quinta-feira, 16 de maio de 2024

Fala de Pedro Teixeira da Mota na apresentação da obra de Afonso Cautela, "Lama e Alvorada. Poesia Reunida 1953-2015. Volume II., na casa da Imprensa, em Lisboa.

Quatro amigos de Afonso Cautela (1933-2018) reunidos para o saudar e transmitir, convidando ao aprofundamento da continuação dos seus esforços, discernimentos e mensagens...

Registo da minha intervenção na apresentação na Casa da Imprensa, em Lisboa, a 15 de Maio de 2024, da obra do Afonso Cautela, Lama e Alvorada. Poesia Reunida 1953-2015. Volume II., contendo os livros anteriores "Espaço Mortal". "O Nariz". "Campa Rasa". E ainda poesia da Infância e da primeira Juventude, inédita. É o 3º vídeo da apresentação da obra, pois também falaram e ficaram gravados, o ecologista, editor e amigo José Carlos Marques, José Luiz Fernandes,  jornalista que conviveu com Afonso e o entrevistou longa e detalhadamente, em 2007, o António Cândido Franco, ensaísta e professor universitário de Literatura e, por fim, a Cristina Cautela, a filha do Afonso e da sua mulher Astride, que o conhecera atraída pelas suas crónicas ou reportagens jornalísticas tão impactantes ou moventes. 

Na assistência estavam familiares e outros amigos, companheiros e admiradores de Afonso Cautela, entre os quais a Almerinda Romeiro, o Manuel Calado, Gonçalo Cabral e a mulher, António Elói, Carlos Ventura e o António Mantas, autor do recente e valioso livro Raizes da Agricultura Biológica, e que nos enviou as fotografias da mesa...

Na parte final, Cristina, Pedro, José Carlos, António e José Luiz.

Fora  eu encarregado de falar do Afonso Cautela no seu percurso ecológico, energético, consciencial, espiritual e utópico e embora com um espaço de tempo  limitado, ainda assim houve alguns bons momentos de transmissão das energias anímicas do Afonso Cautela, e de contextualização da sua obra não só na mais conhecida profunda e alargada militância ecológica e contra o sistema opressivo tecnobiocrático, mas também na macrobiótica Zen, no Budismo tibetano, nas energias subtis, na acupunctura, na radiestesia de Étienne Guillé, e na utopia do desenvolvimento de outras consciências, modos de vida, comunidades e sociedades. No fundo um elo bem  investigador e dinâmico da Tradição Espiritual Portuguesa.

Afonso Cautela, com 48 anos, entrevistado  pelo António Tavares Teles e o Francisco Teixeira da Mota para a revista Arteopinião, nº 14 de 1981, onde também colaborei com um artigo Arte: da Índia, do Eterno Oriente.

Reli ainda o seu fabuloso poema, dado à luz em 25 de Julho de 2006,  de De flor em flor, de asa em asa, que já transcrevera e comentara levemente no blogue: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2024/05/afonso-de-cautela-poema-iluminado-do.html, e  acentuei no fim o nosso empenho em continuarmos o seu labor anímico e a militância corajosa e luminosa...

                

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Afonso Cautela e o seu percurso. Ensaio improvisado gravado antes de falar na apresentação do "Lama e Alvorada" Vol. II. 15 de Maio de 2024.

Na manhã de 15 de Maio de 2024, umas horas antes da apresentação do livro de Afonso Cautela, Lama e Alvorada, Poesia Reunida 1953-2015. Volume II, em que teria de participar na Casa da Imprensa em Lisboa, resolvi pronunciar uma breve evocação e revisitação de Afonso Cautela (Ferreira do Alentejo, 1933- Lisboa, 2018), jornalista pioneiro e militante da ecologia, poeta e investigador intimorato da verdade em vários campos, falando dos aspectos que me fossem surgindo na alma e mente. 

