sexta-feira, 17 de março de 2023

Mandalas (1ª) desenhadas por mim no fio do Tempo, e agora comentadas.

Por entre a ordenação de papéis, diários, cartas e documentos vão surgindo desenhos, uns muito antigos outros recentes. Apesar de não ter sido fadado ou agraciado com jeito para desenhar, partilharei alguns porque fazem parte do Caminho e, embora realizados semi-conscientemente quanto às suas implicações e significados, serão agora comentados e lidos na invocação da supra ou íntima consciência, a mais espiritual.

 «A vida é uma subida de montanha,

de dia, solar, racional, consciente,

de noite, lunar, de sentimentos, 

semi-consciente ou mesmo inconsciente 

e mais visível nos sonhos.

Assim morres e renasces diariamente.

Conseguires tornares-te um eixo entre a terra e o céu

entre o inconsciente e o supra-consciente,

é o Caminho, que te desvenda 

como alma luminosa e fraterna

e como espírito ígneo,

centelha divina em irradiação.

Isto és.»

Pedro Teixeira da Mota...

quarta-feira, 15 de março de 2023

Poema de invocação do Anjo e sua comunhão. 14 e 15 de Março, 2023.

 Um poema de religação ao Anjo, escrito a 14 e 15 de Março de 2023, para a harmonia dos seres e dos mundos e no amor ao Anjo da Guarda, aos Anjos e Arcanjos e à Divindade...

Escrito à volta de um desenho ornamento de Andreas Lambert, para a revista Janus, ano II, fascículo IV,  Paris, Ed. Les Belles Letres 1924. Demos graças.

  Os Anjos apontam

para o alto, a fonte,

a Divindade.

É no silêncio da adoração

que ele vibra connosco

e o seu bater de asas

impulsiona-nos a erguer

mais a nossa aspiração.

II

Poucos veem o Anjo

em vida, porque não

se esforçam por tal.

Mas esta entidade subtil

que connosco vive e sente,

se a respiramos e amamos,

manifesta-se por luzes e imagens internas.

III

Se logo na alvorada

o respirares e o  chamares

com amor e na adoração Divina,

ele te abençoará com pensamentos e flores

e durante o dia te acompanhará sorrindo em ti!


quinta-feira, 9 de março de 2023

Marcelle Costa Pina, uma esoterista luso-francesa, e as ideias acerca da reincarnação e no além de Bô Yin Râ, em especial no seu "Livro do Além".

Arrumando gavetas é uma tarefa importante para a ordem e o feng shui de uma casa e de uma alma,  e mais frutífera ainda quando uma estrelinha  inesperada e valiosa surge, e no caso simples: cadernos diários ou de apontamentos, cartas in illo tempore em que se escreviam - e por vezes tão sentidas e magnetizadas, valiosas e duradouras - cartões e cartões de visita, fotocópias, radiografias, recortes de revistas e jornais. Vendo uma  caixa de cartão legendada Cartas que me foram dirigidas, interroguei-me se deveria perder tempo abrindo-a, ou deixá-la para mais tarde. Venceu a decisão de a examinar rapidamente e surgiu-me logo um cartão duma senhora francesa que, casando com um português, viveu em Lisboa muitos anos, na zona dos Anjos, donde se deslocava até à Sociedade Teosófica, ao ramo ou grupo semanal do irmão Manuel Lourenço, onde eu fui algumas vezes, já que o meu pai, engenheiro civil e militar, me apresentara ao irmão Lourenço, engenheiro técnico, pois sabia que ele era como eu um interessado e conhecedor da espiritualidade. [Muita Luz e Amor neles!] E assim vim a conhecer a Sociedade Teosófica, o ramo e nele a Madame Marcelle da Costa Pina que tinha uma predilecção especial por dois ensinamentos: o da Cosmogonia de Urantia, contida num calhamaço imenso que me emprestou com muitas recomendações de não o perder, e o de Jean- Claude Salemy e o seu grupo e revista Ondes Vives,  da qual me deu no fim da sua vida os números que tinha, chegando eu então a assiná-la, e vindo até encontrar-me em Paris e a dialogar com Jean-Claude Salemy, um especialista em simbologia, numerologia, etimologias subtis e profetismo, mas que contudo não me convenceu, sobretudo por um certo exagero numerológico e apocalíptico.
Já Marcelle Costa Pina era de uma gentileza enorme, de coração puro e nada impositiva:
pequenina, bem arranjada, uma senhora (vestida) à antiga, ainda (creio) com pó de arroz, batom, e com a sua voz  baixinha, suave ou doce, mas lúcida, firme e independente. E dialogávamos em francês na salinha da sua casa, tendo-lhe eu ouvido (e quem sabe se recuperarei através dos diários que conservo da época) algumas histórias dos seus encontros com pessoas mai espirituais antes de vir para Portugal e até com o espírito de uma amiga que acabara de falecer. Já pensara pois algumas vezes que a devia recordar, homenagear, agradecer e, de certo modo, nestes momentos anímicos e imponderáveis, ressuscitá-la para a nossa história ainda de incarnados, graças ao blogue e à comunidade virtual que o lê, e assim o cartão de Marcelle Costa Pina foi mesmo uma bênção, pois já não seria só a memória e o coração a falarem...

