sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Tarot. Arcano XXI, o Mundo. Imagens, significados, impulsos, realizações.

    Quando se chega ao fim da  peregrinação dos 0 ao 21 Arcanos  do Tarot (que também pode ser lido como I a XXII), encontramo-nos com uma representação dum ser perfeito, seja humano seja celestial, no eixo e centro do Mundo, palavra esta de origem latina, Mundus, significando tanto limpo, asseado, puro e, logo, oposto ao imundo, como também  os ornatos e jóias das mulheres (mundo sobre mundo...). Corresponde ao Kosmos dos gregos, que é um todo, ou o todo, belo, ornado e ordenado, e estamos pois dentro de uma cosmovisão elogiosa da dignidade do ser humano...
 Com a palavra, também possível de se utilizar, Universus realça-se  a Unidade (Uni) substante e coesiva na diversidade (Verso), que está manifestada ou subjacente ao Todo,Cósmico, e Unidade esta que é vista e sentida consciencialmente, por alguns seres mais despertos, como a vida inteligente divina omnipresente, e que foi conceptualizada  como a Anima Mundi, ou o Logos e, cientificamente, nos nossos dias, como o Campo (the Field, e Rupert Sheldrake tem trabalhado bem nele) de Energia Informação Consciência que constitui e articula o Cosmos em infinitas relações, emaranhamentos (no dizer de outro valioso investigador Dean Radin), sinapses, afinidades...
 Poderemos dizer então que nesta estação  simbolicamente final do percurso ou Caminho no Tarot, o ser humano está mais expandido consciencialmente, mais alinhado, justo, intuitivo, ético, unificado e assim neste arcano contemplamo-lo numa mandala, ou seja, numa configuração pictográfica de ressonância psico-mórfica (a psique nas formas), idealmente cosmicizante, ou seja, projectando o ser humano na sua dimensão de ser divino, cósmico, de espírito consciente e  dotado de livre arbítrio participando valiosamente no Cosmos visível e invisível, nomeadamente na Terra...
A imagética utilizada tenta transmitir símbolos correspondentes a tal elevado estado de consciência,  harmonia e unidade, no tempo e no espaço da Manifestação,  também chamada pelas religiões criacionistas  Criação, e escolheram-se então Anjos no princípio da história (séc. XV) do Tarot, neste caso da 1ª imagem ou lâmina aqui apresentada e que foi patrocinado pela família milanesa dos Visconti,  espíritos celestiais estes que são tanto representações da nossa própria identidade celestial, como da Providência divina, e mais especificamente dos Querubins aos quais se atribuía a função de sustentarem a esfera mais elevada do Primum Mobile. Mas poderia ser ainda até os Anjos, mais simples e próximos companheiros, de inspiração, de guarda e de preservarem a Ordem do Universo pelo menos em nós e com quem nos relacionamos.
Só posteriormente é que se valorizaram e se introduziram na lâmina os quatro ou cinco elementos (terra, água, fogo, ar e éter) considerados os materiais qualitativos constitutivos do Macro e do Microcosmos terreno e humano, e que a alma peregrinante no caminho espiritual terá mais harmonizado em si, ao fim da meditação e passagem pelos 22 arcanos, já que o Joker ou Louco é tanto 0 como 22. Por isso, neste sentido de perfeição e fim, esta carta última ou de acume, a XXI, foi  chamada em algumas versões do Tarot como a Coroa dos Magos...
Na verdade, nos primeiros Tarots houve variações em relação aos seres que foram escolhidos para incarnar nas lâminas a manifestação da harmonia humana não só com os quatro ou cinco Elementos mas com os três níveis ou planos do mundo: 1º- natural físico, 2º- astral,  subtil e psíquico, 3º - causal, arquétipo e espiritual, considerando-se que o mundo Divino tanto os penetra como vida como está acima deles nomeadamente nos planos mais elevados e no Ser Primordial transcendente.
