quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Os "Sonetos de Antero". A apreciação justa de Luís de Magalhães, em 1881, na Revista Científica e Literária..

  Em Janeiro de 1881 saía em Coimbra no 2º número da Revista Científica e Literária um exame crítico do jovem estudante de Direito Luís de Magalhães (1859-1935) à 2ª edição (já que houvera antes a raríssima de Stenio, de 1861), dos  Sonetos de Antero de Quental, dados à luz  nesse mesmo ano de 1881, a qual continha então apenas vinte e oito poemas. Só uns meses depois é que estas duas almas luminosas se encontraram e grandes amigos se tornaram, agraciados até com períodos de grande convivência. 
                                              
Uma nota no fim dos exemplares dessa invulgar edição de 1881,  assinada "A   red. da Renascença", ou seja, Joaquim de Araújo, contextualizava a ediçãozinha:
"Publicados, no decurso de alguns anos, nos jornais a Harpa e a Renascença, os sonetos do sr. Antero de Quental foram recebidos pelos entendedores por forma tal, que julgamos fazer uma coisa agradável aos assinantes daqueles jornais e ao público em geral coligindo agora, no primeiro volume da Bibliotheca da Renascença, aqueles Sonetos, juntamente com alguns outros, do mesmo carácter e estilo, dispersos por várias publicações, e pondo desta forma ao alcance dos apreciadores a série completa dos Sonetos filosóficos até hoje produzidos pelo grande poeta das Odes Modernas, depois do aparecimento da segunda edição deste livro."
                                                 
O texto crítico e outros acerca de Antero pelo Luís de Magalhães foram em 2101 muito bem publicados pela notável anteriana e amiga Ana Maria Almeida Martins, nas edições Tinta da China.
                                             
Fizemos de improviso na noite já bem entrada de 22 para 23-VIII uma primeira e única leitura de tal valiosa apreciação de Antero de Quental, "que foi mestre e guia da nossa geração", comentando-a. Em duas gravações, sendo esta a 1ª parte.
                          

Fim do Verão? Voltaram os rastos de aviões e os Anjos aproveitam...

                                                       Encontro de duas Almas e Anjos
                                                                  Diálogos unitivos...
                                                        Trocas de vibrações e mensagens...
                                                                   Comunhões aladas...
                      Os rastos de carburantes pesados permitem nuvens demoradas e trabalháveis...
                       O aproximar, ao centro, de um Anjo por entre a dança da vida nos céus de Portugal
       Os Anjos utilizam as nuvens para nos abrirmos mais ao Cosmos e ao Amor Divino
                                                                    O Anjo fita-nos...
 Estejamos mais conscientes e comungantes com o Anjo da Guarda e o Ser e o Amor Divino

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

27 Livros sobre Anjos traduzidos em português: os melhores e os piores. Best and worst books on angels.

 Breve apreciação valorativa de vinte e sete livros sobre Anjos, de autores estrangeiros (e brasileiros) e traduzidos para, ou em, português. Vão por ordem alfabética de autoria, e com algumas capas ou ilustrações. Os primeiros vinte e seis numerados por ordem alfabética, o seguintes, à medida que forem acrescentados. Na última revisão a 28.IX.2021, várias das apreciações de livros foram aumentadas, tais as dos nºs 11, 13, 14 e 15. E a 2-X.2023, nºs 12, 13, 27.
 
  (27) - ANDERSON, Joan Webster.
 POR ONDE CAMINHAM OS ANJOS. Histórias reais de visitantes Celestiais. Rio de Janeiro, Ediouro, 1994. In-8º de 221 págs. Dezenas de histórias de possíveis manifestações de anjos no dia a dia das pessoas, comoventes em geral por fazerem-nas escapar, por diversos modos, de perigos. O típico livro sobre anjos norte-americano, reduzido a histórias subjectivas e à emocionalidade que daí resulta.
Livro médio.
1. BUONFIGLIO, Monica. 
A MAGIA DOS ANJOS CABALÍSTICOS. Lisboa, Rocco Temas e Debates. 2000. In-8º 160 p.
Um exemplo do livro fraco, com muitos erros e aldrabices, sobre Anjos, do estilo nova Era. A autora confess mesmo que ouvira "falar de Anjos há mais de dez anos" e era nessa época apenas «oraculista e ministrava cursos de búzio e Tarot. A partir daí, comecei a orientar os consulentes e alunos sobre os nomes dos anjos de cada um e a maneira de contatá-los, através de salmos específicos. Quando li O Grande Arcano de Eliphas Levi, encontrei o modelo que me serviu de base para a ancora do Anjo.» Propaga a mistificação dos nomes 72 anjos, tal como Eliphas Levi, atribuindo porém a cada pessoa dois anjos, pois além do anjo desse dia haverá um anjo dessa hora. Ou mesmo «três, no caso de o horário do nascimento for influenciado por dois». Veja-se o desconcerto mental da senhora, mas que se justifica assim: «Conforme você aprenderá neste livro, a crença na eficácia das evocações angélicas está baseada na ideia de que nenhum anjo - e eles são uma legião - pode resistir à correcta menção do seu nome». Nada modesta a senhora Mónica, a legião dos anjos está às ordens de qualquer pessoa, mesmo que tola, desde que os chame pelos nomes...  Recomenda o uso das velas porque «nos textos bíblicos Deus se manifestou a Moisés pelo fogo. Daí a razão de usarmos as velas na magia». Outra maluquice e visão superficial do fogo e da vela... 
Nem sequer há no livro qualquer referência às sefirotes, a estrutura básica da cabala. Das várias patranhas e falsas atribuições, oiçamos a caracterização das Potências «o nome dado à categoria angelical dos guardiões dos animais. Eles protegem a procriação e a perpetuação das mais diferentes espécies vivas do Universo. Príncipe: Camael. Segundo Dionísio e São Thomas de Aquino, Camael remove todos os obstáculos que impedem o cumprimento da vontade de Deus.» Mente ou enganaram-na, já que nem o pseudo-Dionísio o menciona, nem S. Tomas de Aquino. Não menos tola é a explicação dos Querubins, tradicionalmente a segunda mais alta hierarquia angélica: «São os bebes, retratados com simpatia e graça pelos pintores. É a representação de anjo que mais conhecemos: nus, com asas, bochechudos, e sempre com um sorriso de criança «arteira». Príncipe: Raziel. Ele é o príncipe dos mistérios e guardião da originalidade. Protege a humanidade de forma que todos sintam-se positivos e prósperos. Raziel significa "segredo de Deus" em hebraico.» Uma das profecias da senhora Mónica já foi porém por água a baixo: «O Príncipe das Virtudes, Rafael, deverá remediar os males Humanidade, será ele quem conduzirá a nova geração para o ano 2.000». Comte ainda no início  outro erro estrondoso:«foi Clemente de Alexandria (150 a 213 d. C.) que fez surgir a ideia de que os anjos conviviam em uma hierarquia angélica. Em Atenas, o historiador Dionísio também mencionou essa ideia», pois o pseudo-discípulo grego de S. Paulo, Dionísio Aeropagita não menciona mas escreve os  livros fundadores da hierarquização celestial cristã e já no século V, as primeiras referências a tais obras só surgindo no séc. VI. Outra das perguntas e respostas que esta paulistana passa tão absurda quanto tola: «qual seria a linguagem dos anjos? Se eles utilizam algum idioma para se comunicar seria o hebraico. A língua usada por Deus Pai no Evangelho e falada por Cristo filho quando pregava»....
