pagãos da sabedoria divina perene.
Provou racionalmente a imortalidade da alma, se é que assim se pode dizer, na sua famosa Teologia Platónica da imortalidade da alma, e os seus comentários às obras que traduziu de Platão e Plotino, e em especial ao Banquete de Platão granjearam-lhe admiração ao longo dos séculos pela sublimidade da sua mente, coração e alma e pela forte aspiração à Verdade, ao Divino, ao Uno Primordial.
Aí afirma sobre caracterização trina da Divindade: "é denominada Boa porque é o acto (e autor) e fortificador de tudo. Bela porque vivifica, alegra, adoça e excita. Verdadeira, porque alicia para os objectos que devem ser conhecidos as três forças da alma: a mente, a vista e o ouvido [...]
Não sem causa os antigos Teólogos puseram a Bondade no centro, e a Beleza na circunferência. A Bondade num centro único e a beleza em quatro círculos. O centro uno de tudo é Deus, e os quatro círculos que o rodeiam são o espírito, a alma, a natureza, a matéria. O espírito ou mente angélica é o círculo estável. A alma move-se por si. A Natureza move-se a partir do outro e no outro.”
Marsilio Ficino, quando morre de velhice ou de cólicas, como afirma o seu biógrafo quinhentista Giovanni da Corsi, deixa os seus livros e a propriedade de Caregi ao seu afilhado, filho do seu irmão Querubino, o qual será o editor da sua vasta e riquíssima correspondência epistolar, que ainda vai hoje sendo traduzida, sobretudo em inglês, merecendo ser lida e relida com amor e discernimento, tendo eu modestamente contribuído com algumas traduções que encontra no blogue.
Oiçamo-lo numa carta a um amigo professor: «Mostra-te um exemplo de boa conduta. Pureza de vida engendra reverência para com o ensinamento. Os jovens seguem facilmente o exemplo dos mais velhos. Os que corrompem um jovem, ou de facto a mente de alguém, quer por palavras quer por conduta, devem ser considerados culpados de sacrilégio. Finalmente, age de acordo com Pitágoras e Apolónio de Alabanda que, na tradição dos filósofos Indianos, não admitiam à sua disciplina nenhum jovem que não fosse de nascimento luminoso e de educação boa. Pois não está certo que as Musas se tornem ministras ou instrumentos de iniquidade».
Marsilio Ficino, Cristoforo Landino, Angelo Poliziano e Demetrios Chalkondyles, por Domenico Ghirlandaio. Capela de santa Maria Novella, Florença.
Eis outra carta, enviada a Niccolo degli Albizzi, tão lúcida quão profundamente sábia e que foi intitulada Exhortatio ad scientiam:
«Ouviste aquele provérbio, meu Nicolau, “nada mais doce que o lucro”? Mas quem lucra? Aquele que compreendeu o que é seu no futuro, pois nosso é o que sabemos, tudo o mais é verdadeiramente da fortuna [ou sorte].
Invejam os homúnculos os ricos, dos quais é a arca e não a alma a riqueza [cuja riqueza está na arca e não na alma].
Tu emula os homens doutos e bons, cuja mente é semelhante a Deus. Admoesta os teus condiscípulos a terem cuidado com Cila e Caribide, isto é, com a volúpia enganadora e a inflamação pestífera da mente, antes opinando que sabendo.
Que eles se lembrem que, um dia, a suma volúpia haverá de estar na parte suprema da alma, naquele tesouro da verdade suprema, quando eles desprezarem as sombras inânimes da volúpia pela graça do conhecimento.
A árvore do conhecimento, mesmo se virmos que tem raízes amargas, todavia produz frutos suavíssimos. Que eles se lembrem além disso que nunca superfluamente em excesso se torna o que nunca se torna suficiente.
Que eles se lembrem além disso que nunca se torna bastante o que nunca se tornar em excesso. Ainda não aprendeu suficiente quem ainda duvida de qualquer coisa, porém duvidamos enquanto vivemos. Assim é de nós aprender por tanto tempo quanto formos vivendo, imitando aquele sábio Sólon [638-558 a.C) que, estando a morrer, brilhava aprendendo algo, visto que se alimentava pelo sustento da verdade e para quem a morte não era senão revivescer.