Frequentemente, quando tenho de fazer uma conferência ou apresentação, costumo meditar ou mesmo gravar uma espécie de pré-lançamento, matriz, modelo, esquisso, antevisão ou programação do que terei de pronunciar publicamente horas, ou dias, depois. Teria cerca de 10 a 15 minutos por minha conta, na sessão colectiva, com José Carlos Marques, José Luiz Fernande, António Cândido Franco e a Cristina Cautela, mas nesta pré-fala cheguei aos dezassete minutos. E, claro, é sempre bem diferente o que de antemão se pensa ou diz (ou por vezes se escreve mas  não para se ler...) e o que brota espontaneamente no contacto com o público e na verticalidade da invocação do autor e do assunto, tal como poderá ver e ouvir brevemente quanto ao que eu disse (e o que os outros), na Casa da Imprensa, em Lisboa, ao findar da tarde de 15 de Maio...  A imagem  durante a gravação é sempre a mesma chama... Muita Luz e Amor divinos no Afonso Cautela e que as suas realizações valiosas frutifiquem mais...

                           

terça-feira, 14 de maio de 2024

Afonso de Cautela. Poema iluminado do fim de viagem: De asa em asa e de flor em flor. In "Campa Rasa e outros poemas"., 2011

                                  

Do Afonso Cautela, escreveu em 25 de Julho de 2006, um ano em que ressurgiu poeticamente, quando tinha já setenta e três de idade, um belíssimo poema espiritual que José Carlos Marques, através das suas Edições Sempre-Em-Pé, em Janeiro de 2011, deu  à luz  em Campa Rasa e outros poemas, num in-8º de 70 páginas, com dezanove poemas escritos de 1955 a 1970, um de 1990 e quinze  de 2006, dos quais o selecionamos, para o homenagear aquando da apresentação públicada Lama e Alvorada, Poesia reunida 1953-2015, Volume II, na casa da Imprensa, em Lisboa, a 15 de Maio de 2024, a qual inclui a Campa Rasa, e logo o poema que seleccionámos.

                                              

Neste poema, como em vários dos outros, a leveza da alma esforçada, purificada e grata de Afonso Cautela ergue-se já alada e dotada da palavra mágica e musical em harmonia com a Natureza e a Divindade, para ele então mais desvendadas em insinuações de frescura de rosas e de fim de viagem e passagem para vida em glória (isto é, Luz) auroral, estado anímico-espiritual e consciencial onde sinceramente intuímos estar o Afonso...

De asa em asa e de flor em flor...

«De asa em asa e de flor em flor

O caminho passa

Traçando o mapa da viagem

Que o destina ilumina e fala

 

Calando de novo a fortuita miragem

De palavra em palavra e de asa em asa

Ao ritmo dos dias e das eras

Que o calendário dos cânticos usava


Quem se guia nas trevas e na estrada

É porque tem o mapa da paisagem

É porque abre a rosa fresca e límpida

Da doce e fresca e linda madrugada


O caminho passa enquanto o sono fica

O canto madrugador da cotovia

O fresco alvorecer da flauta que flutua

A gloria de deus que se insinua

Na dobra mais recôndita.


De flor em flor e de asa em asa

O caminho passa.»

 "Sabe guiar-te na viagem madrugante pela abertura da rosa fresca e límpida  do teu coração", diz-nos o Afonso...

Muita Luz e Amor para ele e nele! Om...

Post scriptum:  Na Casa da Imprensa, na apresentação a 15 de Maio da Lama e Alvorada, Volume II, resolvemos ler e parafrasear, para o realçar,  este tão valioso poema. Pode ouvi-lo em: https://youtu.be/48zP1yG9D2Y

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Sementes e flores da demanda espiritual e divina...

Ambrogio Borgognone, S. Francisco recebendo a visão de Jesus e do Serafim. 1510

O conhecimento de Deus vem-nos na medida em que aspiramos a Ele, o absorvemos, o recebemos, uns mais como amor no coração e gratidão, outros como força e poder, outros como inteligência imensa ou ainda felicidade e alegria criativa.

A Divindade cobre-nos sempre, mas pouco estamos receptivos a ela. S. Francisco de Assis  conseguiu vê-la como um Serafim, ou conseguiu receber as bênçãos Dela através desse elevado espírito celestial, as quais se plasmaram como chagas ou estigmas e um estado intensificado de amor unitivo a Jesus Cristo. 

Alguns seres recebem-no como Pai, fecundando-os, gerando o desabrochar do Filho neles, o gérmen e impulso crístico, ou ungido, de mais perfeição e sabedoria, amor e fraternidade, tão necessários na seara imensa e sofredora da Humanidade.

