domingo, 29 de junho de 2014

Graal, Graal, Índia, Pérsia e Portugal. 500 anos de encontros e de realização de maior sabedoria e harmonia.

Dara Shikoh (1615-1659), um mestre da Unidade das Religiões...
                                                   Graal, Graal, Índia, Pérsia e Portugal.
Os mais de quinhentos anos da chegada ao Oriente e à Índia têm sido sentidos, pensados e visualizados de modos tão diversos que certamente é difícil não só fazer-se uma apreciação correcta dos aspectos positivos e negativos como uma síntese do que melhor se realizou e investigou e como tal taça poderia ter frutificado e frutificar ainda mais...
A riqueza deste encontro é de facto tão extensa e intensa que, por mais que se publiquem obras ora de elogio ora de crítica pelos aspectos de exploração e violência, sempre emergirão novos aspectos ou desafios da frutuosa relação,  não só nas investigações do passado, como nas germinações nos dias de hoje, bem visíveis em pessoas e livros, tendências e dinâmicas sociais, nomeadamente no comparativismo religioso e  espiritual, no activismo ecológico, na interdependência e sustentabilidade...
Retrospectivamente, diante das muitas reflexões e comemorações centenárias que ocorrem praticamente todos os anos, pode ser instrutivo observar a sincronia da Expo 1998 em Lisboa com os quinhentos anos da chegada à Índia e compará-los com o passado. E se em 1898 o fulcro das comemorações assentara nos grandes vultos do pensamento e da acção portuguesa, destacando-se a Sociedade de Geografia e a Academia das Ciências como os polos dinamizadores das comunicações realizadas, em 1998 uma sociedade cada vez mais tecnocrática, virtual e mediática, ainda que promovendo certas publicações valiosas (embora por vezes mais artísticas e fotográficas do que substanciais), realizará sobretudo construções, espectáculos e vias de acesso democráticas para milhões, numa multiplicação tremenda dos conhecimentos técnicos que permitiram às três casquinhas de nozes com um punhado de bravos pioneiros arrostarem os mares desconhecidos em 1498 em busca da legendária Índia. Mas o desafio maior talvez seja sempre discernirem-se e clarificarem-se as melhores realizações culturais e espirituais que os povos conseguiram atingir e aprofundá-las e interrelacioná-las
Mas, curiosamente, quando os projectos portugueses de se comemorar em 1998 na Índia a chegada a Calecute de 1498 não conseguiram suscitar mais do que indiferença ou animosidade de responsáveis ou de protagonistas da política indiana, surpreendendo os que pensavam que certas feridas já tinham sido suficientemente amenizadas com o tempo, já que não se aperceberam que não havendo ainda da parte dos responsáveis Portugueses uma verdadeira apreciação da cultura indiana eles ressentir-se-iam, também os projectos, mas estes conseguidos, de cooperação Ibérica na montagem e realização do espectáculo sensacional da Expo encontraram uma oposição resmungante e por fim assumida num manifesto assinado por uma das poucas uniões da esquerda e da direita do espectro político português. 
Ou seja, se os quinhentos anos de começo de relações por vezes impositivas do lado português na Índia encontraram indianos ora humilhados e ofendidos ora conscientes de que o valor da civilização indiana ainda não era reconhecido pelos responsáveis políticos modernos, também os 400 anos do começo duma curta sujeição de 60 anos a Castela e Espanha não deixaram de ser pretexto para susceptibilidades feridas.
Todavia se formos observar os valores que floresceram, pesem todas as violências,  repressões ou opressões nesse interrelacionamento dos povos, muitos  ainda pouco estudados e divulgados, tais as obras dos portugueses que escrevem em espanhol nessa época ou que se passaram mesmo para Espanha, e vice-versa, ou algumas das infinitas interacções luso-orientais, surpreendemo-nos perante o facto de que a exclusividade ou o espectro do nacionalismo era facilmente ultrapassado não só por traidores ou renegados mas por todos aqueles para os quais o Mundo era a pátria do forte, ou para quem a unidade e solidariedade do género humano estavam acima de nacionalismos e separativismos, muitas vezes escusados, ignorantes ou primários.
