quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Mestre Eckhart interpreta os símbolos de Maria e Marta. Leitura da 1ª parte do sermão, levemente comentada.

Mestre Eckhart (1260-1320) foi um religioso dominicano que chegou a professor da Sorbonne, de Paris, por duas vezes, e que foi pároco e vigário em vários conventos da Alemanha,  com forte capacidade de elevação mística e que pregou muitas vezes, transmitindo as suas experiências e compreensões do espírito e de Deus, e do caminho espiritual, sempre a a partir de comentários dos evangelhos. Mesmo assim acabou por ser denunciado pelo arcebispo invejoso de Colónia, já quando tinha grande fama e mais de 60 anos, obrigando-o a defender-se junto ao Papa, então em Avignon, e foi considerado herético em algumas das suas proposições mais ousadas, ao procurar atingir a unidade divina, o Absoluto, a não Dualidade, o Pai, e não valorizando tanto a mediação de Jesus, ou dos sacerdotes, ou sequer os conceitos de bem e de mal...

Foi já a  27 de março de 1329 que o Papa João XXII, após consultas demoradas, e as respostas defensivas  de Eckart, que entretanto já morrera, que foram consideradas como heréticas dezassete proposições retiradas das obras de Mestre Eckhart e repudiou onze outras como “completamente ressoando mal, muito temerárias e suspeitas de heresia”.

Como praticante de longas e profundas meditações Eckhart conseguiu ter boas intuições dos níveis mais elevados do ser e de Deus, do fundo divino que está no fundo da alma humana e como mestre de teologia e metafisica especulou com coragem e originalidade,  realçando a necessidade de nos despreendermos do criado, e abandonarmos o ego, para podermos ser abençoados pela graça divina. A sua linha de força era a Deificação do homem mas que apresentou de um modo demasiado forte, e  uma das proposições condenadas mostra-o: «O que quer que seja que a Sagrada Escritura diga de Cristo, tudo isso é também verdade para todo o homem bom e divino.» Como pregava não só para religiosos e religiosas dos conventos, como também para os grupos do movimento do Livre Espírito, então florescente, tais as beguinas, e ainda os paroquianos comuns, sabia dar conselhos práticos para se avançar no caminho espiritual, ou seja avisos e percepções dos modos de estarmos mais próximos ou abertos à graça da Divindade

É caso do sermão sobre o passo evangélico da visita de Jesus a Maria e Marta, geralmente consideradas símbolos da vida activa e da contemplativa e interpretado com originalidade  por mestre Eckhart, considerando que Maria era a mais nova e inexperiente e por isso estava tão ansiosa de sentir a bem-aventurança, o gozo espiritual de estar com o mestre, ou próximo de alguém unido a Deus, não querendo envolver-se em actos exteriores, enquanto Marta era mais velha e sabia agir mantendo a ligação com a Divindade.

Este sermão, Jesus intravit in quoddam castellum et mulier quaedam, Martha nomine, excepit illum in domum suam, comentando o passo do evangelho de S. Lucas X, 38, foi traduzido por Maurice Gandilac e publicado na excelente revista Commerce, no caderno 3, do 1º semestre de 1964, em Paris. No dia de 25 Dezembro, de manhã cedo, resolvemos com um cartão forte abrir as folhas, e ler pela 1ª vez o sermão,  e gravar a tradução em simultâneo. Eis a 1ª parte, com alguns breves comentários. Contamos apresentar a 2ª parte brevemente e é natural que acrescente neste artigo mais um ou outro ensinamento valioso de Eckhart nos próximos dias.... Lux Dei!

                        

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Soror Violante de Jesus. Comemoração do seu nascimento a 19-XII-1636, em Almada. Contributo.

                              

 Face às almas de grande sensibilidade e qualidade que partem muito novas da Terra, sem ser por acidente mas por doenças congénitas, é natural interrogar-nos se elas já estariam a certos níveis da sua psique sabedoras de tal, e que portanto a vida delas sofreu tanto uma predestinação fatal como uma intensificação da aspiração de realização do que mais amavam, ou deveriam fazer, levando-as frequentemente a  realizar muito em poucos anos. Um caso destes foi o de Violante Henrique, uma jovem nascida em Almada em 1636 e que aos vinte anos teve de deixar a Terra, na idade em que florescia tão promissoramente.

 Foi o seu tio, Francisco de Miranda Henriques, filho de Francisco Miranda Henriques, senhor de Ferreiros e Tendais, e de Violante Henriques, lisboeta,  notável religioso em Évora, Santarém e Lisboa, que chegou a Desembargador do Paço e Chanceler-mor do Reino, que em 1658 escreveu a biografia de certo modo imortalizadora da sua sobrinha e afilhada, vivendo ainda mais vinte anos até entrar no além, onde ela já estava, a 16 de Outubro de 1678, deixando-nos  embora apenas em manuscrito um sábio e instrutivo memorial duma jovem mística almadense e da religiosidade da época, já que era ele próprio também um místico e bom conhecedor dos caminhos espirituais.

Diz-nos então que «nasceu a nossa Madre Soror Violante de Jesus Maria em Almada em os 19 dias de Dezembro às duas horas da tarde de 1636»,  filha de Henrique Henriques Miranda e de Maria Espinosa de Montecer, uma família da Andaluzia e que foi baptizada a 30 de Novembro na igreja matriz de Santiago.  Foi desde nova muito sensível e dada às boas acções, movida pela compaixão. roupas. Veio a residir mais tarde para Lisboa, na corte, sendo dama da Rainha,. A sua devoção religiosa aumentou  aos 19 anos  ao retirar-se por algum tempo para a quinta de Bilrete, junto a Salvaterra de Magos e ao convento de Jericó, com a conversação com o virtuoso capucho Frei Arcanjo da Assunção, com a notícia da morte  duma prima querida de quinze anos e com a leitura do livro de Juan Eusebio  Nieremberg (1595-1658) «sobre a afeição e o amor que devemos ter  à Virgem  Nossa Senhora e o com  que ela nos ama, passou por uma mudança de vida, dando muito menos horas ao descanso e regalo da cama», dedicando-se mais horas à oração e desligando-se de notícias e coisas inúteis bem como de vaidades, e "valorizando mais a substância divina da vida". A obra do jesuíta Padre Ignácio Martins foi-lhe também inspiradora. Passou a  ensinar pessoas da casa e do campo as orações e a doutrina, rezando diariamente com os joelhos na terra e o coração no céu.

