sábado, 9 de agosto de 2014

Dos livros e das suas vibrações e como eles nos escolhem ou os escolhemos. Da Biblioterapia.

                                                          
Quem vive numa casa com muitos livros, ou que é quase uma biblioteca, algo que sucede a vários amantes de livros, por vezes acorda com a boca seca ou as narinas algo tapadas e sente-se quase um pouco como se estivesse a transformar-se num livro, seco da humidade da vida, como em certa medida acontece a todos os livros que nos rodeiam, ainda que trepidantes ou húmidos de outras vibrações, e que nos atraem por múltiplos mecanismos ou causas vitais mas que por tão subtis nos escapam em geral...
Quando vou a uma estante de cinquenta livros e acabo por seleccionar três ou quatro, posso pensar que foram decisões racionais da mais apropriada leitura as que me fizeram escolher aqueles livros mas por vezes há factores invisíveis a determinarem-nos...
Entre eles referirei a existência em tais livros de informações mais relevantes e que o "meu" Eu espiritual, clarividente no seu nível, vê, escolhe e "sinaliza-me" (e como isto se passa é a grande questão), sem que eu me aperceba e pensando até que foi por acaso que peguei subitamente naquele livro ou abri naquela página que me vai esclarecer ou ajudar em qualquer situação ou demanda...
Não é que esteja agora a recomendar  o que é denominado no Irão, Istixara, a abertura ao acaso de um livro dos seus quatros autores mais sagrados, para se ver que mensagem se recebe, mas que tal pode ser mesmo inspirador, ou mesmo curador, não haja dúvidas, e é pois tal método um bom instrumento de biblioterapia. Quanto aos quatro autores invocados, por várias razões mas em especial pela excelência das suas obras, são eles, no Irão, Maomé, Mevlana Rumi, Saadi e Hafiz. No Ocidente utilizou-se mais a Bíblia, mas hoje em dia há outras opções e escolhas possíveis e a acontecerem. As minhas efemérides mensais do Encontro do Ocidente e do Oriente, bem desenvolvidas no blogue, têm algo disso.
Podemos então admitir que a mera racionalidade das nossas decisões e, no caso, de escolhas de leituras, é não apenas da nossa mente e ego mas também de níveis bem mais subtis que o mero pensar, raciocinar e decidir, seja mentalmente ou neuronalmente como hoje em dia se diz e tenta fazer crer como sendo o único factor em acção. Ora energias psíquicas, o espírito ou espíritos, podem intervir, subtilmente, de modos que a ciência objectiva experimental de facto não consegue provar e menos ainda replicar...
Factor primacial sempre será os livros em si mesmos, enquanto portadores ou ressoadores de vibrações múltiplas e que mesmo menos perceptíveis ou invisíveis, actuam em nós, ou permitem a acção biblioterapêutica do nosso espírito ou do Cosmos ressoante e afim connosco...
Certamente que a nossa personalidade é importante e, quando escolho um livro, faço-o por vezes porque ele está cheio de um potencial que me atrai e que eu intuo, imagino ou sinto e logo acolho, desejo, escolho. Podemos dizer, numa linha animista, que certos livros estão mesmo muito desejosos de serem lidos. É o caso dos livros fechados há muitos anos, ou mesmo que nunca foram lidos, frustrados por terem sido comprados mas nunca abertos ou lidos, por vezes algo cobertos de pó ou sempre à sombra de outros, e que desejam ser abertos, vivificados e derramar algumas das suas potenciais energias e aromas em alguém e no nível psíquico do Universo.
Noutros casos os livros parece que irradiam uma energia atractiva que nos faz ir ter à estante e pegá-los e entrar neles e perder-nos ou encontrar-nos por alguns momentos, antes que de novo singremos na linearidade da vida...
Dirão, mas como é isso do livro falar, querer, sentir, irradiar? Não é isso uma mera antropomorfização ou animismo?
Responderei, que além do livro entidade material, existe um livro invisível, anímico, composto por múltiplas camadas de vibrações e que compõe a sua aura e alma, e que está viva e se altera com o tempo e o uso, e que portanto há livros com almas bem grandes ou poderosas. É preciso é amá-los e senti-los mais demoradamente, com o nosso coração, para que alguma comunicação se estabeleça. Não estou a recomendar de imediato exercícios de psicometria ou como hoje se chama de leitura da aura, dos livros, ainda que mal algum disso possa vir...
Lembro-me até da frase e ideia-força que o amigo e sábio prof. José V. de Pina Martins gostava tanto de dizer: "Os livros procuram quem os ama", e que perpassa bastante pela sua último e notável obra, as Histórias de livros, para a história do Livro, editado na Fundação Gulbenkian, onde me menciona até algumas vezes.
Apresentemos então algumas das forças ou vibrações que se configuram como camadas, linhas de força ou irradiações vibratórias de um livro:
                                           
Quem foram os seus donos, quem o leu, como o leram, que assinaturas possui, quem o anotou?
Quem o escreveu e onde está ele no mundo psico-espiritual? 
Há ligações possíveis até dele connosco, interessado em vir ao de cima, ser de novo divulgado ou mesmo aprofundado?
De que ideias está constituído o livro e que ondulações da alma do mundo perpassam por ele e lhe dão vida maior e,  invisivelmente, nos tocam e atraem, podendo através de nós ser amplificadas, ressoadas?
Como está desenhada ou delineada a sua capa, como está na sua forma ou mesmo encadernação, por quantas vicissitudes já passou, nomeadamente fogos e inundações, censuras e perseguições?
Quem nos ofereceu, o que escreveu, e porquê e para quê? 
Eis alguns aspectos que enriquecem um livro e o tornam mais ou menos animado e mais ou menos susceptível de nos atrair e impressionar. Ou mesmo de se tornar um livro de cabeceira, ou de cama, de secretária ou de altar...
Não falarei por hora  dos livros que são levados sobre o peito ou o coração, como amuletos ou protecções, ou das pessoas que os conseguem amar e sentir tanto com o "cor-acção" que os sabem de cor... 
Ou ainda dos que são mesmo adorados e venerados, em templos ou mesmo em bibliotecas, casas de musas ou santuários do Divino na Terra...
                                                          
Assim, quando pegar num livro para escolher, comprar ou ler, em sua casa, numa livraria ou num alfarrabista, tente estar mais sensitivo ao que o leva a escolhê-lo, e faça, tanto para si como para  o seu autor (tentando mesmo senti-lo ou dialogar com ele) uma leitura curativa, harmonizadora, frutífera, até para que as idéias-forças ali contidas possam tanto instruí-lo ou inspirá-lo como serem anotadas e ampliadas por si...
No fundo, uma leitura em que seja também o Universo a ler e reler, a reflectir e a melhorar, dentro da Grande Biblioteca do Cosmos, para que toda a vida e seres venham a beneficiar...
Muito boas leituras, conscientes, benéficas, verdadeiras, frutíferas...
Alguns dos livros que dei à luz... Ommm
                          

4 comentários:

Manu disse...

Isso mesmo !

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças, Manuela. Boas leituras!

Margarete disse...

Texto sensível e inspirador. Graças pela generosidade da partilha.

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças, Margarete, e desculpas por só agora, passados seis anos, ao relê-lo e melhorá-lo, ver o seu comentário e poder responder-lhe. Boas inspirações e criatividades!