Lembremo-nos, por exemplo, dum dos portugueses que ficou por Espanha, Manuel Faria e Sousa, o cronista da monumental da História da Ásia, o erudito comentador de Camões e o subtil autor das palestras secretas. Ou das obras dum dos religiosos castelhanos que vieram para Portugal, Frei Luís de Granada, admirador de Pico della Mirandola e de Erasmo, e cujas obras de maior espiritualidade mística  foram censuradas por serem demasiado quietistas. Ou dos frades portugueses que na Pérsia, que Portugal contactava desde a conquista de Ormuz em 1507,  tanto converteram como se islamizaram e escreveram mesmo justificando as razões da conversão.   Ou, dando um salto grande, ainda de Agostinho da Silva, cidadão universal (com quem dialoguei bastantes vezes), devoto da irmã Galiza, tão peregrinada por muitos de nós em Santiago de Compostela, da qual dizia que do mesmo modo que neste ponto de peregrinação se fizera muito a noção de Europa, assim os Portugueses a tinham levado ao Mundo. 
 Convém de facto  não nos esquecermos que, assim como na época das cruzadas o nome de Francos ou Farangis era sinónimo de Europeus, assim na época dos Descobrimentos Portugal era o melhor sinónimo de Europa e que liderada pelos primeiros navegadores e viajantes, e depois pelos membros da Ordens religiosas, nomeadamente os Jesuítas, Franciscanos e Agustinianos, uma verdadeira internacional europeia singrou os mares sob as bandeiras da Ordem de Cristo, lídimos sucessores dos antigos Templários, os quais, para além de corajoso nas lides leais, sabiam conviver com as fraternidades islâmicas e mostrar sinais pronunciadores da futura civilização mundial para a qual de alguns modos os portugueses e os europeus contribuíram, ainda que por vezes sob formas colonialistas ou interesseiras, mas que se devem relembrar para nos aperfeiçoarmos em pedidos de desculpa, reparações, diálogos e frutificações...
Se olharmos globalmente para a interacção entre Portugal e a Índia poderemos seleccionar certos núcleos mais intensos e significativos, tais como os casamentos inter-raciais e a acção civilizadora de Afonso de Albuquerque, a missionarização cristã, o diálogo inter-religioso, a arte luso-oriental, a transmissão e o diálogo de cultura e ciência, e finalmente a cooperação política, técnica e de vários tipos de serviço prestadas por portugueses em cortes indianas.
Como um dos meus  interesses tem sido peregrinar distâncias maiores para comungar com as alturas himalaicas da sabedoria da Índia e onde estive ao todo cerca de dois anos e meio, deslocando-me quer pelos centenários itinerários por terra que os portugueses de quinhentos lideraram quer nos mais rápidos voos aéreos, fui-me consciencializando de alguns seres e momentos valiosos...
Relembremos então brevemente alguns clarões desta união do Ocidente e do Oriente, no fundo um dos objectivos principais da gesta expansiva dos portugueses. O primeiro será a dinastia Mogol, nascida em 1526 com a vitória de Babur, do Uzbequistão, em Panipat, no norte da Índia e que, com apoio da dinastia Safavida persa, viria a dominar em grande parte do norte e centro da Índia aquando da chegada dos portugueses, e que teve no imperador Akbar (1502-1645) e no seu bisneto Dara Shikoh (1615-1659) dois mestres da unidade dos povos e tradições, seres em quem as brisas quentes do Oriente encontraram metais prontos a inflamarem-se e a soldarem-se em ligas inovadoras e de grande alcance humanista, embora heterodoxas e condenáveis pelos conservadores mais ortodoxos ou mais ambiciosos, caso do fanático Aurangzeb (1618-1707), o irmão mais novo de Dara Shikok e que o executou.
                   Akbar, que nunca aprendeu a ler, mas que tinha visões e intuições...
Dara Shikoh, amigo dos padres e discípulo de mestres islâmicos e hindus, faz traduzir para o Persa pela primeira vez os textos fundamentais da espiritualidade indiana, as Upanishads, a partir dos quais a Europa, através da tradução impressa em Paris em 1801 de Anquetil-Duperront, maravilha-se. Encontrei tal tradução no Irão em 2013 em casa de um engenheiro agrícola. E compõe Dara Shikoh o Majma-ul-Bahrain, a Mistura dos dois Oceanos, um dos primeiros estudos de religiões comparadas, entre o Islão e a religião da Índia, o Sanatha Dharma, e que traduzi para português em tradução-gravação directa da versão inglesa, e está no Youtube.  Fora porém o seu bisavô Akbar, reinando entre 1556 e 1605, quem mais se relacionara com os Portugueses e lhes abrira as portas da corte, no interior da Índia.
Akbar, seguindo a procura da verdade, recebe na sua Casa da Adoração, a partir de 1580, os Jesuítas e para dialogarem com  religiosos de outras religiões.