Não pode morrer quem vive [respira] de alimento imortal. Além disso, Sócrates foi o primeiro a ser chamado do mais sábio de todos por Apolo, porque foi o primeiro a pregar publicamente que nada sabia. Mandava Pitágoras os seus discípulos verem-se ao espelho não à luz de uma luzerna, mas à luz do sol. O que é porém a luz da luzerna senão uma alma até aqui pouco erudita? O que é a luz do sol senão a mente que é muito sábia?
Portanto quem lhe apeteça especular acerca da figura da sua alma não a compare com indoutos, mas pelo contrário com doutíssimos. Assim discernirá claramente quanto lucra, quanto falta. Ao sustentar a mente devemos imitar os gulosos e os avaros, que sempre tem a mente intenta no que ainda resta. O que há mais? O Mestre da Vida diz: «Não é digno de prémio aquele que mete a mão ao arado e olha para trás». Ouviste aquela que de ser vivente em estátua foi transformada. Ouviste ainda como Orfeu perdeu nessa ocasião, em que olhou para trás, Eurídice, isto é, a profundidade do seu juízo. Cobarde e vão é o investigador que regride e não progride. Guarda-te em Deus [Vale]...» (Opera. 1641. T. 1º, p.605).
Provou racionalmente a imortalidade da alma, se é que assim se pode dizer, na sua famosa Teologia Platónica da imortalidade da alma, e os seus comentários às obras que traduziu de Platão e Plotino, e em especial ao Banquete de Platão granjearam-lhe admiração ao longo dos séculos pela sublimidade da sua mente, coração e alma e pela forte aspiração à Verdade, ao Divino, ao Uno Primordial.
Aí afirma sobre caracterização trina da Divindade: "é denominada Boa porque é o acto (e autor) e fortificador de tudo. Bela porque vivifica, alegra, adoça e excita. Verdadeira, porque alicia para os objectos que devem ser conhecidos as três forças da alma: a mente, a vista e o ouvido [...]
Não sem causa os antigos Teólogos puseram a Bondade no centro, e a Beleza na circunferência. A Bondade num centro único e a beleza em quatro círculos. O centro uno de tudo é Deus, e os quatro círculos que o rodeiam são o espírito, a alma, a natureza, a matéria. O espírito ou mente angélica é o círculo estável. A alma move-se por si. A Natureza move-se a partir do outro e no outro.”
Marsilio Ficino, quando morre de velhice ou de cólicas, como afirma o seu biógrafo quinhentista Giovanni da Corsi, deixa os seus livros e a propriedade de Caregi ao seu afilhado, filho do seu irmão Querubino, o qual será o editor da sua vasta e riquíssima correspondência epistolar, que ainda vai hoje sendo traduzida, sobretudo em inglês, merecendo ser lida e relida com amor e discernimento, tendo eu modestamente contribuído com algumas traduções que encontra no blogue.
Oiçamo-lo numa carta a um amigo professor: «Mostra-te um exemplo de boa conduta. Pureza de vida engendra reverência para com o ensinamento. Os jovens seguem facilmente o exemplo dos mais velhos. Os que corrompem um jovem, ou de facto a mente de alguém, quer por palavras quer por conduta, devem ser considerados culpados de sacrilégio. Finalmente, age de acordo com Pitágoras e Apolónio de Alabanda que, na tradição dos filósofos Indianos, não admitiam à sua disciplina nenhum jovem que não fosse de nascimento luminoso e de educação boa. Pois não está certo que as Musas se tornem ministras ou instrumentos de iniquidade».
Marsilio Ficino, Cristoforo Landino, Angelo Poliziano e Demetrios Chalkondyles, por Domenico Ghirlandaio. Capela de santa Maria Novella, Florença.
Eis outra carta, enviada a Niccolo degli Albizzi, tão lúcida quão profundamente sábia e que foi intitulada Exhortatio ad scientiam:
«Ouviste aquele provérbio, meu Nicolau, “nada mais doce que o lucro”? Mas quem lucra? Aquele que compreendeu o que é seu no futuro, pois nosso é o que sabemos, tudo o mais é verdadeiramente da fortuna [ou sorte].
Invejam os homúnculos os ricos, dos quais é a arca e não a alma a riqueza [cuja riqueza está na arca e não na alma].
Tu emula os homens doutos e bons, cuja mente é semelhante a Deus. Admoesta os teus condiscípulos a terem cuidado com Cila e Caribide, isto é, com a volúpia enganadora e a inflamação pestífera da mente, antes opinando que sabendo.
