domingo, 8 de março de 2015

Da Mulher, ou à Mulher, no seu dia especial. Da sua sacralidade. Dia da Mulher, 8/3/2015.

A Mulher é a origem do mundo, como mãe e amante, amada e amor.

Na Divindade antes de surgir o Pai já era a Mãe.

Ao Princípio (en arke) era a Palavra (Logos) sábia, suave e amorosa da Mulher Divina, ou do aspecto feminino da Divindade, e ainda hoje ela é a palavra-portavoz (sermo) mais íntima e imensa que percorre o planeta e o preserva com a coesão da receptividade, da fertilidade e da gratidão, as três Graças...

A Mulher é pois a Divindade em acção, a Shakti ou energia dinâmica e libertadora, o Espírito Santo fraterno e inspirador, a Hagia Sophia ou Santa Sabedoria derramando-se...
                            
                   Hagia Sophia, Santa Sabedoria, por Nicholai Roerich.

Comete o erro grave quem exerce violência sobre a liberdade, criatividade e Amor da Mulher e tal foi denominado o pecado contra o Espírito Santo, a ter de ser ressarcido em vida ou no além..

Por isso nas festas dos Tabuleiros e do Espírito Santo, em Tomar da Ordem de Cristo, as mulheres levam à cabeça pirâmides de pães e flores, porque é ela quem liga melhor a Terra e o Céu, com a sua fecundidade e beleza, amor e previdência, grata...

A Mulher é a musa dos seres humanos e em especial de quem estuda, escreve ou cria, a fada imaginativa e educativa das crianças, a sereia dos navegadores, a ondina dos surfistas, a dríade dos amantes das árvores, a alma angélica dos espirituais, a nossa Dona dos místicos, mas também a Valquíria dos combatentes, a Fravarti dos visionários e a Fatimahh da esperança da Terra lúcida e pacificada...

É ela que incarna ou se torna presente na Deusa da Terra, Gaia, Gea, e nas suas epifanias de mil deusas e nossas senhoras, e assim ao longo dos séculos foi tão adorada por todos os povos, chegando mesmo, no Japão, a ser vista como a face Divina do Sol, Amaterasu omikami...
                                                  
Que possamos todos nós amar a Mulher, em si e em nós, e as mulheres que conhecermos nos sentidos mais plenos e harmoniosos do Amor e da Mulher em si, para que dos dois e da complementaridade nasça o milagre da Unidade no nível que deva ser: corpo, alma ou mesmo espírito...

Que a Mulher possa desabrochar plenamente as suas melhores capacidades, protegida e valorizada pela sociedade (ainda demasiado na mão de homens que nem sequer o são, de tal modo estão manipulados ou corrompidos pelo poder ou o sistema), desde a infância e até à morte, e em todo o seu corpo e alma, maternidade e perenidade, para que o Espírito pleno, universal, compassivo ou santo resplandeça, com criatividade e amor, eros e ágape, alegria e unidade...

Para a Mulher em geral, e para algumas que conheço, ou conheci mas já partiram para a outra margem, com mais afinidade ou proximidade, e a ti que me lês em especial, os melhores raios do coração do Amor Divino, e que a Divindade brilhe mais em ti e em todos nós, para que a Humanidade melhore e desperte mais, e se liberte do que não é Amor-Sabedoria e digno da Mulher e Musa, Amada e Dona nossa...

sábado, 7 de março de 2015

Jornada-Debate: Os Dois Olhares de Jano. Revisitar o Humanismo Português pela mão de José V. de Pina Martins. 
Organização do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa,  6/7/2015. No palácio dos Marqueses de Fronteira, com a sua biblioteca, jardim, pátios e lagos estético filosóficos...
Os livros procuram os que os amam... E são janelas para Luz, deste e dos outros mundos, pelo poder do Sermo ou Palavra divina, Logos e douta piedade Humanista...
Cristina Pimentel, a actual directora do Centro de Estudos Clássicos, da Faculdade de Letras de Lisboa, e que sucede ao P. Aires do Nascimento, abre a sessão, ladeada por Vanda Anastácio, a moderadora principal, e Ana Maria Tarrío, sob uma bela tapeçaria com o brasão heráldico dos Marqueses de Fronteira...