E a carta é um bom documento porque trata de um aspecto que se discutia com frequência, o  haver ou não reincarnação ou vidas sucessivas. Eu conhecera há uns anos o ensinamento do mestre e pintor alemão Bô Yin Râ e emprestara-lhe o Livro do Além, onde ele tenta impulsionar as pessoas a interiorizarem-se para poderem sentir o que é o espírito em nós e como será a vida depois da morte, com os sentidos espirituais que tivermos desenvolvido, e como convém estarmos preparados para podermos, ao morrer, sair dos mundos fronteiriços e avançar para os espirituais, preparação esta que assenta, além da aspiração a Deus e à Luz, e a estarmos prontos para deixar tudo,  em não criarmos impulsões ou desejarmos mais do que podemos realizar. 
Também ensina que em geral a maioria dos seres não tem que vir uma segunda vez à Terra mas avança e vive nos mundo subtis e espirituais, mas próximos pelo coração dos que amam ou os amam aqui na Terra física, e que devemos contar com as ajudas dos guias, mestres e anjos, ou seja aspirarmos e abrir-nos a eles. Ou ainda, entre outros ensinamentos valiosos e que estão abordados neste blogue e no meu canal no youtube, que muitas vezes cremos que já vivemos outras vidas quando apenas temos no oceano das nossas forças anímicas algumas que já estiveram em acção noutras pessoas,  vidas e tempos, cabendo-nos agora controlá-las e unificá-las sob a nossa vontade de realização espiritual e divina, fundamental para uma vida no além mais consciente, livre e luminosa. E, muito importante ainda, como as almas desencarnadas precisam em geral das nossas orações e meditações para despertarem e avançarem mais. Pois ela lera a obra, devolvia-ma e comentava assim no cartão agora reproduzido e  traduzido do francês:

«Querido Amigo

Um grande agradecimento por me ter emprestado este livro que acrescenta mais um argumento para a não-crença na reincarnação na Terra. Todavia se todas as impulsões das quais nós somos os autores durante a nossa vida terrestre devem encontrar a sua realização apenas em vidas humanas posteriores, isso pode perturbar, numa certa medida, a nossa paz interior. É verdade que em compensação, somos levados a esgotar as impulsões emitidas pelos nossos predecessores. Mas, na realidade, tudo isso me parece bastante complicado.
Creio também que o uso de costumes ou práticas ascéticas é inútil para atingir um fim espiritual.
É evidente que o ser humano, em primeiro lugar, deve cumprir as suas obrigações terrestres antes de se consagrar às suas aspirações espirituais.
Estou também de acordo quanto ao que [Bô Yin Râ] diz a respeito do domínio [ou mestria] do pensamento.
Desejando-lhe um coração alegre, envio-lhe a minha saudação fraterna.»
                                     Marcelle Costa Pina. 

 Vemos assim,  em parte em uníssono com o ensinamento de Bô Yin Râ, um seu testamento: contarmos apenas com esta vida, cumprirmos as nossas obrigações, não dependermos especialmente do ascetisms, sermos mestres dos nossos pensamentos e actos e cultivarmos um coração, ou interioridade anímica, alegre, generosa, feliz... Demos-lhe graças! Aum...