Ora esta harmonia com os Cinco Elementos é um trabalho diário constante e criativo que passa pela nossa ligação e contacto 1º, por exemplo, com a terra, o campo, os jardins, a argila ou barro, as flores e plantas em casa; 2º com os rios, o oceano, e o lavar-nos e banhar-nos mais conscientemente, mais a água e os chás que bebemos, os sentimentos e emoções que desenvolvemos; 3º, com o vento, a dança, o ar, e como o respiramos mais conscientemente o prana, palavra sânscrita para as partículas de energia solar e vital; 4º, com o fogo, a vela, a lareira, o sol (nomeadamente com o nascer e o pôr), contemplado e acolhido; 5º, com as nuvens, o éter, os horizontes, a noite estrelada ou os seus planetas e cosmos, contemplações estas que tanta admiração, expansão, gratidão e harmonização causam. 
Por estas práticas fortalecemos então o nosso ser, dos neurónios e do sistema imunitário aos corpos subtis e podemos tornar-nos a imagem central deste auspicioso arcano XXI, num trabalho criativo muito necessário em tempos de crise como estamos a atravessar com as gripes, vírus e vacina, as atemorizações mediáticas, as explorações das farmacêuticas (a que a própria presidente da União Europeia cedeu) e logo as desilusões políticas: tantos casos corruptos de alinhamentos e narrativas oficiais contra  a justiça, a verdade e mesmo a saúde...
Ao contemplarmos algumas versões das cartas,  com a intenção de nos abrirmos a elas e de despertarmos a nossa sensibilidade e níveis interiores,  intuiremos e poderemos mesmo recolher ideias e energias   actuantes em nós, ou seja, que serão psico-mórficas, isto é,  modeladoras ou influenciadoras das nossas energias e formas físicas e subtis, harmonizando-nos e religando-nos mais aos níveis superiores de nós e do Universo, dentro do Campo unificado já referido e a que nos sonhos também temos bastante acesso.
O uso adivinhatório ou oracular, em geral, mas nem sempre, superficial e comercial, que hoje predomina em relação ao Tarot,  sendo uma compreensível auscultação ou consulta de intuição futurante  e que se concretiza depois no aconselhamento psicológico, com maior ou menor intuição das duas partes (consultante e consulente) a funcionar, não nos deve fazer esquecer a função essencial de auto-conhecimento, consciencialização, transmutação e expansão, ou seja, fortificação e religação da consciência humana com a sua dimensão sábia, fraterna,espiritual e divina, mais consciente da unidade de tudo e com todos, e que podemos desenvolver contemplando e meditando as lâminas tão carregadas de simbolismo e logo de ressonâncias multidimensionais.
O Tarot de Visconti Sforza, provavelmente o primordial, gerado por volta de 1450, apresenta-nos então, dentro da forma perfeita circular, o Mundo,  a Terra e a cidade acastelada, o Castelo interior, ou ainda a mítica Cidade santa celeste, nas mãos sustentadoras ou tenentes de dois Anjos, talvez Querubins, e, portanto, da Providência Divina (lembrando o dito "o que está cima é como o que está em baixo"), talvez para fazer-nos intuir e contemplar a cidade arquétipa, o modelo a seguir, erguida segundo os princípios da Geometria sagrada, entre os mares verdes, os azuis céus e a flamejante estrela, num todo irradiante de paz e harmonia, e impulsionando-nos a consciencializar-nos de tais potenciais nossos e da natureza na socialização das aldeias e cidades e perante todas as adversidades naturais e artificiais, pandemias, repressões e guerras. Face ao que se está a passar nos dramáticos últimos anos, sem dúvida grande discernimento e luta se pede às pessoas mais sensíveis, artistas, criativas, conscientes e conhecedoras, para manter este arquétipo operativo e não desanimarem nem se confinarem nem se deixarem açaimar e manipular demasiado, e finalmente rejeitarem televisões, noticiários e narrativas oficiais ocidentais dos conflitos e acontecimentos mundiais.