Regressada a Lisboa em Maio de 1656, desenvolveu o seu conhecimento e recitação das horas de Nossa Senhora, salmos e antífonas e «bem mostrava pronunciar a língua o que gozava o coração. Exercitando-o logo de manhã cedo diante de uma imagem de N. Senhora no oratório». O outro livro espiritual dado pelo tio do mesmo Juan Eusebio sobre a devoção e o amor de Jesus ainda mais a tocou, mas o que a decidiu a abandonar a família e o mundo e se entregar a Jesus e a Deus foi o Livro da Vida, de S.Teresa de Jesus, ou de Ávila, que o tio lhe emprestou. Sabendo do confessor da Madre Deus, através do capucho Arcangelo da Assunção do mosteiro de Jericó, que havia uma vaga, resolveu dirigir-se por carta à Abadessa do convento da Madre Deus, Dona Ursula de Jesus, chegando a acordo quanto ao modo de entrar, ficando mesmo combinado que a profissão como noviça contaria com a presença da Rainha Dona Luísa de Gusmão, professando também Maria António do Sacramento, igualmente "donzela de Sua Majestade", o que se realizou com grande alegria de todos a 26 de Julho de 1656. Todavia, por doença,  soror Violante acabará por evolar-se da Terra mais cedo do que se previa.

Da biografia do sábio tio, bom conhecedor da via mística, e que recusou ser bispo de Viseu por não  se considerar merecedor, eis alguns extractos do manuscrito, hoje preservado inédito na Biblioteca Nacional de Portugal, nomeadamente o início dum capítulo: «Do entranhável amor e caridade com que soror Violante amava a Deus e da pureza da sua consciência e escrúpulos que padeceu. Mostra-se como ela foi sempre muito cuidadosa com a pureza da sua alma, e religiosa na observância da regra, sentindo qualquer pequeno defeito com grande mágoa e escrúpulo, de tal modo que o seu confessor disse que "esta noviça ou há-de ser santa ou morrer em breve, pois quer começar onde as outras acabam"», sinal da intuição da brevidade de sua vida...

«Tinha grande devoção  à imagem  formosa de Nossa Senhora [famosa e miraculosa] que estava no antecoro e com qual tinha mui amorosos e espirituais colóquios. Uma vez que a viu menos afável do que o costume não descansou até ter a certeza em que falhava», e que era uma prática ou exercício que não estava a realizar bem. Anote-se esta capacidade de conseguirmos intuir ou mesmo ver mensagens comunicativas das estátuas ou imagens e de quem nelas está representado, o que encontramos em algumas religiões, sendo por isso mesmo denominadas "estátuas animadas", com demandas de explicação ou de crítica valiosas por parte de comentadores e historiadores...

Uma das estátuas animadas da Madre Deus, talvez a mais....

Uma sua grande virtude foi a resignação à vontade divina e mesmo em relação à sua doença e morte, e contrariando o choro das companheiras, dizia: «que se Deus era servido, se fizesse a sua santa vontade», concluindo o seu biógrafo e moralizador que «o seu amor por Deus era tão grande que não havia meio de claudicar por pequenas falhas, dúvidas e escrúpulos, recorrendo à confissão e à prelada, e chegando assim à hora da morte com uma tal pureza de consciência que se viu o descanso e à vontade que a aceitava».

 Quando entrara no tão importante convento das Franciscanas Descalças da Madre Deus (pois nele viveram grandes "santas" e místicas, e à época havia umas quarenta monjas), fundado em 1509 por D. Leonor, viúva de D. João II,  a jovem Violante, interrogada pela Abadessa, respondeu que não praticava ainda  oração mental, pois não tinha o espírito necessário nem o tempo, já que estivera quase sempre acompanhada pela mãe e rezava apenas o rosário e o ofício de N. Senhora, mas «ainda assim fazia-lhe Deus mercê a ela de que não se esquecia dele, em cujo agradecimento lhe dava algumas palavras amorosas e amantes queixas, falando-lhe interiormente entre as ocupações que lhe negavam a liberdade». 

Tal capacidade de diálogo amoroso e a graça de receber locuções interiores divinas espantou as suas companheiras e então «cresceram as diligências e exames da parte das religiosas e entenderam que tinha aquela noviça e lograva uma quase contínua presença de Deus que outras em muito anos não podem alcançar, e ela ainda, sem conhecer a nada  deste favor, a possuía. E mostrava sobretudo uns fervorosos desejos de chegar a uma perfeita resignação da sua vontade na de Deus, como bem se viu».

Dos aspectos do seu modo de viver, realcemos quando chegava «a meia noite, tempo em que se tange as matinas, estava soror Violante de Jesus sempre tão desperta como se sempre velasse, e assim era a primeira que se levantava e com muita alegria representava  ser aquela hora a em que rompendo Deus pelo atributos da sua Divindade quis nascer em o mundo para nos dar vida em glória (...) desejando tomar o Santo Conselho do evangelho de querer vigiar com a Lâmpada acessa para que vindo o esposo entrasse com ele às bodas celestiais, com isto se afervorava e com se lhe representar que os Anjos a esperavam no coro e lançavam a bênção aquela que primeiro entrava, e por essa razão se apressava ela sempre para a ganhar.»

«Durante as matinas e o quarto de oração que  desde a uma hora até às três, se conhecia em soror Violante uma tão entranhável consolação que bem mostrava a graça da presença de Deus que ali lhe assistia. Era deligentíssima no serviço do coro e cerimónias dele, como quem conhecia que só ali se igualava aos Anjos, e assim parecia que havia exercitado muitos anos, acendia as luzes, rezava e cantava com tanta particularidade e cuidado como se algum defeito em alguma  coisas destas  lhe houvesse redundar a ela em grande culpa». Tinha grandes considerações ou intuições, no ofício divino, meditando nas analogias da pluridimensionalidade dos mundos...

Nesta mesma linhas «imaginava-se sempre com o seu Anjo da Guarda ao seu lado direito e ao esquerdo o da religiosa que lhe ficava mais vizinha. E se entendia que alguma estivera com mais fervor no Coro, costumava dizer: "Que alegre estaria o Anjo da Guarda de Fulana"; e quando se conhecia com menos devoção acrescentava: "E que triste estará o meu Anjo". 

