segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Crítica ao livro "Antero, a vida angustiada de um poeta", por José Calvet de Magalhães, 1998.

                     
Um artigo escrito há já 18 anos mas que continuo a subscrever quase na totalidade. Talvez modificasse ou clarificasse mais a sua relação com o Budismo, sintetizada de um modo algo mitificante no segundo parágrafo. Talvez valorizasse a sua constante espiritualização pela via filosófica, expressa bem na sua frase do findar do penúltimo parágrafo: «em virtude dos meus princípios filosóficos resolvi não ter saudades de coisa nenhuma», algo que a outros vem não por tal adopção mas antes por espontânea ou natural geração interior, provinda da meditação e da ligação directa ao espírito e à unidade espiritual de todos os seres e coisas, o que certamente com ele também se passou em parte, mais ou menos conscientemente, e seria bom discernirmos melhor estes aspectos mais subtis e espirituais na consciência de Antero.
E, certamente, não poria como tão importante, tal como José Calvet Magalhães fez, a angústia do poeta filósofo, tanto mais que é um sentimento bem complexo de se definir ou delimitar: angustiado, frustrado, desiludido, desanimado ou antes peregrino na Demanda de absolutos e perfeições na tão transitória e imperfeita vida humana, e que atingiu grandes alturas para depois se deixar levar na preia-mar do sangue que se escoa da alma quase exangue, no fim da sua vida bem luminosa e sábia mas também falta daquela plenitude social, amorosa e divina a que aspirara?

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