Dentro dos ciclos de celebrações religiosas ou tradicionais o  Natal, os feriados, os fins de semana são  épocas de maior possibilidade de aspirarmos, sentirmos e realizarmos a nossa religação com a Fonte Divina, seja Pai,  Mãe, Maria, Fatimah, Amaterasu, Céu e Terra, Espírito infinito, Sol de Amor Primordial, ou  como cada um sentir, se predispuser, merecer...

Assim alguns de nós nascidos no Cristianismo podem na meditação ver e sentir interiormente o Pai em forma de cruz, mas de voo aberto abraçante, unificante, connosco. Muitas das nossas sorores antigas viram o mestre Jesus dardejando amor. Outras almas mais abertos às concepções da Divindade do Oriente vêem-na como Oceano de Luz, e assim sucessivamente. Louvado seja Ela e os seus amigos, mestres, sorores e anjos inspiradores!

O mistério da Divindade e a necessidade de demanda de religação com Ela deviam mover-nos mais, entusiasmar-nos mais, por entre estes tempos tão agitados, manipulados e oprmidos horizontalmente e infrahumanisticamente  por forças e seres negativos, que dominam execssivamente os meios de comunicação, e aos quais devemos resistir, não nos expondo, não nos deixando influenciar, e assim desmascará-los, vencê-los.

Para estarmos mais lúcidos e fortes conviria viver-se harmoniosamente e orar-se ou meditar-se mais, num ritmo pelo menos matinal e nocturnal, mesmo que sem obrigatoriedade e duração, tal como se fosse um mergulho para entrar nas profundezas da alma ou uma subida purificadora à montanha, por vezes árdua ou mesmo inglória e aparentemente não abençoada, mas que mesmo assim nos fortifica num alinhamento com os níveis mais espirituais, com o omnipresente campo unificado de energia consciência informação na quarta dimensão, o que nos permite avançar de dia mais alinhados e orientados, ou de noite  mais aptos a interagir e compreender nos sonhos os seus testes e ensinamentos simbólicos.

Saibamos pois resistir e avançar luminosamente!

domingo, 12 de maio de 2024

Princesa Santa Joana. Convento de Jesus, em Aveiro. Algumas interrogações no 534º aniversário da sua desincarnação

A vida psico-espiritual da princesa Santa Joana contém ainda mistérios que só por grande investigação e intuição conseguiremos clarificar e iluminar:
Quando começou  verdadeiramente e não hagiograficamente a sua capacidade ou mesmo vocação  religiosa a afirmar-se? Quais foram as influências e factores determinantes?  Como caracterizar a sua religiosidade? Como discernir o que era espontâneo, tendência própria, ou pressão do exterior, e imitação de exemplos de santas, nomeadamente da rainha Santa Isabel, como ela recolhida vários anos como soror no mosteiro de Santa Clara, em Coimbra?
Dois cronistas contam que ela até aos 15 ou 16 anos, e nascera a 6 de Fevereiro de 1452, teve as suas afectividades ou paixões; Rui de Pina diz mesmo que se dava ao luxo e ao esbanjamento. Contudo aos 20 anos, a 4 de Agosto de 1472, deixou a corte e entrou no convento de Jesus, em Aveiro, de freiras dominicanas, fundado em 1461, e que a acolheu não como soror professa, mas como infanta religiosa, retirada do mundo.
                                     