Algumas intuições e criações religiosas e literárias apresentaram-nos descrições e imagens que se tornaram míticas das forças, formas, locais  e estados conscienciais arquétipos ou potenciais, tais como  a ilha de Avalon dos Celtas, a nova Jerusalém, a ilha da Utopia de Thomas Moore, a cidade do Sol, de Campanela, a Cosmopolis do fundador dos Rosacruzes, Joahannes Valentin Andreae, ou, já nos nossos dias, a nova Lísia, na Utopia III, de José V. de Pina Martins. Os contrastes do livro de George Orwel, 1984, e os estados actuais de manipulação, degradação ética, ditaduras, destruições da Natureza e artificialização da Vida, são de ponderar já que assinalam o distanciamento crescente dos ideais antigos de modos de viver harmoniosos que o neoliberalismo consumista, destrutivo e cada vez mais autoritário e repressivo, e o insensível e opressivo imperialismo norte-americano e dos seus coligados, causam, a que se deve acrescentar o exagerado controle da vida das pessoas em alguns países e que a Nova Ordem Mundial desejava aplicar a todos. Nos anos de 2020 e 2021 a pandemia do corona vírus veio pôr em causa muito da antiga ordem mundial bem mais livre, e como as tentações de domínio e sujeição da humanidade são grandes para alguns, talvez algo diabólicas, houve muita gente a deixar-se levar, perdendo o seu discernimento ou orientação e o amor corajoso. 
Em 2022 o embate entre a Rússia e a Nato-USA via Ucrânia veio pôr em causa o progresso da nova Ordem Mundial e a destruição dos valores tradicionais que estavam a conseguir, numa batalha que se tem prolongado e que pode alastrar, para além de deixar bastante destruída e dizimada a Ucrânia, que deveria ter a coragem de parar a luta, deixar as zonas russas reintegrarem-se na mátria russa, antes que perca ainda mais territórios, pesem as narrativas oficiais em sentido contrário tão propagadas pelos tão alinhados medias ocidentais.
Ora neste arcano observamos que um dos Anjos, na versão do Tarot de Visconti-Sforza, aponta com a mão para o peito, indicando que é na interioridade do coração e da alma em busca ou em sintonização do espírito divino e do Amor, ou em amor, que recebemos ou sentimos mais a presença espiritual e as protecções, intuições e graças do mundo espiritual e Divino. Em verdade é no peito, no coração, no sentir interior, na aspiração de amor ao Espírito e ao mundo espiritual mais se desvendam e se sentem, proporcionando ora intuição, ora harmonização, ora comunhão, ora felicidade e consequentemente acção justa, comportamento ético e harmonizador ambiental. Algo bem mais simples e directo, que não necessita de tanta exploração, canalização, mestres e exercícios como abundam agora e que tanta gente desnorteiam e prendem...
O Mundo surge ou desvenda-se conforme o que cultivamos, vibramos e amamos, conforme o que o campo forte electro-magnético do coração irradia, algo  que a interdisciplinariedade científica moderna vai provando no mundo dos quanta e da psique, tanto ao medir a importância do campo electro-magnético do coração, como também ao confirmar que o observador influencia as partículas observadas e que os nossos pensamentos e sentimentos modificam muito imperceptivelmente as nossas hormonas, e afectam órgãos cerebrais e neurónios e logo sistema imunitário, órgãos, células e partículas, certamente sem a facilidade com que algumas comercialices de curas e máquinas quânticas, ou mesmo de ensinamentos em livros e seminários de neurocientistas feitos gurus,  pretendem. 
Deverá assim alertar-se para os efeitos do receio e medo no coração e no sistema imunitário, que deve antes ser fortificado com boa alimentação física, v.g, gengibre-louro-folhas verdes,  e bons estados psíquicos e espirituais.
E como muitos media, jornalistas, locutores, comentadores, gestores e políticos se especializaram no  irradiar constantemente ondas de pensamento nocivas, atemorizadoras ou mesmo destrutivas, é necessária uma selecção muito criteriosa quanto aos locutores, comentadores ou políticos que deixamos entrar na nossa aura, através do que vemos e ouvimos. Isto é  fundamental, se queremos evitar toda a sugestibilidade, hipnose e lavagem ao cérebro que ocorre ou é transmitida pelas televisões, declarações, jornais ou rádios. E em tempos de crise pandémica e de quase forçadas vacinas,  algumas das quais (em especial as da Pfizer) enfraquecem ou afectam  demasiado as pessoas, isto é ainda mais gritante e indignante. Logo, se conseguir deixar mesmo de ver a televisão, e fazer, gerar, seleccionar a sua própria internética televisão-jornal, bem melhor...
Na versão (e da qual chegaram até aos nossos dias apenas dezasseis das cartas), denominada Cary Yale Visconti-Sforza, está representada a Mulher como a Alma do Mundo ou então a Deusa (talvez Vénus), ou ainda a Providência Divina, com a trombeta axial na mão direita activa e uma coroa na esquerda receptiva, coroando ou regendo o Mundo, a Terra, a qual surge debaixo dela com cidades, oceanos, rios e uma embarcação, com um barqueiro (qual Siddharta, do belo romance de Herman Hess) ajudando a atravessar alguém para a outra margem....