Livro fraco, cheio, cheio de erros e portanto destruidor do discernimento justo da alma... Fatal...
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2. BUONFIGLIO, Monica. 
HISTÓRIAS, DICAS E MAGIAS. Volumes I e II. S. Paulo. Oficina Cultural Monica Buonfiglio, 1996. In-8º, 129 e 129 p. 
Obra  superficial e intrujona. No 1º volume, num capítulo intitulado Anjo da Guarda, recomenda: «não fique mendigando para o seu anjo. Converse com ele como se estivesse conversando com uma criança, sem pressionar nem cobrar resultados. Use sempre o tempo presente, e nunca diga: Eu não quero ser gordo. Isso confunde seu anjo e atrapalha o seu pedido». Deduza-se portanto o grau de inteligência que a dona Mónica atribui aos anjos...
 Várias  mensagens inventadas de Maria e numerologias extravagantes são ainda de realçar, tal uma tabela de três possibilidades para descobrir-se, em função das reencarnações passadas, o que uma pessoa é pela sua data do nascimento, pois toda a gente nascida em tal dia é uma pessoa estrela, ou uma pessoa karma, ou uma pessoa livre... 
São muito poucas as páginas legíveis.  No 2º volume tem vários capítulos pequenos, com títulos fortes e conteúdos fracos, por vezes com informações mirabolantes, sobre Essénios, Mestres Ascensionados,  Runas, Elementais, Tarot, Kundalini, Nostradamus, Papisa Joana,  sendo o primeiro sobre Anjos, começando assim: «Em pleno fim do século XX, a angeologia é o tema mais estudado pelo mundo inteiro afora (...) A angeologia baseia-se na ideia de que Deus está presente em tudo e em todos, especialmente nas coisas mais simples da vida. O anjo representa a energia e a pureza do conhecimento de Deus». Como se fosse verdade ser o tema mais estudado, ou ainda que a angeologia se baseia numa ideia, a do panteísmo. Mas dirá ainda: «Os anjos são seres inteligentes, e manifestam-se nos homens através de pensamentos e ideias (...) Os anjos não entendem nem sentem o que lhes pedimos. Nossa aura muda de cor conforme a situação que estamos vivendo, ou de acordo com nosso sistema nervoso. E é justamente através da cor da nossa aura e de suas mudanças que os anjos nos entendem e tentam nos auxiliar.» Ora os Anjos manifestam-se aos seres humanos por energias, imagens, sentimentos, além dos pensamentos e ideias. E entendem e sentem, embora certamente as cores da aura lhes sejam visíveis e correspondam a predominâncias de sentimentos, forças,  tendências, realizações e ligações estabilizadas.
Livro Fraco.
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3. BUONFIGLIO, Monica. 
SABEDORIA, MILAGRE E MAGIA. Enciclopédia dos Anjos. Volume IV. S. Paulo, Pandora, 2000. In-8º 222 p.
O chamado embuste total, tanta asneira junta, tanta manipulação de nomes, conceitos e informações apenas para vender. Na badana a editora explica: «trata-se de um estudo de três das nove categorias angelicais e da sua correspondência com sentimentos e características humanas. Os arcanjos, que têm como príncipe Miguel, são ligados à sabedoria. A categoria propriamente dita dos Anjos está associada ao milagre e seu príncipe é Gabriel. Os principados, cujo príncipe é Haniel, nos são revelados pela magia dos anjos. São os protectores, entre outras coisas, dos países, da fauna e da flora»! No interior, na apresentação, a autora informa ou, melhor, desinforma e semeia erros ou embustices : «Os Arcanjos são os responsáveis pela transmissão de mensagens importantes. Como bons mensageiros asseguram o entendimento nas relações pessoais. Uma vez que demonstram especial preocupação com os estudos, são considerados anjos ligados à sabedoria». Tanta asneira que até brada aos céus: "Arcanjos preocupados com os estudos", ou será que quis dizer: Alunos preocupados com os exames, comprem estas ladainhas? "Asseguram o entendimento nas relações pessoais", ou será que sugere como compor as relações graças aos arcanjos que este livro vos apresenta? 
O mais enganador ainda são as duas páginas de bibliografia:  em letra mínima referenciam-se talvez duas centenas de livros, que certamente nada têm a ver com este, o qual é apenas a repetição das ladainhas-salmos bíblicos dos 72 anjos, com as suas correspondências e "horoscopices", algumas talvez novas mas tontas: por exemplo, quem nascer nos dias 25/2, 2/8, 14/10, 26/12 e 9/3, o seu Anjo é o nº 63, com o nome de Anauel, «Quem nasce sob a sua influência tem espírito sutil, sagaz, inventivo, e se distinguirá pelo trabalho. Sua consciência só produzirá palavras e acções verdadeiras. Age como intermediário perfeito entre o céu e a terra; por sua grande iluminação, compreenderá os mistérios existentes na relação entre todas as coisas. É um grande iniciado, já tendo praticado magia para o bem da humanidade, em várias outras encarnações». Um horóscopo nada mau para os que nascem nos dias apontados: "grande iniciado", não sabemos bem em quê...   «Profissionalmente, como antropólogo ou paleontólogo, será capaz de realizar transformações na história. Poderá destacar-se pelo estudo das filosofias esotéricas e escritos sobre a vida de Jesus»...
Livro mau, mesmo...
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4. CHURCH, Anthea.
ANJOS. 3ª edição. S. Paulo. Editora Gente. 1993. In-8º peq. 32 p.
