domingo, 20 de março de 2016

Equinócio da Primavera e suas energias celestiais, com um poema de Antero de Quental "Nuvens da Tarde"

Para acompanhar esta celebração da Primavera e das suas nuvens equinociais nada melhor do que um dos poemas escritos por Antero de Quental nos seus verdes anos (1861-1864) e dados à atmosfera em 1872 sob o título Primaveras Românticas, certamente o mais apropriado para o dia em que celebramos a entrada e sagração da Primavera....
Seguem-se fotografias das nuvens recolhidas há pouco e três pinturas do mestre russo Nicholai Roerich...
Fazemos a sugestão musical e visual da música, algo longa mas bela, do ballet de Igor Stravisnky, Sagração da Primavera.
https://youtu.be/jF1OQkHybEQ?list=PL0E08B786BE362959

E que bom seria haver gravação do momento histórico, com os cenários e roupas desenhados por Nicholai Roerich e que foram à cena em Paris em 1913, com coreografia de Nijinsky 
"Culto das pedras, das árvores e das águas" 
Sagração da Primavera: a serpente florida que na dança se eleva.  
Aspire e receba as bênção dos raios e correntes celestiais, equinociais ou as de sempre... Ore e dance, cante e crie....

Spring Equinox. Receive from the equinoctial clouds the celestial energies...
Nuvens da Tarde, por Antero de Quental

«Aquelas nuvens, que voam,
Ninguém pode pôr-lhes mão...
São como as horas que soam,
E as aves, que em bando vão...

Como a folha desprendida,
E como os sonhos da vida,
Aquelas nuvens que voam...
Às vezes o sol, que as doura,
Parece à glória levá-las...
Mas surge o vento e, numa hora,
Já ninguém pode avistá-las!

É um convite enganoso,
Um escárnio luminoso,
Às vezes, o sol que as doura!
Tantos castelos caídos!
Tantas visões dissipadas!
Gigantes, heróis perdidos,
Que mal sustêm as espadas!
Faz pena ver, lá do monte,
Nas ruínas do horizonte,
Tantos castelos caídos!
E as donzelas lastimosas,
Que vão fugindo transidas!
Quem fogem elas ansiosas?
Que buscam elas perdidas?

Ó romances fugidios!
Vejo os tiranos sombrios,
E as donzelas lastimosas!
Aquelas nuvens que vemos,
Esses poemas aéreos,
São os sonhos que nós temos,
Nossos íntimos mistérios!
São espelhos flutuantes
Das nossas dores constantes
Aquelas nuvens que vemos...
Nossa alma vai-se com elas,
À procura, quem o sabe?
Doutras esferas mais belas,
Já que no mundo não cabe...
Voando, sem dar um grito,
Através desse infinito,
Nossa alma vai-se com elas!
Destacaremos no belo poema de Antero a consciência da evanescência ou transitoriedade das nuvens, as quais como sonhos nossos são douradas por momentos mas pouco depois se dissipam, sendo contudo a nossa alma levada por elas ou nelas, talvez a procura de esferas, níveis, planos de existêncoa ou mundos mais belos...
Um senão, algo exagerado, o "escárnio luminoso"
Como sabemos a Psicologia, a Terapia e a Teologia, oculta e celestial, das nuvens ainda está muito rudimentar e cada um de nós participa dela sempre que as contemplamos, estudamos e amamos mais, e começamos a ver e a intuir o que está por dentro e detrás delas e os múltiplos ensinamentos e efeitos benéficos que podemos receber delas...
Página ou legenda em branco: o Evangelho, Boa Nova, ou Revelação, ou obra em aberto.. 

4 comentários:

Maria Santana disse...

Muito revelador e inspirador. Muito grata

Unknown disse...

Preciosa publicación

Unknown disse...

Lindo lindo como sabes escrever coisas belíssimas e juntamente com a escrita de Antero parece-me uma música que me emociona! Grande grande muita saúde e vida longa para escreves sempre mais.

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Muitas graças, Maria, Nora e Vicência pela vossa tão simpática apreciação e peço desculpa por só hoje ter conseguido começar a responder aos comentários. Lux!