Que eles se lembrem que, um dia, a suma volúpia haverá de estar na parte suprema da alma, naquele tesouro da verdade suprema, quando eles desprezarem as sombras inânimes da volúpia pela graça do conhecimento.
A árvore do conhecimento, mesmo se virmos que tem raízes amargas, todavia produz frutos suavíssimos. Que eles se lembrem além disso que nunca superfluamente em excesso se torna o que nunca se torna suficiente.
Que eles se lembrem além disso que nunca se torna bastante o que nunca se tornar em excesso. Ainda não aprendeu suficiente quem ainda duvida de qualquer coisa, porém duvidamos enquanto vivemos. Assim é de nós aprender por tanto tempo quanto formos vivendo, imitando aquele sábio Sólon [638-558 a.C) que, estando a morrer, brilhava aprendendo algo, visto que se alimentava pelo sustento da verdade e para quem a morte não era senão revivescer.
Não pode morrer quem vive [respira] de alimento imortal. Além disso, Sócrates foi o primeiro a ser chamado do mais sábio de todos por Apolo, porque foi o primeiro a pregar publicamente que nada sabia. Mandava Pitágoras os seus discípulos verem-se ao espelho não à luz de uma luzerna, mas à luz do sol. O que é porém a luz da luzerna senão uma alma até aqui pouco erudita? O que é a luz do sol senão a mente que é muito sábia?
Portanto quem lhe apeteça especular acerca da figura da sua alma não a compare com indoutos, mas pelo contrário com doutíssimos. Assim discernirá claramente quanto lucra, quanto falta. Ao sustentar a mente devemos imitar os gulosos e os avaros, que sempre tem a mente intenta no que ainda resta. O que há mais? O Mestre da Vida diz: «Não é digno de prémio aquele que mete a mão ao arado e olha para trás». Ouviste aquela que de ser vivente em estátua foi transformada. Ouviste ainda como Orfeu perdeu nessa ocasião, em que olhou para trás, Eurídice, isto é, a profundidade do seu juízo. Cobarde e vão é o investigador que regride e não progride. Guarda-te em Deus [Vale]...» (Opera. 1641. T. 1º, p.605).
Giovanni de Corsi, nascido em 1472, e que publicou a biografia de Marsilio Ficino em 1560, foi discípulo de Francisco Cattani da Diaceto, grande amigo de Ficino, o qual escreveu no prefácio do seu De Pulchro algo que aflora aspectos sagrados do ensinamento platónico e neoplatónico, a comunicação profunda e do interior entre o ser humano, o seu anjo e o seu mestre: "Tudo o que nós somos, se somos alguma coisa, devemo-lo a Ficino. Marsilio, portanto, como nosso daimon (génio, anjo, mestre) familiar, fala sobre o belo através da nossa boca, o que é conforme à Academia". Na verdade, a sua aproximação ao mistério e ao Ser divino foi e é das melhores que o género humano gerou...
Tocando harpa, Marsilio Ficino conheceu, tal como alguns sábios das tradições Indiana, Persa e Grega vivenciaram e ensinam, o Sermo, Verbo ou Shabda interno: «A alma recebe as mais doces harmonias e números através dos ouvidos, e por estes ecos é lembrada e desperta para a música divina que pode ser ouvida pelo sentido mais subtil e pela mais penetrante mente». Eis um pequeno contributo para desafio perene de conseguirmos ouvir a tão subtil música do som das partículas e esferas e que está sempre a ressoar provinda do mundo interno espiritual e do cosmos...
Talvez por isso esteja representado no seu busto mortuário, dentro da igreja florentina de Santa Maria Maior, na parede meridional, tocando harpa, sugerindo que devemos afinar as frequências da alma e intensificá-las (tocando, cantando, orando, meditando e agindo bem e em amor), para os níveis mais elevados dela própria e da Anima Mundi, e assim podermos cada um reconhecer-se como "raio eterno do Sol Divino" e não se dispersar ou envolver em tanta alienação, manipulação e lixo dos meios de comunicação, de modo a que possamos resistir a tal massificação infra-humanista-transhumanista, e antes fortificarmos o nosso corpo espiritual e sentirmos mais a ligação com os mestres e santas, anjos e a Divindade e logo agir pelo bem da Humanidade multipolar e livre...