 A morte da sua mãe, a rainha D. Isabel de Lencastre, com 23 anos, mulher de D. Afonso V, quando ela tinha apenas três anos, certamente traumatizante, pode ter contribuído para a sua via religiosa e Paixão.
Quem fez de mãe foi a sua tia Filipa, mais velha quinze anos, pessoa muito culta e que desenvolverá na sobrinha os estudos precoces de gramática, latim, bem como as práticas religiosas, embora o rei D. Afonso V tivesse passado todo o séquito ou corte da sua mulher falecida, para a filha, num total de quase trinta pessoas.
Esta tia Filipa, tal como Isabel, a mãe de Joana, filha do infante D. Pedro, certamente a informou da tragédia de Alfarrobeira.
Até que ponto é que isso a terá ainda mais influenciada na renúncia ao mundo e à corte? Ou até que ponto é que ela era incómoda na corte, e por isso o rei D. Afonso V a impulsionava a partir para o mosteiro?
Sentia-se ela mais ligada à mãe D. Isabel e ao infante seu avô, de que por exemplo, o seu irmão, que se sentiria mais ligado ao pai D. Afonso V, ou também este sentia o mal de terem morto o avô infante D. Pedro, nomeadamente ao fazer mais tarde justiça pelas suas mãos, já como rei D. João II, matando o chefe da casa de Bragança, a principal motora da morte trágica na batalha de Alfarrobeira do infante D. Pedro das Sete Partidas?
Quando ela escolheu a coroa de espinhos como sua divisa ou emblema, poderá haver uma assunção não só da paixão de Jesus, mas também da própria paixão do infante D. Pedro, de quem recebera, via a filha dele e sua mãe,  um espinho da coroa de Jesus, relíquia muito venerada e que só recentemente desapareceu, embora conservando-se uma fotografia? 
 E a sua mãe D. Isabel, que morre aos 23, quando Joana tinha só três e pouco e o seu irmão D. João sete meses apenas, como conseguiu ela, com que sofrimento, ter relações e gerar três filhos do seu marido,  o rei D. Afonso V, que mandara matar o infante D. Pedro seu pai?
Que repugnância não devia sentir ela por tal ser, embora o seu amor por Portugal e sentido de Estado a fizesse orar fortemente para ter filhos, como se descreve beatamente no famoso Memorial da vida de santa Joana escrito por uma sua companheira do mosteiro, Margarida Pinheiro?
Que repulsão à vida marital e à corte não terá transmitido ela à filha?
Que desejo de morrer não se gerou na princesa Joana, que morrerá assim aos 38 anos, em 12 de Maio de 1490, estando sepultada (belissimamente) no mosteiro onde viveu, e desde 1693 já como santa? 
O ascetismo violento sobre seu corpo era uma repulsa da própria humanidade, desiludida tão fortemente? Visava purificar-se a ela? Visava diminuir as culpas ou penas dos familiares ou de almas no purgatório? E por quem, além de se sacrificar e disciplinar, pediria ou rezaria mais? Seriam sua mãe, seu pais, seus avós, seu irmão e rei, pelo reino, pela comunidade?
Será que S. Joana estava também a querer dar uma lição aos seus contemporâneos e suas vaidades? 
Quando teve as suas primeiras visões da Paixão de Jesus, qual era a génese principal delas?
 A sua vida individual e da família, ou a sua intensa vivência de tal momento crucial da vida de Jesus? 
 Ou mesmo uma descida de forças psico-espirituais com essas características, talvez para a irem preparando para uma doença muito dolorosa, desgastante, ardendo de febre, sem poder beber água e com feridas diversas no corpo?
E teria ela pedido esse sofrimento em vida, como tantas outras freiras ou sorores pediam, para partilhar o sofrimento de Jesus e para diminuir o mal no mundo, além do redimir pecados de família?
Tornara ela abnegadamente a sua vida  um processo alquímico da via seca, directa, dolorosa para chegar a uma renúncia plena do corpo, do ego, da vida, como alcançou ao longo da sua curta e abnegada vida e foi ratificado ou demonstrado plenamente na doença da morte e ainda confirmada por milagres que rapidamente lhe foram atribuídos?
No séc. XXI, o que nos ensina esta beata portuguesa, que sacrificou a sua beleza e felicidade fácil a uma vida de humilhação ou humildade, renuncia e sofrimento?
A sermos talvez um bocadinho mais ascetas, e limpos no eu, receptivos ao que vier de meditação e visão do mundo espiritual. E  proporcionarmos ao corpo as condições para que ele não seja um estorvo mas antes um impulsionador da nossa realização individual e espiritual.
E desenvolvermos algumas qualidades que lhe foram reconhecidas no Memorial da Infanta Santa Joana: «a muito santa vida, o amor divinal [isto é, a aspiração amorosa à Divindade, e ao seu Logos e Cristo, ou ainda amor divino em nós, o amor à Presença Divina], fervente caridade e profunda humildade, pura e inteira castidade», saber exercer a prudência, conseguir discernir os espíritos e profetizar, e saber morrer bem ou santamente, no amor divinal!

Convite: 15 de Maio, apresentação do livro de Afonso Cautela, Lama e Alvorada - II Volume, na Casa da Imprensa, Lisboa.