Um Anjo  ao lado da rainha Dona Catarina, uma erasmiana e importante protectora do convento. Coro da Igreja.
Quando chegava a hora do  «sinal para se recolher era-lhe por vezes tão penoso deixar aquela santa ocupação, que lhe pagava Deus com outras Consolações, ainda dormindo dando-lhe, entre sonhos, grandes motivos de admiração e gosto. Que como o seu cuidado de dia não  era mais que uma santa meditação, não era muito que de noite, e dormindo, lhe representasse estas espécies, e quisesse Deus ir animando esta sua serva, para ainda naquelas horas em que o sono tira o merecimento, tivesse ela novos motivos para se consolar». E eis uma interessante visão interpretativa da actividade onírica superior, frequente nas almas mais plenamente no caminho espiritual, algo  transversal nos povos e religiões, denominando-se até incubatio o ir-se dormir a  certos templos ou locais sacros da antiguidade para se receberem intuições, tal como encontramos registado em lápides do santuário de Endovélico, hoje sitas no Museu Nacional de Arqueologia.

Apontava-lhe sua mestra certos actos devotos, orações e jaculatórias, repartidos pelas horas do dia para assim estar mais «na presença de Deus. E bem se via pois com muita alegria se levantava de madrugada, com tanta ânsia, e cuidado, de tornar à oração, que quase sempre que a saúde lhe deu lugar era a primeira que entrava no coro».

Entrara no noviciado a 29 de Julho e adoeceu a 21 de Outubro. O seu amor e dedicação à oração eram muito grandes e seguiria o seu patriarca S. Francisco de Assis que dissera que ninguém sem orar podia esperar bom fruto no serviço de Deus. Considerava que «se no mundo a conversação dos poderosos tem poder para dar bondade, com bem maior razão tiraria melhores frutos da conversação com Deus.» Mas tanto a mestra como o confessor refreavam a sua vontade de passar muito tempo em oração ou querer elevar-se ao altíssimo, recomendando mais humildade, auto-conhecimento e meditação na paixão, o que ela aceitava embora afirmasse que  «ao pôr-se diante de Deus era ele que obrava o que queria e não o que ela intentava. Pois em se pondo na oração com tais altos de amor entregava o coração a Deus que não ficava depois senhora de si, em para fazer o que lhe aconselhavam, nem sabia declarar o que sentia». E assim lhe deram sua mestre, e confessor, licença para seguir o impulso do seu espírito, pois era regulado por tão superior doutrina.

A propósito do grau de oração de Soror Violante escreve o seu biógrafo: «Dois modos se conhecem no exercício de oração mental, um extraordinário e outro comum. O primeiro é tão pouco declarável com palavras que nem os que o logram o sabem dizer. Pelo que com muita experiência diz Santo Antão Abade, que não é perfeita a oração quando o que a tem se lembra de si, ou entende o que ora, pois tão embebida fica sua alma em Deus, que por graça muito particular da mão divina se pode estimar este favor, sem despeito a nenhum merecimento próprio [Algo discutível, diremos....]. Em este grau lograva Soror Violante os favores de Deus, e suposto, que por obedecer a sua Mestra tratava de seguir os seus saudáveis conselhos, era tal a força de suas santas meditações, que posta em oração desatava logo aquele espírito e voando ao céu ficava tão entregue à sua contemplação, que não lhe deixava memória nem de si, nem daqueles a quem tanto desejava obedecer, e seguir. [Algo discutível, pois ficam sempre memórias, impressões e efeitos...]

A propósito da doença e sofrimento, escreveu o tio e padrinho: «Não são as enfermidades do corpo que descobrem os castigos da vontade divina, pois bem ao contrário o conheceu S. Paulo quando disse que em as doenças se aperfeiçoava a virtude e por isso se gloriava com as que padecia, e como Deus nosso Senhor quisesse em breves dias purificar a alma desta serva sua, não sequer  faltou com as doenças para que a paciência e a conformidade do seu espírito com elas lhe grangeasse em breve maiores merecimentos. E assim, subitamente, quando participava no coro, uma tosse forte fê-la sair a correr do canto e oração e explodir em sangue para o chão, tombando desmaiada, para grande admiração e mágoa das irmãs. A fatídica tuberculose foi galopante e em poucos meses de grande sofrimento e de elevados estados místicos de amor, estava pronta para partir para o além, o Céu, o corpo Místico da Igreja, a 6 de Julho de 1656, gerando ainda algumas ocorrências extraordinárias, as quais deixaremos para a continuação, ou acrescentos, a este artigo, que sai assim a 19 de Dezembro como um ramalhete de flores para a comemorar no seu dia de nascimento e para que, onde quer que ela esteja, nomeadamente nos nossos corações e cálices do santo Graal, a correnteza do Amor-Sabedoria Divina e Espírito Santo nos abra, inspire, expanda e una...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

domingo, 15 de dezembro de 2024

15 de Dezembro, dia dos jornalistas assassinados. A Ucrânia e Israel são os mais criminosos. Em actualização

Daria Dugina, vítima dos assassinos ucranianos...









hhhhhh
 
Neste momento já foram 195 jornalistas assassinados por Israel na Palestina.





Comentário da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, sobre o relatório da diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, sobre a segurança dos jornalistas e a questão da impunidade para 2022-2023
A 13 de dezembro, em Paris, o relatório da Diretora-Geral da UNESCO Audrey Azoulay sobre a segurança dos jornalistas e a questão da impunidade para 2022-2023, que ignorou deliberadamente os factos dos assassinatos selectivos de jornalistas russos pelo regime de Kiev, não foi aprovado durante a reunião da 34ª sessão do Conselho Intergovernamental do Programa Internacional para o Desenvolvimento e a Comunicação da UNESCO (#IPDC).
Pela primeira vez na história do IPDC, o principal documento bienal da UNESCO sobre a segurança dos jornalistas e a impunidade dos crimes contra eles não foi aprovado, mas apenas registado.
O Conselho Intergovernamental do Programa tomou esta decisão não por consenso, como nos anos anteriores, mas por votação. Apenas 14 países, representando sobretudo o “Ocidente coletivo” e os seus associados, votaram a favor, enquanto os restantes 21 se abstiveram ou votaram contra.
Assim, a fiabilidade dos dados apresentados no relatório foi posta em causa, o que já não permite que este seja entendido como uma fonte fiável de informação sobre a situação global em matéria de segurança dos jornalistas.
🇷🇺 A Rússia rejeitou liminarmente qualquer forma de aprovação do documento que distorce grosseiramente a situação real da segurança dos jornalistas e, por razões políticas óbvias, ignora os assassinatos brutais de correspondentes russos pelo regime de Kiev. Partimos do facto de que este texto é, de facto, uma fonte de desinformação na área da segurança dos trabalhadores dos meios de comunicação social.
Entretanto, registamos que o relatório foi preparado utilizando uma metodologia não transparente que não foi aprovada por ninguém. Este procedimento, desenvolvido em privado pelo Secretariado, deu prioridade às informações e opiniões das ONG e não dos Estados-Membros, o que põe em causa a própria natureza intergovernamental da UNESCO. No processo de revisão do escandaloso projeto de relatório, verificou-se que o problema era sistémico e que também era enfrentado por vários Estados do Sul Global, cujos dados oficiais sobre assassinatos nos meios de comunicação social foram ignorados no documento. 

