sob uma grande diversidade de temas ainda que sob a égide ou a bandeira do Espírito Santo, a qual foi aliás referida em algumas palestras já que no culto do Espírito Santo no Brasil há uma grande fé nos poderes ou energias abençoadores das bandeiras das confrarias do Espírito Santo, envolvendo-se mesmo nelas as pessoas durante algum tempo.
Muitas das sessões aconteceram no auditório do nosso querido amigo e ímpar humanista Damião de Goes, confidente de Erasmo no fim da sua vida...
E estiveram todas sob a protecção e invocação de uma bandeira e de uma coroa do Espírito Santo, bem artísticas e susceptíveis de nos inspirarem.
A cidade tanto monumental como presépio como vila esverdeada disponibilizou com grande amor vários locais históricos para as sessões, destacando-se nas imagens seguintes os Paços da Câmara, com belas salas, escadaria, vitrais, pinturas e estuques,
bem como muitas simpáticas pessoas, desde os que como motoristas muito atenciosos e sábios levavam e traziam os Congressistas,
até aos vereadores e ao Presidente da Câmara que dialogam e gerem a res publica, na imagem o Presidente da Câmara Municipal, Pedro Ferreira Folgado a dialogar à porta de uma das jóias mais preciosas do seu município: a porta biblioteca do claustro e convento de S. Francisco...
Não destacarei especialmente qualquer das comunicações pois dada a nossa actual não ubiquidade só pude assistir a algumas.....
mas referirei as conversas interessantes com pessoas como o presidente da Confraria da Rainha Santa em Coimbra, o vereador Eurico Borlido, comunicantes e assistentes como Maria Gorete Cacho, Carlos Paiva Neves, P. António Rego, António Moniz, Maurícia Teles, Neusa Mariano, Lídice Ribeiro, Paola Nestola, Ildemar Pereira, Helena Rebelo, Susana Alves-Jesus, Marcelo Lachat. Elizabeth Joansen, Alberto Vieira, Alfredo Cunhal Sedim e sua mulher...
Penso que a riqueza impar e tão significativa das múltiplas formas de celebrar e partilhar o culto do Espírito Santo em Portugal, ilhas e Brasil foi em vários aspectos bem apresentada...
e que o mistério do Espírito em cada um de nós e do Espírito Santo divino no Cosmos, com algumas boas aproximações, terá ficado também mais claro, vivo, irradiante...
Neste sentido contribuiu bastante o ambiente de cordialidade dos diálogos e, finalmente, no último dia, a comunicação do bispo D. Manuel Clemente (da qual gravei dois excertos visíveis no youtube) e sobretudo a missa do Espírito Santo.
concelebrada por ele e mais cinco sacerdotes (na imagem a invocação das bênçãos divinas no momento crucial e pinacular da celebração eucarística) e muito bem pautada pelo notável ou suave coro de Alenquer,
abrindo-se mais os canais de ligação e de comunicação do fogo do Espírito em alguns dos Fiéis do Amor que enchiam a bela igreja do convento de S. Francisco, onde algumas estátuas são também de grande qualidade e força.O claustro ajardinado é de uma beleza e vibração notabilíssima para não dizer sublime, tal a paz profunda se sente a vibrar no ar, quem sabe por obra e graça do Espírito santo e anima mundi... Felizes os que usufruem ou usufruirão de tal oásis ou paraíso na terra...
Como na sexta-feira 16 participei a partir das 16:30 na Sessão Paralela I, no Auditório Damião de Góis, sob o tema atribuído às quatro comunicações de "Paracletianismo e Utopia na Literatura, na Filosofia e na Arte" refiro que foi a sessão bem orientada por Maria Luísa Ribeiro Ferreira e abriu o diálogo, que só no fim se concretizou mais especificamente com as perguntas e respostas, Rui Rego sob o título O Perdão como Utopia: Um Princípio de Acção entre o Passado e o Futuro, desenvolvido numa linha filosófico-moral, realçando o valor do perdão como cicatrizador ou curador das feridas da memória.
Seguiu-se Ana de Campos Leitão que falou sobre o tema Pentaecologia: proposições utopísticas para (a)catar um sentido feliz para o desenvolvimento, numa linha antropológica e sociológica, aberta e empenhada na sobrevivência da dignidade humana e da ecologia planetária numa linha lúcida de discernir as manipulações opressivas a que há que resistir.
O Espirito e o Espírito Santo em alguns dos últimos elos da Tradição Espiritual Portuguesa: Antero de Quental, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, foi o tema exposto por Pedro Teixeira da Mota, que respondeu ainda a uma questão mais detalhadamente (com a Ana de Campos Leitão, já disponível no Youtube).
A última comunicação, mais técnica e histórica, foi a de António Pereira intitulada A Utopia/Distopia do Petróleo, na qual traçou uma historia da extracção e utilização do petróleo como fonte de energia desde a Antiguidade aos perigosos furos actuais, detendo-se ainda sobre os desafios energéticos que a Humanidade a todos níveis tem diante de si.
