terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Mensagens ou significados do Natal, espiritual e perene. Escrito em 2013, revisto em 2021.

   Acerca do Natal, como celebração e acto espiritual e perene.
A manifestação mais viva ou forte da Divindade, ou de um ser ou  mestre que manifestará mais plenamente o espírito, o amor, a ligação ao Divino e os caminhos de vida harmoniosos, e que impulsionará fortemente a felicidade e a evolução humana, é uma esperança sempre renovada da Humanidade, e que, segundo certas tradições, se pode celebrar ou efectivar mais à volta do solstício do Inverno, aquando das noites mais longas, escuras e frias do ano, embora tal descida e ligação possa acontecer a qualquer momento, mesmo nos simples fiéis do Amor que aspiram a que Deus esteja mais presente neles... 
Foi a um Arcanjo denominado Gabriel, ao qual, segundo complexas filiações do Médio Oriente e das raizes judaico-cristãs e por fim ocultistas do séc. XIX,  se veio a atribuir a regência desta estação do ano, considerando-o responsável pelos processos de concretização dos arquétipos e dos gérmenes já que, num sentido histórico-mítico,  teria sido ele a anunciar a Maria a vinda das alturas do seu filho Jesus, conforme ficou registado num Evangelho onde a verdade e a ficção piedosa se misturam inextricavelmente.
                                       
E eis no devir humano a conjunção da realidade, do símbolo e da lenda, no nascimento de Jesus, que será chamado o Messias, em grego Christos, e que significa na tradição hebraica  Ungido,  e assim já Ciro, rei da Pérsia ou Irão, ao libertar os judeus do cativeiro da Babilónia  fora  chamado na Torá um Messiah.  
Jesus, que foi por poucos aceite como tal, transmitirá um ensinamento bem despertante e libertador, embora pouco recebido e rapidamente algo transformado de uma gnose para uma fé de crença, diminuído pela associação do Novo Testamento à Torá ou Antigo Testamento,  e por  Paulo e Roma catolicizado, isto é, universalizado na medida limitada humana das mentes e condições da época e da Roma imperial, tornando-se rapidamente de religião perseguida a perseguidora, embora sempre houvessem depois místicos e místicas, santos e santas...
Passaram-se então até hoje mais dois mil anos de múltiplas interacções civilizacionais, culturais e religiosas, claramente de evolução grande da humanidade em vários domínios mas com uma correspondente massificação e materialização artificial, fatal no seu egoísmo e consumismo, pelo que vemos mesmo nas celebrações e festividades de tal elevada simbolização e realidade, as festas natalícias, além das cerimónias das Igrejas, pouco mais do que um sentimento de fraternidade e de festa, muito alimentado dos sonhos e inocências das crianças, que serão depois bastante defraudadas pela educação pragmática e pelo mundo ainda tão competitivo e injusto dos adultos ou do capitalismo vigente, nos últimos anos cada vez mais em crise e opressões...
Assim, à parte tais cerimónias ou as práticas religiosas e espirituais individuais e de pequenos grupos, e as múltiplas acções de solidariedade, o que predomina é a materialização consumista de presentes e desejos, concretizando-se em objectos e comida, não havendo muita atenção aos sentimentos, à escuta interior de nós e do outro e das suas necessidades e anseios, ou ainda de meditação e oração com a nossa alma espiritual, os antepassados, os anjos, os mestres e a Divindade…
O que deveria ser época de acolhimento interior e de diálogo amoroso é transformado em correria exterior, por vezes de tal forma que a possível comunhão do Divino é tornada apenas ceia ou consoadas, de iguarias densificantes, enquanto que os presentes (ou chakras luminosos...) da Árvore da Vida interna são olvidados e substituídos pelos pendurados nos pinheiros (pobres deles...) e que vêm das grandes lojas ou supermercados em vez de, ao menos, os recebermos dos artesãos que os produziriam com genuíno esforço e amor, ou mesmo do mundo espiritual, tais como são as inspirações e iluminações, que aqui e agora invocamos na natividade espiritual perene e sempre actual...
Quem estiver mais atento e discriminante, recolher-se-á então de quando em quando nestes dias invernosos e não se dispersará tanto e pode ser que o espírito que está em nós se manifeste mais nas meditações durante as noites longas, permitindo quem sabe acesso à comunidade e comunhão mística dos seres, mestres e anjos, e mesmo ao Divino, em nós e no Cosmos Infinito do Amor, por vezes tão pressentido na neve e florestas, no silêncio e nas nuvens, no mar e no oásis, nos lagos e montanhas (conforme a pintura de Bô Yin Râ), no nascer ou pôr-do-sol ou, mais simplesmente, na alegria e gratidão da saúde e do trabalho bem realizado conscientemente...
                                         
Vejamos então se nos sobra algum tempo, ou se o reinventamos e recriamos, para, em aspiração orante ou meditante, em escrita aprofundante ou em escuta comungante com o subtil mundo espiritual ou Divino em nós, conseguirmos deixar desabrochar na nossa alma e consciência algumas inspirações e imagens dos mundos espirituais, alguma serenidade silenciosa ou deliciosa, algum propósito mais fraterno e solidário…
Tentemos pois intensificar e elevar mais as nossas energias e consciência interior a uma certa unificação em si mesma, concêntrica ao Espírito Divino, para que depois sejamos capazes de ser e de perseverar, como barqueiros, até para quem quiser passar da agitação ilusória para a outra margem consciencial, como esforçados e verdadeiros sintonizadores, cavaleiros e cavaleiras em demanda ou portadores do Graal da ligação com o Amor Divino…

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