                                      

  Convite

Apresentação do livro
LAMA E ALVORADA - II VOLUME, de AFONSO CAUTELA
15 de Maio, 4ª feira, 18:00
CASA DA IMPRENSA
Rua da Horta Seca, nº 20, Lisboa. Tel. 213420277
Edição: Afrontamento, Porto 2024.
Agradece-se divulgação. 
Se não puder estar presente, pode adquirir esta antologia poética junto do editor José Carlos Marques, Edições Afrontamento, Porto,
ou da legatária do Poeta, Cristina Cautela (cristina.cautela@gmail.com)
 

EM EVOCAÇÃO DE AFONSO CAUTELA (1933-2018)
– CIDADÃO, JORNALISTA, POETA

 

«Estará presente Cristina Cautela, filha do Poeta, que introduzirá a sessão.

Como organizador dos dois volumes de LAMA E ALVORADA - Poesia Reunida 1953-2015, de Afonso Cautela (Edições Afrontamento, Porto, abril 2017 (I), janeiro de 2024 (II), José Carlos Costa Marques fará uma breve introdução tendo em conta o lapso de tempo decorrido desde 2017, ano de publicação do I Volume.

  

José Luiz Fernandes, jornalista como Afonso Cautela, autor da mais aprofundada entrevista que lhe foi feita, falará do colega e do profissional da Imprensa.

 

 Pedro Teixeira da Mota, escritor, investigador, em particular de Antero de Quental e de Fernando Pessoa, amigo e companheiro da ação de Afonso Cautela, abordará o Poeta na sua vertente ecologista, macrobiótica e espiritual, o utopista e o investigador da cura natural e das energias subtis e das transformações das consciências.

 

António Cândido Franco apresentará uma visão cultural e literária da  Poesia do Autor.

 

AFONSO CAUTELA, CIDADÃO, JORNALISTA, POETA

 

Personalidade multifacetada, Afonso Cautela foi para alguns antes de mais o jornalista, para outros o cidadão, para outros ainda o ecologista interventivo. Para alguns poucos, o Poeta.

Ele próprio parece só ter dado o merecido valor à sua obra poética tardiamente, quando o jornalista se reformara já, o cidadão tinha já sofrido as deceções e agruras de quem estava décadas à frente do seu tempo, e finalmente se dera ao trabalho de digitalizar os seus poemas e redescobrir o que alguns poucos amigos lhe diziam há muito, que a sua poesia é grande Poesia – o que ele intimamente sabia sem nunca ter achado necessário fazer o que quer que fosse para combater a obscuridade.»  

José Carlos Marques.

sábado, 11 de maio de 2024

Poesia como questa do Verbo, do Conhecimento e da Divindade,

Poesia. Inicio o rito de a escrever,
  deixar passar um Verbo que vem de mim:
- "Não a nós, Senhor, não a nós,
mas ao Teu Nome dá Glória". 

Assim apontou a tradição Templária,
e todos retomamos falas antigas e perenes
e só nos distinguimos se as vivemos ou não...

Seja pois a poesia invocação da Verdade e não palavras,
e resposta aos poetas do insincero ofício da forma.
Quem pode falar do espírito, de Deus e do Graal
sem os ter invocado, aproximado e entrevisto?

Entre a poesia rasa da angústia e do vazio
e a da construção formal, estética, aprumada,
 a crítica e o vulgo que escolham. 
 
Mas àquele que tente os temas sagrados
atenção, aqui é essencial a purificação,
para além da espiritual meditação.

Tantos poetas, prosadores, livros e frases ecoaram,
Mas quem se desperta a si próprio
e se conhece realmente como alma e espírito?
Esse é luz para si e ilumina os outros sem palavras
sem ter que provar, nem demonstrar.

Deus está no coração de cada ser
mas quem o não tiver sentido e redescoberto
Dele não pode irradiar nem ensinar.

Quem não O deixar abrir a janela do peito
e aquecer o quarto ou ambiente à volta,
esse nada sabe da imanência divina.

Mundos e seres infinitos nos rodeiam.
Os que agarrados a poleiros e a doutrinas,
a interesses e a ilusões da forma
são como vermes terrestres perecíveis. 
 
Poema escrito há já uns anos, e melhorado.
É preciso contemplar os mundos e seres distantes
e orar, amar, saudar os desincarnados,
 Espíritos e Anjos que nos rodeiam e até guiam.
E, por fim, 
adorar a transcendência
e amar a imanência, Divina.