Mariano Piçarra, quem idealizou a exposição "Uma Biblioteca Humanista" consagrada Pina Martins, abre e partilha a sua alma de esteta e de arquitecto, de filósofo e de carpinteiro, de memorialista e de inventivo...
A exposição "Uma Biblioteca Humanista", actualmente na Fundação Calouste Gulbenkian, montada por Mariano Piçarra, com livros e testemunhos do nosso notável humanista, investigador e professor José Vitorino de Pina Martin
Pequena frase que ilustra algo da filosofia deste artista de arquitectura e montagem de exposições, com qualidade e beleza. funcionalidade e originalidade...
Ana Cristina da Costa Gomes expõe a sua investigação sobre um manuscrito oitocentista da Lenda de Santa Auta, justificando a sua inclusão na biblioteca de Pina Martins pelo seu amor a D. Leonor, uma protectora não só da Assistência pública, enquanto fundadora da Santa Casa da Misericórdia, como também dos livros e da Cultura e, tal como a rainha D. Catarina, sensível à mensagem da dignidade humana e da douta piedade dos Humanistas e em especial de Erasmo...
 Três amigos de Pina Martins  e como ele grandes figuras da Cultura nacional, dos Estudos Clássicos  e do Humanismo: Sebastião Tavares Pinho, que dirige em Coimbra o Instituto de Estudos Clássicos Humanistas, com vasta obra de traduções e investigações editada,  intervém, o que fez várias vezes e com grande qualidade. Está a trabalhar na publicação da tradução da obra completa de D. Jerónimo Osório.  Veem-se ainda Arnaldo Espírito Santo, notável classicista e tradutor, e o notável conhecedor da história dos livros e das mentalidades, com as mão em oração, Artur Anselmo, actual Presidente da Academia das Ciências, secção de Letras,  que fez também  intervenções sábias ou bem adequadas.
O P. Aires do Nascimento, notável latinista e medievalista, tradutor da Utopia  de Thomas More, prefaciada por Pina Martins, ex-director do Centro de Estudos Clássicos, da FLUL, dando o seu testemunho sobre Pina Martins, o Humanismo e o amor e a leitura dos livros...
Sebastião Tavares Pinho ouve e aconselha certamente bem a Silvina Pereira, investigadora e actual especialista de Jorge Ferreira de Vasconcelos, para cuja obra  e mistérios espera poder contribuir bastante  nas próximas celebrações dos 500 anos do nascimento (1515) do notável dramaturgo, tão bem estudado por Eugenio Asensio, outro dos grandes conhecedores e investigadores do Humanismo e talvez o maior amigo de José Pina Martins...
Margarida da Cunha inicia a sua exposição muito bem acompanhada de imagens ilustrativas do percurso de Pina Martins, em especial quanto aos seus livros ou cimélios encadernados...
Resumo muito sintético do itinerário de Pina Martins
Um valioso contributo para  conhecimento do percurso de Pina Martins. Uma provável auto-entrevista, publicada no Jornal de Vila Nova de Famalicão, em Abril de 1962...
Uma das mais belas encadernações quinhentistas da biblioteca de Pina Martins, ao estilo Rolier e tão apreciada pelos Fuger, bem analisada e descrita por Margarida Cunha.
Outro dois bons amigos de José de Pina Martins, José Freitas de Carvalho, que  fundou e dirigiu o Centro Interuniversitário de História da Espiritualidade da Universidade do Porto, com vastos conhecimentos e publicações sobre a sabedoria religiosa ibérica, nomeadamente na revista Spiritus, e Pedro de Azevedo, especialista de livros e leilões, e que leiloou por três vezes livros de Pina Martins, em notáveis catálogos enriquecidos pela cabalas divertidas e engenhosas do professor, um ser com muito humor, como confirmou.
Maria Valentina Sul Mendes, outra boa amiga de Pina Martins, e que foi tanto sub-directora da Biblioteca Nacional  tal como uma especialista de livros quinhentistas, com vasta obra de catalogação e investigação, deu um belo testemunho dos seus mais de 30 anos de conhecimento e trabalho com Pina Martins...
Imagem fornecida por Maria Valentina de Sul Mendes, do canto noroeste da mítica Biblioteca de Pina Martins, onde se encontravam as edições Aldinas,  as de Pico della Mirandola (sob a sua pintura) e as portuguesas, e que bem conheço já que dezenas de vezes trabalhei nesta sala, certamente após ter saudado Pico, e com belos diálogos com Pina Martins...
Zulmira dos Santos, a actual directora da Revista de Estudos Ibéricos de Espiritualidade, do Porto, numa fotografia algo desfocada, expoz cabalmente a evolução dos estudos sobre Bernardim Ribeiro e a Menina e Moça e a importância do profundo e completo trabalho de Pina Martins sobre o assunto...
Despedidas de Zulmira Santos e Aires do Nascimento, enquanto a Silvina Pereira dialoga com a investigadora Márcia Arruda Santos, que palestrou brevemente sobre a importância de Pina Martins no séc. XXI. Também da intervenção valiosa de Thomas Earle A Obra de Sá de Miranda vista por Pina Martins e pelos poetas quinhentistas não recolhemos imagens fotográficas, embora tenho sido o único a ficar gravado a sua intervenção (já no Youtube, canal Pedro Teixeira da Mota)
Ana Maria Tarrío expõe com discernimento, veloz e sintéticamente, em 5 diapositivos, os dinamismos actuais de algumas das linhas de força da investigação do Humanismo em Portugal,  e que foram bem trabalhadas por Pina Martins. 