A obrazinha está bem ilustrada com desenhos, como acabámos de ver, e no prefácio Ken O' Donnel diz-nos que vê o Anjo como «um símbolo de um comportamento humano mais divino, já que sempre aparecem na forma humana. As asas, talvez, representam a leveza e pureza de seres completamente livres de escravidões terrestres e que se movem entre nós», e apresenta a autora como professora de Teatro e que pratica e lecciona Raja Yoga dos Brahma Kumaris  A bela, apesar de algo materialista, aproximação de Anthea Church ao Anjo é simultaneamente meditativa e poética e embora  reduza o Anjo ao ser humano e afirme logo ao princípio erradamente que «um anjo é um ser humano que está enamorado de Deus, que não apenas ama, mas se apaixona porque o amor pode ser compartilhado (...) Um anjo é um convidado que tudo clareia atrás de si. Onde houve desentendimento, ele retorna para esclarecer, onde existe rancor, ele oferece amor. Ele nunca está sem presentes e está sempre sem carga». A obra tem sensibilidade de certo modo angelizante («a alegria é a qualidade que torna o cérebro angélico»), o que sobreleva as frases mais discutíveis ou exageradas, e no fundo a negação do anjo como ser espiritual distinto do humano Poderemos dizer que é um livro sobre estados conscienciais "angelicais" no ser humano e que pode ser meditado e mesmo questionado ou aprofundado.
Livro médio.  
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5. COX, Simon. 
ANJOS & DEMÓNIOS DESCODIFICADOS. O Guia não autorizado dos factos por detrás da ficção. Lisboa, Europa América. 2005. In-8º gr. 200 p.  
Muito fraco, poucas referências a Anjos, quase apenas às belas esculturas de Bernini. É um glossário sem  profundidade de alguns dos temas ou entradas do livro de Dan Brown, Anjos e Demónios. A propaganda com que o livro é apresentado torna-o confrangedor depois de manuseado, já que desde o título na contracapa "Prepare-se para ser iluminado", até ao considerá-lo que é o «guia essencial para o romance dando importantes informações de bastidores e lançando uma nova luz sobre os muitos mistérios no coração da história», o que o livro de modo algum consegue, só contém informação corriqueira. Para piorar a situação está o facto de encontrarmos no mesmo ano uma edição da mesma obra apenas com a capa e título diferentes, Anjos & Demónios Iluminados, induzindo assim em erro quem compra tudo de tais temas e revelando falta de honestidade dos editores.
Livro fraco, mau.
6. DANIEL, Alma & WYLLIE, Timothy & RAMER, Andrew.
PERGUNTE AO SEU ANJO. Um Guia Prático para lidar com os Mensageiros do Céu e Fortalecer e Enriquecer a sua Vida. S. Paulo, Editora do Pensamento, 1998. In-8º 294 p. 
Com desenhos ilustrativos sugestivos (tal o reproduzido), mistura vários ensinamentos e mensagens,  pois são três os autores, mas com o mérito de não continuar a propalar a mistificadora lista dos Anjos para cada dia do ano. Está carregada de visualizações e meditações, com algumas ideias interessantes para as pessoas se lembrarem ou interagirem mais com os Anjos. Sofre porém da contradição de receberem inúmeras mensagens e contactos dos mundos astrais, no caso apresentados como espirituais, e simultaneamente interrogarem-se sobre aspectos básicos do conhecimento angélico. De realçar, talvez por serem norte-americanos, a pretensa existência de mais dois Arcanjos poderosos: Moroni, o Anjo dos Mórmons, e «Melquisedec,  o sábio de Salém, um dos poucos casos conhecidos de um anjo de elevada posição que assume a forma de um corpo humano», ou seja, duas trapalhices para venderem mais. Com algumas comercialices de oráculos de anjos, ou o reclame da contracapa: «Se este livro lhe chegou às mãos, os anjos já o tocaram», mas com  desenhos suaves e alguns exercícios pro-meditativos ou de imaginação razoáveis.
Livro Médio, mas com vários embustes.
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7. FEU, Eddie van. 
ANJOS. Da prosperidade e da Fortuna. S. Paulo, Editora Escala, s/d. In-8º 65 p.
 Com alguns desenhos leves e belos, a obra pouco diz além de tentar animar as pessoas a libertarem-se da ideia de pecado e a prosperarem na vida, o que já não é mal. Mas quanto a Anjos, repete as mesmas mistificações, dando as horas, salmos, planetas e nomes de 19 deles, «os indicados para as questões de negócios, vocações, trabalho e dinheiro. Você pode escolher o anjo que mais se aplica ao seu caso e conversar com ele todos os dias. Anjos gostam de incenso e flores, e as velas sempre ajudam no caminho do seu pedido até ele.» O mais original, discutível e até fazendo sorrir um pouco no fim, é: «Os anjos tem uma missão muito especial por aqui. Eles são o elo de ligação entre nós e algo muito maior. Uma das suas missões é justamente esclarecer alguns mal entendidos que atravessaram a história. Um desses mal entendidos é que Deus quer que fiquemos como estamos e nos contentemos humildemente com o que nos foi dado. Deus quer que sejamos felizes, pois a felicidade é um meio de ficarmos mais próximos dele. Portanto, se tem uma coisa que os anjos não suportam é auto-punição e sofrimento pela religião. Isso é uma distorção, por vezes patrocinada pelos nossos Irmãos das Sombras, que fazem tudo para confundir os homens e, assim afastá-los de Deus.» Curiosa, a fácil menção, sem qualquer explicação anterior, aos Irmãos da Sombra, com letra grande. Valoriza bem o querer.
Livro fraco
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8. FREEMAN, Eileen Elias. 
A CURA PELOS ANJOS. O poder dos Anjos pode curar a sua vida. Lisboa, Europa-América, 1999. In-8º 220 p. 
No prefácio a autora enumera várias das charlatanices angélicas que tem encontrado nos USA e em geral baseadas em intenções comerciais, mas no fim parece cair nas mesmas ou outras. Nos agradecimentos estende-se nos seus anjos e a ordem é: 1º Jesus, a quem venera como Deus, 2º «Enniss, querido anjo da guarda e amigo, cuja orientação tem sido por vezes meiga e enérgica, séria e divertida. Adoro-te. 3º Rafael, chefe de Enniss na ordem dos guardiões que está resolvido a curar a Terra e as almas de todos os que nela vivem», seguindo-se 4º «Para Tallithia, o meu anjo anotador, que me ajudou a recordar mais sobre o processo de cura na minha vida do que alguma vez imaginei ser possível - obrigada pela tua paciência, meu querido. 5º Para Kennisha, o meu anjo defensor, cuja luz desvanece as trevas - que os meus agradecimentos possam ser ouvidos de uma ponta à outra do céu».  A obra contém muitas histórias contadas seja por ela  com diálogos angélicos mais para o imaginativo) seja por outras pessoas, com explicações e algumas incursões na história dos arcanjos, sobretudo baseada e aceitando literalmente os textos hebraicos ou da Bíblia. No fim divulga vários aspectos da sua Angel Watchs Foundation, que tem um site demasiado comercial na Internet, com os anjos de cada dia, leituras de vidas passadas pelos Anjos, chegando a oferecer um oráculo para um ano astrológico, denominado Leituras dos Arcanjos e que presenteia ainda com uma mensagem pessoal do Anjo da Guarda, em vinte páginas, tudo pela módica quantia de 20 dólares. 
Livro médio fraco, nomeadamente pela exploração que a Fundação e seus oráculos fazem sob o nome dos Anjos. 
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9. GIOVETTI, Paola.
ANJOS. Seres de Luz, Mensageiros Celestes, Protetores dos Homens. S. Paulo, Editora Siciliano, 1995. In-8º gr. 159 p. Certamente um dos razoáveis livros sobre os Anjos, ainda que relatando como verdadeiras  certas doutrinas e visões sobre a acção e os poderes dos Anjos que nos parecem ser  mistificações (tal como o Livro de Enoch, que ela valoriza exageradamente: «proporciona ao estudioso uma verdadeira angeologia») e manifestando alguma superficialidade nos conhecimentos sobre os Anjos fora da Bíblia. Bem ilustrado, abrangendo e descrevendo um pouco dos contributos de Swedenborg, Rudolf Steiner, padre Pio, da comunidade de Findhorn e de outros. Tenta dar coerência às tão diversas  e contraditórias versões dos anjos caídos ou demónios socorrendo-se do visionário austríaco Jakob Lorber (1800-1864).
É um livro de razoável pesquisa jornalística ou histórica, passando com sensibilidade várias das histórias de contactos ou ligações aos anjos. Ressente-se contudo de estar sem a bússola da verdade bem apontada plenamente, já que acredita muito literalmente na Bíblia, ou nas fontes que cita: «Os anjos, conforme as Escrituras, são sábios mas não omniscientes. De facto, Jesus, ao falar de sua segunda vinda ao mundo, disse: " A respeito daquele dia ou daquela hora ninguém sabe, nem os anjos do céu (...)" (Marcos 13, 32). O mesmo se aplica aos poderes. Os anjos têm poderes superiores aos nossos, mas não são omnipotentes. Um anjo foi suficiente para acabar com os primogénitos do Egipto  e para fechar a boca dos leões que ameaçavam Daniel, mas todos são subservientes ao Senhor». Como se um anjo tivesse matado os primogénitos egípcios...
Cita por mais de uma vez Giuseppe del Ton, como «um dos maiores angeólogos vivos», e entrevista o P. Eugénio Ferrarotti, de Genova, que escreve sob inspiração do seu Anjo da Guarda.  Paola Giovetti é formada em Letras, jornalista e escritora, tendo-se dedicado à parapsicologia, ao mistério e de algum modo à espiritualidade, com  obras publicadas.
Livro médio.
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10. GODOY, Anita. MEU AMIGO O ARCANJO MIGUEL. 3ª edição. Minas Gerais, Uberlândia, 1995. In-º4 126 p.
Uma obra cheia de entusiasmo em chamarmos os Anjos e em pensarmos neles  mas superficial e com bastantes erros, pois tenta dar uma panorâmica da evolução espiritual da humanidade e da presença dos Anjos com falhas graves, por exemplo em relação a Zoroastro, biografando-o toscamente, não referindo como os anjos da Guarda e os Arcanjos é com ele e com a religião persa que aparecem, colocando sem qualquer fundamento os Arcanjos Miguel e Gabriel como os seus protectores. Acaba por se basear quase que unicamente no Livro de Enoch, no Antigo Testamento e sobretudo na tão mistificadora Cabala: «Na raiz dos conhecimentos sagrados está a Kabbalah, um tratado místico e filosófico cujas origens se perdem no tempo», considerando que  do alfabeto hebraico «as 22 letras representam as diferentes energias que sustentam o cosmos. São comparáveis aos arcanos maiores do Tarot e se manifestam por meio de 72 Anjos.» Todavia reconhece  a importância do ocultista francês Lenain, autor de A Ciência Cabalística (o fabricante mistificador das correspondências anjos, dias e horas e que Haziel e Mónicas depois ainda mais mistificaram) o qual considera que cada pessoa tem três anjos, do dia, da hora e o da saúde, a influenciarem o seu destino. 
Livro fraco, com bastantes erros, embora com pensamento positivo para entusiasmar as pessoas a mudarem de vida.
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11. GODWIN, Malcom. 
ANJOS. Uma espécie em extinção. Singapura, Círculo dos Leitores, 1993. In-4º gr. de 255 p.  
Certamente um dos mais ricos, de fontes, citações e ilustrações dos livros acerca de Anjos, editados em Portugal, mas numa tal misturada, sem se querer discernir o que deverá ser verdadeiro do que é fantasioso ou mistificação, que receamos que o leitor ainda fique mais confuso nas suas noções acerca dos Anjos, dificultando por isso o seu acesso a eles. Por exemplo, sobre Arcanjo Miguel diz no início que na sua origem era um deus Caldaico e conclui com a profecia que no séc. XX, segundo certos eruditos (e deve referir-se entre outros a R. Steiner), haveria a sua manifestação plena planetária. Dezenas e dezenas páginas também sobre os Anjos caídos, um tema de alta mistificação e bastante sombrio. É porém abrangente no que recolheu indiscriminadamente, incluindo esoteristas, literatura, arte e cinema contemporâneos. O autor, nascido em 1936, foi um artista kinético, e viveu cerca de sete anos na Índia no ashram de Rajneesh ou Osho, sobre quem escreveu um livro em 1980.  Ultimamente trabalha com grande criatividade em design e projectos editoriais.
Livro razoável médio, pois tem muita informação mistificadora e errada.
12.GRÜN, Anselm. 
CADA PESSOA TEM UM ANJO. Petropolis, Editora Vozes, 2000. In-8º 109 p.
O autor, nascido em 1945, é um monge beneditino e aborda os Anjos exclusivamente baseado nos relatos da Bíblia, tomando-os como verdadeiros e à letra, embora depois os examine ao nível da psicologia, psicanálise e análise dos sonhos, fazendo ilações psicológicas e terapêuticas com valor.  É algo contra o esoterismo, pois "procura saber mais do que se pode saber". Obra mista pois não parece ter tido qualquer experiência do Anjo da Guarda, regendo-se mais pela teologia, a tradição de orações e liturgia, as crenças, dando contudo boas formas de trabalhar o inconsciente a partir dos Anjos e das suas possíveis funções. 
Livro bom-médio.
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12. HAZIEL. 
COMUNICAR COM O SEU ANJO DA GUARDA. Quando e como se encontrar com ele. 13ª edição. Lisboa, Pergaminho, 2006. In-8º 146 p.