Em 1563 o imperador Akbar, filho do imperador Humayun e de Hamida Begun, uma persa  shia, envia a Goa uma delegação com um formão em que pede o envio de "padres portadores dos livros das leis e da Verdade", que ele muito desejava conhecer. Acedido o pedido pelas autoridades portuguesas de Goa, organiza-se a primeira missão à corte mogol e iniciava-se um diálogo e uma interacção notável entre o Oriente e o Ocidente. As crónicas mogóis registam a chegada em Fevereiro de 1580 da primeira missão, onde vêm os jesuítas italiano Rudolfo Aquaviva, o catalão António Monserrate e o persa convertido Francisco Henriques. A ânsia de conhecimento ou, como ele proclamara, "a procura da Verdade", de Akbar era tão grande que quando chegaram foram logo levados à sua presença, ficando à conversa até às duas horas da manhã.
A casa de Adoração, Ibadat Khana, onde Akbar reunia há anos em Fatehpur Sikri sábios dos vários povos e religiões na procura da Verdade, passados quatro dias da chegada, passa a contar com a presença ainda mais fogosa dos distantes europeus. Abu Fazal, o cronista principal do imperador Akbar e seu íntimo, retratará o ambiente da época escrevendo mais tarde sobre a sua adolescência e os encontros que presenciara:«Por vezes o meu coração era atraído para os sábios do Cataio, outras para os ascetas do Líbano, outras vezes o desejo de conversar com os lamas do Tibete quebrava a minha paz, e outras vezes a ânsia de passar algum tempo com os padres de Portugal puxava a minha roupa» e descreve uma das sessões do pioneiro diálogo (ainda que por vezes muito exclusivistas por parte de cada um dos religiosos…), através do qual Akbar procurava investigar o valor das várias religiões tendo em vista o princípio que aceitara:«Deus deve ser adorado com todo o tipo de adoração» e não só o de uma religião...
Abu'l - Fazal (1551-1601) entrega a Akbar a crónica do imperador, Akbarnama...
Oiçamos então o persa Abu'l Fazal, na sua notável crónica Akbarnama: «A Casa de Adoração foi uma noite iluminada pela presença do Padre Rodolfo, que não tinha rival quanto a inteligência e sabedoria entre os doutores cristãos. Vários homens críticos e enganadores atacaram-no e isso permitiu a assembleia presenciar o julgamento calmo e justo. Estes homens lançavam as velhas asserções, e não tentavam chegar à verdade por meio do raciocínio…Com perfeita calma e grave convicção da verdade, o Padre replicou aos seus argumentos».
Graças às três missões enviadas e a mais alguns portugueses que por lá chegaram trocar-se-ão muitas riquezas, informações, arte e ciências, patentes sobretudo nas artes decorativas e pintura, em que o imperador Jahangir sobressaiu como mecenas e estudioso do simbolismo artístico comparado.
Em 1581, Akbar, tendo partido numa expedição a Cabul, e levando consigo o Padre jesuíta António Monserrate, pede a este que lhe mostre num mapa Portugal e a Índia e discutem assuntos como o celibato do clero e a identidade do Espírito Santo pela noite a fora. No regresso à então denominada Roma do Oriente, Goa, o P. Monserrate contava que Akbar clamava pertencer à seita dos místicos do Islão, dos sufis, e que o mais lhe importava era contemplar Deus e repetir os seus nomes.
Akbar nas suas práticas e diálogos espirituais
Em 1582, Akbar deixa mesmo de seguir as prescrições e doutrinas da sharia, a religião muçulmana no seu aspecto exterior de lei e preceitos e, na base do Zoroastrismo, Jainismo, Sufismo e Hinduísmo, funda a Din Ilahi, a Visão ou Fé Divina, embrião da tomada de consciência precoce da religião universal, ou não fosse ele um imperador de grande visão, a qual teve como membros uma centena de seus próximos e que transmitirá entre outros ensinamentos um dos ditos mais apreciados: «Deus deve ser adorado com todo o tipo de adoração».
Graças a este diálogo, de Deli e de Agra partirão as primeiras expedições e missões ao Tibete, ao deserto do Gobi e ao Turquestão sendo de realçar os contributos heróicos dos jesuítas António de Andrade, Bento de Góis (este chegando mesmo ao Cataio, a China), Estêvão Caçela ( primeiro a mencionar Shambala) e Ipolito Desideri. E mesmo depois de os padres terem deixado de imaginar que converteriam algum dos imperadores mogóis e as missões cessarem, alguns portugueses continuaram a brilhar nas cortes mogóis e indianas, sendo de destacar a médica D. Juliana Dias da Costa, que será ama, conselheira e mestra da corte no tempo dos imperadores Aurangzeb e Bahadur Shah, até morrer em 1734. Este último tinha-a como uma segunda mãe e dizia que se ela fosse homem escolhi-a para vizir.
Noutras cortes, já indianas, médicos, militares e padres cooperam e são devidamente apreciados. O P. Figueiredo fornece os livros astronómicos que alegram e estimulam o gosto pela astronomia do raja de Jipur, Jai Singh Sawai, o construtor dos ainda hoje visitáveis observatórios de Jaipur e Delhi. A sul, no império de Vijayanagar, o guru do imperador usa uns óculos que lhe foram fornecidos pelos portugueses.