A ampla onda de indignação da comunidade de jornalistas profissionais permitiu também chamar a atenção para o problema da arbitrariedade no trabalho do Secretariado da UNESCO e impedir a aprovação do documento que distorce deliberadamente a realidade neste domínio. Só a carta aberta do Sindicato dos Jornalistas da Rússia e do Sindicato dos Jornalistas de Moscovo ao Diretor-Geral da UNESCO foi assinada por mais de uma centena de órgãos de comunicação social e respectivas associações, não só da Rússia mas também do estrangeiro.
🤝 Agradecemos a todos os que demonstraram preocupação e ajudaram a conseguir um triunfo da justiça através das suas acções.
Acreditamos que tais desenvolvimentos foram um sério golpe na reputação de Audrey Azoulay e causaram um dano substantivo ao Secretariado da UNESCO por ela dirigido. Os países do “Ocidente coletivo” também se desacreditaram, demonstrando ao resto do mundo o seu verdadeiro empenho em proteger a segurança dos jornalistas e o seu nível geral de respeito pela vida humana. O Sul Global viu por si próprio o valor dos seus slogans vazios sobre o pluralismo dos media e a liberdade de expressão.
O lado russo não vai tolerar a preparação continuada de tais relatórios pseudo-estatísticos e, em geral, de práticas corruptas, para satisfazer os interesses de um grupo restrito de países, pela organização que faz parte das Nações Unidas. Todo o conjunto de problemas acumulados no sector da informação e comunicação da UNESCO será analisado em pormenor nas próximas reuniões dos seus órgãos diretivos. Defenderemos de forma consistente os princípios estabelecidos nas cartas da ONU e da UNESCO, que são a pedra angular da cooperação internacional e unem os países do Sul Global que se opõem à imposição da famosa “ordem mundial baseada em regras”. 
https://mid.ru/en/foreign_policy/news/1987448/

Dois dos jovens jornalistas e escritores russos assassinados pelos ucro-nazis, Daria Dugina e
No dia 26 de Dezembro de 2024, através do Middle East Eye soubemos o que os serviço de informação palestinianos noticiaram: « o assassinato de cinco jornalistas hoje por Israel elevou para 201 o número total de trabalhadores dos meios de comunicação social mortos em Gaza desde o início da guerra», informou na quinta-feira 26  o gabinete de imprensa do governo de Gaza. O gabinete condenou veementemente o facto de Israel “visar, matar e assassinar jornalistas palestinianos”, acrescentando “consideramos a ocupação israelita, a administração americana e os países envolvidos no crime de genocídio, como o Reino Unido, a Alemanha e a França, totalmente responsáveis por este acto brutal. Apelamos à comunidade e às organizações internacionais para que instaurem acções judiciais contra Israel nos tribunais internacionais e responsabilizem os culpados. Apelamos também a uma pressão séria e eficaz para que se ponha termo ao genocídio, se protejam os jornalistas e os trabalhadores dos meios de comunicação social na Palestina e se acabe com a morte e o assassínio de jornalistas”, acrescenta o comunicado.»  Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com
Para quando o fim do governo de Satanyahu? O crime compensa? Quando terminará a cruel chacina?
 

Daria Dugina on the Neoplatonic philosophical and political heritage, based on Proclus and his ascent to Truth. In the 16th International Conference “The Universe of Platonic Thought” in St. Petersburg on August 28-30, 2018

                                                        

Daria Dugina, former researcher of Political Philosophy at Moscow State University, during the 16th International Conference “The Universe of Platonic Thought” in St. Petersburg on August 28-30, 2018, gave a valuable talk on the historical-philosophical-metaphysical aspects of Neoplatonism, specialy on Proclus vision and understanding of the order of the manifestation or the ascent to the higher realms of the Cosmos, with a new focus in the relation of homology between the political and the philosophic and spiritual, until now not so much studied and enlightened with such a deep and broad hermeneutic, explaining so well the different levels of  reality, with the priority of the primordial one of paradigms and ideas. 

Let us read our beloved Daria Dugina Platonova, a martyr for the truth, justice, wisdom, multipolarity.----- And I am publishing the article in this portuguese blog, from the translation  by Lorenzo Maria Pacini, on the 15 december, 2024, birthday of Daria Dugina, in homage to Daria and his parents and Russia...

«Political philosophy has always been denied full recognition, focusing on analyzing the metaphysical aspects of Neoplatonism. Neoplatonic concepts such as “permanence” (μονή), “emanation” (πρόοδος), “return” (ὲπιστροφή), etc. were treated in historical-philosophical works separately from the sphere of the Political [1]. Thus, the Political was interpreted only as a stage of ascent toward the Good, embedded in the rigid hierarchical model of Neoplatonic philosophical thought, but not as an independent pole of the philosophical model.

This view of the Neoplatonic philosophical heritage seems insufficient to us. We would like to take the example of Proclus' works to show that in Neoplatonism the Political is interpreted as an important and independent phenomenon embedded in a general philosophical, metaphysical, ontological, epistemological, and cosmological context.

While in classical Platonism and in Plato himself political philosophy is explicitly expressed (dialogues “State”, “Politics”, “Laws”, etc.), in Neoplatonism and especially in Proclus we can judge the [political] philosophy only indirectly and mainly in commentaries on Plato's dialogues. This is also due to the political-religious context of the society in which the later Neoplatonists, including Proclus himself, operated.

At present, the political ideas of the Neo-Platonists have not been sufficiently studied, and, moreover, the very fact of the existence of Neo-Platonic political philosophy (at least in the late Greek Neo-Platonists) has not been proven and is not the subject of scientific and historical-philosophical research. However, Neoplatonic systems of political philosophy were widely developed in the Islamic context (from al-Farabi to Shiite political gnosis [2]), and Christian Neoplatonism in the versions of Western authors (in particular, Blessed Augustine [3]) largely influenced the political culture of medieval Europe.

At present, the topic is underdeveloped. In Russian there are practically no research works devoted specifically to Proclus' political philosophy. Among foreign sources, the only specialized studies are “Platonopolis” by Dominic O'Meara, the English specialist in Neoplatonic philosophy [4], “Founding Platonopolis: Platonic Polytheism in Eusebius, Porphyry and Jamblich [5], separate chapters in “Proclus. Neoplatonic Philosophy and Science” [6] and comments by A.-J. Festugiere to French translations of Proclus' major works, especially the five-volume “Commentaries on Timaeus” [7] and the three-volume “Commentaries on the State” [8].

