sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Domingos António Sequeira, História e Espiritualidade, exposição no Museu de Arte Antiga.

  Domingos Sequeira, Pintor de História, uma exposição na pequena Sala do Tecto Pintado, no Museu de Arte Antiga, em Lisboa, foi inaugurada hoje,12-XII-2016. São apenas duas pinturas e os esboços para elas a justificarem a exposição, tenho ainda nascido um livro valioso e belo. 
No caminho dentro do museu para se chegar até à exposição algumas fotografias foram sendo tiradas por razões espirituais ou diversas...
A peregrinação da vida, ou à subtil estrela dupla pentagonal de oito raios, é um profundo e iniciático ou íntimo mistério....
Anjo da guarda/ Infante nosso/ inspira a alma/fortalece o espírito.
                  
Musa angélica e amada nossa, faz-nos sentir as tuas  asas e inspira-nos.
Mãe Universal, Grande Deusa antiga, preserva a Terra, inspira a Humanidade...
As contas do Tempo passam rápido: vê o que fazes, lês e que escreves no Livro da Vida...
A voz e a música que cantam hinos em Amor atraem os Anjos e manifestam o Divino. S. Cecília e os Anjos.
A iniciação na vida real e onírica leva-nos através dos cinco elementos até ao Espírito Divino, mas com que dificuldades para interpretar o surrealismo e supramaterialismo que se geram nas almas.
 
A aparição do espírito é sempre fugaz e algo inapreensível em moldes e posses...
O Poder angélico ou as Potestades, devem ser invocados mais vezes
                         
A imagem cristã do Pai, ou do Mestre dos Mestres, um ser misterios, que nada tem a ver com o Jehova, rodeado de seres celestiais...
Que a luz da centelha espiritual brilhe mais em todos os seres, naa comunhão com os Anjos e o corpo místico de cada família, país e Humanidade...
 
Anjos tenentes do brasão de Portugal, faces e ajudantes do Arcanjo ou Génio de Portugal...
A misteriosa, subtil e tão amada e amante Santa Madalena nossa... 
A organizadora da exposição, com quem dialogámos simpaticamente no fim, e que recebeu ainda a colaboração de uma investigadora italiana para o livro editado, explica a evolução de Domingos Sequeira do Neoclassicismo para o Romantismo, o contexto da representação de épocas antigas na pintura de então e como muitas das suas obras desapareceram. 
Entre a assistência o Hugo Crespo, a investigadora italiana e uma outra grega permitiram no fim um diálogo luminoso, no qual se invocou desde os mestres mogóis Akbar e Dara Shikoh até Bocage e Pitágoras, Marsilio Ficino e Pico della Mirandola.
A última pintura de Sequeira, A morte de Camões, para a vala comum mas também para a imortalidade, como a de Bocage, este, num poema, podendo ter inspirado Domingos António Sequeira para uma das suas composições religiosas marianas, A Coroação da Virgem, que se encontra  no museu: 