Talvez o mantra Gate, gate, paragate, parasamgate, Bodhi swa! "Passou, passou, completamente para além, viva a sabedoria iluminante", de um dos sutras mais belos do Budismo Mahayana,  possamos analogizar com tal passagem, embora o Budismo (ao não conseguir fixar e conservar no seu ensinamento o espírito individual nem a Divindade) tenha remetido salvificamente as pessoas, ou os seus agregados energéticos, através dos subjectivos planos, os "bardos" ou egrégoras, para níveis sem forma ou ditos vazios e onde finalmente o nirvana dissolutivo ou desnorteante esperava ou possa esperar os ingénuos candidatos...
Na outra margem, no outro plano, podemos observar um cavaleiro andante de bandeira erguida, certamente um sustentador do Dharma, palavra em sânscrito que significa  Dever e Ordem cósmica. Na Tradição espiritual ocidental diríamos um Cavaleiro ou Fiel do Amor, capaz de assumir os aspectos mais heroicos ou virtuosos, isto é, o dharma, missão ou dever, sendo o seu próprio denominado o swadharma, um desafio ou cavalaria constante que por vezes é dolorosamente intensificado, tal como vemos nos países desvastados por guerras, sanções e pandemias. Sabermos então ressoar e assimilar na nossa alma os mantras ou frases de poder salvíficos adequados, dharmicos, será bem necessário para ganharmos forças e resistência psico-somáticas e uma maior dimensionalidade espiritual e religação aos mundos e seres espirituais e da Divindade...
Já em duas outras versões italianas antigas
de dois Tarots iniciais, encontramos primeiro numa versão ecoante do valor do Princípio Eterno Feminino Divino, da Mãe Terra ou, quem sabe, da Hagia Sophia, Santa Sofia-Sabedoria, uma jovem regente do Mundo, com a vara do poder na mão direita e o globo da Terra, do Cosmos ou da esfera da Divindade na esquerda, estando de pé sobre a esfera ou mandala da Terra, a qual assenta sobre nuvens ou planos de energia... 
Na seguinte versão é um Anjo assente em nuvens que está sobre a esfera (mandala) da Terra, a mão esquerda segurando o ceptro ou vara de ligação e de comando, na direita oferecendo uma coroa de flores e jóias, ou seja, da riqueza, beleza e reconhecimento que a Terra e o trabalho humano podem gerar e merecer.
Uma ave, entre a pomba e a águia, símbolo levitante e potente do espírito individual e do Espírito divino santo cósmico, suporta a esfera da Terra como se esta fosse o espelho mágico, tão presente em várias tradições, nomeadamente no Shintoísmo e nas insígnias ou objectos sagrados da sua deusa solar Amaterasu Omi Kami, tanto espelho exterior como estado mental equânime, silencioso, através do qual o ser no "caminho do espírito", shin-do, leva a sua mente a entrar em maior acalmia da sucessão de pensamentos e das frequências rítmicas orgânicas, podendo por fim sentir o seu espírito divino em si, e o Amor e, eventualmente, contemplar e discernir sinais e seres, seja, os guias ou mestres, Anjos e Arcanjos, ou então receber algumas formas e energias dos níveis espirituais.
Há nestas quatro versões uma  importância relativa ou menor do ser humano: ele é apenas um pequeno ser na Terra e na cidade, e deve inserir-se na Providência Divina, Angélica e dos Mestres e Fiéis do Amor, a qual o pode ajudar e guiar no labirinto por vezes tão conflituoso dos instintos, actos, intencionalidades e potencialidades interactivas de tantos seres, grupos de pressão e  Estados, luta também de egrégoras, ou seja, de entidades individuais ou grupais invisíveis, as negativas alimentando-se do medo e do ódio e que tanta gente e meios de informação destilam e causam...