Uma mistificação pseudo-miraculosa, misturada com alguma informação plausível e  com vários erros na tradução. Com um começo bem mistificador, como em grande parte o livro é, pois teria descoberto o segredo do pentagrama «considerado pelos Iniciados, o símbolo supremo do esoterismo», que até então ninguém penetrara, e do qual dá depois a sua (vinda em grande parte de Lazaire Lenain) teoria angélica que atribui a 72 Anjos a regência dos dias do ano, os quais são Anjos da Guarda das pessoas que nasceram nesses dias.  E a causa é:«Os Anjos da Guarda estão totalmente ao serviço dos Humanos. A eficácia dos seus serviços é perfeitamente conhecida de todos os que ousaram, seriamente, solicitar os seus préstimos. É preciso saber que eles intervêm nas nossas vidas só quando lhes pedimos cooperação, e sempre no sentido da nossa Vontade; respeitam de modo categórico, absoluto, a nossa Vontade.» Uma afirmação  pragmática exagerada ou mesmo absurda do poder da vontade humana sobre os Anjos, pois como estaria o mundo se todos as vontades tolas ou egoístas das pessoas estivessem ainda por cima a serem abençoadas e intensificadas pelos Anjos.
Uma das editoras que o publica, publicita-o assim: «Haziel é um pseudónimo cabalístico usado pelo autor, F. Bernard-Termés. Nascido na Catalunha, no seio de uma família dedicada ao estudo da Cabala, Haziel foi professor antes de se dedicar por completo ao aprofundamento do estudo esotérico, particularmente dos Anjos da Guarda e da Cabala. Devido às suas obras, publicadas em vários países, Haziel é hoje considerado a maior autoridade em Angelologia».Pode vê-lo a falar no youtube e verá a qualidade da sua alma e a possibilidade ou não de ser tal autoridade.
Livro fraco, mistificador.
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13. HAZIEL. 
O PODER DOS ARCANJOS. Primeira Revelações sobre o seu Poder e Orações Iniciáticas. 3ª edição. Cascais, Pergaminho editora, 2001. In-8º 127 p. A primeira edição foi de 1997.
Na badana do livro lê-se, mais modestamente que na transcrição 12, a anterior: «Haziel é o pseudónimo cabalístico usado pelo autor François Bernard-Termés, nascida em Gerona, na Catalunha, no seio de uma família secularmente dedicada ao estudo da cabala... é um dos mais respeitados especialistas em angelografia de todos os tempos», afirmação está última absurda por várias razões. O conteúdo da obra é muito fraquinho e irreal: refere 10 arcanjos (vá lá que não vem o Moroni norte-americano..) e as orações que os nativos de cada signo devem fazer para terem sucesso nas satisfação das suas necessidades, de acordo com as especialidades dos arcanjos.  Escreve ainda: «Difusão da Espiritualidade. Este Livro, inspirado pelos Arcanjos, expõe pela 1ª vez claramente e com precisão, as regras da Real Arte do Êxito (espiritual, moral e material (...) vemos na Bíblia que quando o Arcanjo oferece um livro (como por exemplo, ao profeta Ezequiel, ou a S. João no Apocalipse ele convida-o a comê-lo, a devorá-lo (quer dizer, a lê-lo, a digeri-lo, a servir-se dele) mas sobretudo a difundi-lo (...) É pois pedido a cada leitor que vai devorar (ler, digerir, utilizar) este Livro dos Arcanjos, que profetize; quer dizer, que o dê a conhecer o mais possível (...) oferecendo-o aos amigos». Sem dúvida uma boa actualização de marketing e manipulação da sugestão do mistificador Apocalipse, e assim houve a quinta reimpressão em quatro anos em Portugal, e a sexta em 2007. Nem sabemos como nem quantas destas asneirices e embustices disfarçadas de livros sérios continuam a enganar as pessoas nos dias de hoje.
Diz que os arcanjos não agem por bondade mas por dever, ajudando as pessoas a cumprirem as suas missões que trazem de antes desta vida terrena. Na mesma linha mistificadora dos poderes de quem se alinha com os Arcanjos vai a valorização «de José (?!) que, partindo das piores condições de existência, chegou realmente a tornar-se Faraó do Egipto e salvou a Humanidade de uma fome mundial, universal (espiritual e material)...». Desde quando José chegou a Faraó, e salvou de uma fome universal?
Já Rafael é apresentado como o Arcanjo da vocação e da promoção e elevação sociais e económicas, e assim para os leitores já cansados de em vidas anteriores termos sido «varredores de rua, empregados de escritório, sub-chefes de serviços agora pedimos ao Arcanjo o posto que nos corresponde: Directores Gerais», mas só com a ajuda da oração específica a ele, é que não vai demorar muito mais tempo tal ascensão ou subida....
O último Arcanjo  apresentado é o Administrador da Estrutura da Matéria, «Sandalfão, Embaixador do Arcanjo Metratão. À medida que o ambiente terrestre se torne mais educado, mais limpo, mais subtil, Sandalfão será substituído pelo verdadeiro Arcanjo da Terra; que tem o nome actualmente de Emanuel. Este misterioso Arcanjo que deve administrar na Terra, na Era Messiânica que se aproxima, é servido pelo Anjo-Príncipe Sandalfão...». Mistificações constantes, e como se alguma era messiânica se aproximasse..
Livro muito fraco, as grandes patranhices de Haziel, infelizmente pelas suas editoras considerado o sumo sacerdote da angeologia...
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14. HENOCH, O LIVRO DE... Outros apócrifos do Antigo Testamento e um apêndice de H. P. Blavatsky. Lisboa, Minerva, 1976. In-8 peq. 221 p.
Um dos livros clássicos da literatura visionária e apocalíptica angélica judaica e que foi bem acolhido por vários círculos ocultistas do séc. XIX, destacando-se Blavatsky, da qual é incluído em apêndice um texto no 5º vol. da Doutrina Secreta, mistificadoramente intitulado o Livro de Henoch - Origem e Fundamento do Cristianismo, no qual ela tenta, com várias citações de fontes, interpretá-lo simbolicamente e relativo aos períodos das raças da evolução humana e às iniciações. As visões apocalípticas de Enoch («E eu Henoch, eu só, vi o fim de todas as coisas, o fim que a ninguém foi dado ver como a mim») revelam no cap. XIX «1. Eis o nome dos anjos que velam:/ 2. Uriel, um dos santos anjos, que preside aos gritos e ao terror./ 3. Rafael, um dos santos anjos, que preside aos espíritos dos homens./ 4. Raguel, um dos santos anjos, que pune o Mundo e as luminárias./ 5. Miguel, um do santos anjos, que preside à virtude e comanda as nações./ 6. Sarakiel, um dos santos anjos, que preside aos filhos dos homens que pecam./ 7. Gabriel, um dos santos anjos, que superintende sobre Ikisat [a serpente], sobre o Paraíso e sobre os querubins.» Certamente uma descrição das funções muito extravagantes e mistagógicas, tal como toda a obra é, atribuída ao fantasioso bisavô de Noé, o sétimo depois de Adão, e que está hoje datada entre 300 a. C. e as partes finais, o Livro das Parábolas, dos cap. 37 a 71,  já  para o final do séc. III d. C, mas que teve grande sucesso nos meios ocultistas e mistificadores.