Embora por critérios de organização ou de espaço tenha sido mantida  noutra sala, mas que não ficaria "nada mal" na exposição, alargando a história mundana para a supra-sensível e sublime...
Quem sabe se foi um mestre sufi quem  se entranhou como eidolon na fantasia de Domingos António Sequeira e assim ficamos com um portal invocador de tal qualidade de estado de união espiritual.
Bocage adverte já pioneiramente da Unidade das Religiões, na fabulosa Epístola a Urânia:«Crê, que um bonzo, um derviche modesto e pio/ Encontram mais agrado nos Seus olhos...»
Outro dos estudos para as figuras dos três islâmicos que se encontram no interior da mesquita de Arzila, onde D. Afonso V em 1471 arma cavaleiro o seu jovem filho, o futuro D. João II.
Versão já quase final, ainda que assinada nas costas pelo sobrinho do pintor com a designação "Esboçeto", já que Domingos António Sequeira (1768-1837) com o Absolutismo emigrara, terminando os seus dias em Itália, onde se aperfeiçoara no início da sua carreira (1788 e 1795) graças a uma pensão da rainha D. Maria I. 
Parecem mesmo mestres sufis, palavra cuja etimologia polisémica pode ser tanto os que se vestem de lã branca, como os pobres, os puros, os espirituais, tal como estes três que assistem dentro da mesquita de Arzila a uma iniciação ocidental.
Domingos António Sequeira já um deísta, um ser da Religião Universal, da religião do Espírito e do Amor, um ecuménico, pois como Bocage escreve então: Deus «recebe imparcial todos os cultos».
A pintura de uma iniciação na Cavalaria, que é universal e que os portugueses realizaram nos Descobrimentos ao contactarem com cavaleiros indianos, islâmicos e persas, realizada na mesquita de Arzila: D. Afonso V arma o seu filho príncipe D. João, diante do corpo de um cavaleiro português morto na conquista da cidade. "Morrer é ser iniciado", escreveriam depois Antero de Quental, Joaquim de Araújo e Fernando Pessoa, numa linha de Filosofia Perene, ecoando  um epigrama da milenar Antologia Grega
Os três islâmicos que vemos serão sufis, ou mestres de espiritualidade islâmica aceites e de certo modo oficiando indirectamente no acto? Poderá ter havido alguma relação com os três Magos do Oriente?
Uma imaginatio nossa mas com alguns foros de possibilidade ou não corriam esses ventos em Bocage, seu contemporâneo (e seria interessante saber se dialogaram alguma vez),  e que lança a pergunta, numa Ode, como é que os Persas, Árabes e Turcos que seguem o seu Alcorão e se comportam bem poderiam estar excluídos do amor e graça Divina?
Esta pintura é já da fase naturalista, fluída e impregnada de sublimidade, da sua maturidade...
                   
Egas Moniz apresenta-se com a mulher e as crianças diante do rei D. Afonso VII de Leão e Castela para cumprir à sua custa a promessa de vassalagem que D. Afonso Henriques, de quem fora aio, prometera apertado num cerco a Guimarães...
Domingos Sequeira segue ainda os modelos clássicos e a pintura tem um ambiente e formas hieráticas que nos fazem recuar às tragédias greco-romanas ou às Vidas de Plutarco. Esta cena de sacrifício do aio e guerreiro corajoso Ega Moniz será uma das lendas fundadoras de Portugal e algumas imagens e textos dela se foram entrecruzando, um dos últimos elos da Tradição Espiritual Portuguesa a trabalhá-lo foi Jaime Cortesão, do movimento portuense Renascença Portuguesa, e da revista Águia, onde Fernando Pessoa se iniciou publicamente em 1912, antes de se entregar mais ao Modernismo e a Orpheu.
Da descendência do valeroso exemplar Egas Moniz,  e que até aos nossos dias singrará na grande Alma Portuguesa...
               
        Quais apóstolos do novo reino de Portugal...
Um Anjo Cupido de Vénus, e promovido há muito a  génio do Museu de Arte Antiga, abençoa-nos e despede-nos, com o seu duplo ou sombra que em nós também angelizar se quer...
 E agora, já numa galeria diante do Museu, a Wozen, por sincronia em exposição aberta, um belo desenho: 
porque as galerias privadas bem precisam de divulgação e apoio, pois a crise provocada pelos políticos e financeiros destruiu em grande parte o mercado da arte contemporânea e diminuiu muito o poder de compra da classe média. 

É um belo desenho da artista carioca Lou Fortes, na exposição colectiva intitulada Universo Surreal- Entre o Delírio e o Absurdo. Nos seus desenhos (estavam cinco)  Lou Fortes manifesta uma grande mestria de observação da natureza e de cópia naturalista e também de criação espiritualista, neste caso o da convivência entre as crianças e os espíritos da Natureza, pano de fundo dos contos milenários ainda hoje dos patrimónios educativos mais valiosos e que a Arte de todos os tempos tem procurado preservar e recriar, até para lembrar que antigamente a clarividência era maior e que a enxurrada informativa moderna pode diminuir o acesso a tais níveis subtis da realidade...
A Humanidade, entre os Espíritos da Natureza e os Espíritos Celestiais, eis um bom programa de estudo e convivialidade e que as Musas, Anjos e Génios, com a Divindade, nos inspirem...

Sem comentários: