É rara a casa que não tenha a sua estante de livros, poucas as pessoas que não recorrem aos livros para aprender, comungar ou evadirem-se. E se houve escritores que tiveram poucos livros, ou que leram com dificuldade em bibliotecas públicas ou de outros, muitos há que se viram rodeados de boas companhias, podendo navegar em diferentes cursos psico-energéticos e atingir certas intuições, compreensões e visões novas, originais, que acabaram por se incorporar nas suas almas e escritos e eventualmente em quem os ler...
Assim, cada casa, cada pessoa deveria ter uma razoável biblioteca para a evolução pessoal sua e da Humanidade, ainda que, nos tempos modernos, os computadores e a internet sejam por vários modos, nomeadamente por possuirem já descarregados ou reproduzidos milhares de livros, excelentes bibliotecas globais, ainda que virtuais e logo com certas limitações...
Em verdade, os
livros, com todas as suas subtis particularidades, desde os autores aos assuntos, das datações às dedicatórias, das encadernações e ilustrações às anotações ou marginália, do tacto ao cheiro do papel, são
preciosos companheiros para quem quer aprofundar os mistérios e
maravilhas do universo e da humanidade e, particularmente, para os estudantes, pensadores, escritores, historiadores, investigadores, criadores, comunicadores.
Todos nós sabemos quanto
podemos receber psico-somaticamente ao manusear e ler com atenção, gratidão e amor
qualquer obra que a sabedoria dos séculos nos lega, ou nos permite aceder, e com ela viajar no tempo e nos mundos psico-espirituais nos quais
tantas riquezas há para suprir as necessidades da Humanidade, ainda tão mergulhada na ignorância, na violência, no egoísmo, no sofrimento, ou manipulada para tal por forças anti-culturais, anti-libertadoras...
Podemos
dizer então que cada livraria ou biblioteca, ou livro é uma
mezinha, um medicamento para harmonizar e curar, um fermento de
transformações, uma semente de novas manifestações luminosas e
benéficas, uma defesa face à invasão manipulante e massificante que nos rodeia...
O
livro no seu suporte de papel, pergaminho ou papiro, pela sua durabilidade e pela sua proximidade e intimidade, será sempre então um dos melhores instrumentos de harmonização e elevação humana e como tal o presente ideal que as
pessoas oferecem e acolhem, lêem e anotam, criticam ou amam.
Quando
entramos na casa de alguém muitas vezes a nossa primeira impulsão é
ver as obras contidas nas estantes, o que essa pessoa leu ou
mostra, e a partir até de uma mera vista de olhos (se for de conhecedores...) poderemos intuir
algumas das características das pessoas que os juntaram, leram, possuíram, amaram...
Constituirmos
a nossa própria biblioteca, e saber ordená-la, e ter mesmo em
destaque ou mais fácil acesso as obras que mais nos tocam ou
com as quais mais trabalhamos, ou os autores com quem mais
sintonizamos, é então importante, construindo-se assim ilhas valiosas coesas no
mundo subtil da Grande Biblioteca Mundial, às quais podemos até
convidar a desembarcarem pessoas amigas a fim de desfrutarem da sabedoria e dos prazeres que
tais fontes vivas nos transmitem.
Todos
sabemos como algumas bibliotecas se transformaram em quase ilhas
utópicas, até no sentido que pela sua singularidade, beleza e
raridade não podem ser facilmente acedidas, reforçando-se assim a
sua aura, a que hoje as imagens livres virtuais na Web ainda mais realçam, ainda que desvendando-a incompletamente, sem a verdadeira energia do local e dos livros palpitantes ao vivo...
A
Biblioteca de Mafra, a da Universidade de Coimbra, a da Academia de Ciências de Lisboa, a Vaticana, a de Paris, a do Escorial, e outras famosas, serão algumas das mais notáveis. Mas não devemos menosprezar as apenas nascidas da
bibliofilia de alguma alma mais entusiasta, outras nascidas de
legados post-mortem, destacando-se nestas as que tendo pertencido a
escritores ou investigadores, e não foram dispersas em leilões ou
passadas a diferentes instituições, conservam a sua autonomia,
diríamos mesmo a sua individualidade, especialmente quando se mantêm
no local onde sempre estiveram, rodeadas da memória subtil dos
momentos em que as mãos do escritor ou dos seus amigos manusearam
os livros, dialogando-o com eles e de mais vida e alegria os inundando...
Não
há ainda máquinas digitais que consigam medir a intensidade
vibratória que cada livro de uma biblioteca ganhou pela passagem nas
mãos, pela leitura, pelas anotações, pelas trocas psico-energéticas desencadeadas a partir do tabuleiro de xadrez da impressão invertido na cabeça das pessoas e sentido e compreendido na alma em compreensões, intensificações e iluminações...
Alguns de nós, todavia, já terão certamente feito uma contemplação por momentos de uma estante a certa distância antes de se aproximarem e acolherem o livro que lhes pareceu mais vibrar ou os chamar.