Parabéns à organização científica e técnica, liderada pelo prof. José Eduardo Franco e a sua vasta equipa de doutorandos, à Câmara Municipal, e em especial ao Presidente Pedro Ferreira Folgado e ao vice-presidente Rui Soares da Costa (sempre presente), e às demais pessoas, entidades ou instituições envolvidas...
Por último, lembre-nos que o Espírito Santo sopra onde e quando quer e que portanto devemos considerar a sua essência Divina, e a sua presença e actuação a partir do mundo espiritual e geradora de infinitas virtualidades e manifestações. as quais se consubstanciam em nós numa obra em aberto ou como os Joaquimitas e franciscanos espirituais no séc. XIII chamaram, no Evangelho Eterno e que Antero de Quental considerou uma vez numa carta aos seu grande amigo poeta Fernando Leal como a revelação e a voz do Espírito divino no mais íntimo de nós, e noutra ocasião que o Evangelho é Eterno porque tem sempre a sua última página em branco, aquela que nos compete escrever, trabalhar.
Neste sentido fluuu também o cardeal D. Manuel Clemente, no final da sua valiosa comunicação, referindo o Espírito Santo na ecologia, e vemos aqui o rio de Alenquer, muito limpo ou pouco poluído, cheio de trutas e patos, a atravessar a cidade presépio antes de ir desaguar no seio das Tágides nossas,
apresentando tal novidade eclesial (embora os franciscanos a tivessem há muito...) expressa na recente encíclica do papa Francisco, e deste modo renovando o famoso dito ou prece de Jesus, ao também misterioso Pai, "Faça-se a vossa vontade assim na terra como no céu", tal como fazem destemida ou airosamente há muito anos estas duas grandes araucárias que abençoam a zona da Câmara Municipal.
Ei-lo num belo trabalho de estuque no salão nobre do belo edifício da Câmara Municipal...
Com a rainha santa Isabel, nesta imagem da capela do Espírito Santo,
eles são certamente elos da Tradição Espiritual Portuguesa que nos abençoam desde os mundos espirituais...
Para terminar, e em função da minha comunicação, O Espirito e o Espírito Santo em alguns dos últimos elos da Tradição Espiritual Portuguesa: Antero de Quental, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva, transcrevo duas citações de cada um. E começo por Antero de Quental, tanto mais que participei enquanto associado do Instituto Açoriano da Cultura, e que ele, tal como Damião de Goes em Alenquer, nasceu e morreu no mesmo local, em S. Miguel, no centro mais irradiador do culto do Espirito Santo, as ilhas dos Açores:
«O que nos salva é a obediência cada vez maior às sugestões daquele demónio interior, é a união cada vez maior do nosso ser natural com o seu princípio não natural, é o alargamento crescente da nossa vida moral nas outras vidas não morais, é a fé na espiritualidade latente mas fundamental do universo, é o amor e a prática do bem, para tudo dizer numa palavra». (Carta de Vila de Conde, de 14-11-1886 a Jaime Magalhães Lima).
Carta de 12-8-1884 a João Machado de Faria e Maia: «a nossa vida, meu João, verdadeiramente, é só a vida da nossa alma, do misterioso e sublime eu que somos no fundo: ora esse eu ou essa alma tem a sua esfera na região do impessoal: o seu mundo é o da abnegação, da pureza, da paciência e do contentamento, na renúncia do individuo natural e de tudo quanto o limita, algema e obscurece é que consiste a sua misteriosa individualidade»
De Fernando Pessoa, citamos no nosso breve discurso, sobre o espírito em nós, esta parte do Livro do Desassossego: «Não saber de si é viver. Saber mal de si é pensar. Saber de si, de repente, como neste momento lustral, é ter subitamente a noção da mónada íntima, da palavra mágica da alma»,
E sobre o Espírito Santo: «Ele é primeiro o Inefável, a Alma de Deus, ou Criador de Deus, e chamamos-Lhe o Espírito Santo ou o Espírito Divino», salientando a importância de congraçarmos os teológos e as definições conciliares e dogmáticas com os filósofos, os misticos e os poetas na demanda clarificante do Espírito, pelo qual toda a humanidade no fundo anseia tanto....
De Agostinho da Silva: «o Espírito Santo é o centro abstracto, o ponto simultaneamente ideal e existente, só pensado e real, em que se encontram todas as religiões; como ponto importante e indispensável de uma roda é exactamente aquele que nela se não move, assim toda a actividade religiosa vem do espírito, nenhuma religião é sem ele concebível e todas a ele se dirigem; mas, como a Ilha Encantada de que falam contos e postas, só ouvimos o mar bater-lhe se o não escutamos e só a ela chegamos se a não buscarmos, ocultar-se-ia o Espírito se dele fizéssemos o centro de uma religião nossa, com exclusão de qualquer das outras»
E umas quadras do fim da sua vida: «Matéria sendo bailado/ que faz o Espírito santo/ com o espírito que é nosso/ e que santo não é tanto.//
Da dança brota primeiro/ o que se chama energia/ naquele saber de agora/ em que física se fia».
Da dança brota primeiro/ o que se chama energia/ naquele saber de agora/ em que física se fia».
2 comentários:
Muito reconfortante. Bem haja, Pedro.
Graças, Maria Sant'Anna. Muta luz e paz!
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