Foram numerosos os indianos e goeses que, ultrapassando as barreiras e auto-limitações das castas, puderam viajar e evoluir para se formarem em leis ou religião católica e chegarem tanto a grande erudição como à santidade, tal S. José Vaz, recentemente canonizado, ou os professores de sânscrito e de civilização indiana, já no século XX, Sebastião Dalgado e Mariano Saldanha e que foram dos principais construtores de algumas pontes para que a cultura indiana entrasse um pouco mais em Portugal, ao lado de Guilherme de Vasconcelos Abreu (1842-1907), condiscípulo e amigo de Antero de Quental, e notável estudioso e transmissor de sânscrito e cultura indiana, nomeadamente na sua presença nos Lusíadas, de Luís de Camões.
Esta míngua de receptividade nossa  talvez seja o segundo factor, a seguir à violência religiosa e militar, para que continuem ainda assim frustrantes as relações entre as almas dos dois países, com todas as publicações, visitas oficiais e comemorações dos Descobrimentos, sempre limitadas nas mentalidades e nos interesses das que as promovem, impossibilitando-se assim o encontro e diálogo na base dum reconhecimento dos valores recíprocos em vez dos habituais pontos de vista chauvinistas, superficiais ou conservadoramente materialistas ou religiosos. É só a imigração crescente de Orientais para Portugal, bem como a voga da hatha yoga que já no século XXI permitirão mais contactos e influências, embora os aprofundantes diálogos inter-civilizacionais sejam limitados a pontuais actividades de fundações e grupos.
Do passado  fermentante ficou a polémica no seio da Igreja Católica dos ritos indianos e chineses, causada pelas iniciativas de valorização das tradições culturais, religiosas e espirituais orientais encetada por jesuítas mais sábios, tais como o P. Nobili e P. Ricci, e mesmo S. Francisco Xavier dialogante no Japão, e por fenómenos de aculturização (tais os de Baltazar da Costa, S. João de Brito e outros), que foram então perseguidos e reduzidos, e tal continua hoje actual e vivo, e como um paradigma não só do confronto dialogante entre o Oriente e o Ocidente como o do conhecimento convivial fortalecedor da civilização do próximo milénio, podendo referir-se os muitos ashrams onde e diálogo entre a sabedoria indiana e cristão é estudado, praticado e vivido, dos quais destacaremos  o P. Bede Griffiths (1906-1993), com quem ainda estive um mês no seu pacífico e inspirador Sat Chit Ananda ashram, ainda hoje dinâmico, perto de Tiruchi, no Namil Nadu.
Neste diálogo os Portugueses, à cabeça de tantos Europeus que os seguiram, foram lídimos pioneiros pelo que, apesar de todas as imposições violentas e fanáticas, das globalizações totalitárias, dum materialismo tecnocrático amoral ou de uma crise de dinheiros provocado por uma fraca classe política, não devemos deixar de reconhecer e estimular-nos a agir como continuadores de tal tradição. 
Tradição que é também o  projecto justo de amor e sabedoria imbolizado no santo Graal ou da taça do mundo (o Jam-e-jam, dos persas) que as grandes almas de todas as religiões, tradições e povos têm transmitido, vivido e impulsionado rumo a uma época que permita já não tanto ou só os desejos democráticos de consumismo, ou os mais platónicos idealismos, mas a sobrevivência digna e harmoniosa da Humanidade e o desenvolvimento vida espiritual numa vida convivial, justa, sã e iluminada.
Comemorar o Graal da Índia, Pérsia e Portugal será então, mais do que relembrar o sangue derramado sob os feitos heróicos ou as campas sobre as quais caminhamos em Goa, sobretudo aprendermos os caminhos para uma harmonia mais profunda e reintegradora do Oriente e o Ocidente, das várias religiões, da acção e da contemplação, do materialismo e do espiritualismo, da ausência e da presença, da distracção e da plena atenção, do exclusivismo e do universalismo e que por tantos excelentes modos têm sido indicados e trilhados por alguns...
Missão mais do que nunca necessária nestes tempos de guerras e terrorismos, de imperialismos e manipulações, de epidemias e confinamentos, e em que os sábios, sobretudo do coração, do Oriente e do Ocidente deviam ter mais voz, em vez dos pouco cultos e sensíveis  políticos e gestores, jornalistas e comentadores que quase só desiludem, desorientam e amedrontam as almas e sociedades... 
Saibamos manter a nossa luz e amor acesos pela meditação, sem dúvida a arte mais trabalhada pelo Oriente, e resistir lúcidos e harmoniosos nos melhores caminhos e criatividades para a Humanidade