Alguns de nós, todavia, já terão certamente feito uma contemplação por momentos de uma estante a certa distância antes de se aproximarem e acolherem o livro que lhes pareceu mais vibrar ou os chamar.
Certamente
quando temos seis ou sete prateleiras à nossa frente deveremos escolher uma
e depois até ir passando os olhos pelas lombada dos livros vendo-os
a vibrarem e tentando discernir qual é o mais palpitante e
tremeluzente que se quer dar às nossas mãos, para depois
identificarmos quem o escreveu ou mesmo o anotou e quer diálogos, continuadores, e logo mais luz e amor no planeta.
Talvez
o melhor ainda seja depois dessa passagem ou entrada dos olhos-mente num um a um, ficarmos
numa percepção desfocada de todos e abrir mais o coração e
tentar sentir qual é o que mais nos envia os seus raios, qual é o
que mais nos impacta invisivelmente e nos quer fazê-lo arrancar do
seu poisio à sombra, quem sabe se já longo, e trazê-lo a mais luz solar e amorosa que o ambiente e os nossos olhos, almas e mãos nele introduzem, deles acolhendo tantas potencialidades
"suaves, deliciosas, exultantes", três palavras que eu retiro agora da
obra que me atraiu de uma estante, as Anotações críticas ao Novo Testamento síriaco, por Egidio Gutbirii, de 1706, impressas em Hamburgo. Mas vendo melhor o livro, e temos um belo exemplo da riqueza
dos livros, da sua capacidade de serem espelhos do passado para o
futuro, dou-me conta que a obra tem outro frontispício, começando
portanto tanto no fim como no princípio do volume, no lado final, se o manusearmos da esquerda para a direita, surgindo o
começo do Novo Testamento em síriaco e latim.
Os
livros são então boas novas, trazendo sabedoria que se
acrescenta a nossa, e em certos casos, os mais frequentes, os livros
sendo já escritos sobre outros livros, introduzem-nos numa cadeia de elos de sabedoria quase infinita, adentrando-nos no vasto campo bibliográfico mundial.
E, assim, sobre a informação e ambiente passado que alguém num presente trabalhou, recriou, descobriu e passou ao futuro, nós agora, os leitores que de novo o retomamos, reactualizamo-lo de um modo ou outro mais luminoso neste presente e para um futuro bastante perene...
E, assim, sobre a informação e ambiente passado que alguém num presente trabalhou, recriou, descobriu e passou ao futuro, nós agora, os leitores que de novo o retomamos, reactualizamo-lo de um modo ou outro mais luminoso neste presente e para um futuro bastante perene...
E tal circulação de saber, energia e graça realiza-se seja pelo que sentimos, anotamos mencionamos, ou mesmo aprofundaremos e escreveremos já
posteriormente e independentemente, cada livro do passado sendo como uma semente lançada de uma planta matura e estática
mas que se multiplica e vai renascer num outros espaço e tempo e de novo dar cores e perfumes, ideias e impulsões.
Realcemos as palavras e estados de alma recolhidos há pouco nas três
palavras, a suavidade, a elevação e a delícia.
Possam
os livros intensificar tais efeitos em nós e gerar frutos de vida eterna, ou seja, que iluminem mais as pessoas, as façam reintegrar-se harmoniosamente neste planeta, sistema solar e humanidade em história e
evolução, de modo a que levemos o que se leu e amou em nós no corpo espiritual ou de
glória, esse com o qual avançamos mais
ou menos conscientes, aqui e aquém, rumo a melhores comunhões seja com os outros seja com Divindade, na Unidade amorosa, suave, deliciosa, elevante.
2 comentários:
Uma lição a aprender, este seu texto. Fico a pensar naqueles que não colecionam livros, mas que leem. Seria o mesmo, pois mão? Ando numa "maré" de desilusão que me faz pensar na carga de estereótipo que uma "biblioteca" pode carregar. Veja bem: sou entusiasta dos livros e da leitura, mas não posso me furtar à oportunidade de uma "cutucada", mesmo em meus próprios valores e opiniões! Obrigado por seu texto! Abraço
Graças pela apreciação e cutucada, no texto, nos livros-bibliotecas e em nós mesmos. Pois, os livros pesam, seja no transporte, no espaço da casa, no preço, na gravidade que encerram em si e que transmitem aos outros e portanto acho muito sã uma certa apreensão entre o passar do ler para o juntar>coleccionar e logo biblioteca gerar.
Parece-me todavia que cada ser tem uma vocação especial com os livros, seja mais activa de os procurar ou escrever seja mais passiva em os ler, e que eles geram relações, criatividades e amores imensos, pelo que deveremos fluir com eles de acordo com o nosso coração e a mais pragmática razão e, idealmente, sempre em uníssono com a Sabedoria que por eles se expressa...
Boas inspirações e abraço luminoso!
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