Proclus Diado (412-485 CE) was one of the most important thinkers of late antiquity, a philosopher whose works express all the main Platonic ideas developed over many centuries. His writings combine religious Platonism with metaphysical Platonism; to some extent he is a synthesis of all previous Platonism-both classical (Plato, Academia), “middle” (described in J. Dillon [9]), and Neoplatonism (Plotinus, Porphyry, Jamblicus). Proclus was probably the third scholar of the Athenian school of Neoplatonism (after Plutarch of Athens and Syrianus, Proclus' teacher), which existed until 529 (until its closure by emperor Justinian, who issued edicts against pagans, Jews, Arians and numerous sects, and denounced the teaching of the Christian Platonist, Origen [185-253]).

Proclus' philosophical hermeneutics is an absolutely unique event in the history of the philosophy of late antiquity. Proclus' works represent the culmination of the exegetical tradition of Neoplatonism. His commentaries start from Plato's original works but take into account the development of his ideas, including the criticisms of Aristotle and the Stoic philosophers, in the most detailed way. Added to this was the tradition of Middle Platonism, in which special emphasis was placed on religious theistic issues [10] (Numenius, Philo of Alexandria). Plotinus introduced the thematization of the Apophatic into exegesis. Porphyry drew attention to the doctrine of political virtues and virtues that appeal to the mind. Jamblicus [11] introduced a differentiation in the Plotinian hierarchy of the basic ontological and eidetic series represented by gods, angels, demons, heroes, etc. If in Plotinus we see the main triad of the Elements - the Unity, Mind and Soul, in James the multi-stage eidetic series separating people from the World Soul and the speculative realms of Mind. Jamblicus also belongs to the practice of commenting on Plato's dialogues in esoteric terms.

For an accurate reconstruction of Proclus' political philosophy, it is necessary to pay attention to the political and religious context in which he operated.

Politically, Proclus' era is very eventful: the philosopher witnesses the destruction of the western frontiers of the Roman Empire, great migrations of peoples, the invasion of the Huns, the fall of Rome, first at the hands of the Visigoths (410), then at the hands of the Vandals (455), and the end of the Western Empire (476). One of Proclus' chosen visitors to the school, Anthemius, a patrician of Byzantium, took an active part in political activities.

Proclus (according to the traditional rules of interpretation of Plato's dialogues) begins his commentary on the State and Timaeus with an introduction in which he defines the topic (σκοπός) or intention (πρόθεσις) of the dialogue; describes its composition (οἷκονομία), genre or style (είδος, χαρακτήρος), and the circumstances under which the dialogue took place: the topography, the time, the participants in the dialogue.

In determining the topic of the dialogue, Proclus points out the existence in the philosophical tradition of analysis of Plato's Republic of different points of view [12]:

  1. some are inclined to see the subject of the dialogue as a study of the concept of justice, and if a consideration of the political regime or the soul is added to the conversation about justice, this is only one example to better clarify the essence of the concept of justice;

  2. others see the analysis of political regimes as the object of the dialogue, while the consideration of justice issues, in their view, in the first book is only an introduction to the further study of the Political.

We thus encounter some difficulty in defining the object of the dialogue: does the dialogue aim to describe the manifestation of justice in the political sphere or in the mental sphere?

Proclus believes that these two definitions of the subject of dialogue are incomplete and argues that both goals of dialogue writing share a common paradigm. “For what justice is in the psyche, justice is the same in a well-governed state” he says [13]. In defining the main topic of the dialogue Proclus notes that “the intention [of the dialogue] is to [consider] the political regime, then [consider] justice. It cannot be said that the main purpose of the dialogue is exclusively to try to define justice or exclusively to describe the best political regime [14]. Having admitted that the political and justice are interconnected, we will note that in the dialogue there is also a detailed consideration of the manifestation of justice in the sphere of the mental. Justice and the state are not independent phenomena. Justice is manifested at both the political and the psychic (or cosmic) level.

Once this fact is established, the next question arises: which is more primary-the soul (ψυχή) or the state (πολιτεία)? Is there a hierarchical relationship between the two entities?

The answer to this question is found in the dialogue The State [15] when Plato introduces the hypothesis of homology (ὁμολογία) of soul and state, the sphere of the mental and the political. This forces us to think carefully about what is meant by homology in Plato and the Neoplatonists who continued his tradition. In the later New Age philosophy, the (real) paradigm is mostly a thing or object, and ontology and epistemology are hierarchically constructed: for objectivists (empiricists, realists, positivists, materialists) knowledge will be understood as a reflection of external reality, for subjectivists (idealists) reality will be interpreted as a projection of consciousness. This dualism will be the basis for all kinds of relations in the field of ontology and epistemology. But to apply such a method (objectivist or subjectivist) to Neoplatonism would be anachronistic: here neither the state nor the soul nor their concepts are primary. In Plato and the Neoplatonists the primary ontology is endowed with ideas, paradigms, while the mind and soul and the sphere of the political and cosmic represent reflections or copies, icons, results of eikasia (εικασία). Consequently, in the face of the exemplar, any kind of copy: whether political, mental, or cosmic, possesses an equal nature, an equal degree of distance from the exemplar. They are not seen through comparison with the other, but through comparison with their eidetic prototype.

The answer to the question about the primacy of the Political over the psychic or vice versa then becomes clear: it is not the Political that copies the psychic or vice versa, but they are homologous to each other in their secondness to a common image/eidos.

The recognition of such homology is the basis of Proclus' hermeneutic method. For him, state, world, mind, nature, theology and theurgy represent eidetic chains of manifestations of ideas. Therefore, what is true of justice in the realm of the Political (e.g., hierarchical organization, the placement of philosopher-guardians at the head of the state, etc.) concerns at the same time the organization of theology-the hierarchy of gods, daimons, souls, etc. The existence of a model (paradigm, idea) ensures that all orders of copies have a unified structure. It is this that makes it possible to safely deduce Proclus' political philosophy from his vast legacy, in which actual politics is given little space. Proclus implies the Political in the same way as Plato, but unlike the latter he makes the Political the main theme much less frequently. Nevertheless, any interpretation of Plato's concepts by Proclus almost always implicitly contains analogies in the area of the Political.