                                    Graal, Graal, universal, Índia, Pérsia e Portugal....

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Acerca da meditação. Aproximações, metodologias

                                    Acerca da Meditação...
Meditar é uma prática valiosa e bem necessária nos nossos dias. No fundo, embora pouca gente chegue a tal nível, é um acto sagrado e íntimo, por vezes mais difícil de se conseguir, outras vezes surgindo fácil e rapidamente, como numa súbita inspiração, mas que apela ou é favorecido por uma certa perseverança diária de alinhamento consciencial ao espírito, ao amor, e à Divindade, com uma vida justa e fraterna, generosa e sábia.
                                                   
Eis então uma metodologia para facilitá-la:
Após um certo alinhamento ou desbloqueamento, para o que podemos fazer alguns exercícios de movimentação ou já sentados, direitos e descontraídos, deixar brotar alguns gestos e sons com os dedos ou mãos estimuladores da energia nos meridianos que começam ou terminam nas mãos, de modo a limpar, harmonizar e elevar os fluxos energéticos e psíquicos, ficamos mais prontos a singrar na viagem auto-consciencial e meditativa...
No início podemos (e devemos...) fazer uma invocação da Divindade, dos Seres divinos, dos mestres, santos ou anjos com quem nos sentimos mais ligados ou afins, que pode ser dita em voz alta, espontânea ou seguindo alguma oração ou mantra. Por vezes pode haver uma expansão consciencial imediata, pelo que este momento deve ser privilegiado ou mesmo alongado...
E depois começaremos por observar o ritmo da respiração, descontraidamente, se quisermos sentindo as energias luminosas a entrarem, sendo retidas para nos purificarem e vitalizarem e, na expiração, saindo e deixando-nos mais harmonizados. Esta observação e interiorização será a base ou raiz do alinhamento meditativo, podendo contudo focar a sua atenção seja para as partes do corpo tensas ou mais necessitando de energia (prana, ou shakti) equilibrante, seja para os chakras ou centros de força no corpo subtil humano...
O foco da nossa consciência deve ser a auto-consciência verticalizadora e a plena atenção sobre os conteúdos objectivos que se manifestam em pensamentos, em geral derivados do que dança na nossa aura ou do que nos preocupa, mas que aos poucos vão-se acalmando e dissipando, pois sendo vistos com mais interioridade e calma, estando nós a abrir-nos a canais e as ligações identificativas superiores, vão perdendo as suas energias emotivas ou conflituosas que os tornavam por vezes repetitivos ou afectando-nos mais, sobretudo no sentido de pensarmos que não conseguimos acalmar as ondulações mentais e meditar...
                                                    