O Mundo  não surge representado nestas versões já tanto como dinamismo activo do ser humano harmonizado e pleno, ou como os seus estados conscienciais iluminados e expandidos, mas é mais a Terra, a sociedade, a cidade, um colectivo, e corresponde e concretiza, ou actualiza, um modelo de perfeição social transmitido ou infundido, regido ou inspirado pela Providência Divina e Angélica, a qual na Idade Média e no Renascimento muito mais se sentia e acolhia (até como alma do Mundo ou vontade Divina), do que nos dias de hoje tão massificados na superficialização e dispersão sensorial e no voluntarismo egoísta de pessoas, grupos, empresas, governos e imperialismos, dos quais o mais violento e inepto é dos Estados Unidos da América e dos seus aliados da sua famigerada NATO, da Comunidade Britânica, sauditas e israelitas, causadores de tanta mortandade e sofrimento no Médio Oriente e, por fim, frequentemente a reboque, a tão vendida direcção da União Europeia, em 2022 altamente empenhada na redução da população e do nível de vida na Europa.
Quando entramos nas versões do Tarot das manufacturas francesas de Marselha, Besançon e outras, as quais a partir do começo do séc. XVII dominam o mercado das cartas de jogar de grande parte da Europa, quando o Tarot era ainda um jogo e um ensinamento humanista, e transmissor de aspectos individuantes e iniciáticos, já que  a sua utilização como adivinhação como temos dito é posterior, vamos encontrar nelas um mesmo paradigma ou tipo simbólico: ao centro um ser, em geral um ser feminino nu, seja uma Deusa seja uma Mulher, apenas com  um leve lenço ou écharpe, em plenitude, envolta numa grinalda em forma de mandorla ou oval, algo que já vinha de religiões antigas, empunhando  à vontade a vara do poder que o Mago manipulava no arcano I, numa bela imagem que vigorará durante séculos mas que sob uma aparente simplicidade de plenitude tem contudo algumas variantes e mistérios quanto às suas fontes inspiradoras e arcanos...
Nestas versões podemos ver na figura central seja a Providência Divina ou  a Alma do Mundo, ou o Mitra cosmocrator (e ele era representado com tal grinalda e os 12 signos astrológicos), ou o Cristo, no fundo as avatarizações do Espírito divino,  a alma iluminada e livre,  o misté ou a alma iniciada em Eleusis, os iniciados nos mistérios dionisíacos (bacoi), no fim do seu percurso de auto-conhecimento e realização,  no centro da carta-arcano, no meio de uma coroa entrançada e florida, na forma significativa da vesica pisces, que é também a da vulva ou yoni, ou ainda aura do corpo glorioso ou espiritual. 
E têm nos cantos da carta os símbolos dos quatro Elementos e Signos (Terra-Touro, Fogo-Leão, Ar-Anjo, Água-Escorpião) e animais sagrados (cujos poderes foram simbolizados por tantas formas e deificações ao longo dos séculos, tendo a sua origem na Assíria) e que são também símbolos das estações do ano e dos temperamentos humanos: -  fleumático ou linfático, sanguíneo, bilioso e nervoso.
Mais tarde, na simbólica do Cristianismo, aplicou-se ainda tal esquema quadripartido aos quatro Evangelistas (e assim os encontramos, por exemplo, pintados no arco manuelino com que se abriu no séc. XVI a Charola Templária do convento de Cristo de Tomar), gerando-se a possibilidade de se estar a valorizar a procura do centro, da quinta-essência, do espírito e da  Divindade em nós, ou seja, o ser humano mais plenamente desabrochado espiritualmente e em harmonia com o Universo.
Mais desperto, consciente, responsável e em comunhão com o Campo Unificado de energia informação consciência diríamos hoje, nível ao qual pouca gente acede conscientemente, em especial pela muita alienação ou ocultamento de tal que os meios de informação e de entretenimento causam poderosamente, nem que seja com o ruído, futilidade, transitoriedade e lixo com que enchem as mentes e almas humanas, para não falarmos das manipulações, opressões e crimes que ocultam e apoiam, ou do exagero de medos que derramam...