General homology, however, does not negate the fact that there is some hierarchy among the copies themselves. The question of the hierarchy of copies among themselves has been approached differently by different commentators on Plato. For some, closer to the paradigm, the model is the phenomenon of the soul, for others the phenomenon of the state level, and for still others the cosmic level. The construction of this hierarchy is the space for freedom in interpreting and hierarchizing the virtues. Thus, for example, in Marin [16] Proclus' own life is presented as an ascent up a hierarchical ladder of virtues: from the natural, moral, and social to the divine (theurgical) and even higher, unnamed, through the purifying and speculative. The political virtues are usually considered intermediate.

From the fragment we quoted above, in which Proclus discusses the topic of the dialogue on the state, we can see his desire to emphasize that the hierarchy of interpretations is always secondary to the basic ontological and epistemological structure of Platonism as a contemplative method. Thus, the construction of a system of hierarchies in the course of interpretations and commentaries turns out to be secondary to the construction of a general metaphysical topology reflecting the relationship between exemplar and copies. And even if Proclus himself, in the course of the development of his commentary, pays situatively more attention to mental, contemplative, theurgical, and theological interpretations, this, by no means, means that political interpretation is excluded or of secondary importance. Perhaps in other politico-religious circumstances, which we discussed in the first part of our paper, describing the political situation of Proclus' time in the context of Christian society, Proclus could have focused more on political hermeneutics without violating the general structure and fidelity to Platonic methodology. But, in this situation, he was forced to talk about politics in less detail.

Proclus' interpretation of the State dialogue, where Plato's theme is the optimal organization of the state (polis), represents a semantic polyphony, a polyphony that implicitly contains whole chains of new homologies. Each element of the dialogue interpreted by Proclus, from the perspective of psychology or cosmology, corresponds to a political equivalent, sometimes explicitly, sometimes only implicitly. Thus, the commentaries on Plato's dialogue, thematizing precisely “polytheia”, do not represent for Proclus a change from the usual register of consideration of ontological and theological dimensions in most of his other commentaries. By virtue of his homology, Proclus can always act according to circumstances and freely complete his hermeneutical scheme, deploying it in any direction.» 

                                          

So work creatively with the body, mind, soul and spirit, but don't leave the society and the political aspect just for the ambitious and corrupt politicians and warmongers. Fight for the Truth at all levels!

Notes:

[1] Karl Schmitt's term to emphasize that it is not a technical organization of the process of government and power, but a metaphysical phenomenon with its own internal metaphysical structure, an autonomous ontology and “theology”, from which C. Schmitt's formula “political theology” originated. See Schmitt C. “Der Begriff des Politischen”. Text of 1932 with a paper and three corollaries. Berlin: Duncker & Humblot, 1963; Schmitt C. Political theology. Canon Press-C, 2000.
[2] Corbin Henri. “History of Islamic philosophy” Progress-Tradition, 2010.
[3] Mayorov G.G. “The formation of medieval philosophy (Latin patristics)”. Mysl, 1979; “Augustine. On the city of God”, Harvest, M.: Astra, 2000.
[4] O'Meara D. J. “Platonopolis. Platonic political philosophy in late antiquity”, Oxford: Clarendon Press, 2003.
[5] Schott J. M. “Founding Platonopolis: The Platonic Politeía in Eusebius, Porphyry, and Iamblichus” Journal of Early Christian Studies, 2003.
[6] Siorvanes Lucas. “Proclus. Neoplatonic philosophy and science”, Edinburgh, Edinburgh University Press, 1996.
[7] Proclus. "Commentaries on Time". Tome 1, 2, 3, 4, 5. Tr. André-Jean Festugière. Paris : J. Vrin-CNRS, 1967-1969.
[8] Proclus. "Commentaries on the Republic". Tome 1, Livres 1-3 ; tr. André-Jean Festugière. Paris : J. Vrin-CNRS, 1970. Idem. Commentaries on the Republic. Volume 2, Livres 4-9 ; tr. André-Jean Festugière. Paris : J. Vrin-CNRS, 1970; Idem. Commentaries on the Republic. Tome 3, Livre 10 ; tr. André-Jean Festugière. Paris : J. Vrin-CNRS, 1970.
[9] Dillon J. The Middle Platonists of 80 B.C. - 220 A.D.. St. Petersburg. Aletheia, 2002.
[10] In the ethical teaching of the Middle Platonists the central idea proclaimed is the goal of being assimilated into the divine.
[11] Jamblichus also systematizes the method of commentary on Plato's dialogues, introducing the division into different types of interpretation: ethical, logical, cosmological, physical, and theological. It is his method of commentary that will form the basis of Proclus'. He distinguished the twelve Platonic dialogues into two cycles (the so-called “Cane of Jamblicus”): the first cycle included dialogues on ethical, logical and physical problems, the second - the more complex Platonic dialogues, which were studied in the Neoplatonic schools in the last stages of education (“Timaeus”, “Parmenides” - dialogues related to theological and cosmological problems). Jamblicus's influence on the Athenian school of Neoplatonism is extremely great.
[12] Proclus. "Commentary on the Republic". Trad. par A.J. Festugière. Op. cit. pagg. 23-27.
[13] Proclus. "Commentary on the Republic". Trad. par A.J. Festugière. Op. cit. pag. 27.
[14] Proclus. "Commentary on the Republic". Trad. par A.J. Festugière. Op. cit. pag. 26.
[15] Plato “The State” Works in four volumes. Volume 3. Part 1. St. Petersburg: St. Petersburg University Press; Oleg Abyshko Publishing, 2007.
[16] Marin “Proclus, or on happiness”, “Diogenes of Laertes. On the life, doctrines and sayings of the famous philosophers” Thought, 1986. С. 441-454.
May Daria Dugina Platonova be in the realm of the higher philosophers, saints and masters, and inspire us, blessed by the Divine Being and his celestial spirits!

sábado, 14 de dezembro de 2024

Do diário de 2014: meditações, realizações, sonhos, interrogações, alquimia, mantras, ciência, a demanda do Graal, o espírito, a Divindade...

Peregrinos nas montanhas, por Nicholai Roerich.
Do diário de 2014, escrito no computador, oito fragmentos:
 I - A meditação solsticial matinal perto das 6 horas foi boa, pois vi uma descida de luz nuvem neve branca sobre uma crista montanhosa branca ao longe, no olho espiritual. Realizei também a consciência como interface dos vários planos e níveis.
Depois, quando me deitei, o olho espiritual começou a manifestar-se bastante, e vou relembrar alguns momentos: uma espécie de paisagem ou horizonte de neve estriada em cristais, que se movia; depois uma mulher que me pareceu uma amiga, como uma artista-dançarina-escultora indiana forte, e via-se de perfil ou com a cabeça inclinada para baixo. Tinha o corpo forte [e esteve] duas vezes em movimento.
Houve também forte [a compreensão de que] a [usual] noção de cinco sentidos foi uma limitação estupidificante sobre os humanos e pois a consciência do corpo [e a partir do corpo] era um sentido global, e que dele se passa facilmente para a consciência do corpo subtil espiritual.