                                   Sail in the boat of meditation into the Divine Ocean

Depois, devemos começar a tentar estar mais no coração, no silêncio, ou então no invocar mais intensamente o que intuímos ou recebemos, de modo a que se comece a sentir mais a presença interna e energética do Espírito e a sua ligação com o Infinito ou o Ser Divino, o que acontece normalmente pelo sentir interior, pela visão interior, pelo ouvir interior e subtil...
Se tivermos dificuldades, o que é normal, em chegar a um estado imediato de poucos pensamentos e a uma ligação maior da consciência consigo mesma ou com o espírito, deveremos de quando quando invocar, mantrizar, orar e adorar com mais aspiração a forma ou nome do Divino ou sagrado que mais nos toca, para isso podendo por vezes ainda contribuir, por exemplo, o inclinar-nos sobre o peito e aí juntar as mãos, sentindo bem nessa postura a receptividade invocadora grata e humilde...
Entre nós e o Espírito, ou mesmo a Divindade, não deveria haver tantas barreiras, véus e canais desviando-nos para outros direcções e seres, pensamentos e imagens. E por isso estes momentos de aspiração despertante e de tentativa de unificação maior são valiosos, sendo reforçados, como já dissemos, pela criatividade ou fidelidade dos cantos, preces, mantras e mandalas, ou mesmo, como já referidas, pelas mãos juntas, que equilibram as polaridade e unificam sempre algo em nós. Mãos, que podem depois elevar-se ao céu em forma de Graal, taça ou cálice, e acolher melhor as bênçãos luminosas ou, ainda, ao findar, derramá-las para pessoas ou países que mais precisam.
                                                   
Caldeirão celta ou trácio de Gundestrup, do séc. III a. C., antepassado do nosso Graal, símbolo do vaso da aspiração e da plenitude espiritual que é a nossa essência e coração, no Caminho...

A meditação pode ser então considerada como uma destilação maior do elixir da imortalidade, como a criação do corpo espiritual perene ou dharmico, realizando-se então pela auto-consciencialização do Ser profundo, do Espírito que está em nós, que se sente na circulação energética, no som sem som, na luz interior que começa então a ser mais vista no olho espiritual, na paz e amor, e que nos impulsiona assim às intuições, bênçãos, expansões de consciência e determinações que desaguarão na acção harmonizadora e libertadora do dia a dia...
E meditamos portanto não só para nós, mas para os que nos estão próximos, o ambiente e os seres da Natureza ou a própria Gaia, mas também pelos espíritos subtis ou fora da existência física, numa fraternidade cósmica, angélica e dévica sentida e amada, sobretudo quando a luz circula e emana visivelmente do coração ou do olho espiritual e que, pelo nosso amor, chega até eles e deles recebe também sinais ou graças, como o símbolo das três Graças indica...
Quando meditamos, ou apenas perseveramos no respirar consciente e no orientar e concentrar das ondas do pensamento, estamos a acalmar as ondulações psíquicas, a harmonizar os dois hemisférios, a dar coerência ao crescimentos das sinapses dos neurónios, a clarificarmos e lucidificarmos a nossa mente e alma mas ainda estamos também unindo mundos e seres, personalidades e o Espírito Divino, talhando o corpo espiritual, dissolvendo ódio e separatismo, recuperando a nossa dimensão mais profunda, extensa e sábia, cooperando assim na harmonização e iluminação planetária, na religação à Unidade e à Divindade...

Boas meditações... Om Tat Sat... Tu és o Espírito...

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Costa de S. Vicente e Sagres: Formações rochosas, modelações anímicas, transmissões de poder. Junho 2014...