     
Devemos realçar a nudez,  a faixa, lenço ou echarpe, o movimento das pernas, e das mãos e os instrumentos que leva (varinha ou tirso e címbalos). Há uma alegria natural que nos remete provavelmente para  cultos e iniciações pagãs, onde uma Deusa, provavelmente as do Amor, a energia primordial da vida, eram cultuadas, ou ainda danças naturais de festividades e convívios, e que a sábia Isadore Duncan, por exemplo, recuperou e relançou no começo do séc. XX, como a Dança do Futuro, a qual entre nós foi por Teixeira de Pascoaes destacada na A Minha Cartilha, como pode ler neste blogue.  As sacerdotisas, ou mesmo as almas em fluidez e dança iluminada e inspirada, surgem-nos então como leituras e recomendações possíveis de assumirmos no nosso dia a dia..
Nesta versão há uma clara correspondência com o arcano I, o Mago, que tinha a varinha na mão, que surge então no XXI, como a Mulher ou sobretudo a Criança Divina quinta-essenciada, como se o objectivo da peregrinação da Vida, e que o Tarot simboliza, fosse o emergir do Espírito divino em nós numa forma pura, franca, alegre e de graça natural, algo que a  tradição portuguesa do culto do Espírito Santo apresentou bastante, tendo tanto Agostinho da Silva na sua fala-conversa e na dinâmica inter-relacional de amigos e povos, como Dalila Pereira da Costa, num dos seus últimos livros Entre o Desengano e a Esperança, aprofundado,  universalizado e actualizado tal filão, Dalila, uma escritora que bem conheci e que o recuava aos Celtas e ao Amadis de Gaula, e vendo-o até num dos seus aspectos como união da alma pessoal com a da pátria.
Algo disso foi intuído por um Tarot bem moderno:
 
A alma  harmonizada em relação aos quaternários terrenos, tais como os quatro Elementos e as quatro estações do ano, e quintessenciada,  aberta e, por fim,  mais consciente do espírito nela ou mesmo (mais difícil e raro)  da Divindade, dá à luz, manifesta, avatariza (em sânscrito significando a descida manifestada do Divino) o Puer eternus, a Criança eterna, o Filho ou a Filha, o Espírito, o Homem ou a Mulher (conforme a polarização primordial e segundo consta definitiva...) Universal.
Um espelho mágico bem feminino e amoroso, o Mundo como Beleza,  fluindo desde a eternidade da árvore cósmica em volutas evolutivas maravilhosas, da tartaruga à crisálida.
Avancemos agora por versões mais modernas do Tarot, observando se elas conseguiram ir mais longe seja nas representações das harmonias cósmicas entre o alto e o baixo, o visível e o invisível (tal como a da última imagem), seja nas entidades ou seres que dinamizam ou "protegem" o Campo Unificado no qual os seres têm o seu ser e vivem, seja ainda no ser humano como peregrino do caminho da vida representado no Tarot e que está no centro deste arcano, o último, já que o arcano seguinte não estando numerado é mais o 0, indicando o constante recomeço e ciclicidade dos processos naturais ou vitais.
Num Tarot bastante simples mas bem fundamentado, quem surge no meio dos quatro elementos e da circulação perene da Vida e do Tempo, o que a serpente egípcia Oroborus significa, e que substitui  a coroa florida sem deixar de realçar a circulação energética e a causalidade, é o Andrógino, o Rebis alquímico (a coisa-res, bis ou dupla), os dois num só,  por certos mestres afirmado como estado original e que devemos recuperar, reactualizar, seja na união dos opostos interiores seja na dos exteriores e até, idealmente, nos dois, perenmente no caso das hipotéticas almas gémeas. Aprofundarmos tais hipóteses com alguém, ou com o nosso par, é certamente uma grande graça...
No meio das nuvens das alturas ou dos planos subtis realiza-se então tanto o encontro das duas almas-gémeas ou afins, como a harmonização  e unificação das polaridades internas  e o Ser está mais pleno e comunga em dança e criatividade com o Mundo na sua multidimensionalidade e, já não carente e sofredor, está bem, alegre e inspira, ilumina e ajuda, em suma, ama. 
Esta versão do arcano do Mundo, de um Tarot moderno, denota um bom conhecimento simbólico, com os motivos tradicionais conservados e aperfeiçoados: os quatro elementos e estações do ano continuam a fazer o quaternário envolvente e fundador, unidos e cruzados pela cruz aberta e branca por onde se faz a subida e descida das energias axiais dos mundos e da coluna vertebral humana, surgindo a esfera ou mandala (deste modo sugerindo-se a expansão da consciência e da visão espiritual) com o círculo da serpente do Tempo-Espaço Consciencial Perene, propondo-se talvez até o sentir-se a ritmicidade das frequências e batidas do coração magnético e espiritual, o orarmos correctamente e o irradiarmos consciente e determinadamente Amor para  Terra,  e os  países, zonas e seres que  mais precisam...
