Foi
já a 27 de março de 1329 que o Papa João XXII, após consultas demoradas, e
as respostas defensivas de Eckart, que entretanto já morrera, que foram consideradas
como heréticas dezassete proposições retiradas das obras de Mestre
Eckhart e repudiou onze outras como “completamente ressoando mal, muito
temerárias e suspeitas de heresia”.
Como praticante de longas e profundas meditações Eckhart conseguiu ter boas intuições dos níveis mais elevados do ser e de Deus, do fundo divino que está no fundo da alma humana e como mestre de teologia e metafisica especulou com coragem e originalidade, realçando a necessidade de nos despreendermos do criado, e abandonarmos o ego, para podermos ser abençoados pela graça divina. A sua linha de força era a Deificação do homem mas que apresentou de um modo demasiado forte, e uma das proposições condenadas mostra-o: «O que quer que seja que a Sagrada Escritura diga de Cristo, tudo isso é também verdade para todo o homem bom e divino.» Como pregava não só para religiosos e religiosas dos conventos, como também para os grupos do movimento do Livre Espírito, então florescente, tais as beguinas, e ainda os paroquianos comuns, sabia dar conselhos práticos para se avançar no caminho espiritual, ou seja avisos e percepções dos modos de estarmos mais próximos ou abertos à graça da Divindade.
É caso do sermão sobre o passo evangélico da visita de Jesus a Maria e Marta, geralmente consideradas símbolos da vida activa e da contemplativa e interpretado com originalidade por mestre Eckhart, considerando que Maria era a mais nova e inexperiente e por isso estava tão ansiosa de sentir a bem-aventurança, o gozo espiritual de estar com o mestre, ou próximo de alguém unido a Deus, não querendo envolver-se em actos exteriores, enquanto Marta era mais velha e sabia agir mantendo a ligação com a Divindade.
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