Certamente um trabalho de grande envergadura e importância e para o qual desejamos muita perseverança e inspirações à jovem investigadora,  presente na jornada..
No último quadro ou diapositivo ficou a apenas a pairar a importância da modernidade da bibliofilia, e em especial a que se cristalizou em algumas bibliotecas, que antecedem a de Pina Martins, caverna funda e aladínica, mesmo com as suas metamorfoses bifrônticas, várias delas citadas na obra referida no fim...

Sob esta imagem da Gramática a ensinar os meninos, em painel de azulejos, inspirada num modelo bem conhecido das Sete Arte Liberais que circulava em gravuras,  faremos referência à notável conferência de Micaela Ramon Moreira, da Universidade do Minho, que muito lúcida e incisivamente defendeu os valores greco-latinos e humanistas face às tendência modernas das reformas do ensino, em especial post-Bolonha, mostrando ainda a desvalorização actual de tais disciplinas, nomeadamente em termos de modos-tempos curriculares, mesmo na Faculdade de Letras.   O título da sua comunicação ecoa a melhor tradição humanista da educação, de Erasmo a Vives: Implicações éticas e pedagógico-didácticas do uso de textos da época clássica.
Coube a Rita Marnoto, da Universidade de Coimbra revisitar as referências a Roma que Pina Martins conta no seu Histórias de livros para a História do Livro,  defendendo ainda o seu grande amor à verdade e mesmo a humildade de aprender com os mais novos, se assim fosse o caso, como sucedeu na famosa tese da introdução do dolce stillo nuovo em Portugal por Sá de Miranda e por ela rebatida...
A Jornada terminou com uma magnífico concerto de música renascentista pelo Grupo Coral O Tempo Canta, dirigido pelo maestro Sérgio Peixoto (ver no Youtube, canal Pedro Teixeira da Mota) e  que certamente terá agradado aos manes ou espíritos dos Marqueses de Fronteira e dos Humanistas, e em especial de José V. de Pina Martins e de Prímula, sua mulher...´
Para eles todos um lírio fragrante:

Palácio dos Marqueses de Fronteira: azulejos e jardins.

O belo Palácio dos Marqueses de Fronteira, em Lisboa, do séc. XVII.
Imagens da biblioteca e de um sector, de páteos e azulejos, esculturas e jardins.

Fotografias recolhidas a 6-III-2105, aquando da Jornada-Debate, "Os Dois Olhares de Janus". Revisitar o Humanismo Português pela mão de José V. de Pina Martins, promovido pelo Centro de Estudos Clássicos, da Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa...

Uma bela biblioteca tipicamente dos séc. XVII-XVIII, onde certamente o Prof. José V. de Pina Martins passaria algumas horas em valiosas leituras e reflexões, meditações e escritas. E, possivelmente, diálogos...