Uma alma bem luminosa, vista por artista russa; homenageando Marcelle Costa Pina. Lux!

quarta-feira, 8 de março de 2023

Poema à Mulher, à Amada, inédito, e dactilografado para o Dia da Mulher de 2023.

                           
No dia da Mulher de 2023, uma imagem muito actual e adequada ao poema, escrito há já algum tempo. Que as mulheres despertem mais o Amor divino harmonizador e invencível nelas, frutíferamente...

Que poema te posso oferecer,
Sobre que folha e cor o escrever
Se tu és branca, rosada, azul e dourada
E mesmo o arco-íris te admira?

Apenas posso abrir o coração
trazer do mais íntimo à superfície
todos os anseios, sonhos e ideais
e, dos pés à cabeça, deixar o Amor
clamar por Deus, santo Amor. 


 Somos chamas ardentes
serenas e calmas mas sorridentes,
capazes de traçar e guiar
pelos labirintos da actualidade
as almas que nos demandarem.

Sobre a folha rosada, a caneta na mão
o sangue do coração, o beijo da boca
o sonho da Unidade,
derramam-se, esculpem-nos.

Saberemos nós atingir o pleno despertar
o espírito em nós incarnar
e por fim a Divindade se revelar?
Assim o creio, assim quero, assim o escrevo.

Possamos nós brilhar nas vestes nupciais
alquímicas da sagração da Primavera,
com as aves e as flores connosco a vibrar,
nesta comunhão panpsíquica
que nos leva até ao Arcanjo de Portugal
e derrama sobre as almas portuguesas
laivos rosados de Amor,
tonalidades azuis de Sabedoria
e a Luz branca da Divindade.

Assim seja
Amen Om

Pedro a...

Poema escrito há algum tempo, agora levemente alterado,  na aspiração do coração à mulher, à shakti divina, ao Amor Divino...

terça-feira, 7 de março de 2023

Cinco pensamentos pouco conhecidos de Fernando Pessoa, (1º pentagrama), com breve hermenêutica de Pedro Teixeira da Mota

Fernando Pessoa com o jornalista Costa Brochado no Martinho da Arcada
   Cinco  pensamentos pouco conhecidos de Fernando Pessoa, recolhidos quando trabalhei no seu espólio na Biblioteca Nacional, e do que resultou a publicação quatro livros de inéditos seus de espiritualidade, com uma breve hermenêutica actual...

1º «É o que é feito à "imagem e semelhança de Deus" que é erguido.»

A busca maçónica, cristã, ou iniciática em várias tradições, de um reerguimento da falsa morte, de um segundo nascimento, do renascer de novo, e que faria parte da intencionalidade libertadora de Jesus para com os seus discípulos, significa o despertar ou o intensificar da consciência espiritual, a obtenção de uma consciência e assunção do espírito no corpo e alma e a sua frutificação numa vida justa, generosa, livre.

2º «O valor de uma sociedade, de uma civilização é a altura a que se chegou na sua compreensão do universo. Tudo o mais nada vale. A grandeza de uma sociedade é a grandeza dos seus sentimentos».

Nos nossos dias o enfraquecimento cultural das pessoas, o relativismo quanto à ordem natural do universo e à ética e moral dela decorrentes, bem como em relação a um conhecimento científico não manipulado e assimilável, têm aumentado bastante nas pessoas, ao serem tão manipuladas pelos meios de informação, as narrativas oficiais científicas, económicas e políticas, as modas, os espectáculos e os comentadores avençados que lhes são impostos, pelo que a qualidade de gerar sentimentos elevados diminuiu . Muita histeria e emocionalismo barato e exploração de imagens e casos enfraquecem a gnose de si mesmos e do universo e a capacidade das pessoas vivenciarem sentimentos elevados de admiração e comunhão com a Beleza, a Verdade, a Justiça.

3º «Eras muitos, eras todos. E nunca eras ninguém». 

Aviso quanto aos perigos da multiplicidade, da dispersão identitária ou mesmo criativa, quando tal não é contrabalançado suficientemente pela auto-consciência espiritual e a Unidade, que a comensurabilidade na vida e a meditação e a oração devem proporcionar. A dispersão nas redes sociais e televisivas impede frequentemente as pessoas de estarem mais  sintonizadas com a sua essência e missão e interagirem harmoniosamente.