                                   Olhar bem para vencer o medo dos abismos. Pernas firmes...

           Não é invulgar discernirmos algumas faces, quais Atlantes, nestas falesias milenárias...

                       Podemos sentir muita paz e poder dos perfis ou faces das falésias....
                                  Antevisões de paisagens dos mundos subtis espirituais....

Sagres and S. Vicente cape. English subtitles. Imagens belas recolhidas em 9-10 de Junho 2014...

A soft garlic flower on a portuguese "fiord" near Sagres...
Rhythms of waves doing lullabies with the cliffs and "faces" of the land...
Mystic landscapes and cliffs...
Chemtrails can be used by Angels...

Pink rose on the blue ocean... Be more in love...
Clouds over the way to the fortress of Sagres....
Sagres, the land  the woman, the blue, the beauty, the paradise...
East of Sagres.The highest spiritual blessings coming from the East, Himalayas, Himavat
Vicentine wild coast... Just spirits....
Sagres, and their spirits strongholds...
Guardians of the coast
S. Vicent cape, a holy place of pilgrimations for millenniums...
Elementals spirits can appear nicely on these energetic interplays...
A gorgeous cloud, may be an angel or a deva...

sábado, 7 de junho de 2014

III Jornadas de Letras Luso-Galegas de 2014. Imagens das conferências e despedidas. Pitões de Júnias

Participantes  nas conferências da tarde de 31 de Maio e da manhã de 1 de Junho, aquando das III Jornadas Luso-Galegas de Letras, em Pitões de Júnias... 

José Barbosa, o organizador, acaba de apresentar a Maria Dovigo que irá falar envolvidamente do Conto do Amaro, viajante a ilhas subtis, e da diáspora galega...
Escudos com símbolos celtas do grupo Oinakos BraKaron que animou as Jornadas..
Alguns dos principais  participantes, os quais não pude fotografar na parte da manhã por estar sem bateria da máquina fotográfica. Da direita para a esquerda João Paredes, Rafa Quintia e Miguel Losada, estes dois últimos da Sociedade de Antropologia Galega.
Domingo de manhã, Alberto Alonso sobre as pedrafitas ou menhires como observadores ou assentadores dos equinócios e solstícios...
O raio do sol a passar pela ranhura ou mira do menhir no Equinócio da Primavera...
Uma das muitas imagens contidas na extensa comunicação de André Pena e que foi lida pelo Hugo da Nóbrega Dias.
O Presidente da Câmara  de Montalegre congratula-se com a realização das III Jornadas e a defesa da tradição celta e galaico-portuguesa prosseguida...
Perguntas e respostas finais...
Uma das animadoras das Jornadas, professora em Chaves...
Mesa final das perguntas respostas, agora com o lugar onde eu estivera ocupado pela vereadora de Pitões das Júnias, uma das almas das III Jornadas e que se congratula com o espírito celta-galaico-português transmitido ou vivido...
Assistência na parte final...
Margarida Marcelino partilhou as suas belas obra de arte e artesanato de motivos celtas.
Abraços de despedida fortes ou bem sentidos, uma arte bem galaico-portuguesa...
A banca de livros e de artesanato celta...
O Gonçalo Teixeira da Mota e o Zé Barbosa selam o conhecimento, e o Hugo da Nobrega Dias..
António Alijó, um artista e amante da arqueologia e da Luso-Galicidade...
Despedidas animadas nas instalações pequenas mas acolhedoras de almas vastas...
Rafia Quintia, bruxo Queiman e Miguel Losada...
Abraço forte de duas nenas galegas e portuguesas, rosalianas e celticas, a Iolanda e a Maria...
Diálogos finais...
Mão da Iolnada, Ro, Lúcia, Margarida, Queiman e Maria Dovigo comunicam entre si animicamente os últimos fulgores das Jornadas...
Partilhas da palavra poética e do coração, em prol da terra, alma e povo galaico-português...
Entrecruzamento de caminhos junto a uma Fonte de água pura e de apelo à Felicidade...
A Roda da Vida,  arcano X do Tarot. Rodou mais um evento e fica um fio azul de memórias de trocas de conhecimentos e de ligações de almas. Quantas fenecerão, quantas frutificarão? A quantas seremos fiéis?