E [que esta extensão da pluridimensionalidade dos sentidos] é importante, como validei de manhã na cozinha, relembrando-a [ao emergir da memória do subconsciente] e [se conseguirmos manter esta consciência maior] então estamos mesmo incarnados e não [semi-] anestesiados ou alienados apenas no corpo. O 6º sentido é então o da totalidade do nosso ser [nos seus corpos], e o sétimo o da consciência.
Acordei também com um clarão de luz no horizonte, amarelo e vermelho, um nascer do sol espiritual. Algo parecido com um desenho estilo antroposófico mas  grande, largo e mais amarelo-cor de laranja.»

II - Dou graças a Deus. Mais consciente do corpo espiritual, olho mais aberto ou unido ao Divino, o qual nas nas minhas orações, meditações e aspirações, flui mais e é sentido no centro do peito...»

III - Andei no [youtube a ver vídeos de] Rupert Sheldrake, Lothar Schafer, Bruce Lipton, mas embora bons não têm tanta espiritualidade ou consciência das ligações subtis que se passam entre a Divindade, a Mente Cósmica e a mente humana. Eu diria mais até: entre a mente a funcionar normalmente e a mais interiorizada, sensível, expandida, subtil, ligando-se ao corpo espiritual e suas capacidades...
Falou a Rosa Maria e virá cá sexta de manhã, desiludida das vigarices do Veiga, da Federação de Yoga... Devia escrever sobre isso...»

IV - Uma das grandes questões que se põe hoje em termos espirituais face aos múltiplos mestres e ensinamentos é congraçar a existência de um espírito individual e a dita não-dualidade, que certamente se pode admitir, seja em termos de unidade de toda a matéria como da consciência.
Se esta dualidade [conceptual normal nas pessoas] está sendo ultrapassada pelo reconhecimento que mesmo a matéria dita inorgânica está dotada de consciência, ou que energia-consciência é a grande substância do Cosmos, mesmo assim não há dúvidas que existem diferenças entre os grau de consciência que os átomos de um cristal de quartzo leitoso, um protozoário, um rouxinol e um ser humano detém, [ou conseguem manifestar, pois mesmo no ser humano podem surgir grandes hiatos ou quebras dela].
Será talvez então exagerado ou despropositado crermos que a realização [máxima espiritual] do ser humano seja a sua extinção, seja num nirvana seja num não-ser, mesmo que possa surgir como libertação em relação ao sofrimento e ignorância em que estava.
Se olharmos para a humanidade, observaremos que mais de 90% das pessoas estão a milhas ou anos de luz de um estado pleno de equanimidade e de libertação e que mesmo ao longo séculos, pese a grande plêiade de santos, santas e mestres, poucos seres atingiram tais níveis de unificação em si próprios e de libertação de desejos no mundo, que possam (ou queiram) extinguir-se "libertadoramente" no fim das suas vidas terrenas. Para quê tanto anterior trabalho, esforço, amor?
Por detrás desta questão espreita-nos outra, a que se prende com as origens e fins da vida humana, nomeadamente se as alma vêm à Terra para aprender, participar, unir-se a Deus, libertar-se da manifestação seja terrena seja subtil, e se depois se extinguem, ou antes continuam noutras dimensões, ou ainda, se pelo contrário, reincarnam na Terra. E sabendo-se pouco disto com segurança ou objectividade, nem que seja pessoal, também as respostas embora muitas são pouco firmes ou seguras...
Embora as experiências de morte temporária, as famosas near death experiences deem já alguns vislumbres, embora os relatos de espíritas, clarividentes e mestres apresentem contributos valiosos, inegavelmente sabe-se pouco dessa vida no além e do tipo de consciência que sobrevive.
Onde a investigação tem mais avançado é no campo da consciência, nas neurociências e na física quântica, começando a adquirir-se uma visão bem mais profunda e fidedigna da natureza dos fenómenos que nos rodeiam e da constituição dos seres, e suas partículas e ondas. Mas ainda há uma clivagem forte entre os que creem que a consciência e o pensamento são produzidos pelo cérebro, e os que afirmam a natureza supra-corporal e cerebral da consciência humana, abrindo-se à existência do espírito subtil independente do corpo físico, e que sobrevive à morte do invólucro terreno.
A realização ou consciencialização deste espírito (que se pode dizer divino) e a assunção das suas qualidades e capacidades é de certo modo o caminho espiritual, a demanda do santo graal.

V - Sentir mais o espírito divino no coração, o ponto de luz que se adora e que as mãos juntas sinalizam (invocam, propiciam) assim senti mais nestes dias e nesta meditação.

VI - Conseguirmos lembrar os sonhos com amor, lucidez e acurácia é aumentar a consciência, é recuperar energias e mensagens dos nossos níveis mais profundos  que jaziam perdidos ou desconhecidos, é comungar com os planos internos pessoais e universais e trazer deles ao de cima da nossa consciência, à da vigília, e  sentirmos que podemos mesmo ao dormir estar a trabalhar com actos, sentimentos, pensamentos, ritmos, impulsões, seja apenas cerebralmente seja em corpo subtil
Respeitamos pouco os nossos ritmos internos, e a vida interna e exterior, em toda a sua delicadeza e riqueza, menos ainda.
Os seres puxam-nos para fora, para uma superfície de aparências demasiado transitórias mas também somos nós que os puxamos para esse níveis reactivos, e não estamos  verdadeiramente plenos, unificados,
Vou sentindo uma certa inutilidade de nos ligarmos frouxamente aos outros, ou que não vale tanto a pena preocupar-nos com eles, e com o que se passa no mundo e que pouco podemos influenciar...
Temos muitos ritmos no interior do nosso ser multidimensional, e quando forçamos alguns temos de os reequilibrar depois. É na auto consciencialização silenciosa ou meditativa, de olhos fechados e respirando lenta e profundamente que sentimos o estado dos nossos órgãos e chakras e que energias ou movimentos eles precisam, o que em geral podemos realizar pela respiração energética para tais zonas e a eventual visualização ou imaginação da partículas energéticas entrando neles. Quanto tempo, com que regularidade, cada ser tem que descobrir por si e ser sincero, e perseverar.
 