Apesar de ter influenciado as crenças do messianismo, usando pela primeira vez a expressão de Filho do Homem (para aquele que se assentará no trono para o julgamento final), da demonologia (fornecendo muitos nomes), dos 199 anjos caídos que tiveram relações com mulheres terrenas e deram origem aos
, hoje muito na moda, nefetelins, os anjos caídos, o que foi traduzido também como gigantes ou tiranos, o livro de Enoch é uma imaginação de vários messiânicos fantasiosos, crendo-se que as partes finais são provenientes dum judeu cristão tentando converter ao cristianismo e atemorizar. Os próprios arcanjos Mikael e Rafael no cap. LXV e LXVI, desta tradução portuguesa, se espantam com a ferocidade divina no julgamento dos anjos caídos e que «ameaça os que possuem a Terra» 
Livro histórico mas fraco em termos da verdade acerca dos Anjos.
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15. HODSON, Geoffrey.
A FRATERNIDADE DE ANJOS E DE HOMENS. Tradução, prólogo e posfácio de Cinira Riedel de Figueiredo. S. Paulo, Editora Pensamento, sem data, [c. 1978]. In-8º 126 p.
Um dos primeiros livros teosóficos e new age sobre Anjos, publicado em 1927, por este autor inglês (1886-983) dotado ou não de alguma clarividência mas de bastante imaginação e que foi membro da Sociedade Teosófica e defensor do vegetarianismo e de um melhor relacionamento com os Espíritos da Natureza e os Anjos. A sua obra The Kingdom of Gods, O Reino dos Deuses, 1952, acerca dos espíritos da Natureza e com belas ilustrações, permanece como uma obra importante, ainda que com muitas descrições demasiado imaginativas. Após um bom prólogo histórico de Cinira, lemos no seu breve prefácio, talvez com alguma ingenuidade ou seguindo as imaginações teosóficas acerca das civilizações antigas: «creio sinceramente que no passado houve uma estreita colaboração entre anjos e homens; que os anjos cooperaram com os humanos na criação de grandes civilizações; que estão além da visão do historiador, e que como a história se repete sempre, não está  longe a hora de se restabelecerem esta comunicação e cooperação». O livro indica várias linhas nesta direcção, apresentando sete secções especiais de Anjos mais apropriadas a serem trabalhadas com benefícios: os Anjos do Poder, da Cura, os Guardiões do Lar, os Anjos Construtores das formas que incorporam ideias arquétipas,   os Anjos da Natureza ("onde escalonam-se desde os duendes, os gnomos e fadas, passando pelas ondinas e silfos, até aos espíritos do fogo"), os da Música e os da Beleza e Arte. A criação de altares ou de locais onde as pessoas possam com regularidade invocá-los é recomendada. Expõe ainda as qualidades necessárias ao avanço na senda da comunhão com os Anjos: simplicidade, pureza, paz, paciência, aspiração, visão, impessoalidade e unidade. Nunca refere qualquer nome dos Anjos e isso é uma virtude, contudo, como assinalámos inicialmente, é já um precursor, e monárquico, das mensagens da Nova Era, pois na pág. 36, na subdivisão Os Anjos Construtores, explica que «estes anjos, que fabricam o corpo humano, têm como Rainha um ser que se libertou do peso da carne e ascendeu para unir-se às hostes angélicas» e, optimista na acção de Nossa Senhora, é mesmo fantasticamente agraciado por ela: embora «invisível e ignorada, é verdade, bastará contudo que os humanos abram os seus olhos para que ela se lhes revele. Ela envia esta mensagem aos homens por meio da Fraternidade: "Em nome d'Aquele, a Quem há muito tempo dei à luz, venho em vosso auxílio. Tomei toda a mulher em meu coração para manter nele  parte dela e por seu meio ajudá-la em sua hora de necessidade. 
Enlaçai as mulheres de vossa raça até que todas pareçam rainhas; e para com estas rainhas porte-se todo o homem como um rei, para que se honrem mutuamente e vejam a realeza dos demais. faça-se de todo lar, por pequeno que seja, um corte; de todo o filho um cavaleiro; de toda a criança um pajem. Que todos se tratem com cortesia, honrando em cada um sua origem real, sua régia estirpe, porque há sangue real em todo o homem, todos são filhos do Rei."» Seria verdadeira tal mensagem, de N. Senhora que «agora mesmo está dirigindo toda a sua enorme força e a da Sua Corte Angélica para o trabalho de enaltecer a maternidade em todo o mundo»?  Uma imaginação bem intencionada....
Livro razoável, mas com bastantes aspectos algo mistificadores.
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16. JAMES, Geoffrey. 
A MAGIA DOS ANJOS. A Antiga arte de invocar e comunicar com os seres angelicais. Lisboa, Livros de Vida, 2000. In-8º 206 p.  Obra com razoável qualidade, capítulos sobre os anjos em geral, a magia na antiguidade, na época medieval e no Renascimento. Depois passa aos famosos magos Edward Kelly e John Dee e a sua vida e o seu silenciamento, e a continuidade na Golden Dawn, Yeats e Aleister Crowley.  Fornece as assinaturas, selos e alfabetos pretensamente ligados aos planetas e aos correspondentes Anjos (ou será antes elementais e larvas?) por essas formas de magia cerimonial  evocáveis,  certamente algo mistagógico e imaginário e também perigoso, pois é raríssima a pessoa que pode trabalhar com a magia de invocações de entidades invisíveis sem se despistar ou ser obsessionada, tanto mais que o Anjo é uma intimidade de valor e amor que se nos patenteia apenas quando ele o entende divinamente, e nesse sentido a sessão de invocação mágica em que participou na Califórnia parece muito mais uma sessão espírita em que em geral não se sabe que tipo de entidade é que pode aparecer, neste caso um pretenso anjo que tentou possuir a jovem médium do centro do círculo. Uma maluquice e salgalhada...
Livro médio, fraco, pelo que pode induzir em erro.
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17. LAWRENCE, Richard & BENNET, Mark. 
DEUSES, GUIAS E ANJOS DA GUARDA. Lisboa, Editorial Estampa. 2007. In-8º 191 p.
