sábado, 18 de janeiro de 2014

"Afinal, antes de nos conhecermos já nos tínhamos encontrado." O escultor Carlos Carneiro e George Kolbe.

"Afinal, antes de nos conhecermos já nos tínhamos encontrado." 
Do reencontro do pintor Carlos Carneiro com o escultor Georg Kolbe.
 
                               
No nº 2 da revista Aqui e Além, de Agosto de 1945, deparamo-nos com um breve e bom artigo de Alberto Correia sobre o pintor e crítico portuense Carlos Carneiro, 1900-1971,  filho de António Carneiro, o pintor da Renascença portuguesa e autor da bela sanguínea de Antero de Quental.
                                  
Narra ele um episódio ocorrido durante a II Grande guerra, 1943, em Berlim, aonde António Carneiro fora para conhecer o escultor e desenhador Georg Kolbe (1877-1947) que admirava.
 
                            
                        
                                       Estúdio de George Kolbe, em Berlim, hoje museu.
 
Este, no fim do encontro, provavelmente no seu estúdio hoje transformado em Museu, oferece-lhe um desenho seu e um dia depois “tem para o nosso compatriota, numa carta carinhosa que lhe manda ao hotel, à despedida, estas palavras admiráveis: - "Afinal, antes de nos conhecermos já nos tínhamos encontrado.”
                           
Conheceram-se pessoalmente nessa única vez que se viram, mas já antes se tinham encontrado...
Como se tinham encontrado, perguntaremos nós hoje, já no séc. XXI?
Seria pela unidade de afinidades, por serem artistas e desenhadores?
Seria porque invisivelmente, como almas espirituais, já se tinham visto e encontrado, no Campo Unificado de Energia-Informação-Consciência, em sonhos ou em sincronias, seja por serem almas afins, seja ao dialogarem por correspondência e logo já se terem sintonizado subtilmente?
Seria porque Georg Kolbe pressentiu que já houvera um encontro em outras vidas, ou no caso de não crer na metempsicose, apenas na vida espiritual primordial antes de nascermos corporalmente?
Tão bela, misteriosa e subtil esta expressão, que não se reduz ou cinge facilmente a uma qualquer leitura explicativa pois contém o infinito do amor ou da amizade: "afinal, antes de nos conhecermos, já nos tínhamos encontrado"....
Quantas vezes na vida poderemos sentir (maravilhando-nos) e afirmar isto, consciente e profundamente, em relação a alguém e que não seja fruto do facto de já nos termos visto em qualquer circunstância?
Temos nós vida e profundidade de consciência para criar ou desvendar estas misteriosas afinidades electivas?
Com que pessoas já sentimos algo assim, ou então com que pessoas podemos admitir que deveremos pertencer a um mesmo grupo de almas espirituais afins, e que deveremos apoiar e perseverar?
                                                        Escultura de uma japonesa, por Georg Kolbe. 

 Que frutificação resultou desse encontro nos dois seres que, reencontrando-se, se conheceram finalmente?
É uma frase tão rica para se meditar que seria até bom sabermos que palavras em alemão foram utilizadas por Kolbe na missiva entregue no hotel como despedida, certamente grata depois do que entendemos ter sido um reencontro de almas próximas, afins.
Esta frase tão simples é tão bela e toca-nos tanto, que não sabemos porquê.
Será por aludir a essa misteriosa irmandade de almas, e à maravilha dos encontros, aqui e além, no Campo unificado de energia e informação e na Unidade das almas mais despertas, afins e comungantes no Graal da amizade e Amor perenes?
Onde estará, quem poderá adivinhar, o princípio e o fim no anel da amizade e Amor de dois seres que se encontraram ou que se conheceram antes de se reencontrarem e dialogarem, e que depois na Luz e Amor intensificadoramente saberão avançar?
Conseguiremos nós reconhecer tais pessoas e cultivar tais níveis de percepção e afinidade, e atingir grandes momentos de experiência espiritual e de Unidade?
Aspiremos e esforcemo-nos para que assim seja, que estejamos com as melhores vibrações, associações e ressonâncias...

18-I-2014, 22-VII-2017, 30-III-2018 e 21-IV-2020, na perenidade do Amor Divino...

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