4º «Temos espadas de combate, porque somos cavaleiros, vestes de rito porque somos sacerdotes, capazes de velar porque somos ocultos. O que combatemos porém não é o homem, mas a ignorância do homem; o em que somos sacerdotes não é praticarmos um rito mas em nos sacrificarmos; o em que somos ocultos não é esconder-nos mas estarmos a sós.»

Conselho muito salutar para tantos cavaleiros templários, marianos, maçónicos e outros que, demasias vezes, ficam mais nas aparências e trilham pouco o caminho estreito espiritual de se vencerem a si mesmo, de se sacrificarem, de não se dispersarem socialmente e de lutarem contra a ignorância, a injustiça, a mentira, a opressão, o mal. Fernando Pessoa afirma ainda a união da polaridade religiosa ou sábia e a voluntariosa ou guerreira, a que religa ao divino e a que defende a verdade e a justiça.  Reis pontífices, cavaleiros do Dharma e do Amor, artesãos e cooperadores de uma sociedade mais harmoniosa e fraterna.

5º «A humanidade é um vasto animal que dorme, o que se passa nela não é mais do que sonhos impostos»

Esta constatação de há cem anos por Fernando Pessoa, apesar do grande progresso de instrução, nível de vida e tecnologia em muitos países, continua em grande parte válida, pois se as pessoas estão mais escolarizadas e livres para procurar conhecimentos e a verdade, também estão  mais submetidas a uma constante manipulação pelos meios de informação e os dirigentes mundiais sobretudo ocidentais, que vão impondo as narrativas oficiais, agendas, vacinas, cidades de 15 minutos, sanções, tentando impor uma nova ordem mundial ainda mais opressiva que os estados autoritários de outrora, ainda que sob a capa do liberalismo e de sociedades abertas mas sendo antes claramente autocráticas, elitistas e anti-multipolares e que iria lentamente destruir a sanidade psico-somática das pessoas, no chamado transhumanismo que é na realidade um infrahumanismo. Não nos deixarmos corromper nem seduzir ou alienar pelos sonhos da oligarquia mundial é sem dúvida a forma de despertarmos e ajudarmos os outros a saírem dos sonhos ilusórios impostos e voltarem-se para os seus sonhos e ideais, para a luz e a liberdade, a fraternidade e a felicidade...

segunda-feira, 6 de março de 2023

Pensamentos sobre a demanda, morte, o Anjo, o Graal, a visão espiritual...

       

               Pensamentos sobre a morte, o Anjo, a visão espiritual...

Cada vez que o ser humano se aproxima da morte física, ou se desilude e morre psiquicamente, a distância entre a sua profundidade da essência e a superfície da aparência diminui,  o espírito torna-se mais presente e  a personalidade vai sendo tanto transformada como ficando apta a ser renunciada à hora da morte libertadora.

Mais presente nesses momentos está o Anjo da Guarda, que é no fundo essa profundidade a tornar-se mais sentida na consciência, esta sendo um foco de atenção desvendadora e unificadora das dualidades e separatividades.

O Anjo da Guarda é ainda ou simultaneamente a visão mais penetrante,  lúcida ou esclarecedora de cada ser e que a consegue merecer pela sua vida justa e esforço persistente, algo que não sendo consciencializado por nós faz-nos por vezes desanimar de conseguirmos comungar com ele nas nossas orações e meditações, nomeadamente na adoração à Fonte Divina. 

A tradição literária ocidental da demanda do santo Graal mostra por vezes o Anjo a trazer a Espada da determinação e o Graal da comunhão espiritual e divina ao peregrino e cavaleiro, à alma na demanda e, por vezes ele morre, ou deixa a Terra, após tal teofania ou irrupção mais forte do Divino no humano, como se ele já não pudesse suportar a vida terrena ou, talvez melhor, como se já não necessitasse dela. Mas talvez se exagere nesse purismo, pois por vezes a missão será a de irradiar mais poderosamente a Luz e o Amor divinos na Terra...

O Anjo, como tem um corpo transparente e subtil apto a assumir a forma que quiser, manifesta-se a cada pessoa no espelho que ela animicamente lhe proporciona para ressoar nela e no ambiente em que está, o que pode ser mais ou menos religioso, mas em geral sublime ou elevante da alma às dimensões subtis espirituais...