A obra é escrita por médiuns e relata eventuais contactos, mas como de costume manifestam grande ignorância em vários aspectos que os seus guias poderiam ajudar a responder, um deles bem famoso Charles Bradlaugh, que esteve ligado com Annie Besant e de quem Fernando Pessoa leu algumas obras. Estaria no invisível a dinamizar a The Charles Bradlaugh Network, e tanto ele como sobretudo  o autor nutrem grande respeito pelo Dr. George King (1919-1997), o fundador da Aetherius (nome de um mestre cósmico, de Vénus) Society, da qual há vídeos no Youtube e que teria sido convidado pelos extra-terrestres para ser o enviado do Parlamento Extraterrestre. Os resumos sobre religiões e esoterismo são  pobres, embora por vezes com algumas informações surpreendentes, como a de que os deuses e grandes seres eram extra-terrestres: Jesus e Buda vieram de Vénus, S. Pedro de Marte e Krishna e Babaji de Saturno. No capítulo sobre mestres ascensionados, refere que Dr. George King, do qual foi de certo modo secretário, manteve contacto com Babaji, Maitreya, Conde de S. Germain e o mestre Santo Goo-Linh, tudo gente muito importante... Quanto aos anjos, os médiuns ou imaginativos escreveram apenas umas linhas aqui e acolá. 
Livro Fraco.
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18. MARRIOT, Sara. 
A ALEGRIA DE DESCOBRIR ANJOS DA GUARDA EM NOSSA VIDA. S. Paulo, Editora Pensamento, 1999. In-8º 144 p.  
Escrito na década final do séc. XX o livro sofre um pouco das mistificações ou exageros transformadores que então ocorreriam e ainda hoje tantos apregoam e vendem: «Esta década é um período em que milhões de almas e Anjos da Guarda estão nos impelindo a despertar para a maior oportunidade oferecida em centenas de anos: a de fazer um grande salto em nossa evolução e a do milagre em nossa cura interior. Na quarta e quinta dimensão, ou nos níveis vibratórios da nossa consciência, um salto quântico está sendo preparado com toda uma programação de atracções para captar a nossa atenção». O livro é basicamente uma compilação de relatos, por vezes muito imaginativos, de pessoas que dizem ter sentido ou visto o anjo, com uma ou outra consideração da autora. 
Quanto ao número de seres angélicos, o testemunho de Rodney Rommey é transcrito «uma contagem populacional de cerca de 4 milhões de Anjos no século XVI. Posteriormente, Martinho Lutero disse que esse número se aproximava de 10 triliões», o que leva Rommey a interrogar onde estarão os Anjos dos 40 milhões de refugiados, e apelando portanto a que cada um de nós seja também um anjo da guarda no aperfeiçoamento do mundo», e nesta consideração ecológica e ética, escreveu bem. Quanto aos 10 triliões de Lutero, tem mesmo ar de ser algum canalizado...
19. SIENA, Giovanni.
P. PADRE PIO E OS ANJOS. Porto, Editora Educação Nacional, 1959. In-8º de 222 p. 
Obra de boa fé católica, descrevendo os muitos casos de santos (e refere a presença protectora do Arcanjo Miguel «ao lado de S. António de Lisboa» quando este foi exprobar o mau comportamento do tirano Ezzelino), e santas (tal como Santa Gema Galgani) que tiveram ou deixaram testemunhos sobre revelações do Anjos, narrando mais pormenorizadamente a relação tão familiar e clarividente do padre Pio com o Anjo dele e das pessoas. Pelo menos esta parte final é actual e verdadeira; a inicial terá alguns exageros, próprios das hagiografias ou biografias santificadoras, mas mesmo assim está bastante  sóbria e com vários ensinamentos valiosos. Do padre Pio destaquemos ele pedir:«Invoca muitas vezes o teu Anjo da Guarda» e também: «Reza ao Anjo da Guarda, e manda-o ter comigo sempre que for preciso». O autor descreve vários casos  de aromas ou baforadas de flores sentidos por pessoas, bem como de ubiquidade do padre Pio, interrogando-se se os Anjos poderão de algum modo intervir em tais fenómenos supra-normais.
Livro Bom.
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20. SILVA, Severino Pedro da. 
OS ANJOS. Sua Natureza e Ofício. 8ª edição. Rio de Janeiro, casa Publicadora das Assembleias de Deus. 1997. In- 8º 159 p. 
Obra de um evangélico assente em inumeráveis citações bíblicas tentando criar sentido e ordem delas, identificando algo forçadamente alguns Arcanjos a certas intervenções anónimas descritas, socorrendo-se de evangelistas e escritores, mas vendo-se algo aflito em certos aspectos. Um exemplo: «Billy Graham, observa que a questão importante, porém, não é, "Quando foram criados os anjos", mas Quando caíram os anjos», apresentando algumas hipóteses todas elas bem frágeis senão mesmo divertidas. No fim narra em quatro páginas apenas cinco casos de intervenção angélica moderna, um dos quais o seu, com uma materialização de um anjo aos seus olhos, para proteger e guiar a sua mulher ferida, sem que contudo as outras pessoas se apercebessem. Vale mais pela exaustiva enumeração dos casos angélicos, ou tidos como tal na Bíblia, do que na interpretação, pois acaba por tomar muito à letra, ou ainda a valorizar e a ter depois dificuldades de interpretação, as descrições frequentemente inventadas ou mistagógicas que encontramos na Bíblia e em especial no Apocalipse do pseudo-João.
Livro médio fraco. 
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21. SWEDENBORG, Emanuel. 
DO INFERNO DO CÉU E DOS ANJOS. Lisboa, Pergaminho, 1994. In-8º 101 p.
Um dos livros pioneiros sobre os Anjos, pois Swedenborg viveu entre 1688 e 1772,   com bastante profundidade e originalidade mas também com muita imaginação visionária, baseado em adaptações dos dados também frequentemente imaginados ou incorrectos da Bíblia. As descrições imaginativas certamente são bastante pormenorizadas e físicas, pois afirma no início: «os anjos são homens, pelo que vivem da mesma forma que eles: têm roupa, casas e outras coisas semelhantes, contudo com uma diferença, tudo é mais perfeito, pois já alcançaram a perfeição». As roupas ou as casas são dádivas divinas conforme a inteligência e a bondade de cada um, e entre eles aproximam-se pelos estados de alma afins. Como eles têm boca, língua e ouvidos ouviu mesmo voz articulada nos anjos, embora o autor confesse que «não podia distinguir, se estava a falar com pessoas do nosso planeta ou com anjos do reino celestial», estando  a sua linguagem intimamente ligada ao estado afectivo, que é o do mais puro amor celestial para com Deus e o próximo. Também há uma escrita angélica e até obras impressas, embora o ser humano não possa compreender mais do que umas palavras. Pelo extractos vemos como o visionarismo de Swedenborg foi dos mais ousados em relação aos Anjos, ora pondo em causa os dados da Igreja ora aceitando-os e interpretando-os frequentemente melhor (a Ressurreição passa-se à hora da morte com cada ser) mas também pagando o preço limitador da época e da leitura e crença obrigatória na Bíblia, bem como da sua excessiva visão astral, frequentes vezes exagerada ou auto-sugestionada. 