Sobre este coração, ou dentro da sua influência, encontra-se uma figura feminina mercuriana ou algo de Hermes, pois tem as asas nos pés, segura o caduceu na mão esquerda, com as duas serpentes enlaçadas até se encontrarem ou beijarem sob as asas superiores, e empunha ou desabrocha pela mão direita a rosa humanizada do Amor-Sabedoria proveniente da fonte Divina.  
Talvez nos diga: não deixes bloquearem-se as tuas energias subtis e psíquicas, nomeadamente nos planos inferiores das carências, fraquezas e medos (algo exacerbadas nos tempos que correm..), mas sobe-as na activação do amor, da compaixão, da aspiração, da criatividade, da vida sóbria e ética, e da adoração...
No eixo central, e que é o dos mundos físico, subtil e espiritual, vemos  ao alto a rosa de cinco pétalas, o espírito, e na base a gota do sangue vital e veículo da alma, que pode ser sacrificial, redentor ao ser doado amorosamente pelos outros e vemos isso hoje tão fortemente em todos os que lutam contra a mentira, a opressão e a injustiça, tal  como o exemplificou um dos últimos grandes seres martirizados, o general iraniano Qassem Soleimani...
Saibamos então no dia 21 de cada mês, ou de vez quando, contemplar, aprofundar e assimilar os poderosos psicomorfismos que este arcano contém e pode transmitir, para despertarmos as nossas melhores potencialidades e auto-realizações e a fim de que o Mundo humano, sub-humano e supra-humano melhorem em saúde, paz, ética, harmonia e felicidade, e que tanto a Alma divina do Mundo como o coração Divino cheguem, ressoem, fluam e se sintam mais no centro de todos nós.
Sorri, e irradia mais o Amor Divino através de ti e do Coração
Se quiser continuar ainda esta leitura, algo longa, então contemplemos ainda, com um tapete de oração servindo de moldura e onde está tecida uma imagem do Espírito descendo,  as duas versões mais clássicas e conhecidas do Tarot, a de Marselha e a ocultista de Arthur Edward Waite, assim se sugerindo que é necessário constantemente infundir e mover as auras e coroas floridas dos nossos seres no Campo unificado de Energia Consciência do Mundo e da Natureza que tão maravilhosamente o manifesta, e bem precisa de ser tratado melhor pois a cáfila dos políticos, financeiros e militares muito o têm rasgado e destruído e assim parecem querer continuar, só interessados em negócios de armamentos ou em ganhos de multinacionais egoístas, ou no domínio de estados racistas e imperialistas, tão daninhos em relação à harmonia, saúde e preservação do planeta e dos seus eco-sistemas, recursos, pessoas, comunidades, como no Chile e na Bolívia assistimos dramaticamente no final de 2019 sob apoio   da USA e aprovação da tonta direcção da União Europeia, ou presentemente no conflito na Ucrânia. Graças a Deus e à comunhão dos espíritos que tal como Bolívia social e livre conseguiu vencer após alguns meses de opressão, agora também o ódio aos russos findará. 
Quanto  corona, houve ora pobreza e mesquinhez, para não dizer malvadez, nas atitudes dos que dificultaram ou bloqueiam a livre circulação e o acesso aos meios de saúde e especificamente de prevenção e apoio aos afectados, através de sanções, ora esbanjamento quando Ursula van der Leyden comprou uma quantidade astronómica de vacinas á companhia onde o seu marido é um importante dirigente, a famigerada Pfizer, a que produziu uma vacina com a molécula mnra e que contém a  proteína spike  que afecta  o corpo humano.
Paz justa e não opressiva no Mundo, e auto-realização livre, e não oprimida, afectiva, artística, profissional e espiritual nas pessoas é o que todos desejamos e aspiramos, e muitos lutamos...