Cada manifestação dos Anjos é única e cada pessoa a verá e sentirá à sua maneira, afinidade e merecimento, seja na meditação, oração, adoração e peregrinação, seja na morte libertadora da alma ou psyche do casulo do corpo. 

E é de admitir que as visões que as pessoas têm nos últimos tempos das suas vidas, com mais frequência, resultem do desprendimento crescente e da emergência do Anjo da sua profundidade, o que torna o olho espiritual mais desperto, lúcido e penetrante nos mundos subtis para onde a alma se encaminha, e então antepassados, guias e anjos desvendam-se mais na visão interior, sorrindo-lhe até, embora frequentemente os familiares duvidem de tal.

Sabermos merecer  em vida o despertar do olho espiritual, e a visão e o diálogo com o Anjo são metas que merecem que nos esforcemos um pouco mais...                                                               

Das subtilezas e mistérios da Poesia e do seu potencial actual ou missão, por Pedro Teixeira da Mota.

        

Da escrita poética e das suas raízes, frutos e actualidade...

Quando poetizamos abrimo-nos ao sentir interior, frequentemente amoroso mas também por vezes indignado, e num transbordar do coração, em geral dirigido para alguém ou algo, escrevemos. Mas como surgem as palavras? Brotam elas da memória ou de mais alto do céu das ideias e dos sentimentos, entrelaçando-se em associações imprevisíveis mas que dependerão  de trilhos anteriores, de aspirações ou mesmo de ressonâncias entre almas, acontecimentos  e assuntos que têm entre si
afinidades, empatias e nascendo daí os movimentos ondulados e rítmicos da poesia, todavia numa criatividade pluridimensional tão imensa e subtil que não podemos saber a conclusão de tal acto, ou mais difícil ainda os efeitos em quem escreve,  nas duas pessoas quando ela é mais particularmente amorosa, e no ambiente e universo, seja no momento seja depois na continuidade histórica da sua vida sempre que tal poesia é lida, apreciada, criticada...
Quem sabe ou adivinhará quais foram os poemas mais fortes no momento da sua concepção e escrita?
Mas como
discernir ou distinguir tal força ou poder? Onde? No coração, na mente, na alma, na aura, nos efeitos no campo unificado de consciência informação energia, a anima mundi antiga e seus seres?
E o que gera tal força, poder, energia? Por certos níveis tal força se poderá aquilatar, seja a emoção, o sentimento e o amor, num plano mais afectivo, e a claridade, a lucidez, a penetração, no assunto ou tema em causa, no plano mais mental, e que o autor ou o leitor conseguem.
E quanto à força vital que o poema contem, manifesta e gera, animando as pessoas? Dependerá sua força do estado de saúde da pessoa, ou da atmosfera nesse dia, ou mesmo do optimismo energético que animou tal acto sagrado de criar do nada e do caos potencial um poema, um texto valioso?
E a força espiritual que o autor desenvolveu, ou mesmo alcançou seja ao escrevê-lo ou ao meditá-lo, quem a conseguirá sentir erguer-se em si e de algum modo iluminá-lo, na dimensão íntima do autor ou já na que as linhas, palavras e ideias veiculam?
Mistérios grandes estes dos níveis subtis dos seres e do que acontece quando entram em comunicação, sob a vontade humana criadora, através do pensamento, sentimento e  palavra, influenciando tanto neurónios como centros energéticos e níveis da alma, gerando associações, reacções, impulsões, intuições, adesões e iluminações, provavelmente numa orientação ou demanda do que se deseja ou aspira, quem sabe dependendo da bússola da verdade que todos temos mas  que pouco se consciencializamos, nem esfregam como lâmpada interna do génio que abre as portas da percepção suprasensorial.
Quais os poemas mais iluminantes, mais intensos e dirigidos à verdade: a Bhagavad Gita, o Profeta de Kahil Gilbran, o Tao Te
King, o Mors-Amor de Antero de Quental, a Mensagem, de Fernando Pessoa?
Que palavras, como invocações e condensações de realidades, mais ocorreram, mais foram convocadas para tais poemas?