Livro bom, mas certamente com bastante imaginação visionária.
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22. TAYLOR, Terry Lynn. 
ANJOS MENSAGEIROS DA LUZ. Guia para o crescimento espiritual. S. Paulo. Editora Pensamento, 1997. In-8º 240 p. Dividido em 5 partes: 1ª, o que são os anjos, explicado muito ao de leve. 2ª, os anjos nas suas actividades para connosco. 3ª, como os atrair e fazer com que focalizem a atenção em nós [ou deveríamos antes dizer, como focalizarmos a atenção neles?]. 4ª, como ter uma vida mais angélica, isto é, incorporar o Eu superior no quotidiano. 5ª, «oferece um pot-porri de propaganda angélica que vale a pena mencionar». Com conselhos ou ideias curiosas mas também com muita superficialidade e até propagandice. Não transparece qualquer vivência pessoal com o Anjo, relata e defende mais o encontro com o anjo na forma de pessoas. 
Livro médio.
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23. TAYLOR, Terry Lynn. 
OS ANJOS RESPONDEM. Um livro de mensagens Angélicas. 9ª edição. S. Paulo. Editora Pensamento, 1999. In-8º 174 p. 
Um título enganador, pois a obra contém apenas cartas que leitoras do seu livro anterior lhe enviaram com as suas histórias, em geral de curas realizadas por anjos, escolhendo as mais comoventes. Na pequena introdução diz algo por si, um pouco atabalhoadamente, e depois de um angelologista, um pouco tonto:«Os Anjos são os mensageiros da energia divina mais elevada do universo - Deus. Eles não querem ser adorados, e é importante lembrar-se disso. A alegria que os anjos nos trazem é uma dádiva de Deus. Os anjos são nossos ajudantes espirituais; eles querem-nos ajudar a viver de acordo com os princípios mais elevados no Universo. K. Martim-Kuri, um angelologista dos mais conhecidos, adverte-nos que os anjos nunca devem ser tratados como escravos pessoais nem como substitutos de Deus. Em vez disso, devem sempre ser vistos como ajudantes de Deus, "representantes locais da organização", que merecem estima mais do que adoração. Martin-Kuri também afirma que os anjos têm sido ignorados e raramente recebem agradecimentos por todo o trabalho que fazem pelos seres humanos. Penso que isso está mudando; como verá nas cartas, as pessoas expressam gratidão quando são tocadas pelos anjos». Este angelologista, da escravatura e da organização, não parece muito sábio... Um aspecto positivo do livro está em algumas das histórias as pessoas contarem como os Anjos trabalham as nuvens e podem dar sinais.
Livro fraco-médio.
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24. WEBBER, Marilyn Carlson & WEBBER, William D. 
ANJOS. Quem São? Onde Vivem? O que Fazem? S. Paulo, Editora Vida, 1997. In-8º 192 p.
Os autores juntam relatos de pessoas às passagens da Bíblia, tidas todas como autoridade ou história verídica, e criam na parte final um resumo da doutrina que defendem com certa superficialidade e crença excessiva nos dados bíblicos, compreensível dado que o casal é de orientação Baptista, ele tendo-se formado em Teologia e ela é «conhecida nos USA como uma grande coleccionadora de história dos Anjos». Os Anjos só aparecem quando Deus ordena. De mais interessante é o questionarem a veracidade da hierarquia do pseudo-Dionísio Areopagita, o autor (mais S. Gregório e suas versões de ) que institui a divisão que se tornará clássica e generalizadamente aceite em nove ordens, lembrando que os protestantes só admitem os Anjos e Arcanjos e alguns destes só um, Mikael. 
Livro médio-fraco.
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25. WEBSTER, Richard. 
COMUNICANDO COM O ARCANJO MIGUEL PARA ORIENTAÇÃO E PROTECÇÃO. Lisboa, Europa-América, 2006. In-8º 150 p. 
No primeiro capítulo cita várias das tradições e lendas quanto ao Arcanjo Miguel, pondo em causa ainda assim a versão das Testemunhas de Jeová de que Jesus e Miguel eram o mesmo ser. Nos capítulos seguintes dá as suas metodologias de aproximação e invocação dele, narrando como a de caminhar a pé conversando com ele é das melhores, no seu caso narrando dois casos pessoais, num deles «disse-lhe que estava grato por ele ter reaparecido, mas que não era necessário. Miguel respondeu-me que gostava de caminhar comigo e que era uma boa ocasião para uma conversa. Penso que nessa altura discutimos alguns tópicos cármicos com os quais estava a tentar lidar. Desde então tenho feito inúmeros e agradáveis passeios com Miguel e considero que caminhar com ele é uma das formas mais eficazes de meditação que conheço.» 
Nada humilde este autor, discutia aspectos cármicos com Miguel. A auto-sugestão em pleno funcionamento. Nesta linha temos tido muita gente nos últimos tempos, desde Donald Walsch à Alexandra Solnado, falando com o Deus ou o Jesus das suas imaginações. Revela ainda que o azul é a cor do Arcanjo e que a magia das velas também é apropriada embora aqui já a correspondência seja com o Carneiro vermelho, ou no Leão com o dourado. O atributo da vela cinzenta  seria a sabedoria, maturidade, senso comum...
Livro médio-fraco.
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26. WOLF, Silver Raven. 
O PODER MÁGICO DOS ANJOS. O que a magia dos Anjos pode fazer por si. Mem Martins, Livros de Vida, Editores, Lda. In-8º 419 p.
Livro típico da magia angélica estilo nova Era, uma grande misturada toda ela baseada em pretensos nomes de anjos e correspondentes  signos, planetas, dias do ano, funções, etc. A autora ainda assim fez algum trabalho quanto a referências histórias aos principais Arcanjos mas especula, adivinha e inventa com facilidade, tal como o Anjo da Guarda poder ser de qualquer nível da hierarquia angélica, ou que a NATO tem um Principado a protegê-la.  Considera que o Arcanjo Gabriel era feminino. 
A nota biográfica na contracapa apresenta-nos a autora: «pertence ao signo Virgem. Adora fazer listas e ordenar as coisas. É mãe de quatro crianças e presentemente está a trabalhar para obter o seu certificado de Hipnoterapia clínica. Silver conseguiu o sacerdócio na bruxaria e é chefe da tradição do Clã da Floresta Negra, que cobre seis estados norte-americanos». 
Livro Médio-fraco.
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Em suma, tente ter uma vida harmoniosa e em amor, sintonizando, invocando e meditando com o Anjo, e poderá certamente sentir e receber mais com ele do que com todos os livros mencionados...