  E para concluirmos com uma visão mais moderna e poderosa da alma em maior plenitude de comunhão energético-espiritual contemplemos a versão de um Tarot mais moderno, o de Frown Strong, em que a mulher, ou a anima na sua nudez e verticalidade, ou ainda a shakti da tradição indiana, ou o ser que sente o seu ser espiritual, ou ainda o cavaleiro-cavaleira do Amor, unem a Terra e o Céu numa continuidade harmoniosa. Possam a natureza, a sociedade, e muitas famílias e seres humanos ressurgirem mais puros e harmoniosos após as actuais provações e desafios, pois o estudo, o diálogo e a meditação fazem com que aumente o discernimento das alienações, manipulações e inutilidades que devemos abandonar...
O poder da shakti, da anima, do ser feminino, ligando a terra e o céu. 
Resumamos então o Arcano (e dia, para quem trabalhar ao longo dos dias do mês o correspondente arcano) XXI, o Mundo, como o Tempo e Espaço harmoniosamente vividos e nas suas limitações e desafios vencidos, o ser humano na sua nudez e autenticidade pura e aberta à Divindade, a coroa  florida pela higiene (da deusa Hygeia, das mezinhas e mais tarde da farmácia), a magia e a beleza da alma peregrina criativamente ligada ao Espírito Divino e manifestando-o.
O ser humano consciente do seu corpo espiritual, em amor, numa ligação viva com o Anjo, o Espírito, a Divindade e com a Alma do Mundo mais reconhecida e amada,  vivida e criativamente aprofundada, e logo amando mais os seres e a Natureza...
Esta versão ecológica do arcano do Mundo lembra-nos dolorosamente a enorme destruição das árvores e  eco-sistemas ( 2017 e 2018 e de novo 2019 e 2022), tão desleixada, inepta e trágica que se vive recorrentemente em Portugal), pelo que devemos em pequenos grupos e associações lutar para que eles estejam mais nossas mãos e orações, e não dos lobies dos eucaliptais, madeireiros e políticos insensíveis à agricultura e sua bio-diversidade, a qual deveria ser até biológica, no meio de uma reflorestação tradicional ou, melhor ainda, em agro-floresta, como por exemplo a Herdade ou Montado do Freixo do Meio desenvolve junto a Montemor-o-novo.
The Arcane XXI of the Tarot. The World, or the Crown of the Magi, asks us to work on achievement, harmony, love, illumination. Let us be that fullness of the spiritual Self, in the Divine omnipresent Spirit, or in its Unified Field or Anima Mundi, and share that in Brotherhood and Love, and our worlds, nations, groups and ecosystems will be much better.... 
Numa derradeira aproximação a este arcano XXI, na qual devemos coroar ou em mandorla ou mandala viver o nosso ser em harmonia com Mundo-Natureza-Todo, podemos ver nesta última versão, provavelmente até remetendo para o androginato primordial, um chamamento a não ficarmos tão bloqueados em hábitos sub-animais, consumistas, alienantes e poluentes, ou nas limitações e véus  de partidos, nacionalismos, doutrinas e religiões sectárias, mas antes a erguermos a nossa alma livre, amorosa e universal,  comungando mais alegre e criativamente com os outros seres na Alma do Mundo Divina ou Campo Unificado, ou ainda interconectividade quântica.
E cuidando e cultivando mais biologicamente a Natureza (qual arco-íris, na pintura do notável mestre Bô Yin Râ) e não envenenando-a explorando-a e destruindo-a, penetrando clarividentemente nas suas dimensões subtis a fim de agirmos com mais ecologia e sabedoria,  fazendo desabrochar mais a quintaessência, o ser em corpo e luz de Glória ou imortalidade, o Amor e a Divindade mais vivos em nós....

4 comentários:

Unknown disse...

Parabéns, Pedro! Magnifico trabalho! Dado de graça com graça!Isto é amor à verdade que se esconde ou codifica nos símbolos, que todos deveríamos saber e não sabemos. Obrigada, Pedro! Sou-lhe muito grata pela partilha.

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Muitas graças, Ana, pelo seu generoso comentário. E peço desculpa de só hoje o ter visto. Ah, e como acrescentei e melhorei o texto, peço-lhe que o torne a ler. Abraço luminoso!

bbg disse...

Grato por este delicioso texto!
Não te conheço Pedro mas já conheço um pouco da tua alma, bem hajas!
Rui Jorge Gomes

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças muitas, Rui Jorge. Possam as nossas almas avançar bem luminosamente no Caminho!