Heinrich Khunrath. O Anfiteatro da Sabedoria eterna, 1595. O alquimista no seu laboratório e oratório.
VII - A alquimia interna tem no nosso espírito o fogo, tem no vaso, cadinho ou retorta a nossa alma, e no inconsciente e potencial vital a matéria prima para realizar a grande Obra.
O fogo é a força de vontade, o pensamento-palavra, o sopro, a visão, o corpo espiritual e as ligações superiores, a pedra filosofal, inata ou como pó de projecção ou irradiação
A retorta ou vaso é a nossa alma e aura, o que vamos pensando e sentindo e gerando de corpo psíquico nosso, e que é alquimizado ao rubro nos momentos de lutas, testes, amores ou então de orações, meditações, aspirações.
A matéria prima são tanto as partículas materiais ou subtis, como a energia vital que nelas passa ou elas contém, e que vai sendo trabalhada, gasta, renovada pelos nossos trabalhos, intenções e consciencializações.
Constantemente estamos a modelar os nossos corpo subtis e a estabelecer relações e irradiações luminosas ou não.

VIII - Acordei cedo às 7 e pouco e fiz meditação boa, com o mantra indiano de invocação de Shiva, a felicidade divina: Aum namo Shivaya, tão cantado ou recitado na Índia...
Repetir um pouco um mantra, senti-lo em diversas partes do corpo e aura e sobretudo pronunciá-lo lentamente e conscientemente a partir do coração, com aspiração à Divindade invocada, e para beneficiar ainda alguém ou o mundo, é uma das práticas mais recomendadas nestes tempos mais agitados e violentosque atravessamos e que tanto nos desafiam a estarmos lúcidos e nem manipulados nem demasiados envolvidos. 
Pax, Lux, Amor, Aum...
De Bô Yin Râ.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

O líder do Islão na Rússia, o Grande Mufti Tadzhuddin, explica a luta actual e valoriza a missão da Rússia multi-étnica, multi-religiosa e multipolar

Talgat Safich Tadzetdinov, o Grande Mufti (jurista religioso) da Rússia, proferiu um discurso bem pensado e inspirado, poderoso mesmo,  durante uma cerimónia de homenagem aos indivíduos de vários sectores que se notabilizaram, no serviço público, religioso e governamental, e que foram condecorados por Vladimir Putin. 


Talgat Safich Tadzetdinov (n. 1948) começou por saudar o "respeitado e querido" Vladimir Putin, realçando uma frase pronunciada por este há poucos dias numa homenagem aos heróis da luta actual, na qual captara bem o espírito da nossa sociedade e do nosso tempo: «é impossível conquistar ou quebrar a Rússia», considerando-a bem provada ao longo dos séculos, tal como a frase  de que «temos o poder das armas e a força do espírito do nosso lado». «Todos nós  habitantes da Rússia, islâmicos e adeptos de várias religiões sentimos que venceremos de certeza, pois a verdade é nossa, e a força do espírito é nossa», disse em seguida. E interrogando-se acerca da proveniência da Verdade, explicou que cada ser tem a sua verdade, mas nós de qualquer religião na Rússia, herdamos e seguimos os valores morais e espirituais, recebidos do Deus de todo universo, e não estamos só a reclamar as terras que são nossas, pois o nosso país é vasto, englobando dois contimentes, tendo os Urais como coluna vertebral. 


 "A verdade vem de Deus", disse, e congratulou-se com tal realidade estar agora reconhecida na constituição russa. Considerou que estão protegidos por Deus  e salientou como a pedra angular da Rússia são de facto os valores espirituais e morais da nação, enraizados nas fés tradicionais das diversas religiões existentes na Rússia e que com pequenas diferenças, secundárias ou terciárias, estão unidas no culto da Divindade Original e da Mátria e Pátria, como recentemente salientara o patriarca Kirlov. E a força do nosso espírito vem de Deus pois é dele que veio a nossa alma [explicação numa visão religioso-espiritual não muito exacta...]

 Salientou a unidade de todos os cidadãos russos, incluindo os muçulmanos, na defesa da sua terra e da sua cultura,  com as armas, e abordando  as tensões mundiais, manifestou confiança em que a Rússia perseverará contra qualquer ameaça externa, num mundo em torvelinho, afirmando que para além da Rússia corajosamente estar  a defender a sua terra, campos, rios e populações onde estão todos a crescer, assentes sobre o pó dos pais, avós e antepassados, está também a defender a multipolaridade justa mundial e que chefe ou país algum conseguirá destruir a Rússia ou fazê-la perder a sua paz interior e soberania. Criticou o que se passa na Palestina e realçou o perigo do terrorismo absoluto brotar agora (destruição do estado Sírio pela Turquia e Israel e os rebeldes ocidentais) do Médio Oriente para a Ásia central e o resto do mundo. 

E respondendo à pergunta de muitos se haverá um Apocalipse ou uma III grande Guerra afirmou que como crentes sabemos que  o fim dos dias  é uma experiência individual: diariamente amigos, familiares e bem amados morrem e passam para o mundo sempre presente ou eternidade,  mas um Apocalipse global só pode ser arranjado por Deus não pelo colectivo ocidental ou a América, não importa quão grande seja a sua arrogância.

«Um mundo multipolar existe e a grande maioria das pessoas e nações que aspiram a valores morais e espirituais, à fé e à moral ética, olham para a Rússia unida. O   BRICS e o recente encontro Kazan, bem como maioria dos países islâmicos, manifestam-no claramente. O patriarca Kirlov disse recentemente num encontro internacional: «Nós não temos medo do Apocalipse», e não devemos  tremer quando se fala do Apocalipse nos noticiários da Televisão. Os cientistas discutem o universo em expansão e que um dia colapsa. Nenhum mensageiro do Todo Poderoso, incluindo o profeta, Maomé disse que haverá um apocalipse enquanto houver um ser na Terra que creia verdadeiramente em Deus e  se volte para ele e o chame: "- Meu Deu, meu Deus";  mas mesmo se ele viesse, se tiveres  uma semente na mão, planta-a e isso ser-te-á contado.   

No campo da batalha, nenhuma força colectiva, nem sob a liderança de quem se imagina o faraó do mundo,  nos poderá derrotar. Isso tem sido provado ao longo dos séculos. O nosso multi-étnico e multi-confessional país preservar-se-á internamente e não sucumbirá a qualquer provocação. A nossa tarefa mais importante e sagrada  é manter paz e tranquilidade dentro do nosso país e preservar  a unidade, liberdade e soberania da nossa terra natal. Graças...»

No fim do seu discurso, depois de dar glória à Divindade Toda Poderosa, realçou que entramos no novo século, e que é um século em que a Rússia crescerá bem e que a actual Operação especial providencia um tremendo exemplo  e experiência para a juventude,  concluindo com o: - Que Deus vos abençoe...