terça-feira, 1 de maio de 2018

Uma Peregrinação Portuguesa ao Irão, 2013, (1ª p.), por Pedro Teixeira da Mota.

Uma Peregrinação Portuguesa ao Irão, em 2013, Abril, 25, 1ª parte ou dia.
Peregrinatio ad Persicam animam...
Registo manuscrito de uma peregrinação ao Irão durante trinta dias (alguns deles com escritos em inglês, mas traduzidos) por Pedro Teixeira da Mota, e que teve como fim falar sobre os poetas persas Hafiz e Saadi e conhecer o seu povo, cultura e história.
Pensei, e ainda é possível, publicá-la sob a forma de livro, mas para já irão saindo, no blogue. Pode ser que alguma alma editora e luminosa o queira dar um dia à luz em livro impresso.
Princípio:
«Partindo no momento exacto, cavalgando com os pneus, a gasolina, a trepidação de todo o avião, ergo a taça do coração a partir do fim da coluna vertebral, com língua ora de fora ora para dentro, já feito avião ou ave, entre a terra e o céu, mais perto do mundo espiritual, liberto-me da aura horizontal da terra, subindo a montanha primordial invisível ou o cone triangular que vai da terra ao Divino Ser, a cuja Unidade me entrego e invoco...
 
 - Oh Deus todo poderoso, recebe-me mais, purifica-me mais, torna-me capaz de me ligar melhor à sabedoria Persa e à evolução de alguns seres que me rodearão nesta primeira entrada no histórico e intenso ser espiritual que é a Pérsia ou Irão.
Advancing into Iran, now by the Mediterranean coast, unfortunately not by camel but by airplane… 
[Avançando para o Irão, agora pela costa do Mediterrâneo, infelizmente não por camelo mas por avião...]
By the window, as I changed from the previous seat to be now so well placed, really floating in a landscape of clouds, so milky, so sweet and soft, still with rivers, mountains, streams and tempests... 
[À janela, já que mudei de lugar para estar melhor situado, verdadeiramente flutuando entre uma paisagem de nuvens, tão leitosas, tão doces e suaves, e ainda assim com rios, montanhas, correntezas e tempestades...]
So many graces I give for all that I received and made; now being ready for Hafiz, Saadi, Iran, Wisdom and Love. 
[Tantas graças eu dou por tudo o que recebi e fiz. E agora estar pronto para Hafiz, Saadi, Irão, Sabedoria e Amor.]
Paragem em Dubai, trânsito de duas horas, percorrendo o vasto e luxuoso aeroporto, com funcionários e empregadas de quase todos os povos do mundo, comprando duas caixas de bombons de tâmaras e observando como os romances ou mesmo os ensaios à venda nas livrarias são comuns a todo o mundo e provavelmente a quase todos os aeroportos mais ocidentalizados. Registo algumas obras de auto-ajuda leve, ou de pensamento positivo, com títulos como Active a Alegria, As Regras da Vida, O Poder do Agora, Paz e Prosperidade, Obtenha tudo o que quer. Nada mal tanto prometer… 
Admiro e desfruto brevemente um espaço de árvores, algumas de uns três metros de altura, com água corrente, estilo jardim de harmonia oriental, belo e no meio de tanta matéria inerte e por isso certamente salutar… 
3:00. In the path of Love-Wisdom there is no stopping. We are everyday ignited to be active, ever... So, with the help of the imagination, arise, awake and be creatively and compassionately in Love… 
[3:00. No caminho do Amor-Sabedoria não há paragem. Diariamente somos impulsionados igneamente a  estarmos sempre activos. Assim, com a ajuda da imaginação, ergue-te, desperta e sê Amor criativa e compassivamente...]
Vou relendo as traduções feitas em Lisboa e de versões inglesas de poemas de Hafiz e melhorando-as.
Hafiz is a poet so subtle in his phrases that we are moved all the time between so many possibilities of signification and interpretation that indeed he can appeal to all beings and still each one will find its own reasons of empaty and meaning. And when we are faced with a translation still the images are so rich that even the limitations of the language are not sufficient to dry the Ocean of interpretations and enchantments possible.  
[Hafiz é um poeta tão subtil nas suas palavras e frases que estamos sempre que o lemos movimentando-nos entre tantas possibilidades de significado e interpretação que inegavelmente ele consegue tocar todos os seres e cada um encontrará as suas razões de empatia e de interpretação.]
In the case of one of his most beautiful ghazals, where someone is sending him the cup of wine, we can ask: 
Who is sending the cup where the face of God can be seen? What cup is this? Is it the Jam-e-Jam, the cup of the Cosmos, from the old stories and myths of Persia and the acess to it being by evolution, suffering and age, merits earned by Hafiz in his long life? 
[No caso de um dos seus mais belos ghazal (poema lírico), onde alguém lhe envia uma taça de vinho, podemos interrogar-nos?
Quem lhe envia a taça onde a face de Deus pode ser vista? Que cálice é este? É ele o Jam-e-jam, a taça do Cosmos, dos mitos e histórias antigas da Pérsia, sendo o acesso a ela obtido pelos méritos ganhos ao longo da vida de Hafiz, ou seja, pela sua evolução, sofrimento, sabedoria, amor e idade?]
"Passa-me a taça". "Pass me the cup", or raise the cup, raise thy faith and hope, thy state of Love, thy heart opening, and the Divine Grace will descend on thee, or you will be more conscious of that.
[Passa-me a taça, ou ergue o cálice, ergue a tua fé e esperança, o teu estado de Amor, a abertura do teu coração , e a Graça Divina descerá sobre ti, ou estarás mais consciente dela...]
Who is speaking on the cup and sending the Grace?
[Quem está a falar sobre o cálice e a enviar a Graça?]
Is it the beloved, the Divine Being, his own Spirit, his master, myself?
[É o amado, o Ser Divino, o seu Espírito, o mestre, eu próprio?]
                                                       
Através da dinâmica dos louvores, dos cantos e das brisas, a energia do desejo, da aspiração e do amor movimenta-se, inflama-se, vence as ausências ou distâncias e torna presente (ou sentido) o Amor Divino, ou o que em si mesmo é Divino...»

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