A Divindade, deus, deusa, amor, verdade, bem, justiça, natureza, harmonia, felicidade, alegria, vitória, confiança, sorriso?

Que palavras surgem mais nos nossos textos e poesias? Quais são as que estão mais vivas em nós, que mais acreditamos, amamos, vivemos?
Mas quem consegue manter-se livre aprofundante dos mistérios da essência e da existência, e persistente na sua oficina e ofício, para que a sua criatividade seja uma corrente imparável para o Oceano da Verdade, do Amor, da Divindade e que assim atraia os que têm sede de tais energias vivificantes?
Quem consegue manter o coração vivo e flamejante, em quantas almas arde livre e intenso, certamente com marés cheias e baixas mas capaz de subitamente atrair, por transmutações interiores, o orvalho alquímico criativo genial, o que apela crepitante e incessante à Divindade e ao Amor pleno, chama que queima muitas limitações e nos expande a consciência imanente e transcendentemente?
Esta vida da criatividade poética iluminante e agraciante pede-nos que nos esforcemos por ela, que saibamos persistir e vencer todas as fraquezas, e assim aproximar-nos do centro, da meta, do cimo da montanha, da profundidade do oceano, pois só se chega aos astros e altos se a chama do coração foi temperada e caldeada para conseguir atravessar as noites escuras e os sofrimentos e cansaços, rasgando caminho luminoso por entre as trevas.
Esta peregrinação no vale terrestre conta com alguns suplementos energéticos e luminosos, e por isso se diz que cada amizade é um farol mais poderoso que se acende, mas quantas pessoas conseguem que o seu relacionamento afectivo com os outros ou o outro se torne uma fonte de inspiração geradora de poesia, de adoração, de coragem, de trabalho, de dedicação?
Tal comunhão é bem poderosa quando a complementaridade polar é fecundada pelo amor e elevada à invocação e consagração divina. A luz, o amor, as vibrações subtis, as flores, as palavras, os mantras que se irradiam, podem ser bem poderosos nos seus efeitos, mas quão difícil é haver magos e meigas capazes de estarem sempre em amor criativo, dardejando do seu íntimo com toda a sinceridade e verdade para a unidade que os atrai, desejam, sentem e realizam criativa e fecundamente
Quando estamos sós, devemos lembrar-te dos seres que mais amamos ou mais nos amaram,  que mais no apoiaram ou mais estimularam e iluminaram. E se meditamos em tal, sentiremos o corpo místico da Humanidade imenso mas subtil, por vezes tonalizando ao nosso ouvido interior,
dando o toque intensificante na aura, soprando o vento da alegria e da dança. Assim fortificados, entre a terra e o céu pontífices, construtores de pontes e canais, a Divindade pode ser sentida mais possível, próxima, íntima e, inclinando-nos,  a adoramos na sua imanência e transcendência.
Nos nossos dias as distâncias parecem cada vez maior entre os seres pois é muita a informação e contra-informação que envolve e influencia os seres. Para conseguirmos não sermos poluidos nem obscurecidos pelas manipulações, limitações e conflitos horizontais, há que nos elevarmos verticalmente, e para tal necessitamos das asas angélicas, pois são elas  que melhor nos centram interiormente e verticalizam como eixos do mundo.
Então as teofanias podem acontecer, a inspiração brota e as palavras e sentimentos vibram nas batidas do coração, nas irradiações do coração espiritual, e com a respiração profunda, que atrai a energia psíquica e a transmuta nos nosso centros nervosos, podemos pronunciar e escrever as palavras flamejantes, iluminantes e libertadoras que o mundo precisa, os amigos apreciam, o amado ou amada sente e ama.
Possa a poesia nua, porque sincera e verdadeira, ser imparável e invencível perante todas as opressões e mentiras, falsas narrativas, manipulações e destruições.
Abramos o coração, o olho espiritual e toda a aura às bênçãos do alto e da Divindade e do nosso espírito e não deixemos cancelar-se a cultura, a ética, a espiritualidade, não abdiquemos da nossa natureza própria em ilusórios e trágicos transgendrismos e transhumanismos, na realidade infrahumanismos, mas antes lutemos por
uma humanidade de corpo, alma e espírito fraterna e criativa, sábia e amorosa, consciente e livre...